domingo, 25 de julho de 2010

Amiguismo. Mais uma amostra

Depois da lista (pequena, mas muito prometedora) de amiguismo de «boys» dependurados em tachos, sem concurso público e sem qualquer capacidade evidente para desempenho da função (Ver O amiguismo alargado , O amiguismo por outra óptica, Promiscuidade público-privado e corrupção e Promiscuidade entre política e empresas, surge agora mais um caso denunciado pelo deputado Agostinho Branquinho que acusou o secretário de Estado do Emprego e da Formação Profissional, Valter Lemos (muito conhecido defensor da célebre TLEBS em 2006, que foi suspensa no início de 2007, e grande auxiliar na guerra do ministério da Educação contra os professores, no tempo da D. Maria de Lurdes), de indigitar para delegado regional do Norte o seu antigo assessor na Educação e “um 'boy' sem competências específicas”, Manuel Joaquim Ramos, para o cargo de delegado Regional do Norte do Instituto de Emprego e Formação Profissional (IEFP).

Começaram a sua cumplicidade em Castelo Branco onde eram professores e de onde Valter Lemos saiu sem deixar saudades, como foi notório nos jornais. Mas no regime actual, é preciso ser magnânimo para os coniventes porque «quando se zangam as comadres, sabem-se as verdades». Daí o amiguismo, mesmo que este prejudique os interesses de Portugal.

E o cargo não é inócuo, pois trata-se da região com o maior nível de desemprego do país e de uma máquina do IEFP que, desde o início do ano, não paga às empresas a comparticipação no programa de estágios e, apesar disso, espantosamente, Valter Lemos nomeia um 'boy' sem qualquer competência específica para lugar decisivo e importante como este é. «O que ele tem de mais significativo no currículo é ser amigo do secretário de Estado».

Para maior escândalo, esta indigitação foi comunicada sexta-feira, 9, após demissão «de surpresa e a meio do mandato» do até então delegado regional, e o «boy» não possui qualquer habilitação em gestão de pessoal, emprego ou desemprego, que possa servir de pretexto para ir suprir eventuais deficiências do seu antecessor. Agostinho Branquinho aponta o dedo a puro amiguismo e compadrio, a que há uns tempos a esta parte temos assistido, como é referido nos links do início deste post.

Mas, francamente, colocar á frente de uma região com os problemas mais graves do País, um indivíduo sem preparação teórica nem experiência, é sinal de pouco sentido de responsabilidade e de ausência de dedicação aos interesses de Portugal que, desta forma, são relegados para lugar muito abaixo das preocupações de troca de favores e compra de apoios e cumplicidades. Segundo a Lusa, depois de contactar o IEFP, não conseguiu obter qualquer esclarecimento, caso que leva a crer que o silêncio é suficientemente elucidativo.

Com estas decisões, não é fácil obter resposta à pergunta Para onde vamos?

Imagem da Net.

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