quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Um raio de esperança. 041116

(Publicada em «A Capital», em 16 de Novembro de 2004)

As pessoas têm, geralmente, tendência para dizer mal, criticar pela negativa, sendo frequente ouvir-se que o país está muito mal, a escorregar por uma rampa, sem haver uma ponta por onde se pegue para iniciar a recuperação, nomeadamente nos aspectos relacionados com o civismo. Depois, para fazer um afago à auto-estima, dizem que pelo mundo acontece uma degradação semelhante.

Queixam-se dos acidentes rodoviários, de problemas do ensino, na saúde, do desemprego, da fuga ao fisco, da corrupção, da burocracia, da lavagem ao cérebro feita pela publicidade, propaganda e comunicação social, etc.

No entanto, nem tudo está irremediavelmente mal. Há um raio de esperança a despontar no horizonte. Já se torna bem visível. Já se ouvem pessoas a condenar a guerra e as acções violentas, sugerindo a resolução pacífica, pela conversação, dos conflitos sociais, religiosos étnicos, económicos. Há quem sugira soluções para a criminalidade e para os excessos de tabaco, álcool e droga.

No dia 12, vi no jornal que leio com mais atenção três notícias que me encheram de optimismo. Mostram que algo está a mudar. Mário Moniz Barreto, secretário-geral da Associação Nacional de Empresas de Bebidas Espirituosas (ANEBE), informou que esta instituição privada está a promover a iniciativa do «condutor designado» que consiste simplesmente em ser designado, em cada grupo de jovens que se divertem nas discotecas, um deles que se compromete a não beber para conduzir os amigos a casa sem perigo de acidente. Este, submetido à prova do balão, receberá prémios das lojas que patrocinam a iniciativa.

De Espanha vem a notícia de que a ministra da Saúde, Elena Salgado, apresentou, em Conselho de Ministros, um anteprojecto de lei que proíbe fumar em locais de trabalho, estabelecimentos de hotelaria e restauração, a não ser que tenham zona de fumadores. O Governo pondera ainda aumentar o preço dos cigarros. O objectivo da lei é combater os malefícios do tabaco, responsáveis pela morte de mais de 50 mil espanhóis por ano. Passará a ser permitido fumar apenas em instalações com áreas para fumadores.

Do Reino Unido, informam que a Associação Britânica de "Pubs" (BPA) propôs ao Ministro da Saúde, John Reid, um acordo no qual os próprios estabelecimentos comerciais se comprometem a proibir o consumo do tabaco até 2008, mesmo que a lei não os obrigue a fazê-lo.

São três exemplos daquilo que está a despertar no mundo: a convicção de que a mudança dos comportamentos de risco é necessária e inadiável. Todos em geral e cada um em particular temos de fazer todo o esforço possível para tornar a vida mais segura e saudável e ninguém tem o direito de prejudicar o outro, seja familiar, amigo, vizinho ou utente da mesma estrada ou do mesmo espaço.

Oxalá estas iniciativas se multipliquem, e despertem o entusiasmo e a perseverança convenientes para obterem os melhores resultados, em benefício de toda a humanidade.

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