(Publicado em «O Independente», 12 de Setembro de 2003)
Portugal, tornado independente há mais de oito séculos e meio, deve gerir os seus interesses nacionais de acordo com a salutar opinião dos seus líderes políticos que não necessitam de receber lições ou de seguir modelos estrangeiros.
Antes de ser iniciada a recente (ou actual!) guerra no Iraque, os nossos sapientes dirigentes políticos recusaram-se a alinhar com o países da «Velha Europa», porque entendiam, e bem neste caso, que os interesses nacionais tornavam mais aconselhável o alinhamento com a outra margem do Atlântico. Nada de imitar a França do Sr. Chirac!
Neste mês de Agosto, apesar de a natureza nos colocar ao lado do «Hexágono» com os devastadores fogos florestais, os nossos dirigentes também marcaram posição oposta à da velha Gália. Ora vejamos: o Presidente francês afirmou publicamente que os pirómanos que tivessem causado morte de pessoas, seriam condenados a prisão perpétua. Cá, no «rectângulo», não. Achou-se que a justiça é autónoma e não se deve interferir com os ditames infalíveis dos meritíssimos juizes. Uma lição de democracia ao Sr Chirac!!
Em França, perante as muitas mortes devidas à falta de medidas preventivas contra os efeitos das altas temperaturas, o director geral de Saúde pediu a demissão. Cá, não só ninguém se demitiu, como nem sequer se sabia se estava a morrer muita gente devido ao calor. Só já muito tarde apareceu um número, com aparência de rigoroso, mas sobre o qual a opinião quase unânime é de que não tem credibilidade.
Ninguém se demitiu, nem a nível governamental (Administração Interna, Saúde, Ambiente, etc.) nem no âmbito da protecção civil, dos bombeiros ou das autarquias.
Enfim, nada de imitar os países civilizados e desenvolvidos da Europa! Somos pequenos e pobres mas somos competentes, impecáveis e gerimos com muita seriedade a coisa pública, não havendo por isso, motivo para demissões!
Recordo uma anedota recente: «Eles dizem que têm a consciência limpa, porque não a usam»
Já não é propriamente o «orgulhosamente sós»; agora é o «orgulhosamente únicos e inimputáveis»!!
A Decisão do TEDH (398)
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