sexta-feira, 14 de agosto de 2009

País opulento ou em crise? 051009

(Publicada como «carta premiada» na revista «Domingo» inserida no Correio da Manhã em 9 de Outubro de 2005, p. 4)

A emotividade característica dos portugueses causa grande consternação ao apreciar-se as frequentes incongruências quer dos detentores do Poder quer dos cidadãos em geral. Os políticos, ora procuram criar em nós a doce ilusão de um país abastado com maravilhosas perspectivas de futuro, ora nos deprimem com pormenores de uma profunda crise económica e financeira que obriga a apertar o cinto. Mas os cintos a apertar são apenas os dos funcionários públicos e dos trabalhadores por conta de outrem que são os eternos mexilhões sacrificados no mau tempo. Nas despesas de ostentação do Poder nada se poupa.

É chocante que, perante a tão falada crise do défice se gastem 100 milhões de euros nas eleições autárquicas, se exponham tantos e tão caros cartazes com falsas promessas, tendentes a conquistar o nosso voto para os eleitos poderem beneficiar das mordomias e das leis específicas que os colocam muito acima dos cidadãos comuns, em todos os aspectos da vida. Por outro lado, os 400 mil candidatos, antes de serem eleitos e mesmo que o não sejam já gozam de benefícios especiais prejudicando as empresas que têm de lhes pagar sem trabalharem, e constituem um prejuízo nacional de 4.800.000 dias de trabalho. É certo que este número só estaria correcto se todos os candidatos trabalhassem, mas como os que abraçam a «profissão» política normalmente nada sabem fazer de útil, talvez o número seja muito menor e circunscrito à função pública.

De qualquer forma, as eleições ficam demasiado caras ao País, devido à apetência para o mau uso dos dinheiros públicos em luxos e ostentações. E o mais grave é que após as autárquicas, virão em breve as presidenciais, depois uma nova edição do referendo (que poderá não ser a última) e depois possivelmente as eleições legislativas antecipadas, a que já estamos habituados. Afinal, somos um País pobre, em profunda crise sócio-económica ou somos o País mais rico do mundo? Fica-nos a angústia de procurar descobrir a resposta certa para este enigma.

Entretanto, vigoram leis que permitem que se candidatem pessoas que não podem ser apontadas como exemplo a ninguém. São os maus exemplos a que se referia o primeiro-ministro na Figueira da Foz? E, o que é mais doloroso, é ver que muitas pessoas votam nesses candidatos e os consideram heróis e salvadores da Pátria.

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