(Publicada em A Capital em 12 de Janeiro de 2005)
Cedo aprendi que espanhóis, franceses, ingleses, etc. significa naturais ou habitantes desses países, englobando todas as pessoas independentemente de idade ou sexo. Quando se diz «os ingleses», são abrangidos, na generalidade todos os ingleses incluindo as inglesas.
Em Portugal, com o complexo de evitar o epíteto de machista, houve há umas dezenas de anos, um primeiro-ministro que arrancou com a moda de iniciar os discursos dirigindo-se às portuguesas e aos portugueses. O ainda actual primeiro-ministro quis imitá-lo, sem se ter apercebido da redundância e do ridículo. Preconceito ou complexo de fingido anti-machismo? Mas, tal como «é mais fácil agarrar um mentiroso do que um coxo», também o fingido cedo evidencia a sua artificialidade. O seu desmascaramento aí está, neste momento, à vista de todos os portugueses, sem ser necessário profunda investigação. Basta passar os olhos pelas listas dos candidatos a deputado e ouvir os desabafos de mulheres de incontestado valor e já demonstrada devoção à causa pública que foram rejeitadas, sendo os lugares dos seus distritos atribuídos na quase totalidade a homens, por vezes, de duvidosa capacidade.
Então, onde está esse pretenso anti-machismo? Como justificar esse apelo às portuguesas e aos portugueses, se apenas os homens são chamados para os lugares com mordomias? Para quê as ocasionais discussões sobre quotas de mulheres para funções públicas e políticas? Onde estão essas quotas? E não se argumente que não há mulheres voluntárias para ocupar esses lugares, pois elas aí estão a evidenciar, de forma muito clara, o seu descontentamento por terem sido esquecidas na elaboração das listas. E isto não é pecha de um ou outro partido. Ambos os maiores estão criando semelhante mal-estar nas suas militantes. Onde está o anti-machismo? Sabemos onde o machismo está! Tudo é hipocrisia, só fumaça, como diria Pinheiro de Azevedo. Tudo apenas para inglês (homem ou mulher) ver.
Eurodeputados portugueses sobre Moçambique
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