sábado, 30 de março de 2013

Poesia de Viçoso Caetano - O 25 dos Quatros






O 25 dos Quatros
Foi há trinta e nove anos
(tantos quant´os desenganos)
que o cravo desceu à rua,
(por entre viras e palmas)
camuflando a falcatrua,
Com qu´iludiram as almas,
prometendo o Sol e a Lua!

Punhos fechados bramindo;
D´inveja vociferando;
Fantasmas deambulando
os seus ódios destilando
e do Ultramar fugindo,
desse Portugal infindo,
abençoado pelo Céu!

Uma Pátria de gigantes
assaltada por tratantes,
que a tornaram pigmeu!

E o cravo qu´era vermelho
foi mudando a cor p´ra roxo,
até perder toda a cor.
Começou a apodrecer!
Zambeta, marreco e coxo,
hoje não vale um chavelho
e a pesar de não ser velho,
já está no estertor…

Só que o Povo demorou
a ver quem o enganou
e então o arrastou
para a situação extrema,
desta vergonha suprema,
onde agora o atolou.

Grândola vila morena!...

Agora a vila está preta
e o Povo, por mais qu´ordenhe,
já não sai leite da teta!

Agora é só p´rós “manguelas”,
que chafurdam nas gamelas,
kamaradas e confrades,
nascidos pós Revolução.
P´ra esses não falta não!

E não deixa de ter graça…
Quem a fez, que a desfaça…
Que lhes sirva de lição!


Viçoso Caetano
O Poeta de Fornos de Algodres
Abril de 2013

Dicas úteis para Reforma do Estado


Numa sociedade democrática, em que os governantes são mandatários do povo soberano, este deve fazer sentir a sua vontade e apresentar ideias e sugestões que ajudem os mandatários a melhor cumprirem as suas tarefas destinadas a melhorar o bem-estar dos mandantes.

Neste conceito as palavras ditas por D. Jorge Ortiga, arcebispo de Braga, durante a homilia da celebração da Paixão do Senhor, devem ser tidas em consideração pelas autoridades políticas, por referirem muitos dos problemas actuais, como a preparação e capacidade dos políticos, o monopólio dos bancos, a prioridade dada a «questões sem sentido», de importância reduzida ou nula em relação aos assuntos essenciais.

Extraem-se as seguintes palavras que merecem objecto de reflecção:

Afirmou: "Porque é que nós consentimos que tantos seres humanos continuem a ser vítimas da miséria social, da violência doméstica, da escravatura laboral, do abandono familiar, do legalismo da morte, da corrupção judicial, das mortes inocentes na estrada, das mentiras dos astrólogos, do desemprego, de uma classe política incompetente e do monopólio dos bancos", afirmou o prelado.

Alertou para as consequências da austeridade: "Preocupa-me o número de suicídios que aumentam diariamente em Espanha e também entre nós, como fruto, muitas vezes, de penhoras imobiliárias e que em breve, com certeza, tudo isto se tornará ainda mais grave".

Mostrou-se apreensivo com as "depressões dos jovens portugueses, que se fecham nos seus quartos por causa do desemprego" e também com "as famílias cujo frigorífico se vai esvaziando".

E sublinha que, enquanto tudo isto acontece, "os políticos refugiam-se em questões sem sentido".

E critica o sistema dos bancos que, "depois de terem imposto a tirania dos consumos desnecessários para atingirem metas lucrativas, hoje condicionam o crédito justo às jovens famílias portuguesas, contra taxas abusivas que dificultam o acesso a uma qualidade de vida com dignidade".

sexta-feira, 29 de março de 2013

Há que ter coragem para assumir os erros


A velha sabedoria popular, com a sua tolerância e boa vontade, criou o ditado «errar é humano», mas tudo tem limites e é preciso ter dignidade e sentido da responsabilidade para reconhecer os erros e corrigi-los com oportunidade e eficácia, principalmente quando deles resulta prejuízo para milhões de pessoas. Em consonância com este conceito, foi hoje publicado no Diário As Beiras o seguinte artigo de João Azevedo, presidente da Câmara de Mangualde:

Orçamento do Estado
Diário As Beiras, 130329, Por João Azevedo

O país, e os portugueses, aguardam ansiosamente a decisão do Tribunal Constitucional (TC) relativamente ao Orçamento do Estado (OE). Algumas das leis/medidas base deste orçamento, definidas estrategicamente por este Governo, podem ser decretadas inconstitucionais…

Passos Coelho, Vitor Gaspar e Paulo Portas traçaram este caminho para o país. A ditadura da austeridade é para eles a única solução. Não olham a regras e a direitos adquiridos pelos portugueses para conseguirem seguir este caminho. Mesmo que esteja à vista de todos que será um esforço desmesurado e inglório, porque assim não vamos conseguir atingir os objetivos!

Contudo, o país aguarda um eventual chumbo pelo TC ao OE deste ano. Em causa estão a suspensão do subsídio de férias a trabalhadores e a aposentados, a contribuição extraordinária de solidariedade e a sobretaxa de 3,5% em sede de IRS. Foram estas as normas orçamentais que levaram o Partido Socialista e o Presidente da República a solicitarem a fiscalização sucessiva do Orçamento do Estado.

Importa ressalvar que a responsabilidade de um eventual chumbo não pode ser imputada a nenhuma entidade ou órgão institucional deste país a não ser ao atual Governo. O TC faz o seu trabalho e decide em função da lei. A inconstitucionalidade do OE, a existir, deve-se única e exclusivamente a medidas que contrariam a lei constitucional, pilar fundamental de uma democracia de direito. Quem erra é quem não decide em função da lei. O desrespeito pela lei fundamental do nosso país, a sua constituição, tem sido apanágio do atual Governo e será ele que terá de assumir a total responsabilidade do eventual chumbo do OE e das consequências que daí advierem.

A responsabilidade está inerente à figura de um líder. Na tomada de decisões, na gestão, nas relações pessoais e institucionais, nos bons e nos maus momentos. Não devemos fugir às nossas responsabilidades mas sim assumirmos que a natureza de liderar é um processo difícil, de respeito, de disciplina, de humildade e de grande compromisso.

Assumir a responsabilidade das nossas decisões como chefes de governo ou autarcas é um imperativo das nossas funções. Somos sempre nós responsáveis dos sucessos ou fracassos das nossas decisões. Temos que ter a coragem e a frontalidade para as assumir.

Imagem do Diário As Beiras

quinta-feira, 28 de março de 2013

Poesia de Viçoso Caetano - Aí está 2013


Aí está 2013
C´os três Dês da Revolução:

O primeiro: - DESEMPREGO
Que fez de ti um labrego,
à procura dum emprego,
e traz em desassossego
as classes trabalhadoras,
pois não vislumbram melhoras
nem sequer a longo prazo.
E que só por mero acaso
ainda não deu em ocaso
de forma avassaladora.
É qu´as empresas, ou fecham
ou caminham pr´á penhora!...

O segundo: - DEMOCRACIA
Com bafo a maçonaria
e hálito a BPN,
qu´avaliar p´lo fedor
e co´a nova “HORTAGRAFIA”
troca o N por um M.

O Terceiro: - DESILUSÃO
Trinta e nove anos depois,
de tanta promessa, em vão,
a verdade nua e crua
e que não tem discussão:
- Estamos co´as palhas na mão
e nas ruas da amargura.
Futuro, aqui, NÃO HÁ NÃO!

Vai agora então p´ra rua
dar vivas à Revolução.
E leva o cravo contigo
nas orelhas, na lapela
(o tal cravo vermelhusco)
que te dá o ar patusco
d´esquerda meia – tigela
mas t´autorga, no partido
o direito à gamela…

Ao contrário dos três Dês,
outrora eram três efes,
a balizar a Nação.
Mas agora a mesquinhez
e falta de educação
da “malta” da Revolução,

trocou os três por um só,
qu´eu não escrevo aqui não,
pois é um grande palavrão.

Este País mete dó,
ninguém dá ponto sem nó!

Um Pais que foi Império
e hoje é protectorado;
Um País que foi burlado
e ninguém é condenado;
Um País pobre e falido
e em que cada partido
se julga numa coutada
- fortaleza inexpugnada –
por TODOS NÓS sustentada,
pois que por nós foi votada.

