(Publicada em «A Capital», em 16 de Novembro de 2004)
As pessoas têm, geralmente, tendência para dizer mal, criticar pela negativa, sendo frequente ouvir-se que o país está muito mal, a escorregar por uma rampa, sem haver uma ponta por onde se pegue para iniciar a recuperação, nomeadamente nos aspectos relacionados com o civismo. Depois, para fazer um afago à auto-estima, dizem que pelo mundo acontece uma degradação semelhante.
Queixam-se dos acidentes rodoviários, de problemas do ensino, na saúde, do desemprego, da fuga ao fisco, da corrupção, da burocracia, da lavagem ao cérebro feita pela publicidade, propaganda e comunicação social, etc.
No entanto, nem tudo está irremediavelmente mal. Há um raio de esperança a despontar no horizonte. Já se torna bem visível. Já se ouvem pessoas a condenar a guerra e as acções violentas, sugerindo a resolução pacífica, pela conversação, dos conflitos sociais, religiosos étnicos, económicos. Há quem sugira soluções para a criminalidade e para os excessos de tabaco, álcool e droga.
No dia 12, vi no jornal que leio com mais atenção três notícias que me encheram de optimismo. Mostram que algo está a mudar. Mário Moniz Barreto, secretário-geral da Associação Nacional de Empresas de Bebidas Espirituosas (ANEBE), informou que esta instituição privada está a promover a iniciativa do «condutor designado» que consiste simplesmente em ser designado, em cada grupo de jovens que se divertem nas discotecas, um deles que se compromete a não beber para conduzir os amigos a casa sem perigo de acidente. Este, submetido à prova do balão, receberá prémios das lojas que patrocinam a iniciativa.
De Espanha vem a notícia de que a ministra da Saúde, Elena Salgado, apresentou, em Conselho de Ministros, um anteprojecto de lei que proíbe fumar em locais de trabalho, estabelecimentos de hotelaria e restauração, a não ser que tenham zona de fumadores. O Governo pondera ainda aumentar o preço dos cigarros. O objectivo da lei é combater os malefícios do tabaco, responsáveis pela morte de mais de 50 mil espanhóis por ano. Passará a ser permitido fumar apenas em instalações com áreas para fumadores.
Do Reino Unido, informam que a Associação Britânica de "Pubs" (BPA) propôs ao Ministro da Saúde, John Reid, um acordo no qual os próprios estabelecimentos comerciais se comprometem a proibir o consumo do tabaco até 2008, mesmo que a lei não os obrigue a fazê-lo.
São três exemplos daquilo que está a despertar no mundo: a convicção de que a mudança dos comportamentos de risco é necessária e inadiável. Todos em geral e cada um em particular temos de fazer todo o esforço possível para tornar a vida mais segura e saudável e ninguém tem o direito de prejudicar o outro, seja familiar, amigo, vizinho ou utente da mesma estrada ou do mesmo espaço.
Oxalá estas iniciativas se multipliquem, e despertem o entusiasmo e a perseverança convenientes para obterem os melhores resultados, em benefício de toda a humanidade.
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