domingo, 8 de agosto de 2010

Freeport. Fogo que não se apaga

No post «Freeport. Nada elimina suspeitas e dúvidas», de 26 de Julho foi deixado o alerta de que «como não há burka que substitua a clarificação dos factos, as suspeitas e dúvidas nunca desaparecerão…».

Agora a notícia «Arquitecto do Freeport escolhido para agradar ao PS», do Jornal de Notícias de hoje, vem confirmar a validade de tal alerta.

Como parece o caso não ter sido averiguado com meticulosidade (os magistrados o têm declarado de forma subtil), como não houve transparência, as suspeitas nunca cessarão, e irão vindo a lume casos curiosos, que até podem não ser inteiramente reais e verdadeiros, mas são resultado da falta de transparência. Aplicam-se aqui as expressões «gato escondido com rabo de fora», e «não há fumo sem fogo».

Segundo a notícia referida, «os promotores do Freeport mudaram de arquitecto com o intenção de agradar ao Partido Socialista e a José Sócrates. A conclusão consta do despacho final da investigação, que relata ainda pagamentos a dobrar pelo projecto. Só Capinha Lopes recebeu 1,7 milhões.»

O processo-crime indica que Capinha Lopes terá sido sugerido pelo arguido e autarca de Alcochete, José Dias Inocêncio. Em carta enviada a 13 de Dezembro de 2001, ao director da Freeport PLC, Jonathan Rawnsley, o consultor Charles Smith justificava a opção pelos arquitectos da sociedade Capinha Lopes (CL).

«"CL estão muito próximos do ministro do Ambiente [José Sócrates], assegurando uma aprovação adequada no interesse de todas as partes envolvidas. Estou também certo que não são arquitectos baratos", escreveu o sócio da "Smith & Pedro".

No processo também é referida a ligação de Capinha Lopes a campanhas do PS em vários municípios do Sul do país, como Alcochete. Foi, aliás, no dia da tomada de posse de Dias Inocêncio como presidente da Câmara de Alcochete, a 7 de Janeiro de 2002, que Jonathan Rawsley informou Capinha Lopes da sua nomeação como "arquitecto principal" da Freeport Portugal S. A..»


Consta num comentário ao referido post que «as suspeitas e as dúvidas são demasiado corrosivas e impedem que se tenha confiança naqueles que delas são objecto. Em qualquer momento mais crítico na vida das pessoas que foram alvos das suspeições, estas podem vir à tona com o seu veneno corrosivo.»

Realmente a ética, quando esquecida e deixando ocultar a verdade e impedindo a transparência, pode dar lugar a insinuações intencionais demasiado nocivas. É uma lição a ter sempre presente para evitar cair em ciladas perversas.

Imagem da Net.

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