(Publicada em «A Capital», 19 de Agosto de 2003)
O Mundo está imprevisível: ar poluído, camada de ozono enfraquecida, efeito de estufa acrescido, alteração climática, escassez de água potável, etc. E pior estaria se não houvesse pessoas que lutam militantemente pela preservação da natureza e pela defesa de património histórico e cultural. Merecem o nosso apoio, embora com salvaguarda de posições que devem ser devidamente ponderadas. Que seria das gravuras do Côa (tão pouco rentabilizadas) se tivesse sido construída a barragem que hoje reduziria a produção de energia por processos térmicos, muito poluentes? Que seria das pegadas dos dinossáurios de Belas (não visitáveis) se não fosse construído o túnel da CREL que custou mais de 10 milhões de euros? Que seria das pegadas da «pedreira do Galinha» na Serra de Aire (hoje quase irreconhecíveis) se o Estado as não tivesse comprado por cerca de 2 milhões de euros? Como seria hoje o Algarve sem a auto-estrada porque, por onde quer que passasse, ofendia sempre a natureza? Como seria o trânsito na ponte 25 de Abril se não tivesse sido construída a ponte Vasco da Gama. Enfim, muito se deve aos «acérrimos defensores da natureza»!!.
Pensei tornar-me membro de uma das várias associações de ecologistas. Mas alguém me disse que para isso, além de pagar jóia e quotas mensais, teria de renunciar ao automóvel por ser poluidor; de viver sem electricidade, porque a sua produção é poluente; sem água que é escassa e consome energia para ser captada e para chegar à nossa torneira; sem esgotos que irão poluir os rios; cozinhar apenas com o calor solar porque a lenha, ao arder, agrava o efeito de estufa; não usar sabão nem detergentes para não poluir as águas; não usar telemóvel para não aumentar a poluição rádio-eléctrica, enfim teria de viver como um bom ecologista, à maneira do Adão e da Eva antes de a cobra lhes ter mostrado os prazeres da vida, etc. Já dizia a velha canção brasileira : «e a culpada foi a cobra»!!
Perante estas condições, desisti da ideia, porque não quero renunciar às comodidades que o desenvolvimento civilizacional foi colocando ao meu alcance. Mas, ninguém duvide, que muito admiro aqueles mestres que aparecem na TV a falarem de ecologia, pelo seu desprendimento em viverem de forma tão austera e por conseguirem, mesmo assim, terem um aspecto tão nutrido, limpinho e asseado.
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