(Enviada para jornais em 08 de Outubro de 2004)
De acordo com notícias vindas a público, na última semana de Setembro, registaram-se 1958 acidentes rodoviários que causaram 24 mortos, 52 feridos graves e 622 feridos ligeiros. Provavelmente alguns dos feridos graves ficarão deficientes, que terão de passar o resto da vida a viver na dependência de familiares ou do Estado. No mesmo período foram detectadas quase 3000 infracções graves e quase 400 muito graves, quase 400 condutores com elevada taxa de álcool dos quais 100 com taxa igual ou superior a 1,2 , que ficaram detidos.
E não há dúvidas de que muitas mais infracções foram praticadas mas não foram detectadas por não haver um agente junto de cada condutor.
Há quem ataque as recentes alterações ao Código das Estradas, argumentando que a solução para este dramático problema se obtém, não com repressão, mas com a mudança de comportamentos. Porém, a realidade mostra, a cada passo, que essas pessoas sofrem de optimismo teórico, virtual e irrealista. Têm sido publicadas muitas notícias como aquela que atrás é referida. Sabe-se que muitos dos mortos e feridos não tiveram a mínima culpa dos acidentes. São vítimas inocentes das asneiras de imprudentes ou incompetentes para a condução. E tudo continua. E, pelo caminho que está a ser seguido, há-de continuar por muito tempo, porque os comportamentos colectivos não se alteram em prazo curto. Estas tragédias que afectam muitas famílias integram-se numa cultura de inconsciência, desprezo pelo perigo, amor ao risco gratuito, evidente em muitos outros sectores da nossa sociedade.
Não há paciência para esperar que apareça a desejada alteração de comportamentos, até porque não se vê sinal de algo estar a ser feito para a conseguir. Enquanto essa desejada alteração não surgir, a solução mais prática no imediato, para nos aumentar a segurança perante estes reiterados acidentes, será a intensificação da fiscalização, a aplicação rápida de actos punitivos e o ajustamento destes às características sociais. Já se fala da apreensão dos carros detectados sem seguro, e na destruição de carros alterados para «corridas» ilegais. Por que não? Estarão à espera de morrer um quarto da população, de outro quarto ficar paraplégico, para os restantes adoptarem medidas adequadas para terminar com a loucura rodoviária? Estarão à espera de mais vítimas? As já contabilizadas não serão suficientes para acordar as consciências dos detentores do poder?
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