quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Não brincar com o fogo. 031024

(Publicado no «Público» de 24 de Outubro de 2003)

Desde miúdo com os conselhos paternos, e depois com a experiência, aprendi que se deve ter muito cuidado com ferramentas perigosas, objectos cortantes, fósforos e isqueiros, armas de fogo, etc. O uso indevido destes utensílios, em vez dos objectivos pretendidos pode originar acidentes ou tragédias.

Vem isto a propósito das «mães de Bragança» e não só. A Comunicação Social é uma arma com muita influência, muito poder, mas, por outro lado, contém perigos enormes. Muitas vezes, mais vale mantermo-nos calados e escondidos, com «baixo perfil», do que evidenciarmo-nos demasiado perante as críticas públicas. Aquelas senhoras, legitimamente preocupadas com a imoralidade e a infidelidade dos maridos, recorreram à televisão, convencidas que, assim, iriam pôr ponto final às casa de alterne e à fuga dos esposos. Entusiasmadas com a visibilidade obtida nos primeiros contactos, insistiram em pintar o quadro com cores cada vez mais negras e dramáticas, aguçando o apetite de jornais e revistas e acabando por ganhar direito a várias páginas de uma revista internacionalmente conceituada.

Perante a publicitação exagerada do seu caso, que afinal não é muito diferente do de outras regiões do interior do país, principalmente junto à fronteira, ficaram chocadas. Mas, afinal, foram as «mães de Bragança» apoiadas pelos autarcas e pelas autoridades religiosas que deram achas para a fogueira, que veio a ser ateada pelos jornalistas. Pela boca morre o peixe!!! Agora, que aprendam a lição e, embora já tarde, talvez seja melhor serenarem e deixar esquecer o caso. E entretanto, como dizia um telespectador da SIC Notícias, rapem os bigodes e emagreçam umas dezenas de quilos para recuperarem os maridos hesitantes. Se não for assim, só lhes resta a solução de incrementação do turismo sexual, em concorrência com a Tailândia, mas, também para isso, é preciso criar uma estratégia, um planeamento coordenado, com vultosos investimentos diversificados para captar os turistas estrangeiros e as suas divisas. Não é sensato utilizar indevidamente as ferramentas perigosas, como o é a Comunicação Social. Razão tem o Dr. Mário Soares para recomendar silêncio!!!

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