quinta-feira, 13 de agosto de 2009

A água corre para baixo. 031011

(Publicado no «Expresso» de 11 de Outubro de 2003)

A frase do título parece uma verdade incontroversa, incontestável, de «Mr de La Palisse». Porquê então esta afirmação supérflua e desnecessária?

Na realidade, se todos acham redundante e inútil dizer esta verdade, o certo é que muitas pessoas com responsabilidades na construção e na conservação das vias públicas, quer urbanas quer da rede rodoviária, «esquecem-se» de tal facto. E, por isso, as primeiras chuvas caídas após um estio extraordinariamente seco e quente, colocam perante os nossos olhos as provas iniludíveis de tais «esquecimentos». São os lençóis de água existentes nos mais variados pontos de ruas e estradas. São os pequenos lagos a poucos centímetros das sarjetas e dos sumidouros, muitas vezes ao lado das aglomerações de pessoas que esperam os transportes públicos, ou o acendimento dos semáforos que permitam o avanço para as passadeiras de peões, sujeitas a jactos de água suja provocados pela passagem de carros.

E, voltando ao título deste texto, do tal «esquecimento» do destino da água que corre, resulta o sumidouro e a sarjeta não estar no lugar mais adequado, o mais baixo, e em não haver uma drenagem conveniente nos locais onde se formam os lençóis de água. E de tudo isto resultam incómodos e prejuízos e, muitas vezes, acidentes graves, devidos ao «aquaplanning».

Alimento o optimismo e a esperança de que os engenheiros responsáveis pelas vias públicas revejam os manuais escolares por onde estudaram, acreditem que a água corre mesmo para o lugar mais baixo, e resolvam os problemas existentes, assim como evitem que se repitam situações tão indesejáveis que nada abonam a favor da sua competência e dedicação à causa pública.

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