quinta-feira, 13 de agosto de 2009

O aperto do cinto. 021226

(Publicada no «Diário de Notícias», 26 de Dezembro de 2002)

Os portugueses, ou pelo menos os socialistas, estão de parabéns. O Governo, que ainda temos, aprendeu a lição da Argentina e, antes que a população saia para a rua, cheia de fome e a fazer barulho com as caçarolas vazias, está já a apertar o nosso cinto. Claro que as medidas preventivas e cautelares seguem uma linha de prioridades. E a primeira solução foi: para quê as Forças Armadas? Basta termos um ministro da Defesa acolitado pelos seus numerosos «boys», para o país ficar seguro! Não é preciso Marinha, nem Força Aérea, nem Exército. A Marinha ficará a boiar no Mar da Palha. A Força Aérea, se quer festejar o seu aniversário, terá que se vender à publicidade de marcas comerciais. O Exército vai pedindo aos bancos os euros para pagar vencimentos e vai dispensando o pessoal, para poupar na luz, na água, nos toalhetes de papel e no papel higiénico.

O D. Afonso Henriques, o Infante D. Henrique e o D. Nuno Álvares Pereira, além de outros, devem estar a revirar-se no túmulo. Para quê o seu sacrifício pelo ideal patriótico? Não eram socialistas, é certo. Eram bons portugueses.

Os americanos, de quem tanto mal se diz, têm sido inteligentes e prevenidos. Já adivinhavam. Deram à Espanha o encargo da vigilância e da segurança das águas adjacentes à costa ocidental do nosso rectângulo. Eles lá sabiam, e sabem o que a casa lusitana gasta.

Mas convém que o Sr. ministro saiba que as máquinas paradas acabam por ficar irreparáveis. Será melhor que as venda ou as ofereça a um país amigo. Talvez ao Burkina Fazo, com quem Portugal tem afinidades e está de estreitas relações.

Que Deus perdoe aos antepassados acima referidos que lutaram por uma Pátria que julgavam vir a ser respeitada e bem governada, mas que hoje não tem projecto válido. Que pena...

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