(Publicada em A Capital, em 9 de Março de 2005)
O Presidente Sampaio, numa reunião na sede da Companhia das Lezírias considerou ser «a água uma questão nacional prioritária». Estas preocupações do Supremo magistrado da Nação, são cabalmente justificadas pela situação catastrófica provocada pela seca prolongada. Mas, infelizmente, os governantes têm ignorado a importância da água e, por vezes, têm tomado decisões que a lesam, como, por exemplo, a paragem da construção da barragem de Foz Côa.
Em 1985, numa conferência em Pedrouços pelo Director do Instituto da Água, tive oportunidade de ver um mapa que mostrava que os rios internacionais e os seus afluentes em Espanha tinham barragens seguidas, em autênticos degraus de escadaria, apenas deixando vir para o nosso país a água das chuvas que não conseguiam reter. Pelo contrário, entre nós parece que há a precaução de não privar o mar da chuva que recebemos, evitando criar albufeiras que a retenham. Também, por essa altura, soube que no Rio Côa estavam planeadas várias barragens que, em conjugação com afluentes das duas margens do Tejo, iriam permitir o transvase da água do Douro para a irrigação do Alentejo. Mas, tais projectos foram gorados com a paragem das obras em Foz Côa. Nessa altura o Governo não estava sensibilizado, como está agoira o PR. O tempo é grande mestre. E agora, colocamos a interrogação, já expressa na oportunidade, sobre que benefícios advieram para o desenvolvimento do país, para o bem-estar e conforto dos cidadãos da decisão governamental de desistir da obra que já tinha custado mais de 20 milhões de contos e inviabilizou um projecto de grande envergadura e de visão de longo prazo. Será que na altura foram devidamente ponderadas as vantagens e os inconvenientes das várias alternativas para a questão? Ou teria sido tomada uma decisão à portuguesa, por mera convicção ou por cedência a pressões de lóbies.
Agora, com o tempo, com a diluição da fumaça e com a pressão da seca, O nosso Presidente surge com o bom senso de chamar a atenção para o recurso mais precioso do século e que é cada vez mais escasso. Por mais água que se armazene quando chove, ela nunca será demais para reduzir os efeitos de períodos de seca mais demorados.
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