Numa primeira e rápida visita à informação de hoje na Internet, deparei com uma série de artigos pouco animadores e que nada beneficiam a imagem de competência dos governantes:
Em «É de mais», Paulo Morais começa por dizer que «Em nome da crise, pagamos mais impostos. Em nome da crise, vamos pagar portagens. Em nome da crise, acabaram apoios aos desempregados. Em nome da crise, todos os sacrifícios vão para o povo… e nenhum para as classes dirigentes. O que nem Governo nem Oposição propõem é a medida mais óbvia e urgente: a redução drástica do número de políticos, pelo menos para metade.»(...)
Em «Défice não pára de subir e soma mais 462 milhões», Lucília Tiago diz: «O défice do subsector Estado registou "7763 milhões de euros" no primeiro semestre deste ano, valor superior em 6,33 por cento em relação ao período homólogo de 2009, informou hoje, terça-feira, o Ministério das Finanças.
As medidas de contenção orçamental ainda não estão a ter efeito. E, em Junho, o défice do Estado ultrapassou em 462 milhões de euros o valor de 2009. A subida de 4,3% na despesa - impulsionada pela factura dos juros - justifica parte do agravamento das contas.»(...)
Em «Dois terços dos serviços violam lei dos prémios de desempenho», João d´Espiney diz: (...)«Quase dois terços (63 por cento) dos 202 serviços e organismos públicos analisados pela Inspecção-Geral de Finanças (IGF) em 2009 não cumpriram a obrigatoriedade de divulgar os despachos de atribuição de prémios de desempenho e/ou de alteração de posições remuneratórios dos seus funcionários.»(...)
Em «Despesa no Estado ainda derrapa mas receitas fiscais sobem», Ana Rita Faria diz: (...)«Apesar dos apelos à austeridade e à consolidação, os últimos dados relativos à execução orçamental mostram que a derrapagem da despesa prosseguiu nos primeiros seis meses do ano, acabando por ser compensada por uma subida nas receitas.
Segundo o Boletim de Execução Orçamental ontem divulgado, a despesa efectiva do subsector Estado aumentou 4,3 por cento entre Janeiro e Junho, bem acima dos 2,7 por cento implícitos no Orçamento de Estado (OE) deste ano. Do lado oposto estiveram as receitas fiscais, que dispararam seis por cento, um valor bastante superior à previsão de aumento de 1,2 por cento do OE. O IVA e o IRC deram o impulso nesta subida generalizada das receitas fiscais.»(...)
Em «A doença empresarial», Manuel António Pina diz: (...)«O candidato presidencial Manuel Alegre anunciou ontem ao país o conceito de "problema quase psicológico", grave moléstia que afectaria os empresários portugueses pelo facto de se sentirem "subestimados". (…) Aparentemente, os empresários sentir-se-ão "subestimados" por terem, como os restantes portugueses (que, ao contrário dos empresários, em vez de "criar riqueza" só dão despesa), que pagar impostos e por o Fisco lhos cobrar.»
Perante as imagens que o espelho nos dá através destes artigos, será que ainda continuam a pensar nos contratos para o TGV, o Aeroporto, as pontes, as auto-estradas, os automóveis novos de modelo de topo-de-gama, mais assessores, mais viagens, mais prémios aos gestores de instituições públicas, mais fundações? Quais os conselhos dados pelos grandes professores de economia que ocupam ou ocuparam cargos do Estado? Com que qualidade didáctica esclareceram o Governo? Afinal qual é o seu saber e competência, além de recitarem sebentas e tratados, nas aulas?
Será verdade o que se ouve dizer acerca da bagunça, do descontrolo, da irresponsabilidade, da desonestidade sem freio, sem vergonha? Será que cada um saca do dinheiro público sem pejo, sem lhe ser exigida responsabilidade? Como é possível ter-se chegado a este desaforo?
Por seu lado, Alegre, apesar da sua arte de usar as palavras, fazendo recordar a sua verborreia na Rádio de Argel contra os soldados portugueses, não parece convincente. Agora é contra os portugueses que trabalham para os empresários a troco de vencimentos reduzidos que têm de pagar impostos para suportar o luxuoso e caro aparelho do Estado de que Alegre tem vivido. As vendas de automóveis luxuosos estão, este ano, a aumentar escandalosamente, o que, depois das palavras de Alegre, leva a perguntar se estarão a ser comprados pelos empresários ou pelos trabalhadores que eles, distraidamente, pagam em proporção do seu desempenho! Não será prioritário criar justiça social e reduzir o fosso entre os mais ricos e os mais pobres?
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