Um País que anda perdido
e onda nada faz sentido.

Até as Forças Armadas,
e outras militarizadas,
estão a ser enxovalhadas
por uns desqualificados
com pendor p´r´amaricados,
que pululam nos senados,
p´ra onde foram levados
de fraldas ou de cueiros
e que por trinta dinheiros
´té renegam Pai e Mãe!

Foram p´ra lá aprender
a falar e a escrever
e antes que tudo a dizer
APOIADO! MUITO BEM!

E porque são bem-mandados
o Partido não os esquece.
Ao cabo de três mandatos,
Sempre a dizer “YES”
e AMEN aos sindicatos,
voltam a aplicar-se as normas:
Vão p´ra lá outros gaiatos,
sendo eles recompensados
com umas brutas Reformas!

Esta, a turba mercenária,
que assaltou o poder

- sem saber ler nem escrever –
Onde uma ou outra alimária
a “armar-se” em luminária
e a raciocinar co´as patas,
p´la lógica das batatas,
nos arrastou até aqui.
Descalços ou d´alpergatas
às esmolas do FMI!!!

Uns grupelhos de garotos
a culparem-se uns aos outros
e que, quando há eleições,
logo no dia a seguir,
vêm as oposições
contestá-las e exigir
eleições antecipadas!

Estas e outras bacoradas,
que até são apresentadas,
como manifestações
da melhor democracia
por alguns comentadores,
quase todos bajuladores
e a “puxar” p´rás confrarias,
em troca d´alguns favores
ou mais uma mordomia,
que no caso português,
é Pão Nosso de cada dia.

Assim a DEMOCRACIA
é uma HIPOCRISIA
qu´assenta na TRILOGIA:
EU, OS MEUS e NINGUÉM MAIS.
E nem cinco PORTUGAIS,
qualquer deles bem nutrido
- e um p´ra cada partido –
lhes saciaria a gula,
até encherem a mula.

Eles são todos iguais!
Quem quiser que os engula.
Eu, é que não voto mais!

Viçoso Caetano
O Poeta de Fornos de Algodres
Março de 2013

Reacções à entrevista de Sócrates


O Diário de Notícias traz-nos uma série dereacções dos comentadores da rádio e da televisão à entrevista de Sócrates, parecendo cobrir um leque alargado.

Apesar da opinião que se possa ter, parece que, de qualquer forma, o PR e os governantes, na serenidade dos seus gabinetes, devem analisar tudo quanto Sócrates disse, a fim de daí retirarem conclusões, principalmente, acerca dos erros a evitar e das medidas a tomar para agirem de forma mais eficaz, «a bem da Nação». 
Mas, por favor, não percam tempo com tricas em reacções inúteis, em masturbações estéreis. 
O tempo é muito pouco para agir de forma adequada em benefício dos portugueses. Não o desperdicem.

Imagemde arquivo

terça-feira, 26 de março de 2013

Governo já viu o mar !!!


O secretário de Estado do Mar, Manuel Pinto de Abreu, defendeu que o mar «ainda não é» um «fator determinante» na economia nacional e que há que «inverter esta situação».

Declarou que se pretende com a Estratégia Nacional para o Mar (ENM) promover a «valorização» económica, social e ambiental com «benefícios de prosperidade« para «todos os portugueses».


Disse que está em fase de discussão pública, a pesquisa e conhecimento, exploração dos recursos que o meio ambiente do mar oferece e a preservação.

Destacou que se pretende que sejam criados uma série de projetos para estes vetores da ENM.


Um governo, depois de 21 meses de actividade, devia ter vergonha de, em vez de mostrar medidas já decididas e acções já em desenvolvimento, se limitar a vir com desejos, intenções e promessas vagas como se ainda estivesse em campanha eleitoral.
As palavras do secretário de Estado do Mar, ficariam bem num elemento da oposição a fazer crítica ao Governo e a mostrar o que já devia ter sido feito.
Palavras vagas como estas e a meio do mandato são impróprias de um Governo que devia procurar merecer a confiança dos cidadãos, através de melhoramentos realizados e em curso.

Imagem do Google

segunda-feira, 25 de março de 2013

Desemprego e uma nova sociedade


O arcebispo de Braga, Jorge Ortiga, na Sé de Braga, na homilia da missa de domingo de ramos, disse que o fenómeno do desemprego "deve ser tratado como uma tragédia e não como estatística económica".

Mostrou-se preocupado porque «os números são bastante claros: Portugal atingiu quase um milhão de desempregados e, desses, 40% são jovens»

Aconselhou que "é proibido desistir", pois «custa ver tanta gente nova a desistir de lutar por um futuro melhor».

Lamentou que "nos últimos tempos, parece que a esperança tem dado lugar ao desânimo na agenda de muitos jovens".

E apontou uma saída, "numa sociedade tão cansada de promessas políticas, repleta de palavras gastas e esgotada de teorias utópicas, são gestos alternativos como os que o papa Francisco está a operar que conferem toda a esperança, tornando-se numa referência social".

E deu o alerta da partida para a necessidade de construir uma nova sociedade, "na qual as pessoas passam da periferia para o centro de decisão", uma nova identidade humana, "privilegiando os mais fracos, os mais pobres e os mais pequeninos.

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Sócrates comentador


Segue-se a transcrição de um artigo de opinião sobre este tema que está gerando muita controvérsia. Deixo-o à consideração dos leitores, visitantes, deste blogue, na esperança de serem aqui colocados comentários pró e contra, aos quais, como é meu hábito, procurarei dar a resposta que entender mais adequada. É um desafio aos leitores e a mim próprio. A vida é mesmo isso, uma sequência de desafios. Haja quem aproveite esta oportunidade para dizer o que sente e pensa.

O regresso de Sócrates, o lobo mau
Jornal de Notícias 25-03-2013. Publicado às 00.43. Por Alfredo Leite

Afinal, quem tem medo do lobo mau? Vamos esquecer o Capuchinho Vermelho ou os Três Porquinhos porque esta não é uma história para crianças. É a história de um país bacoco que lida mal com o carisma alheio, procurando justificar o desmoronamento político que se avizinha com um passado já devidamente escrutinado. É, também, a história de um país que, à falta de outros argumentos e entretenimento, avança com patéticas petições públicas por tudo e por nada. A mais mediatizada dos últimos tempos é, pasme-se, para impedir que um ex-primeiro-ministro seja contratado (e, ainda por cima, probono) por uma televisão para um novo espaço de comentário político. A aparição de José Sócrates deverá ser analisada a dois níveis distintos, ainda que estas coisas estejam todas ligadas.

O primeiro é político. O insuspeito social-democrata e, por sinal, comentador Marques Mendes acha que o regresso de Sócrates pode ser "mortífero" para o Governo. É certo que o peso do antigo primeiro-ministro vai transformar, ainda mais, a oposição de Seguro numa brincadeira de meninos, mas Mendes tem razão quando afirma que será Passos o verdadeiro alvo de Sócrates. O ex-líder socialista ferve em pouca água vezes de mais para evitar ajustar contas de tudo o que dele foi dito pelos membros do atual Governo. Nesta revisão do passado recente, Sócrates não deverá igualmente deixar Cavaco Silva em sossego.

O segundo nível do regresso de José Sócrates é jornalístico. Ao ir buscar para o ecrã o mais odiado - mas também amado - dos ex-primeiros-ministros, a RTP protagonizou uma contratação surpreendente. E, de uma só vez, atirou para segundo plano os políticos comentadores da concorrência: Marcelo Rebelo de Sousa na TVI (e as suas mais do que previsíveis análises com direito a réplicas na generalidade da imprensa); e Marques Mendes, recentemente seduzido pelos encantos da SIC e que aos espectadores se apresenta muito mais como a correia de transmissão de um qualquer 'garganta funda' da esfera governativa do que como o comentador que quer ser.

Sócrates no ecrã vai eclipsar os seus pares e garantir, sem grandes margens de erro, audiências à RTP.

