(Publicada no «Público», em 6 de Setembro de 2004, pág. 4)
Na primeira página de um jornal diário, em letras garrafais, vinha referido que os senhores deputados ganham menos do que os de outros países. Este tipo de comparações com outros países tem sido repudiado por muitos políticos, principalmente os ligados aos governos, quando estão em causa reivindicações salariais de trabalhadores de variados sectores da actividade económica ou do Estado, alegando que Portugal é um país pobre e não pode comparar-se com os mais ricos. Realmente, é preciso fazer comparações não falaciosas que não procurem embotar a capacidade de raciocínio dos leitores.
Mas há formas mais correctas de fazer a comparação dos ordenados dos senhores deputados com os seus pares estrangeiros, com base em referências insuspeitas que não cheiram a manipulação.
Por exemplo, o ordenado daqueles senhores a quantos salários mínimos correspondem, ou a quantos salários médios nacionais, ou a quantos PIB per capita? E, depois, comparam-se esses números com os obtidos nos outros países, segundo igual critério.
E, possivelmente, efectuando a comparação com base nesses valores, as conclusões poderão ser muito diferentes das referidas nos jornais. Porém, uma coisa parece incontroversa, é que os trabalhadores portugueses estão muito mal pagos, a não ser, um assessor da CMP contratado recentemente, ou a assessora de imagem do senhor Primeiro-Ministro, ou o tão falado Director-Geral dos Impostos.
É fácil concordar que, tratando-se de um país de economia débil, os salários não possam ser avultados, mas mandam as regras da equidade que não haja aumentos exagerados para uns e que outros não saibam o que é um aumento há anos. Aí também convém comparar o quociente dos ordenados mais elevados pelo salário mínimo. Talvez nisso fôssemos o campeão europeu!
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