quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Operação Lince 2004

(Publicada no Expresso de 05/06/2004, p. 29)

A BT/GNR está de parabéns, pelo resultado da «Operação Lince 2004». É muito elucidativo o número de autos de contraordenação: 3.394 em 17.084 veículos fiscalizados. Isto leva a concluir que cerca de vinte por cento dos carros não circulam em conformidade com a lei.

Apesar dos pequenos transtornos que causa pontualmente ao trânsito, seria desejável que esta operação se repetisse quatro ou mais vezes por mês, com intervalos irregulares, não previsíveis, a fim de reduzir as infracções e, em consequência, a quantidade de acidentes e de mortos e feridos. Com tais operações, passaria a ser menos perigoso circular nas nossas estradas. Dirão os mais esclarecidos que uma operação desta envergadura com o empenhamento de 1,698 militares durante 16 horas, tem custos elevados. Certamente que tem. Porém, esse não é argumento válido quando se procura reduzir as perdas de vidas, e basta atribuir a este tipo de operações o dinheiro que a Prevenção Rodoviária Portuguesa costuma gastar em enormes cartazes (outdoor) de grande dimensão, com mensagens anódinas que nenhum esclarecimento levam aqueles que precisam ser esclarecidos. Esses cartazes nenhum benefício têm trazido a não ser para os contratados que os concebem, realizam e distribuem.

Ao contrário desses cartazes, talvez muito intelectuais e artísticos, mas sem utilidade prática, a «Operação Lince 2004» produz resultados nas pessoas que foram detectadas em situação irregular e serve de dissuasor para todos aqueles que circulam nas estradas, por aumentar a probabilidade de as infracções serem detectadas e penalizadas. Era isto que estava a faltar e, existindo, torna desnecessário o agravamento das multas. O que é preciso não é o agravamento de punições que raramente são aplicadas, mas sim uma intervenção frequente, eficaz e desencorajadora que convença as pessoas de que não é vantajoso ignorar e prevaricar as leis e as boas normas.

Isto também contribui para a melhoria do civismo nas estradas, de que muitos falam teoricamente mas que nada propõem em concreto para o incrementar. O meu, o nosso, bem haja à BT. Continue assim, que vai pelo bom caminho.

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