(Enviada aos jornais em 25 de Junho de 2005)
A ministra da Educação, ao ser confrontada com um despacho do Tribunal de Ponta Delgada sobre uma providência cautelar para evitar os serviços mínimos na realização dos exames durante a greve dos professores, disse que tal não respeitava ao nosso sistema, tratando-se de «um pronunciamento que não é de Lisboa nem respeita à República Portuguesa». Como se os Açores já fossem independentes! Mais tarde, considerou isso um «pequeno lapso» e disse que os ministros são pessoas normais e cometem lapsos. Lá que cometem «lapsos» todos sabemos, mas que são normais não compreendemos, ao saber das regalias que auferem, como tem vindo a público ultimamente, e ao alimentarmos o desejo de vermos neles exemplos a seguir!
Temos sofrido momentos de angústia com a ignorância evidenciada por licenciados e estudantes universitários em programas televisivos. Agora sabemos que não há motivo para desgosto pois a ignorância é normal, mesmo em ministros que são professores universitários. Dizer que cometer tais erros é um «pequeno lapso» num académico, corresponde a um desincentivo à instrução, ao aperfeiçoamento cultural. Com uma ministra da educação, assim tão normal, não temos razão para lamentar os resultados do nosso ensino e as tristes figuras que vemos nos concursos da TV. Se isso é normal numa entidade que devia ser respeitável, não o podemos criticar nos simples cidadãos. O que é grave é que a Educação, o conhecimento, é a base do desenvolvimento sustentado de qualquer país. Sem esse alicerce, nada pode ser edificado com segurança e condições de durabilidade.
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