(Enviada para jornais em 07 de Outubro de 2004)
A propósito de o feriado de 5 de Outubro ter caído numa terça-feira e de ter havido «ponte» na função pública, ouvi várias opiniões que vale a pena agrupar em três tipos: No primeiro, situam-se os extremistas, defensores a todo o custo do aumento da produtividade, que sugerem que se acabe com as pontes e se reduza a quantidade de feriados nacionais, eliminando todos os de teor religioso, por não haver religião do Estado, deixando apenas os do Natal e de Sexta-feira Santa, que caem em período de férias escolares e judiciais, e aqueles que se relacionam com datas distantes já esquecidas. Os defensores desta solução vão ao ponto de sugerir que os feriados que caem em dias de semana passem para a segunda ou sexta-feiras, dando lugar a fim-de-semana alargado, sem quebrar a dinâmica do trabalho semanal.
No segundo tipo ficam aqueles que dizem que é melhor deixar tudo como está, porque as pontes servem para dar descanso aos trabalhadores e permitem que os governos conquistem votos sempre que dão tolerância de ponto.
Por fim, no outro extremo, há aqueles que se opõem a eliminar qualquer dos actuais feriados, porque não devem retirar-se regalias a quem trabalha e, também, para que essas regalias sejam realmente mais significativas, defendem que todo e qualquer feriado seja efectivamente celebrado na terça ou na quinta-feira mais próximas a fim de permitir a ponte, passando aqueles que caem nas quartas-feiras para o dia anterior. Os que apoiam esta solução alegam, por outro lado, que esta decisão, além de dar muito prazer e alegria à generalidade dos portugueses, por ir ao encontro da sua ancestral maneira de ser, trará muitos votos ao partido que, enquanto no poder, fizer aprovar a legislação adequada.
E dizem que não há «cabecinhas pensadoras»! Claro que, no primeiro tipo, se situam aqueles que mais sensatamente olham para o futuro e para o desenvolvimento económico do país, tendo em vista o bem-estar dos vindouros. São uma minoria. No terceiro tipo, sem dúvida, se insere a maioria, o que em democracia lhe acarreta a qualidade de vencedora.
Qual será a solução adoptada pelo Governo? Será a indecisão de que acusam um Governo recente ou a satisfação de aspirações da classe trabalhadora? Estaremos cá para ver e para comparar a opção tomada com aquilo que se passa nos países de maior PIB per capita, com mais prémios Nobel e mais medalhas olímpicas.
DELITO há dez anos
Há 1 hora
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