(Publicada no «Diário de Notícias» de 3 de Março de 2004)
Já não sou criança e, durante dezenas de anos, o meu patriotismo conduzia-me a preferir os produtos nacionais. E sempre encontrava argumentos práticos para justificar essa minha posição. Era minha convicção de que, assim, contribuía para o desenvolvimento da nossa economia, do que resultaria o «enriquecimento» da população, a bem de todos os portugueses.
Há uns tempos, comecei a modificar esse meu ponto de vista, perante o slogan «vá para fora cá dentro», quando me apercebi que era mais barato, cómodo e agradável passar as férias no estrangeiro. Mas agora veio o golpe de misericórdia. Portugal, apesar do mais baixo custo da mão-de-obra, vende os produtos mais caros do que a Espanha e outros países da Eurolândia. Como se compreende? É que os empresários querem enriquecer depressa e, para isso, procuram lucros exagerados, explorando o consumidor.
Que solução? Está provado que a concorrência não está a produzir resultados aceitáveis. Resta actuar na procura, isto é, os consumidores devem organizar-se e agir da forma que lhes seja mais conveniente. Devem procurar comprar nas melhores condições, onde para igual qualidade for mais barato e, sempre que possível, em casos menos urgentes, ir fazendo uma lista e ir até Badajoz ou outra localidade além-fronteira, em carro próprio ou em excursão. Além de pouparem uns euros, passeiam e marcam uma posição contra os ambiciosos comerciantes nacionais. Não devemos aceitar que em Espanha se pague pela cerveja portuguesa um preço inferior ao praticado cá, apesar de os salários serem lá muito mais altos.
Só os burros é que não mudam. Eu mudei e concordo que tudo deve ser feito contra a exploração que é dirigida aos consumidores em Portugal, por empresas monopolistas e por comerciantes cartelizados. Não gosto que me metam as mãos na carteira.
DELITO há dez anos
Há 3 horas
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