(Publicada no Público em 9 de Dezembro de 2004)
Quando as empresas industriais começaram a pôr em prática o conceito de «marketing» pretendiam vender os seus produtos enaltecendo as suas qualidades e a forma como eles iriam satisfazer as necessidades dos consumidores. Procuravam, assim, conquistar a simpatia de potenciais compradores atraídos pela superioridade da marca.
Com o andar dos tempos, este conceito e as respectivas técnicas foram invadindo outros sectores, incluindo o das ideias e de valores imateriais não sujeitos a peso e medida física. Os promotores de concursos de beleza, de candidatos ao prémio Nobel e a outras competições do género, apelam a todo e qualquer factor positivo que contribua para a valorização do candidato, perante os critérios do júri.
Não pode deixar de se pensar neste conceito quando se observam as atitudes tomadas por líderes partidários em momento de pré-campanha eleitoral para as legislativas antecipadas. É notório o comportamento de líderes que, em vez de apresentarem um produto atractivo com objectivos claramente definidos e quantificados a atingir para o bem-estar e a segurança do povo, em vez de se apresentarem com espírito vencedor e optimista e portadores de esperança, perdem tempo a lamentar-se como crianças imaturas, deficientes, maltratadas por irmãos mais velhos e outros familiares e por titulares de outras instituições. Esta atitude negativa é geralmente utilizada por pedintes que se vitimizam e se lamentam dos azares da vida para apelarem ao dó, à compaixão e à caridade das pessoas que lhes poderão dar esmola.
Ora, o voto não é uma esmola que se dê a um indivíduo perseguido e maltratado, mas sim um investimento, um gesto de confiança naquele que se apresenta com o melhor produto (programa) e a equipa melhor e mais competente para garantir um melhor futuro quer a curto quer a longo prazo, para os vigentes e para os vindouros, que reduza o atraso do país em relação à média europeia .
Senhores dirigentes partidários, não se esqueçam de que, salvo os simpatizantes incondicionais e fanáticos, os eleitores darão o seu voto àqueles que evidenciarem mais capacidade, competência e sentido de Estado para lhes tornarem a vida mais segura e mais desafogada. Mais do que amizade entre os membros da equipa, é indispensável competência, espírito de serviço público, coordenação, verdade e lealdade, entre si e para com os interesses nacionais.
A Decisão do TEDH (402)
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