quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Lições do desemprego. 030223

(Publicado no «Diário de Notícias«, 23 de Fevereiro de 2003)

O Sr. Presidente da República merece o nosso apreço pela sua intervenção pública a favor da luta contra os despedimentos. É bom vermos o mais alto responsável do Estado a evidenciar a sua sensibilidade em relação às dificuldades sofridas por um número cada vez mais elevado de cidadãos.

É certo que as suas palavras, além de sensibilizarem as entidades ligadas ao mundo laboral e social, não terão qualquer outro efeito prático. Nada nem ninguém consegue obrigar as empresas a abandonarem o seu objectivo fundamental que é o de obterem lucros. É isso que define uma empresa. Para isso procuram facturar o máximo, com o mínimo de custos. Por essa razão, o Estado, através da legislação e da fiscalidade, tem obrigação de controlar o seu funcionamento a fim de elas não negligenciarem a sua função social, que, ao fim e ao cabo, indirectamente, também irá contribuir para aumentar os lucros.

Em tudo isto, os sindicatos primam pela ausência de medidas práticas e concretas. Limitam-se a atiçar os trabalhadores contra as entidades patronais, contra o governo e até contra as relações internacionais, e não os estimulam a aperfeiçoar e diversificar a sua formação profissional e a sua preparação com vista a melhorarem a produtividade, a merecerem melhor salário e a terem mais hipóteses de obter novo emprego quando a empresa falir ou se deslocalizar à procura de mão-de-obra mais rentável.

Oxalá, os nossos concidadãos, perante a crise do encerramento de fábricas, aprendam que não só os patrões mas também e principalmente os trabalhadores, estão interessados no bom desempenho das empresas em que trabalham. A manutenção do posto de trabalho depende muito de quem o ocupa.

Os momentos de crise são óptimas oportunidades para aprendermos boas lições.

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