sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Ministro errou. 050504

(Publicada no Público em 4 de Maio de 2005)

O Sr. Ministro da Administração Interna confirmou a sua clareza e frontalidade ao reconhecer seriamente que errou ao prometer que as acções policiais tipo rusga passariam a ser acompanhadas por um magistrado e que esse erro foi uma precipitação por não conhecer perfeitamente as competências e normas de actuação das polícias.

Ficou-lhe bem reconhecer o seu erro, como homem, porque «errar é humano». Porém, o simples facto de ter errado é preocupante porque, veio confirmar a ideia muito generalizada de que os políticos falam demais e sem preocupação de rigor, não merecendo ser acreditados. Há quem diga que apeteceria perguntar a cada político, após ter falado, «Você acredita naquilo que esteve a dizer?». E tudo isto porque, na ânsia de utilizarem a comunicação social com fins de popularidade e propaganda, acabam por dizer, mais pressionados pela persistência dos jornalistas do que por iniciativa própria, coisas em que nunca pensaram com a devida profundidade. Envergonham-se de dizer «não sei» e, por isso, fazem afirmações «completamente estapafúrdias» que lhes retiram credibilidade, acabando esta por alastrar a tudo o que venham a dizer. Talvez fosse melhor evitarem falar e fazer promessas antes de analisarem cuidadosamente os temas a abordar e cingindo-se rigorosamente àquilo que tinham decidido dizer.

O nosso País encontra-se numa situação de desenvolvimento económico, cultural e social muito crítico em relação à Europa e ao mundo desenvolvido e não é com promessas vãs de conteúdo, só para «épater le bourgeois», que sairá do ponto em que está. São indispensáveis soluções e medidas sensatas, devidamente ponderadas, analisadas e discutidas, por pessoas especializadas, sem preocupação de sensacionalismo, a fim de conseguir convencer a população a aderir e a colaborar de forma a serem atingidos objectivos conducentes a um posicionamento digno e sustentável na comunidade internacional.

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