Eram, portanto, previsíveis as reações à ousadia da televisão pública. José Sócrates foi, para o bem e para o mal, o mais carismático dos líderes portugueses dos últimos anos e esse é um património que uma (breve) ida para Paris não apaga. O que não se esperaria é que o seu eco transbordasse as fronteiras nacionais.

A sua contratação televisiva mereceu ontem generosas referências na imprensa de Direita no país vizinho. O "La Vanguardia", de Barcelona, escreveu que "em Espanha ninguém poderia imaginar que no canal 1 da TVE, logo após o Telejornal, aparecesse José Luis Zapatero [ex-chefe do Governo socialista] para comentar a atualidade política semanal". O "El Mundo", de Madrid, refere a multiplicação de petições online contra e a favor da passagem de Sócrates "de primeiro-ministro a tertuliano" televisivo, referindo ainda as suas responsabilidades na crise iniciada em 2008, mas sem admitir que, se Sócrates cá tivesse continuado, haveria sempre a hipótese de, tal como em Espanha, estarmos sem resgate e hipotecados à troika.

Por tudo isto, a diabolização do regresso de Sócrates era inevitável. Essa fatalidade não pode é servir para atirar alguém para uma lista negra onde aos proscritos está vedado o regresso à vida pública.

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sábado, 23 de março de 2013

Mudar de rumo é urgente


O cronista Fernando Santos, com graça e perspicácia, escreve que «governantes e governados adoram o entretenimento recíproco. Há problemas? Basta um prato de lentilhas e os acordes de uma canção do bandido, em voz professoral desmemoriada, para trocar o essencial pelo acessório, esvaziar angústias e alijar responsabilidades. Uns atrás dos outros, somam-se os casos da superficialidade e da retórica fácil. Adorável.»

Notícias como Desempregados aumentam 14,1% em fevereiro em relação a 2012, e como  Despesa com subsídios de desemprego sobe 21% até fevereiro passam despercebidas devido ao esmagamento que a comunicação social realiza com as banalidades que distraem os portugas.

Mas surgem frases plenas de significado e a merecer a melhor atenção. Eis algumas:

"O país vive à beira de uma rutura social", sem que o primeiro-ministro seja capaz de reconhecer que a sua estratégia falhou.
"Durante os 21 meses de governação, o primeiro-ministro pediu aos portugueses pesados sacrifícios e em troca comprometeu-se a ter um défice orçamental de 4,5% e uma dívida pública de 113% da riqueza nacional. Terminou 2012 e o défice não foi de 6,6% e a dívida superior a 122%. A execução orçamental, hoje revelada já quase à noitinha, demonstra que o Governo não está a fazer a consolidação orçamental".
"Se os resultados são maus, as consequências são dramáticas", com um milhão de desempregados no final do ano, meio milhão dos quais sem apoio social e 40% dos jovens sem trabalho.
"Este primeiro-ministro merece continuar em funções? É este o primeiro-ministro que o país precisa? Num momento de tantas dificuldades, precisamos de um outro primeiro-ministro que mobilize, que inspire, que coloque horizontes, que dê sentido aos sacrifícios e saiba conciliar o rigor e a disciplina orçamental, mas dando prioridade aquilo que é o principal problema dos portugueses: o combate ao desemprego"
Passos Coelho devia reconhecer que a sua estratégia falhou, de ter a humildade de pedir desculpa aos portugueses e de ter a capacidade para mudar de rumo".
O primeiro-ministro "aplica uma receita que não cumpre nenhum objetivo, que aumenta o desemprego, baixa a economia, insiste em mais austeridade e não aceita nenhuma proposta, que esbanja a oportunidade de um diálogo político sério e construtivo com o principal partido da oposição e que reduz aos mínimos o diálogo social"

Mas estas palavras trazem um carimbo que lhes retira isenção e lhes adiciona o sinal de uma intenção, pois são do líder da oposição, Seguro que pretende justificar a prometida moção de censura.

A esta posição de Seguro, o cronista Manuel Tavares alerta para que só pode convencer os eleitores uma  censura com programa e que «a maioria de descrentes também não acredita que haja remédios eficazes no almofariz da oposição» 


O cansaço de ver desrespeitadas as promessas eleitorais, sempre irreais com fantasias utópicas faz prever que a abstenção e o voto em branco serão o destaque da próxima ida às urnas.

sexta-feira, 22 de março de 2013

Justiça exemplar em países civilizados


De vez em quando chegam notícias do bom funcionamento da JUSTIÇA em países civilizados em que todos os cidadãos, sem excepção, estão sujeitos à sua acção disciplinadora.

Dos casos exemplares que vêm a público, ressalta a gora a notícia de que o ex-Presidente da República Francesa, Nicolas Sarkozy é suspeito de corrupção em investigação a financiamento de partidos, com vários títulos noutros periódicos acusado por abuso de confiança no âmbito do caso Bettencourt ou acareado com mordomo da família Bettencourt.

Têm vindo de outros países notícias de políticos e ex-governantes terem sido condenados. Por exemplo, já aqui foi focado o caso do julgamento ocorrida na Coreia do Sul em Agosto de 1996, em que foram severamente condenados dois antigos Presidentes, apesar de terem sido pilares muito válidos na construção económica do País que tinha sido destruído pela guerra com o vizinho do Norte, e que ouviram sentenças por terem cedido à tentação da corrupção, tendo o General Park Chung Hee sido condenado à morte e Roh Tae-Wu a 22 anos de prisão.

Curiosamente, o nosso povo de brandos costumes, perante a lassidão da Justiça em relação aos políticos, prefere fazer justiça de maneira informal, agora, através de «petições» para impedir Sócrates de ser comentador na TV pública. Ora a administração da RTP é livre de contratar com quem julga de interesse e, por outro lado, todos somos inocentes até sermos condenados por sentença passada em julgado, e Sócrates, apesar das suspeitas sobre si levantadas, não foi condenado.

Que grande diferença entre os exemplos dados pela Coreia do Sul há 17 anos e pela França agora e o que se passa entre nós. Serão os nossos políticos todos angélicos, pois raros têm sido condenados? Quais?

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Financeiros e o seu jargão opaco


Transcrição de texto recebido por e-mail sem indicação de autor, mas que tem muito interesse para ajudar a compreender a situação actual:

Os financeiros gostam imenso de inventar abreviaturas que lhes servem em dois objectivos:

1 – Simplificar desmesuradamente as suas já paupérrimas análises. É assim que, depois dos PIGS, recentemente inventaram outra sigla, os FISH (França, Itália, Espanha e Holanda) que, com a conivência das agências de rating, serve para manipular os investidores vesgos e atacar as economias destes países (se repararem bem já vamos em 7 países da EU e agora já não são bem do Sul; é claro que esta coisa do Sul é um mito como outro qualquer porque, se bem se recordam, o primeiro I que ocorreu correspondeu à Islândia; mas, como a manobra islandesa correu mal aos financeiros, eles fazem tudo para não referir esse desaire. Entretanto a Islândia recuperou, expulsou os banqueiros, não os indemnizou e está bem melhor do que os outros Is);

2 - O outro objectivo é opacificar a compreensão dos leigos. Quanto mais complicada a sigla mais difícil a sua compreensão e mais fácil a manipulação da opinião pública. Este é o caso dos CoCos.

CoCos é a abreviatura de Correntes Convertíveis, que significa que, numa situação de aperto financeiro, os activos correntes de uma determinada instituição bancária poderão ser convertidos em acções do dito banco de forma a atingir um determinado rácio de liquidez. Criou-se assim o chamado 'core tier' que determina que os Bancos de Referência de cada país (esta noção foi forçada pelos alemães, cujos Lander Bank se encontram na mesma situação das Caixas Espanholas) deverão ter no mínimo um rácio de liquidez de 9,5% até 2012 e de 10% a partir de 2013.

Chamo aqui a atenção que dos maiores prevaricadores são os alemães. Estes, devido á sistemática manipulação financeira no sentido de enfraquecerem as restantes economias europeias, atraíram uma imensidão de capital estrangeiro o que aumenta cada vez mais o risco dos depósitos nestes mesmo bancos. Com efeito, e isto é um dos aspetos que o inefável Walter Schauble, Ministro das Finanças alemão que como diz o Financial Times, é um completo ignorante em mercados financeiros, quanto mais depósitos estrangeiros houver nos bancos alemães, maior é o risco de, em situações de pânico internacional, os grandes investidores passarem os seus gigantescos depósitos em euros para dólares.

