Como consta do post «Pensar antes de decidir», cada decisão deve ser precedida de uma preparação metódica. Tem que haver um bom diagnóstico para ser escolhida a terapêutica mais adequada. Neste momento Portugal tem necessidade urgente de medidas ajustadas para, de uma forma prática, simples, económica e eficiente, sair da crise em que se tem afundado nos últimos anos. A retoma já devia ter sido iniciada, com profundas alterações estruturais, nos diversos sectores, e quanto mais se adiar, mais graves serão as consequências e mais difícil e demorada será a recuperação.
O «Dr. João Salgueiro em entrevista» publicada no Diário de Notícias deixa alguns conceitos que merecem ser destacados:
Tomou-se conhecimento da gravidade da situação devido a «opiniões de analistas portugueses que se tornaram cada vez mais unânimes e ajudou muito o exemplo da Grécia. Chegou-se à conclusão de que uma ruptura tem custos muito maiores do que tomar medidas a tempo.» «Um exemplo alternativo bom é o da Irlanda, que quando chega à conclusão - esta é a segunda vez que o faz - que tem de tomar medidas, toma-as num prazo curto.» «É o problema de ir a um operador que extrai o que tem de extrair - seja um abcesso, seja um traumatismo, seja um cancro - ou andar a tomar umas pastilhas para ver se a coisa reduz.»
«O problema é que há uma distância entre o que as pessoas sabem e o que dizem. Porque temos uma cultura com vícios (…)as pessoas não querem encarar os problemas a tempo.» Não se cultiva a verdade, «querem dar boas notícias, fazer promessas... depois se cumprem ou não, logo se verá. Mas nós aceitamos que se ganhem eleições com programas que sabemos que não são para ser executados.»
Quanto a acordos entre Governo e oposição, disse que «um acordo é uma condição necessária, mas não é suficiente. Vamos começar pelo princípio: se tivermos um acordo que continue a não encarar os problemas do País de uma forma eficaz, não vai servir de muito.»
Quanto aos factores a fortalecer cita à cabeça «a competitividade. Nunca conseguiremos equilibrar as finanças públicas de forma duradoura se o País não produzir o necessário para aquilo que estamos a gastar. Isso remete-nos também para a educação, para a formação. Demora mais tempo.»
«A primeira coisa de que precisamos, seja qual for o acordo, é que se baseie num diagnóstico rigoroso da realidade.» «Falar verdade aos portugueses e falar verdade entre os próprios profissionais da política.» Acerca do défice, «o que sabemos é que têm vindo a ser revistas as previsões, o que deixou ficar alguma suspeita. Não tenho noção se foi escondido ou não, mas o que deixou uma suspeita foi o facto de várias agências internacionais dizerem que o défice ia ser maior e nós estarmos convencidos de que não. O problema é termos uma noção clara de onde estamos e dos desafios que temos.»
Para sermos competitivos é preciso reduzir «os desperdícios do Estado, por exemplo! Há muito desperdício do Estado.» «Da última vez que se falou na necessidade de melhorar a educação, disse-se que era preciso gastar mais dinheiro. Não é uma atitude. Precisamos é de resultados. E temos de ter uma avaliação mais sistemática.» «Dêmos uma volta pelo País e vejamos a série de rotundas, de palmeiras plantadas nos últimos tempos. Não digo que não seja positivo, mas não é essencial!» «O Estado não tem a noção do que pode ou não gastar. Há muita coisa que não é essencial. Citou exemplos de investimentos não essenciais e continuam programados.»
Quanto ao TGV, «acho que devia ser avaliado se o que está a dizer-se é verdade, se vai custar só aquilo e quais os efeitos a longo prazo.»
Quanto à inconsistência das decisões «o aeroporto teve um excelente exemplo: tinha de ser na Ota, foi garantido que era lá e com o acordo de vários governos. De repente, percebe-se que a Ota era um desastre. Que garantia é que há que outras decisões não sejam tomadas da mesma maneira?»
