(Enviado aos jornais em 9 de Abril de 2004)
Ninguém deve discordar da proposta do Ministro da Saúde no sentido de ser avaliada com rigor a capacidade de condução dos idosos. Realmente, pessoas com dificuldades de visão, de audição, de reacção rápida, etc., não devem ser autorizadas a conduzir. Mas o facto de uma tal iniciativa em relação aos idosos receber tanta prioridade e tanto relevo evidencia grave miopia e desprezo pela lógica e pelas prioridades.
A matemática, hoje tão desprezada, ensina que, para se resolver um problema, começa-se por analisar cuidadosamente os dados e as circunstâncias para, a partir daí, formular raciocínios lógicos que conduzam à solução.
No caso dos acidentes rodoviários, as estatísticas certamente não atribuirão aos idosos grande percentagem da tragédia nas estradas. Provavelmente, se o Estado todo poderoso, inibisse de conduzir todos os cidadãos com mais de setenta anos, os acidentes teriam uma redução inferior a cinco por cento. Então porquê dar prioridade à avaliação psico-física dos idosos? Parece uma perseguição da parte daqueles que não esperam vir a sê-lo.
Talvez fosse mais lógico começar por dar a carta apenas a pessoas que fossem aprovadas em rigorosos exames psico-físicos. Com efeito, das notícias que chegam ao nosso conhecimento concluímos que os acidentes mais graves e mais frequentes são ocasionados por jovens ao volante de carros potentes e novos. Nem são os carros menos potentes nem os mais velhos que causam acidentes.
Haja coragem e lucidez para encarar de frente os dados do problema, de incidir nos sectores mais significativos e de tomar as medidas mais lógicas e mais adequadas. Definir como bodes expiatórios aqueles que menos responsabilidade têm no problema e abandonar os sectores mais críticos é perder tempo e recursos inutilmente, o que não parece solução que honre a inteligência de quem a adopta.
Mensagem de fim de semana
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