Embora muita gente não saiba, isto aconteceu assim mesmo à UBS – Union des Banques Suisses em 2009 – que se viu obrigada a reestruturar todo o seu sistema financeiro, tendo tido a sorte de o fazer com antecipação à crise que entretanto alastrou.

A situação na Alemanha é tão sensível que o Deutsche Bank pediu um adiamento do cumprimento do core tier até 2015.

Pois com uma situação periclitante como a que existe neste momento que é que fez o senhor Schauble, na madrugada da reunião do ECOFIN na semana passada?

Quando a maioria dos Min das Finanças já se tinham retirado porque apenas se estava a discutir um assunto menor – o resgate de Chipre – Walter Schauble, em conjunto com o Min das Finanças Holandês, VITOR GASPAR, que tudo faz para lamber as botas aos alemães, e o Min das Finanças de Chipre, que agora diz ter sido colocado entre a espada e a parede, aprovaram a utilização do mecanismo CoCo à banca de Chipre, alargando-a a todos os depósitos.

Ora é sabido que existe um mecanismo de segurança assinado por todos os estados da EU em como os depósitos abaixo de 100000 euros são invioláveis.

Ao determinar isto, os alemães e o nosso inefável Vítor Gaspar para quem a lei não existe, nem mesmo a europeia, semearam o pânico nos cipriotas e acenderam um rastilho de uma bomba que pode trazer consequências inimagináveis.

Com efeito a cabecinha pensadora de Schauble, apoiado cegamente pela Merkel, decretou que a banca cipriota servia para lavagem de dinheiro pelo que merecia este tratamento.

Se é um facto que os russos têm lá depósitos superiores a 3000 milhões de euros que não são nem de perto nem de longe todos provenientes da lavagem de dinheiro, certo é também que, para além dos russos, os ingleses têm lá 2000 milhões de euros, sem falar dos turcos e dos israelitas, que usam Chipre como uma plataforma financeira para a EU.

Em suma, Schauble e a taralhoca da Merkel deram um pontapé num ninho de vespas. E irritar ao mesmo tempo os Russos e os Ingleses, metendo a mão no seu bolso, não é a melhor forma de manter a serenidade tão precisa neste momento.

Só falta mesmo irritar também os franceses e temos aí o caldo entornado. Os alemães estão a desencadear uma guerra económica e não têm, nem de longe nem de perto, a capacidade que o conjunto do Reino Unido, Itália, França e Rússia detêm para uma guerra militar.

Isto está a ficar MUITO perigoso.

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quinta-feira, 21 de março de 2013

Solução para vencer a recessão


Têm surgido alertas para o perigo da austeridade excessiva, que reduz o poder de compra da população, a diminuição do consumo, o encerramento de empresas e o consequente aumento do desemprego e, por outro lado, desde há anos que têm sido advogadas outras soluções para normalizar a dívida sem onerar demasiado a capacidade de crescimento e o bem-estar das pessoas.

Agora Manuel Maria Carrilho recorda os anos entre 1928 e 1932, em que a austeridade, a recessão e o desemprego na Alemanha atingiram valores galopantes que acabaram por favorecer a ascensão de Adolfo Hitler. Isto deve constituir um alerta a respeitar pelos governantes europeus, principalmente dos países que estão em plena crise.

Mas, como os grandes problemas não se resolvem olhando apenas para os aspectos negativos, é conveniente referir também a solução apontada hoje por Cavaco Silva que, para vencer a recessão, considera necessária u utilização das seguintes alavancas: investimento, turismo, exportações e queda menos drástica do consumo. Este é um conselho sensato para conseguir o crescimento da economia e o bem-estar das populações.

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quarta-feira, 20 de março de 2013

Passos Coelho aconselhado a sair por amigos e camaradas de partido


Transcreve-se artigo: António Capucho não descarta saída de Passos Coelho do Governo

Vítor Gaspar e Miguel Relvas são outros ministros que devem ser substituídos, diz o social-democrata. Também Ângelo Correia considera que chegou a altura de remodelar o executivo.

António Capucho defendeu esta terça-feira, citado pela Rádio Renascença, que o Governo precisa de profundas alterações na sua composição e que uma eventual remodelação do executivo não pode deixar de apontar para a substituição dos ministros das Finanças e dos Assuntos Parlamentares.

“No mínimo, é indispensável que altere a sua composição, que afaste os ministros que manifestamente têm conduzido a política macroeconómica – estou a falar do ministro das Finanças, para ser directo –, quem tem proporcionado uma falta de credibilidade total a este Governo, por outras razões, como o ministro Miguel Relvas, mas que, de facto, se veja se é possível, com a liderança do doutor Pedro Passos Coelho, proporcionar uma nova estratégia política que não conduza a este desastre”, afirma Capucho.

Mas até a saída do primeiro-ministro não é descartada pelo histórico do PSD: “Se necessário, se se verificar que este não é capaz, por exemplo, de proporcionar um debate nacional sério sobre a reforma do Estado, se não é capaz de trazer à discussão o próprio Partido Socialista, há que mudar de primeiro-ministro. É uma solução que não deve estar afastada das hipóteses de decisão do Presidente da República”.

Já em declarações hoje à TSF, o social-democrata Ângelo Correia, considerado próximo do primeiro-ministro, aconselha Passos a antecipar-se politicamente, o que significa remodelar: “O primeiro-ministro faria bem, nesta altura, livre de pressões, apenas olhando para o seu próprio interior e partido, para a opinião do partido que está coligado com ele e para o sentimento da opinião pública. Ele deve pensar bastante e antecipar-se a outras questões, órgãos e outras solicitações, outras requisições que lhe possam ser feitas”.

Considerando que o executivo está perante “um dilema”, o histórico do CDS Freitas do Amaral defendeu esta segunda-feira que ou o Governo muda de política ou “o país muda de Governo”, alinhando-se com as declarações já proferidas pelo presidente do Governo Regional da Madeira, Alberto João Jardim. Freitas afirmou ainda estar convicto de que a melhor solução para Portugal, neste momento, seria um outro Governo “da actual maioria”, que dispensasse a realização de eleições.

Mas o fundador do CDS deixou também duras críticas ao desempenho de Vítor Gaspar: “O ministro das Finanças, se não sair ao mesmo tempo que o primeiro-ministro, vai sair antes dele. Falhou tudo, falhou tudo. Foi apresentado como o tecnocrata que não falhava as suas previsões, com grande competência técnica. Falhou a sua missão.”

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Políticos em absoluto desnorte


Este título foi inspirado pelo 1º parágrafo, que transcrevo, do artigo de José Luís Seixas no Destak, «A revolução de Francisco» e sugiro a leitura do artigo completo.

«Estes últimos dias têm exibido uma Europa em absoluto desnorte, com lideranças a assumir comportamentos e decisões que, à luz do mais elementar bom senso, são incompreensíveis. As controvérsias a propósito do resgate do Chipre são um dramático, mas cristalino, exemplo da ausência de serenidade que paira no Continente e um sério presságio de realidades indesejáveis, mas emergentes.»

Uma outra origem de motivo de reflexão é o artigo do Público, intitulado Disfunção entre classe política e o povo é cada vez maior, diz Jorge Sampaio. Diz que «cada vez menos os cidadãos portugueses se revêem nos seus representantes políticos».

Mas estes alegam que foram eleitos livremente pelos portugueses. Na realidade, as eleições não foram tão livres como parece, porque foram altamente condicionadas, pela propaganda à base de promessas falsas sem possibilidade de virem a ser concretizadas, como se tem provado nos dias seguintes à entrada em funções dos vencedores.

Outro aspecto condicionante consiste em os eleitores terem de escolher entre listas partidárias concorrentes, sem nada conhecerem acerca de cada um dos nomes nelas contidos. Perante a «disfunção» apontada por Jorge Sampaio e aquilo que José Luís Seixas refere de forma geral aos políticos europeus, parece lógico questionar:

Até quando os eleitores continuarão a aceitar ser responsabilizados por votarem às cegas? Quando decidirão passar a votar em branco ou a abster-se, o que lhes é mais cómodo? Talvez que quando os políticos passarem apenas a contar com os seus próprios votos, sintam a cara coberta de vergonha e se decidam a reformar o regime substituindo-o por outro mais verdadeiro, leal e honesto, sem a referida «disfunção».

