(Publicada em A Capital em 18 de Janeiro de 2005)
Ouve-se políticos, economistas, comentadores de televisão dizer que existe uma crise financeira e que, para lhe fazer face, é necessário diminuir as despesas públicas, reduzir o peso do Estado, fazer cortes no número dos funcionários públicos, aumentar os impostos, etc. Sem dúvida que teremos de viver alguns anos com o cinto apertado para não deixarmos em herança aos descendentes um monte de dívidas.
Mas isto é o que nos dizem os teóricos, porque os práticos continuam a gastar «à tripa forra», desde as obras nos gabinetes, à quantidade de assessores contratados sem concurso, aos automóveis de último modelo, às grandes comitivas ao estrangeiro, aos mergulhos em S. Tomé, etc. E isto não fica por aqui. Mostraram-me um recorte de jornal, em que se diz que na próxima campanha eleitoral, «cada força política poderá despender até 7.347.096 euros, o que perfaz por cada candidato 60 salários mínimos». Nas eleições de 2002, estes números eram, respectivamente, 3.196.000 e 28 salários mínimos. Para quê agora tanto dinheiro, se as listas foram seleccionadas, na sua quase totalidade, pelos líderes dos partidos, se nem os eleitores anónimos nem sequer os militantes se pronunciaram sobre as figuras que é suposto irem defender os interesses dos seus círculos? Agora, resta aos eleitores apenas escolher entre um ícone ou outro e, para isso, não é preciso queimar tanto dinheiro!
É certo que os candidatos, não conhecendo os círculos que vão «representar», têm que viajar muito para verem as respectivas estradas e os mercados. Os trabalhadores por conta de outrem é que pagam tudo isto, porque são praticamente os únicos a pagar IRS. Para estes pagantes, a democracia acaba por ser uma tragédia que está a bater-lhes à porta permanentemente. Se, ao menos, fossem mais inteligentes e se regozijassem ao ver os seus governantes a fazer boa figura onde quer que se encontrem! Deviam sentir-se honrados ao ver deputados a reformarem-se, com poucos anos de «serviço», com pensões da ordem dos 3.500 euros, perto de 10 (dez) salários mínimos! Assim, esses trabalhadores vivem com dificuldades, mas podem sentir orgulho de contribuírem para os políticos viverem na opulência, apesar de se chamarem entre si os piores nomes, e de serem eleitos com campanhas tão caras. Devem sentir-se ufanos e assumir a frase do antigamente «Portugal não é um país pequeno»! Assim se deduz da alta grandiosidade e espavento das despesas desnecessárias e inúteis com que os políticos aumentam a sua visibilidade, «em benefício» do povo trabalhador e pagador de impostos.
sexta-feira, 14 de agosto de 2009
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