(enviada aos jornais em 6 de Março de 2005)
É arrepiante a quantidade de mortos e feridos graves em acidentes rodoviários. Não me atrevo a referir esses números, porque mesmo que se tratasse de uma única pessoa, já era demais. Uma vida tem um valor indiscutível. E além dos mortos, isto é da perda de futuros empresários, cientistas, técnicos especializados, políticos, há a perda de vitalidade daqueles que ficam deficientes a levar uma vida vegetativa, onerando a família e o Estado. Mas há uma grande quantidade de jovens que teimam em não reflectir nesse fenómeno, julgando-se libertos dessa ameaça.
Agora, que se iniciou o campeonato de Fórmula 1, muitos pensam que são tão competentes ao volante como os campeões daquele desporto, mas, na realidade, apenas se preocupam com o acelerador causando acidentes por despiste, capotagem, etc. A esses «candidatos a ases do volante» aconselho a reflectirem na frase do nosso piloto de Fórmula 1, Tiago Monteiro que disse aos jornalistas que o seu objectivo para o primeiro grande prémio da temporada era «levar o carro até ao fim». Que belo conceito para ser interiorizado por todos os condutores sempre que ligam o motor – chegar são e salvo ao fim da viagem.
Nas corridas, os pilotos sabem acelerar nas rectas mais extensas, pondo no chão toda a potência do motor, mas sabem também utilizar as reduções de caixa e os travões, com oportunidade, para descreverem com eficiência as curvas mais apertadas que exigem velocidade baixa, a fim de não verem todo o seu esforço gorado a meio da prova. E estes cuidados são tomados apesar de os lados da pista serem planos com relva ou gravilha e outros meios de segurança. Entre nós, os jovens causadores de acidentes e outros que a eles se candidatam, não contam nem com as curvas e descidas acentuadas nem com os outros utentes da via. Há que aceitarmos que as estradas são o que são e temos que saber conduzir em conformidade com as suas características. Mesmo que sejam gastos milhões com o IP4, o IP5 e outras vias de grande sinistralidade, não se consegue que fiquem rectilíneas com margens atapetadas com relva, à semelhança da recta da meta dos autódromos... e, se não houver prudência, os acidentes continuarão. Não se pode esquecer que a virtude de se atingir grande velocidade não é do condutor, mas sim do motor; mas a virtude de chegar ao fim da viagem sem problemas é, sim, do condutor. É preciso aprender as lições dos pilotos da Fórmula 1, e o Tiago Monteiro foi bem claro ao falar do seu objectivo.
Almirante Gouveia e Melo (III)
Há 31 minutos
1 comentário:
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