Já ouvi defender um sistema eleitoral, adaptado de exemplos estrangeiros, que, no essencial, seria: em cada freguesia, cada eleitor escreveria no seu boletim dois nomes de pessoas que considerasse com capacidade para altas funções políticas. Depois a nível Concelhio em reunião dos 5 mais votados nas freguesias, cada um deles escolheria os 3 que achasse melhores. Estes números podem ser diferentes consoante a dimensão demográfica de cada da unidade administrativa. A nível distrital proceder-se-ia de forma semelhante para apurar os eleitos que iriam às finais nacionais de onde sairiam, os deputados da Nação, livremente escolhidos por iniciativa democrática dos eleitores de base.

Assim, haveria democracia e exercício do direito de o povo escolher os seus representantes e mandatários, mais prestigiados nas suas regiões. Outra vantagem, ao contrário de os eleitos serem impostos de entre os jotinhas mais servis do respectivo partido e pouco ou nada conhecerem das realidades do país, é que passaria a haver defensores com conhecimento de causa dos mais recônditos locais do interior. Actualmente o panorama é dramático como diz em poucas palavras José Luís Seixas.

E, se os actuais políticos não puserem de lado as suas ambições pessoais e não fizerem uma reforma eficaz do regime, ela acabará por ser levada a cabo. Não esqueçamos que houve a Revolução Francesa e outras de menor impacto, mas mesmo assim com baixas e destruição de património. Seria de evitar chegar a tal extremo, e a solução está na mão dos detentores do Poder, para o que precisam de ser mais dotados de moral, ética, civismo, sentido de Estado e sentido de responsabilidade.

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terça-feira, 19 de março de 2013

Salvemos Portugal !!!


Transcrição da notícia que merece a maior atenção por parte dos portugueses, principalmente do Senhor Presidente da República:

Freitas apela a um "grande consenso nacional"
 Expresso. 22:31 Segunda feira, 18 de março de 2013 José Pedro Castanheira

Ao apresentar a biografia de Mário Soares, de Joaquim Vieira, o fundador do CDS exortou à união "de todos os democratas com preocupações sociais".

"A crise de Chipre pode deitar tudo a perder" na União Europeia, afirmou Freitas do Amaral durante a apresentação da biografia de Mário Soares, da autoria do jornalista Joaquim Vieira.

Extremamente crítico relativamente à actual governação portuguesa, o fundador do CDS apelou a um "grande consenso nacional" entre os dirigentes políticos. "Saibam colaborar de perto quando a Pátria assim o exigir" foi o apelo que deixou. E que concretizou: "Chegou o momento de todos os democratas com preocupações sociais se unirem".

As críticas do ex-ministro dos Negócios Estrangeiros estenderam-se à União Europeia. Referiu-se aos "dirigentes incapazes", verberou as "políticas erradas" e denunciou os "novos nacionalismos". Criticou em particular os governos europeus que "querem impor a austeridade como única receita". A este propósito, citou o presidente norte-americano John Kennedy: "Se não formos capazes de apoiar os muitos que são pobres, não saberemos salvar os poucos que são ricos".

"Não tenhamos medo de agir enquanto é tempo"

O ex-presidente da Assembleia Geral das Nações Unidas não teve dúvidas em afirmar que "não foi esta a Europa e idealizada por Jean Monnet". Recordou, a propósito, que o processo de construção europeia foi obra da conjugação dos partidos e governos democratas-cristãos e sociais-democratas, que se defrontaram com os votos contrários "dos conservadores, dos nacionalistas e de alguns liberais, a par dos comunistas e da extrema-esquerda". Por ironia do destino, quem está actualmente à frente da Europa "são os neo-conservadores, os novos nacionalistas e os neo-liberais.". Manifestando-se muito preocupado com as consequências das últimas medidas aplicadas em Chipre, Freitas do Amaral exortou: "Não tenhamos medo de agir enquanto é tempo".

As afirmações de Diogo Freitas do Amaral foram produzidas ao fim da tarde numa livraria da baixa de Lisboa, onde apresentou o livro "Mário Soares. Uma vida". Da autoria de Joaquim Vieira, é uma biografia com a chancela da editora "A Esfera dos Livros". Freitas do Amaral protagonizou a mais renhida das eleições presidenciais de que há memória em Portugal, tendo sido derrotado à segunda volta em 1986. O vencedor foi, precisamente, Mário Soares, a quem Freitas desejou um rápido restabelecimento. "Homens como ele fazem muita falta a Portugal", concluiu Freitas do Amaral.

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segunda-feira, 18 de março de 2013

Astrólogo falacioso


Marcelo diz que Gaspar «perdeu larguissimamente a credibilidade» e tornou-se uma espécie de "astrólogo". Mas um mau astrólogo porque quer fazer crer que as suas previsões são rigorosas e científicas mas raramente acertam. Já em 27 de Abril do ano passado se mostrou preocupado com desemprego, o que demonstrou que, na preparação da sua decisão de instituir a austeridade, não se apercebeu que ela ia reduzir o poder de compra, diminuir a actividade económica, gerar encerramento de empresas e aumento do desemprego. Tinha olhado, com baias apertadas para a calculadora e não reflectiu nas respectivas implicações nos diversos factores sociais interligados com o fenómeno que criou.

Infelizmente, no Governo, não foi o único a sofrer da mesma miopia e teimosia obsessiva e, apesar de palavras fantasiosas tipo astrólogo, não surgem no horizonte sinais de melhores tempos para a vida dos cidadãos. E não surpreendem palavras como as de Daniel Bessa que diz «estamos todos a evitar anunciar a bancarrota”, ou as de Seguro quando diz que "coisas vão de mal a pior".

Mas embora «previsões sejam apenas previsões» e palavras de político sejam apenas isso, as pessoas não vêm nada a que se possam agarrar para não se afogarem como náufragos sem boia de salvação. E governar é, segundo a ciência política, procurar bem-estar, em todos os aspectos, para as pessoas, para os cidadãos (não apenas os que fazem parte das amizades, cumplicidades e conivências com os detentores do Poder).

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domingo, 17 de março de 2013

PM é prometedor compulsivo


Perante a sucessão de desaires governativos progressivamente agravados e umas previsões para os próximos anos na sequência da espiral recessiva, Passos Coelho, com a sua habitual intenção de criar optimismo e esperança nos portugueses disse que «devemos procurar desmentir as previsões» do Governo, a que preside. Não disse quem é o sujeito de «devemos», mas supõe-se que sejam os governantes, os mesmos autores das previsões. Ele próprio disse que vai trabalhar para evitar que as previsões económicas se concretizem, as tais do seu Governo (mas ele não se passou para a oposição!!!).

Essa sua intenção começou por gerar em mim um efeito afrodisíaco, de estupefaciente, de incentivo à confiança no homem do leme.

Mas depressa, acordei dessa queda na letargia e me recordei que em 14 de Agosto (aniversário da batalha de Aljubarrota) último, Passos anuncia o fim da recessão em 2013, ideia de falsa propaganda que, poucos dias depois, foi evidenciada como absolutamente lunática ou utópica e hoje, passado pouco mais de meio ano, com sucessivas previsões falhadas e substituídas por outras mais pessimistas ou realistas, já não se repudia o conceito de «espiral recessiva» e de esperar que a recessão termine só para o próximo Governo. E, apesar de o seu Governo ser o autor das previsões, ele desdramatiza de forma incompreensível que “Previsões são apenas previsões”, o que significa que o médico deste doente, depois de receitar o mesmo remédio que agravou a doença e que, por isso, não a pode curar, não consegue optar por outra terapia menos danosa, mas reconhece que nem imagina sequer quando o doente recuperará, se é que algum dia conseguirá melhorar.

