(Publicada em «O Independente», 14 de Agosto de 2003)
Já lá vai perto de uma dezena de anos que ocupava algum tempo a ver as corridas de «Mondial truck», competições pouco vulgares em que tractores especiais, fora de série, com motores mais potentes que locomotivas, tentam arrastar uma zorra pesada até à meta, a cerca de 100 metros. Quando os motores eram acelerados ao máximo das rotações, os tubos de escape pareciam chaminés de incineradoras de pneus. Uma poluição atmosférica incrível.
Porém, quando há dias, voltei por acaso a ver uma prova desse campeonato, fiquei espantado com a ausência de qualquer espécie de fumo nas saídas de escape. Só se percebia que o motor estava a trabalhar quando o tractor tremia um pouco com o esforço do motor ou quando iniciava a marcha.
Isto é um exemplo primoroso do respeito pelas condições atmosféricas. Se isto foi conseguido naqueles tractores artesanais, improvisados e de alta potência, preparados para competição, também será possível evitar a poluição atmosférica produzida por centenas ou milhares de chaminés de fábricas existentes por todo o nosso país.
Mas o mal não vem apenas das chaminés. Interrogo-me quando passará a ser exercida maior vigilância sobre as emissões dos escapes de camiões e a ser proibido que camiões e autocarros pesados tenham os motores a trabalhar, quando parados, empestando o ar à sua volta. Isto torna-se especialmente nefasto quando os motores estão desafinados e emitem uma quantidade de fuligem e de gases tóxicos que são um grave atentado à saúde pública, ao efeito de estufa e às alterações do clima. E as alterações climáticas não são invenção de maníacos, como se tem verificado nos últimos dias com as altas temperaturas e os fogos florestais que tantos prejuízos e perdas de vida têm causado. Deixar as coisas correrem como estão, é um acto humanitariamente suicida. Há que corrigir e alterar os comportamentos.
Porque será que não somos tão civilizados como os países europeus que exerceram autoridade sobre aqueles desportistas obrigando-os a preparar devidamente as suas máquinas, apesar de isso lhes reduzir a potência? E isso talvez não fosse difícil porque ... até temos um Ministério do Ambiente.
Sócrates de novo
Há 1 hora
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