Três questões a ter em atenção para decidir investimentos, «a primeira é ter um diagnóstico, a segunda é decidir o que vai fazer-se com base em prioridades que sejam justificadas e a terceira é ter a noção de que há coisas que são imediatas. Não se deve dizer que nada se pode fazer a curto prazo: há muita coisa a fazer. Mas também temos de ter a noção de que há decisões que só produzem efeito no médio prazo.» «Nós temos de saber o que fazer a curto prazo, não continuar a aceitar decisões que são injustificadas. Mas há duas que acho que têm efeito a longo e a curto prazo: a educação, mas, antes dessa, a justiça. Porque os comportamentos das pessoas são muito afectados pela probabilidade de terem consequências.»
«E de trabalho feminino não se criaram muitas oportunidades ainda, talvez agora se comece, mas isso devia ser a primeira prioridade.» É preciso «olhar mais para a realidade dos desempregados e das obras necessárias, não estar com sonhos.»
O aumento de impostos «posso admitir que seja inevitável depois de estar feita a análise geral. A primeira coisa é vermos que desperdícios podem ser evitados e ninguém sabe quais são.»
A decisão de controlo dos salários «precisa de uma análise sistémica, como se costuma dizer. Precisamos de ter a dimensão do problema antes de começar a opinar sobre as soluções, e a primeira medida a tomar é acabar com o excesso de despesa pública, porque é isso que se traduz em aumento de impostos. Temos uma carga fiscal maior do que Espanha, o que não é aceitável porque temos um nível de desenvolvimento pior. Se precisamos de encarar os problemas, temos de os hierarquizar e, para mim, o maior problema, neste momento, é o desemprego. São recursos desaproveitados, o único que temos é o factor humano, não temos recursos naturais, não temos dimensão…»
Criar emprego. «Quem vai criar mais empregos só pode ser o sector produtivo. Aquilo que permite produzir mais e o factor mais escasso que temos é a vontade empresarial. Como é que se vão criar mais iniciativas empresariais em Portugal? Desafio qualquer pessoa a fazer o exercício: como é que se convence um empresário português ou estrangeiro a investir em Portugal, com o quadro que temos aqui? Ele vai comparar as oportunidades em Portugal com as que tem em Espanha, na Holanda, na Bulgária, na Ásia, no Brasil.» «Devíamos ter na primeira linha das nossas preocupações encorajar o investimento produtivo em Portugal e não é isso que se tem feito.»
O «Dr. João Salgueiro em entrevista» publicada no Diário de Notícias deixa alguns conceitos que merecem ser destacados:
Tomou-se conhecimento da gravidade da situação devido a «opiniões de analistas portugueses que se tornaram cada vez mais unânimes e ajudou muito o exemplo da Grécia. Chegou-se à conclusão de que uma ruptura tem custos muito maiores do que tomar medidas a tempo.» «Um exemplo alternativo bom é o da Irlanda, que quando chega à conclusão - esta é a segunda vez que o faz - que tem de tomar medidas, toma-as num prazo curto.» «É o problema de ir a um operador que extrai o que tem de extrair - seja um abcesso, seja um traumatismo, seja um cancro - ou andar a tomar umas pastilhas para ver se a coisa reduz.»
«O problema é que há uma distância entre o que as pessoas sabem e o que dizem. Porque temos uma cultura com vícios (…)as pessoas não querem encarar os problemas a tempo.» Não se cultiva a verdade, «querem dar boas notícias, fazer promessas... depois se cumprem ou não, logo se verá. Mas nós aceitamos que se ganhem eleições com programas que sabemos que não são para ser executados.»
Quanto a acordos entre Governo e oposição, disse que «um acordo é uma condição necessária, mas não é suficiente. Vamos começar pelo princípio: se tivermos um acordo que continue a não encarar os problemas do País de uma forma eficaz, não vai servir de muito.»
Quanto aos factores a fortalecer cita à cabeça «a competitividade. Nunca conseguiremos equilibrar as finanças públicas de forma duradoura se o País não produzir o necessário para aquilo que estamos a gastar. Isso remete-nos também para a educação, para a formação. Demora mais tempo.»