Entretanto, pessoas observadoras atentas dizem que as "coisas vão de mal a pior" e outras admitem que primavera é tempo de ruturas e outras fazem prognósticos menos optimistas. Do seu próprio partido sai a notícia de quem defende demissão do Governo.

Senhor primeiro-ministro, os portugueses não precisam da continuação dos seus anúncios de boas intenções, ideias, promessas e «planos» que conhecem há quase dois anos sem a mínima repercussão na melhoria das suas vidas (fome, desemprego, saúde, escolas, segurança, etc); eles ficariam mais motivados para aguentar se vissem efeitos positivos dos sacrifícios já sofridos, se vissem que valeu a pena, mas os números conhecidos produzem um efeito contrário, demasiado depressivo. Como não lhes pode mostrar os resultados positivos que desejam, não tente embriagá-los mais, com fantasias que não consegue concretizar. Procure colocar no terreno as promessas que faz desde há mais de dois anos, quando ainda andava à caça dos nossos votos.

E quando decidir falar em público, procure explicar claramente, para ser compreendido pelos mais sacrificados, como podemos ter esperança em tempos melhores, como podemos acreditar que os governantes que têm apertado os nossos cinto,s dia após dia, sejam agora capazes de agir com mais realismo e eficácia, para melhorar as vidas das pessoas mais carentes de meios de subsistência.

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quinta-feira, 14 de março de 2013

Ajustar a despesa do Estado. Como?


Passos Coelho, ao fim de quase dois anos de Governo, chegou à conclusão brilhante de que"Não poderemos ter impostos mais baixos se não ajustarmos a despesa do Estado". Isso tem isso sido afirmado aqui por repetidas vezes, mas em muitos aspectos o Estado continua a engordar, noutros aspectos mantém as gorduras sem coragem para as reduzir e, infelizmente, noutros aspectos tem cortado insistentemente as energias das pessoas singulares e das empresas mirrando a economia, com o que cria encerramento de empresas e aumento do desemprego, com a consequente diminuição dos impostos recebidos.

As vítimas da austeridade excessiva e obsessiva não são tão ignorantes como pensam os governantes e, segundo uma sondagem da Universidade Católica, os portugueses não estão de acordo com as opções do governo para cortar na despesa do Estado. As despesas sociais devem merecer mais respeito, não apenas como direito adquirido, mas porque muitas delas estão relacionadas como o compromisso de retribuir aos contribuintes as suas prestações mensais durante muitos anos para garantir reformas e apoios sociais de vária ordem.

E é isso que conduz à constatação lógica de que “há uma grande convergência em torno de um aspecto: é preciso parar a austeridade”.

Lendo as três notícias aqui linkadas teremos tema para larga e demorada meditação sobre as malhas tecidas pelos maus governos que temos aturado e que não corresponderam minimamente às promessas feitas em campanhas eleitorais, o que acaba por fazer perder a confiança no regime em que vivemos e retira credibilidade ao sistema eleitoral.

Cortar despesas do Estado sim, mas com critério de seriedade, isto é, simplificando a máquina oficial - a começar pelo Governo e pelo Parlamento - sugadora do dinheiro dos impostos, eliminando ou fundindo as instituições não absolutamente necessárias, reduzindo a burocracia ao mínimo, diminuindo pessoal, equipamento e instalações ocupadas, reduzindo a quantidade de «observatórios» e outros tachos inúteis para os portugueses, parando com apoios a fundações e outras organizações de pouca ou nenhuma utilidade para a sociedade, reduzindo mordomias de ostentação, etc, etc.

Oxalá que as conferências de debate sobre as funções do Estado não sejam uma montanha que pare um rato e que delas saiam conclusões práticas, viáveis, para um País que precisa de vitaminas para se restabelecer da anemia para que foi empurrado por sucessivos Governos ineficazes. É pena que tais debates não tenham tido lugar há mais anos, pois é sabido que é fundamental «pensar antes de decidir» como foi aqui dito em 4/12/2008.

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«A Pátria vos contempla»!!!


Acerca do artigo do historiador José Pacheco Pereira transcrito em Tem sentido manter Forças Armadas em Portugal? recebi, por e-mail, um texto de João J. Brandão Ferreira, com a qualidae que lhe é habitual, que a seguir transcrevo, com a devida vénia:

AO ENCONTRO DE PACHECO PEREIRA
12/3/2013

O Dr. Pacheco Pereira (PP) escreveu um muito interessante artigo no Jornal “Público”, de 9 de Março, com o título “Tem sentido manter Forças Armadas em Portugal?”, onde, entre vários considerandos e exemplos pertinentes, coloca a questão central de “Portugal precisar de ter FAs ou não”.

Sendo uma questão legítima do ponto de vista democrático, como defende, convém enquadrá-la e pôr-lhe limites sob pena de também passar a ser legítimo (e natural?) questionarmos se a Nação Portuguesa deve desaparecer – a velha questão de que “a Pátria não se discute mas defende-se” – ou de passarmos a discutir se podemos levar os nossos velhos para a montanha e abandoná-los lá (como se fez com o aborto). Se calhar o Ministério das Finanças até aplaudia…

Podia, até, ser considerado legítimo, mas seria moral, ou legal?

E convém lembrar que Cristo também foi cruxificado democraticamente. De braço no ar.

Com isto dito e sem querer pôr nada mais em causa, tenho que dizer que a questão central apontada, podendo entender-se, já não tem razão de ser pelo simples facto de estar ultrapassada.

A questão sobre as missões e o modelo de FAs a constituir tinha toda a razão de ser, por exemplo, a seguir ao abandono do Ultramar e, nomeadamente, em 1982, quando as FAs se integraram plena e normalmente, nas estruturas do Estado.

Mas tal não se fez nem nos anos seguintes em que a pergunta era recorrente em vários meios.

A situação política e social do país, porém, descambou e apodreceu de tal maneira que passámos a ser um estado falido e tutelado (e não só financeiramente) – que a inaudita posição do governo, muito bem referida por PP, de deixar a “Troika” pronunciar-se sobre cortes nas FAs, mais acentua – que é a própria sobrevivência de Portugal que está em causa.

Ou seja, o que faz sentido questionar é se queremos, ainda, ter país ou não e que país pretendemos, a que a suicidária hipótese do Federalismo Europeu está longe de ser alheia, (para já não falar no Iberismo).

Tudo o resto está dependente desta resposta.

Quer dizer, se nós decidirmos que nos suicidamos, a resposta relativa às FAs está automaticamente dada e, nesse caso, nós formamos o que resta da tropa, entregamos as chaves dos quartéis e dos paióis (vazios), a quem provar pertencer-lhe e mandamos direita volver, destroçar.

Ou, então, revoltamo-nos pois tal, podendo não ser nada democrático, é mais do que legitimo!...

Se por patriotismo do povo português, ou graça da Senhora da Conceição (de Vila Viçosa), acolitada por S. Miguel (Anjo Custódio de Portugal), a decisão fôr a de continuarmos a ter país, nesse caso também não faz sentido, colocar a questão de precisarmos ou não de FAs, mas sim a de estabelecer quais as missões que se entende que elas devam estar aptas a cumprir.

A estrutura, meios, dispositivo, etc., e recursos financeiros a alocar vêm, naturalmente, por acréscimo.

O mesmo é válido para as restantes funções necessárias ao Estado, como expressão da Nação politicamente organizada.

Outra coisa que é necessário entender – e não se vê referido em lado algum, mesmo em textos lúcidos como os de PP - é a de que a hierarquia (palavra tornada maldita) das funções do Estado, existe e deve ser tida em conta.

Isto é, o que deve vir à cabeça são as questões de Segurança, a seguir a Justiça, finalmente as de Bem-Estar. A ordem dos termos não é arbitrária já que não se pode ter Bem-Estar sem Justiça, e ambas sem Segurança.

Isto que é evidente, assim não aparece aos contemporâneos. Os políticos portugueses (idem para os ocidentais, à excepção dos americanos, até ver) têm isto tudo baralhado.

Ofuscados que estão com o lado material da vida e com a contagem dos votos – afinal a “democracia” depende deles – não querem ver mais nada e acabarão por não ter coisa alguma. Como está prestes a acontecer.

E a “arte” da política consiste, justamente, em conseguir a harmonia entre as três áreas.

