Este vídeo extraído do blogue
Sempre Jovens mostra que o ensino, por ser obrigatório e praticamente gratuito é considerado um castigo que tortura e oprime as crianças inocentes que apenas são ensinadas a exigir respeito pelos seus «direitos» sem lhes serem mostrados «deveres» que as preparem para a qualidade de cidadania, depois de adultos.
Há alguns anos, quando se pretendeu criar um serviço de saúde gratuito com remédios por conta do Estado, sobressaiu o conceito de que se os cuidados com a saúde não podem ser menosprezados, convém que não sejam totalmente gratuitos, porque o que é gratuito acaba por ser considerado sem valor e desprezado. E quando as pessoas apreciam uma coisa e gostam dela e do seu uso estão dispostas a pagar bons preços como é o caso do carro, dos equipamentos de comunicação e informáticos e com as roupas da moda.
Nesta óptica, seria lógico pensar que a dedicação aos estudos e o respeito pelos professores por parte dos alunos e das famílias atingiria um grau mais elevado se deixasse de ser obrigatório e gratuito. Aquilo que tem valor não pode ser gratuito nem obrigatório.
Poderá dizer-se que há uma faixa da população sem capacidade de pagar integralmente o estudo dos filhos, mas a esses aplicava-se um valor simbólico e dependente da capacidade de aprendizagem e do comportamento dos alunos. A um génio nascido em família pobre, o Estado tem conveniência em apoiar investindo nele com razoabilidade.
Hoje, como mostra o vídeo, muitas crianças não estudam por gosto, por consciência de que precisam de aprender, mas porque a isso são obrigadas, porque têm de fazer «trabalhos» de casa, para satisfazer as exigências do professor, etc. Por isso, se sentem no direito de reclamar e insultar os seus «opressores». E nisso têm o apoio da família, quando esta não sente a necessidade de aquisição de conhecimentos e de valorização, para benefício futuro. Não encara o ensino como qualquer outro investimento nem sequer como uma despesa com brinquedo efémero. É visto como um direito, sem contrapartida de deveres e obrigações.
Por seu lado, o Estado também está a encarar o ensino como uma bandeira de competição com os países amigos, querendo mostrar estatísticas de êxito, que é falacioso, porque é obtido por provas fáceis, superficialidades, inutilidades e afastamento de uma finalidade prática na aplicação na vida corrente. A ostentação das estatísticas apresenta aspectos vergonhosos, com números falsos que ruiriam se fosse feita uma eficaz avaliação posterior de conhecimentos.
Em vez da obrigatoriedade, seria mais lógico e eficaz considerar o saber como um produto útil que cada um deve obter por sua iniciativa, esforço e dedicação. Isso devia ser posto em prática estimulando as famílias a interessar-se pela educação e instrução dos filhos com o mesmo entusiasmo com que compram o último modelo de telemóvel. Na vivência escolar, o professor deveria agir, em conformidade, com rigor e exigência, ensinando os alunos a ser responsáveis para se tornarem adultos válidos para si próprios e para a sociedade. Se, durante as aulas, o estudante mostrar que não tem vontade ou capacidade, deve ser-lhe imposto que vá fazer outra coisa ou pagar a um colégio especializado em ensinar os menos capazes.
Na sequência, os empregadores deveriam fazer uma avaliação das capacidades dos candidatos aos postos de trabalho e só admitir os melhores, com mais mérito para o desempenho das tarefas que lhes vão ser atribuídas. Esse seria o prémio aos bons estudantes e um estímulo para os estudantes gostarem de estudar responsavelmente.
É claro que ficariam muitos marginais, mas ao contrário de agora, esses não argumentavam que até têm diploma e não lhes dão emprego. A Justiça deveria ser rigorosa no combate à criminalidade ou acções anti-sociais. As prisões não deviam ser hotéis, mas locais de castigo com finalidade e possibilidade de recuperação social para reintegração na sociedade.
Mas, pelo contrário, a filosofia existente é de apoio à mandriice, à reivindicação de direitos e ao desprezo de deveres. E, neste caso, os professores são muitas vezes as maiores vítimas do sistema.
NOTA:
Tendo mostrado este vídeo e texto a uma professora conhecida, recebi comentário demolidor por a senhora se fixar apenas no pagamento e por pensar que era defendida a privatização do ensino. Enviou-me o vídeo seguinte que mostra jovens portugueses da escola Profissional de Música de Braga que integram a Orquestra sub-21 em Guimarães 2012, e que, ao contrário do comentário da senhora, me merece a NOTA que se lhe segue.
A música, em coro ou em orquestra, constitui o resultado do tipo de ensino que se sugere na nota anterior. A aprendizagem da música assenta na motivação de cada aluno, na sua vontade de aprender. O aluno aprende e pratica o trabalho de equipa (orquestra) em que cada um actua com a máxima perfeição de que é capaz, respeitando o trabalho de cada um dos seus colegas. Assume esse dever, porque sabe que a falha de uma nota prejudica o resultado final da participação de todos, da obra colectiva. O professor ou maestro é respeitado e as suas indicações e correcções são ouvidas com vontade de serem fixadas e tidas em conta em qualquer momento.
Não importa que a orquestra do vídeo seja formada por alunos de escolas de música pública ou privada. Os métodos não podem ser diferentes, na sua essência, porque o resultado pretendido é o mesmo. O que pode ser discutido e deve ser bem analisado é o sistema que crie melhor motivação nos alunos para se dedicarem inteiramente à aquisição de conhecimento com respeito pelos professores e colegas e pelas regras a seguir. Mais do que em direitos, os alunos devem ser consciencializados para os seus deveres e aprender a viver em sociedade civilizada.