«A primeira coisa de que precisamos, seja qual for o acordo, é que se baseie num diagnóstico rigoroso da realidade.» «Falar verdade aos portugueses e falar verdade entre os próprios profissionais da política.» Acerca do défice, «o que sabemos é que têm vindo a ser revistas as previsões, o que deixou ficar alguma suspeita. Não tenho noção se foi escondido ou não, mas o que deixou uma suspeita foi o facto de várias agências internacionais dizerem que o défice ia ser maior e nós estarmos convencidos de que não. O problema é termos uma noção clara de onde estamos e dos desafios que temos.»
Para sermos competitivos é preciso reduzir «os desperdícios do Estado, por exemplo! Há muito desperdício do Estado.» «Da última vez que se falou na necessidade de melhorar a educação, disse-se que era preciso gastar mais dinheiro. Não é uma atitude. Precisamos é de resultados. E temos de ter uma avaliação mais sistemática.» «Dêmos uma volta pelo País e vejamos a série de rotundas, de palmeiras plantadas nos últimos tempos. Não digo que não seja positivo, mas não é essencial!» «O Estado não tem a noção do que pode ou não gastar. Há muita coisa que não é essencial. Citou exemplos de investimentos não essenciais e continuam programados.»
Quanto ao TGV, «acho que devia ser avaliado se o que está a dizer-se é verdade, se vai custar só aquilo e quais os efeitos a longo prazo.»
Quanto à inconsistência das decisões «o aeroporto teve um excelente exemplo: tinha de ser na Ota, foi garantido que era lá e com o acordo de vários governos. De repente, percebe-se que a Ota era um desastre. Que garantia é que há que outras decisões não sejam tomadas da mesma maneira?»
Três questões a ter em atenção para decidir investimentos, «a primeira é ter um diagnóstico, a segunda é decidir o que vai fazer-se com base em prioridades que sejam justificadas e a terceira é ter a noção de que há coisas que são imediatas. Não se deve dizer que nada se pode fazer a curto prazo: há muita coisa a fazer. Mas também temos de ter a noção de que há decisões que só produzem efeito no médio prazo.» «Nós temos de saber o que fazer a curto prazo, não continuar a aceitar decisões que são injustificadas. Mas há duas que acho que têm efeito a longo e a curto prazo: a educação, mas, antes dessa, a justiça. Porque os comportamentos das pessoas são muito afectados pela probabilidade de terem consequências.»
«E de trabalho feminino não se criaram muitas oportunidades ainda, talvez agora se comece, mas isso devia ser a primeira prioridade.» É preciso «olhar mais para a realidade dos desempregados e das obras necessárias, não estar com sonhos.»
O aumento de impostos «posso admitir que seja inevitável depois de estar feita a análise geral. A primeira coisa é vermos que desperdícios podem ser evitados e ninguém sabe quais são.»
A decisão de controlo dos salários «precisa de uma análise sistémica, como se costuma dizer. Precisamos de ter a dimensão do problema antes de começar a opinar sobre as soluções, e a primeira medida a tomar é acabar com o excesso de despesa pública, porque é isso que se traduz em aumento de impostos. Temos uma carga fiscal maior do que Espanha, o que não é aceitável porque temos um nível de desenvolvimento pior. Se precisamos de encarar os problemas, temos de os hierarquizar e, para mim, o maior problema, neste momento, é o desemprego. São recursos desaproveitados, o único que temos é o factor humano, não temos recursos naturais, não temos dimensão…»
Criar emprego. «Quem vai criar mais empregos só pode ser o sector produtivo. Aquilo que permite produzir mais e o factor mais escasso que temos é a vontade empresarial. Como é que se vão criar mais iniciativas empresariais em Portugal? Desafio qualquer pessoa a fazer o exercício: como é que se convence um empresário português ou estrangeiro a investir em Portugal, com o quadro que temos aqui? Ele vai comparar as oportunidades em Portugal com as que tem em Espanha, na Holanda, na Bulgária, na Ásia, no Brasil.» «Devíamos ter na primeira linha das nossas preocupações encorajar o investimento produtivo em Portugal e não é isso que se tem feito.»
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