Por outro lado, a importância dos problemas não é a mesma, nem se podem atacar todos eles ao mesmo tempo: há que estabelecer prioridades (e, já agora, não andar a inventar problemas onde não há…).

As FAs são um pilar fundamental do Poder Nacional e sem poder – poder efectivo, político, diplomático, económico, financeiro, cultural, militar e psicológico – não há política possível, por não haver qualquer capacidade de se poder escolher e manter seja que estratégia fôr; tão pouco escolher caminhos, minimizar dependências ou estabelecer alianças.

A Portugal apenas lhe resta poder residual e arrasta-se por inércia.

A Instituição Militar levou quase 900 anos a construir-se e está, em termos de conhecimento, ao nível das mais avançadas do mundo. Mas pode desaparecer de um dia para o outro, como um fogo destrói uma floresta.

Explicar as coisas por conceitos simples, que toda a gente perceba, ao contrário do que possa parecer, requer grande saber e capacidade de síntese e não está ao alcance da maioria. Infelizmente tem andado arredio da generalidade da classe política, isto para não entrarmos no campo das (más) intenções.

Estamos a aproximar-nos – com as devidas proporções – da sociedade que conheci na Guiné-Bissau “independente” (ah, ah, ah!): uma manta de retalhos em que os desgraçados dos habitantes fingiam que trabalhavam e o simulacro de Estado, fingia que lhes pagava - embora uns quantos enriquecessem.
Vislumbro sérias tribulações.

João J. Brandão Ferreira
Oficial Piloto Aviador

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terça-feira, 12 de março de 2013

Democracia, Liberdade. Responsabilidade, Deveres, Direitos


Em democracia, etimologicamente, poder do povo, cada cidadão deve sentir-se responsável e livre, o que lhe concede direitos de opinião e outros e, em contrapartida, deveres para com os outros, respeitando-lhes os respectivos direitos. Ninguém é obrigado a aceitar cegamente as opiniões de outros e ninguém tem o direito de impor a sua própria opinião.

Vem isto a lume devido a um e-mail que recebi de um amigo discordante do tema de um e-mail que lhe passei. O tema é traduzido por uma série de perguntas e por uma conclusão que alerta para a necessidade de estarmos atentos a tudo o que se passa connosco e à nossa volta e reagirmos da maneira mais adequada e com oportunidade.

Na resposta que lhe enviei agradeci a reacção dele, que apreciei, dentro do conceito atrás exposto, e achei bem que ele tivesse meditado sobre o desafio proposto pelo autor e usado o seu direito de concordar ou discordar da forma como foi expresso.

Não evito divulgar algo que me pareça ser útil para estimular as pessoas a reflectir sobre as realidades da vida humana do ponto de vista social, por forma a evitar o monolitismo de opinião e ver que cada problema pode ser observado de várias facetas. Tudo o que espicace a discordância, isto é, a reflexão crítica, é útil. Temos que aceitar as opiniões das pessoas que descrevem uma moradia do lado de que estão a observá-la e cada um diz as janelas e varandas que vê, certamente, diferentes das apontadas pelos observadores dos outros lados.

A ideia que o e-mail gerador desta troca de observações procura transmitir é semelhante à da história da rã que está numa panela com água e sente que está a aquecer mas vai aceitando, tolerantemente, com paciência, até que chega o momento em que vê que a temperatura está a ficar insuportável e, então, decide pular para fora da panela, mas, já sem forças, não consegue e morre cozida.

É estranho que se discorde disto quando diariamente ouvimos reafirmar que os cidadãos devem colaborar na reconstrução do País, que o futuro depende das acções de cada um e ninguém se deve abster de participar na acção solidária de contribuir para um Mundo melhor. Ora, para se participar, para exercer os direitos e deveres da democracia, para votar, é preciso estar-se informado e meditar sobre as acções a tomar, com responsabilidade e sensatez, sem se deixar influenciar e empurrar para actos de que discorde, e a cada passo pensar antes de decidir, e decidir com oportunidade para evitar ter a sorte da rã que ficou cozida.

O meu amigo tem o direito de ter a sua opinião, que respeito, mas não pode impô-la nem, pelo seu lado, deixar que alguém lhe imponha ideias com que não concorde. Devemos fazer passar pelo filtro da nossa razão tudo o que nos vier do exterior, mas para tirarmos disso o melhor proveito temos que nos manter bem informados (o melhor que nos for possível).

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segunda-feira, 11 de março de 2013

Tem sentido manter Forças Armadas em Portugal ?


Transcrição do blog A Voz da Abita:

Dado terem-se verificado algumas dificuldades na hiperligação para este artigo transcreve-se na íntegra, com a devida vénia, reconhecendo alguma perda de qualidade na sua formatação:

TEM SENTIDO MANTER FORÇAS ARMADAS EM PORTUGAL?
Público. 09/03/2013. Por José Pacheco Pereira. Historiador.

O modo como o Governo trata as Forças Armadas revela-se na funcionalização dos seus membros.

Em vez de andar a fazer cortes avulsos nas Forças Armadas, como se fosse possível cortar nas Forças Armadas como se corta numa qualquer repartição pública - que é o máximo que o pensamento governamental alcança -, dever-se-ia fazer uma outra discussão muito mais séria, muito mais importante, muito mais útil e muito menos ambígua: a de saber se Portugal precisa de ter Forças Armadas ou não. E, em função da resposta, tirar as consequências.

É uma discussão completamente legítima do ponto de vista democrático, uma opção possível, com consequências como todas as opções, mas que os portugueses podem querer fazer. Seria uma discussão muito mais sadia do que o que se está a fazer, que é, com muitas proclamações governamentais patrioteiras, muita parada em dias da pátria, muita revista às tropas na entrada das cerimónias, construir-se um ser disforme que não serve para coisa nenhuma. E é exactamente porque as pessoas percebem que é assim que se acaba por cavar ainda mais o fosso entre os portugueses e as suas Forças Armadas e dar razão aos que questionam se, sendo o que são, as nossas Forças Armadas têm qualquer sentido e justificam o dinheiro que com elas se gasta.

O modo como o Governo trata as Forças Armadas, a completa ausência de um pensamento sobre o seu sentido, revela-se na funcionalização dos seus membros, como se se tratasse de uns funcionários públicos particularmente inúteis que andam a brincar às guerras imaginárias, cheios de chefes e sem soldados, não podendo defender o país, nem defender os portugueses, nem invadir ninguém, com armas cada vez mais obsoletas e sem dinheiro sequer para as disparar, sem equipamento e sem combustíveis, com reduzidos efectivos por metas financeiras sem nexo e coerência operacional, não servindo para nenhuma missão.

Não vale a pena estar a escrever com pompa e circunstância "conceitos estratégicos de defesa nacional", se nada daquilo serve para qualquer estratégia, nem para a defesa, nem tem objectivo nacional. Duvido até que se tratá-lo como "conceito" não seja uma ofensa à filosofia. O que conta nesta triste situação é que o Governo português de José Sócrates, com o beneplácito de Passos Coelho e Paulo Portas, permitiu que um corpo de funcionários internacionais nos impusesse um documento em inglês que incluía medidas sobre as Forças Armadas, algo que mostra como a demissão da soberania não é apenas o resultado da bancarrota, mas também de uma perda de qualquer vergonha nacional por parte da elite do poder. Nenhum país que se respeitasse a si próprio permitiria que, num documento daquele teor, se estipulassem medidas sobre as Forças Armadas, mesmo que fosse normal que em sede própria pensasse em reduzir os seus gastos. Só que o fazia dentro e não por imposição de fora.

Claro que quando se trata de um corpo como as Forças Armadas como sendo apenas uma parte da função pública, suscita-se uma resposta que é do mesmo tipo: os militares tornam-se corporativos e reagem como se fossem uma corporação, defendendo salários e regalias. Mas o que é que se esperava, são tratados como funcionários menores de uma instituição sem utilidade pública, cara e inútil, ameaçada de extinção, e eles ficam-se? Não ficam, porque no actual contexto quem se fica perde duas vezes, até porque o Governo só é forte com os mais fracos. Não conseguiram os médicos e os reitores das universidades concessões e recuos quando começaram a protestar publicamente? É por isso que a situação entre os militares é grave, mas mais grave ainda é a situação das Forças Armadas nessa entidade tão estragada que é hoje Portugal.

