domingo, 8 de agosto de 2010

Saúde à balda

Devendo ser a Saúde, a par da Justiça, da Educação, da Segurança pública e da Administração, um dos pilares da governação de um povo, talvez o principal, é de lamentar que haja tantas razões de queixas.

Quase diariamente se encontram motivos para reflectir angustiadamente sobre o pouco cuidado que ela tem merecido das mais altas esferas. Hoje encontramos no PÚBLICO a notícia «Secretário de Estado da Saúde garante operacionalidade dos meios do INEM».

Título falacioso pois faz muito mau uso do verbo garantir. Garante ou garantirá???. Se o Secretário de Estado pode garantir, porque é que não tem garantido? Pelo que se sabe das notícias que nos chegam frequentemente, tem havido pouca operacionalidade e têm sido reportadas mortes por atraso na chegada das ambulâncias. Também o pessoal de enfermagem está a queixar-se, descontente com as condições da prestação de socorro. Quem tem convivido com tão pouca eficiência do serviço não está em condições de garantir, com credibilidade, melhor operacionalidade. É certo que ele náo diz se será melhor ou pior, apenas fala de operacionalidade, sem adjectivo!!!

Por outro lado, o Jornal de Notícias traz a promessa (ou ameaça) de que «Saúde vai buscar mais médicos ao estrangeiro». Este á mais um aspecto da balda em que tem andado o cuidado com os doentes. É o resultado de o Governo da época ter feito a vontade à Ordem dos Médicos e ter restringido a entrada de estudantes para medicina, com o «numerus clausus».

Muitos indivíduos deixaram de seguir a carreira de que mais gostavam para que os médicos já instalados não tivessem muitos concorrentes. Houve nítido desprezo pelos interesses nacionais e falta de sentido de Estado a favor de uma profissão que renegou os elevados ideais que lhe eram atribuídos. Cada um puxa a brasa à sua sardinha num clima de salve-se quem puder. Mas se tal comportamento é condenável em época de crise, menos tolerável é em período normal como aquele em que tal sistema foi instituído e do qual agora estamos a sofrer as consequências.

Governar não significa vogar ao sabor da corrente. Não se traduz em fazer jeitos a amigos coniventes e cúmplices, é olhar para todos os cidadãos com a mesma atenção.

Imagem da Net.

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