(Enviada aos jornais em 13 de Fevereiro de 2005)
Não ponho em dúvida a minha tolerância em relação à existência de homossexuais. Tive no Liceu um professor que diziam ser aquilo que hoje se chama «gay» e que veio a falecer em Lisboa com idade avançada, sendo nos últimos anos desprezado e explorado por pessoas que era suposto deverem apoiá-lo. Era bom professor, com grande sensibilidade e dotes artísticos que enfatizavam as suas aulas e, no relacionamento com alunos e colegas, nada havia de discriminatório ou negativo. Isto para dizer que nunca dei guarida a atitudes discriminatórias, e desconheço se entre os meus amigos haja ou tenha havido algum com tal opção.
Quanto à fantasia do «casamento» homossexual, fico espantado. Se os homossexuais assumem a diferença, por vezes de forma provocatória, da sua opção, se não querem ser confundidos com os heterossexuais, ou com aquilo que é considerado natural para a procriação e a continuidade da espécie, seria de esperar deles originalidade, imaginação e criatividade para estruturarem uma vida diferente que não fosse uma imitação, uma cópia obsessiva daqueles de quem querem diferenciar-se.
Como o casamento tem um significado clássico ligado à heterossexualidade, porque é que teimam em usar este termo em vez de, por exemplo, sociedade homónima, ou homóloga, ou homófila, ou isógena, ou iósceles? Dessa forma, ninguém podia acusá-los de imitação obsessiva e falta de imaginação e originalidade.
Também na perfilhação ou adopção de crianças, estão a contradizer-se e a não sentirem força para assumirem a diferença. Não devem chamar-lhes filhos, nem sequer adoptivos. Estes só pertencem a quem é capaz de «gerar uma vida» segundo os termos do Dr. Francisco Louçã. Então, restaria às sociedades homónimas a solução de terem pupilos, ou protegidos ou escudeiros.
Há que respeitar o significado das palavras e assumir a condição de que se arrogam. Não é racional evitar-se e hostilizar-se uma situação e, por outro lado, colar-se a ela, de tal maneira que abstraem da identidade que dizem assumir. É preciso que tenham coragem e muita capacidade moral e intelectual para assumirem, na totalidade, a diferença.
Foi sem querer!
Há 5 horas
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