Da notícia de Rui Moreira no JN de hoje, À mercê dos suicidastranscreve-se o seguinte trecho:
«Felizmente, ainda não conseguiram estragar a praia algarvia. Gosto particularmente da praia do Barranco das Canas, ou do Alemão, como toda a gente lhe chama, a dois passos do Vau, e que, nesta altura, só se enche aos domingos. Mas, até esse prazer último, o de estar numa praia que resiste à destruição da paisagem algarvia, parece estar em risco. Tudo porque, como se sabe, as arribas vão dando de si por razões naturais e tem havido derrocadas, como sempre aconteceu e esta semana se repetiu, exactamente na praia do Alemão. É claro que não faltam os avisos e sinais de perigo, nas falésias e na entrada de cada praia, onde há fotografias aéreas em que as zonas de risco estão bem assinaladas. Mas, como se sabe, não há medida de prevenção que converta os portugueses ao bom senso. Depois dessa pequena e inócua derrocada, que fez as delícias da Comunicação Social e dos mirones, numa zona que a Polícia Marítima se apressou a vedar com fitas plásticas, tudo voltou ao "normal", com inúmeras famílias a protegerem-se do sol encostadas às arribas. Confesso que não consigo ter pena da estupidez humana, principalmente quando ela se mistura com a irresponsabilidade e com a falta de civismo.
«O que me preocupa é que, um dia destes, uma vulgar derrocada vai estropiar um desses suicidas, ou lapidar um dos seus inocentes rebentos e, quando isso acontecer, entre gritos e protestos, o nosso Estado Providência vai tomar conta do assunto. Quando essa hora soar e essas praias forem interditadas, se os ambientalistas conseguirem impedir que as arribas sejam demolidas ou emparedadas, terá chegado a minha hora de me resignar a dizer adeus ao Algarve, e optar pelo Caribe…»
NOTA: Existe na população o desrespeito inconsciente pelo perigo, expondo-se a riscos desnecessários e, por vezes fatais, nas praias, nas piscinas, nas estradas, nas cozinhas, no lazer, nos momentos mais vulgares da vida. Falta uma cultura da segurança, da prevenção, pois como diz um ditado muito antigo, «vale mais prevenir do que remediar».
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