Há dias, um amigo mostrou-me umas moedas europeias e perguntou-me se sabia de que país eram. Olhei, mesmo sem os óculos que tenho de usar para ler, e identifiquei-as como sendo espanholas. Passei também no teste com moedas de origem holandesa, alemã e francesa. Era simples, pois as imagens do verso eram elucidativas, eram símbolos facilmente reconhecíveis mesmo por pessoas estrangeiras de baixa cultura. E o curioso é que esses símbolos, facilitam a identificação da moeda mesmo quando a oxidação tornar a cor pouco diferenciada.
Como gosto de usar o cérebro, fiquei a magicar sobre os propósitos do meu amigo ao submeter-me àquela prova. Depressa concluí que se colocar igual problema a um cidadão vulgar de qualquer país da Eurolândia e se a pergunta incidir nas moedas portuguesas, certamente ele hesitará e não acertará. Com efeito, nas nossas moedas não se vê um Camões, um Nun’Álvares, uma Torre de Belém, uma Torre dos Clérigos, uma Torre da Universidade de Coimbra, uma Caravela, uma esfera armilar. Não. E o resultado é que a maioria dos portugueses, mesmo de elevada cultura, não identificam os «morabitinos» sem terem uma prévia informação, isto é, sem cábula.
Porquê? O escultor autor de uma solução tão intelectual, não pensou no povo português nem no povo da Eurolândia a quem o símbolo era destinado. Limitou-se a contemplar o próprio umbigo e auto-ridicularizar-se, mostrando uma intelectualidade provinciana terceiro-mundista, balofa e inútil e, possivelmente, a orgulhar-se da sua obra!
Mas, pior do que isso, houve responsáveis pela gestão do erário público, dos nossos impostos, que, carentes de realismo e de espírito crítico, aprovaram uma tal proposta. Novo-riquismo cultural! E assim se perde uma oportunidade de projectar o país, como verdadeiro país. E assim vai este torrão lusitano que Nun’Álvares defendeu e que Camões cantou em versos sublimes!
Falta agora que o Governo crie uma nova comissão do Euro para ensinar aos portugueses e aos habitantes da Eurolândia o significado do verso das moedas cunhadas em Portugal. Seria mais um grupo a sentar-se à mesa do orçamento, mas iria aumentar a cultura dos portugueses em relação aos maravedis (de origem árabe!) da época de D. Afonso Henriques, para não serem enganados nos trocos.
quinta-feira, 13 de agosto de 2009
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