(Publicada no Metro em 11 de Outubro de 2005)
O Dr. Mário Soares, mais uma vez, pisou a letra da lei ao apelar ao voto no seu filho, candidato à Câmara de Sintra, quando as urnas estavam abertas, o que corresponde a crime com pena relativamente grave. Não é a primeira vez que comete tal falta, o que, para uma pessoa bem informada, bem documentada e com larga experiência política e jurídica, não pode atribuir-se a um descuido mas, sim, a uma atitude consciente assente em adequada reflexão que demonstra desprezo pela lei e convicção de impunidade.
Este facto, tratando-se de um candidato a Belém, merece ser analisado na conjuntura actual do país e pode constituir um bom augúrio para o seu resultado nas presidenciais! Assim o demonstram os resultados obtidos pelos candidatos independentes às autárquicas, que não são exemplos a apresentar aos jovens, por terem graves contenciosos com os tribunais. A candidata, no discurso da vitória, atirou setas contra os «donos da ética», o que é uma clara confissão de que ela não tem disso. A seta pode ter ido acertar nos eleitores de Amarante, mas a confissão não é elogiosa para os de Felgueiras.
O que interessa como bom augúrio para Soares é que parece que o povo português, contra tudo o que é dito pelos teóricos, está a rever-se nas pessoas que se mostram superiores à lei, que infringem com ares de valentes, que desprezam os tribunais e que ignoram os valores éticos e morais. Com um eleitorado a manifestar-se desta forma, o Dr. Mário Soares deu um grande passo para a vitória, ao desprezar a lei eleitoral quando apelou ao voto no filho!
Porém, fica-se na dúvida do estado de saúde mental do País. Será que os sociólogos e psicólogos conseguem esclarecer sobre os fenómenos ocorridos com os eleitores que deram a preferência a candidatos que estavam sob acusações judiciais graves?
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