Transcrevo na íntegra este artigo, limitando-me a enfatizar algumas passagens.
E que tal umas cauções?
Jornal de Notícias, 30 de Maio de 2010, por António Freitas Cruz
Li há dias uma notícia sobre a criação pelo Governo de uma empresa pública (mais uma) destinada a cuidar da requalificação urbanística da zona do futuro aeroporto de Alcochete. Ainda não há aeroporto (nem projecto), conforme todos sabemos à excepção do ministro, mas há quem lhe trate dos arranjos urbanísticos. A empresa tem um capital de cinco milhões de euros (dinheiro dos contribuintes, claro) e para presidente, já em esforçado exercício, foi nomeado um dos "boys" derrotados nas últimas eleições autárquicas, de acordo com o modelo em uso por todo país.
Esta notícia, vulgar nos nossos dias, levou-me o pensamento para outras paragens, confirmando o poeta da ética republicana quando canta que não há machado que lhe corte a raiz. Ainda parei no orçamento da Assembleia da República (qualquer coisa, não tremam, como uns 200 milhões de euros), mas deixei-me seduzir, depois, por uma ideia, talvez "atolambada", mas que poderia experimentar-se.
Em poucas palavras: por que não obrigar os gestores da "coisa pública" (a começar nos ministros e no primeiro deles) a apresentar cauções idóneas capazes de garantir o ressarcimento dos prejuízos que causam com gestões danosas, negligências, abusos e outras malvadezas?
Dado que não se sujeitam a pedir desculpas, que ficariam baratas, talvez assim aprendessem o significado da expressão "serviço público" de que falam com tanta leviandade.
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