As manobras políticas de desviar as atenções dos portugueses para problemas menores, deixando de ver aquilo que é realmente importante e essencial, estão a conseguir os objectivos dos seus autores. Lançam-se na Comunicação atoardas sobre coisas insignificantes para entreter as pessoas, levando-as a um estado de embriaguez de euforia ou, no mínimo, de indiferença e apatia em relação às grandes causas e, quando a táctica é bem aplicada, mantém os responsáveis à vontade para «gerir a causa pública» da forma que mais lhes interessa pessoalmente.
Mas, como «o crime não é perfeito» esse desvio de atenção acaba por ocasionar erros escandalosos, como o relatado na notícia «Tribunais esquecem preso na cadeia durante 7 meses», em que se conta o caso de um cidadão de 40 anos que devia cumprir pena de 8 anos de cadeia, pelo simples crime de toxicodependência e furtos, em vez de ter sido libertado em 26 de Junho do ano passado, só agora saiu em liberdade.
Lá pelas alturas da Justiça andam preocupados com a forma de ocultar a face de pessoas importantes dos incómodos das escutas relacionadas com manobras demasiado ilegais e eticamente condenáveis das sucatas, do controlo da Comunicação Social, do abuso de dinheiros das empresas públicas, enfim, do abuso do Poder, e desprezam os interesses dos cidadãos, neste caso, do preso por esquecimento!!! Trata-se de um minúsculo transgressor comparado com os tubarões de que é preciso desviar as atenções, aqueles que constituem os tentáculos do polvo.
Isto vem confirmar que um dos maiores males do nosso País é a incapacidade e a incompetência para uma correcta definição das prioridades e da vontade de as concretizar. Andamos iludidos atrás de aparências, em vez de analisarmos convenientemente os problemas, as suas causas, condicionantes e factores relevantes, e escolhermos a solução mais adequada às circunstâncias. O resultado desse defeito será a crise crónica e o atraso patológico em que vamos navegando ao sabor de caprichos desencontrados.
DELITO há dez anos
Há 1 hora
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