quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Sócrates não se demite

Depois de o Público ter lançado a ideia de que Cavaco marcou reunião do Conselho de Estado após “ameaças” de que Sócrates poderia demitir-se, surgiu com rapidez a notícia de que Gabinete garante que Sócrates não ameaçou demitir-se.

Foi um esclarecimento politicamente correcto, antes que se levantasse uma pressão de tal peso que levasse o PM a aceitar o desafio. Isso seria errado para ele, pois não teria garantia, segura nem talvez provável, de sobreviver. Por mais deslumbrado que lhe chamem, é um lutador com apurado sentido da sobrevivência e apego ao poder e não é desprovido de inteligência.

O suicídio, hara-Kiri ou seppuku, é uma solução dos honrados e nobres Samurais, para defesa da honra que consideram mais valiosa do que a própria vida.

Sócrates não iria arriscar tanto pelo simples projecto das Finanças Regionais. Aguentou os vários fracassos das promessas feitas na campanha eleitoral de 2005; aguentou o caso das habilitações académicas e desistiu do processo contra o professor António Balbino Caldeira Do Portugal Profundo; aguentou as suspeitas sobre o caso Freeport em que a sua exaltação nervosa na AR nada esclareceu antes o lesou mais; aguentou o caso com o jornalista João Miguel Tavares, de que desistiu em tribunal; aguentou o não cumprimento dos prazos estabelecidos pelo Governo para o Magalhães; e aguentou a desistência da criação do aeroporto de Lisboa na Ota. Entre outros projectos e promessas.

Tudo isto leva a não se ficar surpreendido com a comunicação do gabinete que mostrou muita esperteza e sentido de oportunidade a não perder, embora para dizer o que é lógico e coerente com a personalidade da entidade. Tudo leva a crer que Sócrates não se demitirá, não imitará António Guterres, dotado de qualidades diferentes.

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