sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Autarcas exemplares

(Publicada no Destak em 3 de Outubro de 2005)

Ouve-se, com frequência, a pessoas com erudição acima da média dizer que «à mulher de César não basta ser séria, deve também parecê-lo». Isto porque das pessoas que mendigam votos aos eleitores com vista a ocuparem locais públicos de liderança, prestígio e mordomias, se espera seriedade, competência e eficiência, ao mesmo tempo, que se situem acima de qualquer suspeita por forma a constituir exemplo de dignidade para todos os cidadãos que se encontram na sua área de jurisdição. Os casos concretos, de conhecimento público, podem ser analisados sob duas ópticas. Por um lado, os candidatos, antes de o serem, deviam fazer uma cuidada reflexão sobre a sua imagem pública, controlando a sua ambição de Poder. Por outro lado, os eleitores deviam evitar votar sobre pessoas que, por estarem sob suspeita, não apresentam perfil próprio de pessoa exemplar e com a dignidade indispensável para o cargo, evitar pessoas a quem não gostariam de comprar um carro usado ou a quem não confiariam a chave de casa.

As realidades que hoje se constatam em diversas autarquias parecem ser sintomas de uma doença grave da sociedade nacional, uma inversão de valores morais que transformam em heróis e santos aqueles que conseguem êxito materiais através de habilidades como a corrupção, a fuga ao fisco, o abuso do poder, o peculato, o mau uso dos dinheiros públicos, etc. Parece que o povo considera que esses é que são pessoas de valor porque têm esperteza e capacidade para se governar e para amealhar fortuna; esses é que sabem singrar na vida. E depois citam o ditado «em terra de cegos quem tem um olho é rei». E surgem os movimentos denominados de defesa dos direitos humanos que, desprezam as vítimas dos malfeitores, para defender estes, arranjando mil e um argumentos para demonstrar que estes, sim, é que foram vítimas da sociedade e da repressão.

A parte angustiante desta reflexão é que o futuro do País aparece demasiado nebuloso, com graves ameaças para as gerações mais novas, não se vislumbrando a forma de desenredar a meada.

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