Tudo isto traduz um caminho de desagregação identitária que uma geração sem saber nem memória faz com o maior dos desplantes e inconsciência. Vai a par com um surto de federalismo subserviente, a aceitação de um Parlamento que perdeu o poder orçamental, a contínua deslocação das decisões de governação para a burocracia de Bruxelas. Se o caminho é este, como é que se poderia esperar que houvesse uma qualquer ideia sobre as Forças Armadas? O problema é que haver há, só não pode ser enunciada. A ideia é que as Forças Armadas são um anacronismo, demasiado caro, um corpo esquisito que não fala a linguagem da modernidade, e se rege por valores, essa coisa antiquada e tão pouco económica.

Infelizmente o que vai acontecer é que se está a criar a cama para que estas questões decisivas para a nossa identidade e soberania acabem por ser decididas na base de uma lógica de avanços e recuos, assente no mediatismo. Aliás, é um pouco o mesmo que acontece em muitas outras áreas da governação. Eu explico com um exemplo de alguma coisa que pode ocorrer amanhã.

Portugal tem responsabilidade pelos salvamentos numa parte importante do Atlântico Norte, resultado da posição das ilhas atlânticas e do grande espaço geográfico do mar português no coração desse oceano. É uma missão atribuída às Forças Armadas, em particular à Marinha e à Força Aérea, que mobiliza uma série de recursos, nomeadamente helicópteros com grande autonomia de voo, que podem deslocar-se quase até às fronteiras dos EUA. Nessa parte do Atlântico passa uma parte importante do tráfego marítimo.

Portugal reivindicou sempre, no quadro das suas relações internacionais, militares e civis, o controlo desse espaço, não apenas para cuidar de acidentes, mas também para defrontar ameaças à segurança e ataques terroristas, considerando que, se for outro país, seja a Espanha, seja os EUA, a assumir esse controlo, isso significa, queira-se ou não, um enfraquecimento da soberania nacional numa área particularmente sensível do território nacional. Mesmo, senhores economistas da escola governamental, numa área com enorme valor económico, porque inclui o controlo sobre o mar português e da sua zona económica exclusiva. Acresce que as fronteiras dessa zona entre a Madeira e as Canárias estão sujeitas a controvérsia, pelo que nem tudo é assim tão pacífico.

Não custa imaginar que, com a contínua deterioração dos meios militares, seja possível alguma coisa correr mal. Por exemplo, pode haver um acidente na área de nossa responsabilidade e os meios operacionais, que já estão esticados até ao limite, não terem a capacidade de garantir o salvamento de pessoas e bens ou um desastre ecológico qualquer. Vamos admitir, nesse caso, uma mais que provável condenação, pela imprensa estrangeira, espanhola, britânica, americana, com maior intensidade conforme a nacionalidade do país cujo barco ou nacionais sejam as vítimas, da incapacidade portuguesa para assegurar as suas responsabilidades. Será uma vergonha para a nossa imagem (como a bancarrota e os PIGS...) e, ou perdemos as nossas prerrogativas de controlo por incompetência, ou, se o escândalo tiver impacto nacional, lá vamos comprar apressadamente mais qualquer meio que já devíamos ter antes e que o corte da troika e dos seus executantes nacionais levaram a perder. Por surtos, como é habitual.

O mesmo pode acontecer numa disputa com o nosso vizinho espanhol, porque Deus pode dar nozes a quem não tem dentes, mas sem dentes não se comem nozes. Não estamos no tempo do Ultimato, nem se vai comprar um navio de guerra por subscrição nacional, mas talvez - e digo talvez porque nem disso já tenho a certeza - pode ser que haja um sobressalto nacional. Mas será tarde mais e vai-se acabar por engolir em seco e assobiar para o lado. No fundo para que é que servem as Selvagens? Que valor económico têm?

Se não quiserem Forças Armadas, e as substituírem seja por uma guarda costeira em vez de uma marinha, ou uma polícia pesada em vez de um exército, ou uma frota para salvamentos em vez de uma aviação, podem ter a certeza que tudo isto acontecerá. E bem se pode protestar, mas não haverá meios para ir buscar portugueses à Guiné, se houver um golpe de Estado sangrento que ameace os nossos compatriotas lá residentes, não se pode parar um avião terrorista que resolva atacar numa visita de um chefe de Estado estrangeiro de relevo, etc., etc.

Podemos contratar um desses exércitos privados que para aí existem, mas é muito caro, podemos fazer como fez a Islândia, que entregou aos EUA sua segurança, mas que não controla o seu espaço aéreo e vê os aviões russos a passar à vontade, depois de os americanos se irem embora. Poder, podemos, e vamos mais a caminho disso que outra coisa. Mas continuar como estamos, um pé dentro e outro fora, é que é pouco saudável. Para além das tentações corporativas, os militares sabem disso muito bem e por isso estão, eles também, indignados.

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sexta-feira, 8 de março de 2013

AR pretende moralizar despesas do Estado


«A Assembleia da República quer reduzir a frota automóvel ao serviço dos titulares de cargos políticos, de altos cargos públicos e de cargos dirigentes da administração pública "entre 33% e 50%"».

Trata-se de uma medida racional adequada à situação crítica que o País atravessa e que será muito aplaudida se for concretizada com eficácia. Devem ser seguidos os bons exemplos que nos chegam do nosso passado e dos países nossos parceiros na Europa. São significativas as informações que chegam por e-mail acerca das condições de serviço dos deputados ingleses, noruegueses, finlandeses, etc. São frequentemente referidos exemplos de parcimónia nas despesas por parte dos Presidentes Manuel Arriaga, Costa Gomes e Ramalho Eanes e do chefe de Governo António Salazar. Qualquer comparação com eles deixa os políticos da actualidade muito mal vistos, principalmente quando a crise tem sido pretexto para espremer as algibeiras dos portugueses mais carenciados (menos afectos aos do Poder).

Esta intenção da AR constitui um passo real para a Reforma estrutural do Estado, de que se fala há cerca de 20 meses, sem uma medida concretizada nas reduções de obesidades, de burocracias inúteis (apenas interessando aos corruptos), de observatórios, de comissões e outras instituições sem justificação razoável, de excesso de assessores e de «especialistas», de mordomias, etc. mas, pelo contrário, com muitos cortes nas estruturas de apoio social aos mais necessitados.

Espera-se que a AR leve a sua intenção até ao fim para darmos por bem empregue algum do nosso dinheiro que ela consome.

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PM teimoso e fantasista

Em resposta à proposta socialista de aumento do salário mínimo, o PM «chegou a dizer que, dada a actual conjuntura, o “mais sensato” seria fazer o oposto». Teimou que “quando um país enfrenta um nível elevado de desemprego, a medida mais sensata que se pode tomar é exactamente a oposta.”. ‘Explicou’ que o governo não deixará de “discutir o aumento do salário mínimo”, mas numa altura em que “o tecido produtivo tenha condições para o fazer”, caso contrário isso só trará “mais desemprego”. Reiterou que, na actual conjuntura, um aumento do salário mínimo seria um "sobrecusto" para as empresas e uma "barreira" ao emprego.

Mas as ‘explicações’ do PM não foram credíveis nem consistentes, mas saíram eivadas de fantasia, não convencendo nem os mais ignorantes nem os mais doutos e não tardaram notícias a elucidar. Por exemplo o presidente do Conselho Económico e Social, Silva Peneda, afirmou que a revisão em baixa do salário mínimo é um "erro e um disparate" político, económico e social e que "não é uma forma para criar mais emprego".

Por outro lado, a contrariar que o aumento do SMN descapitalizaria as empresas e obrigaria muitas a encerrar e aumentar o desemprego, surgiu a posição completamente diferente do Presidente da República, no encerramento do encontro "Jovens e o futuro da economia",. "Nunca pensem que é nos baixos salários que se garante a competitividade das empresas.

Outra notícia afirma que «mesmo num país ensombrado pela crise há empresas que mantém as suas políticas de aumentos salariais. Em sectores como a química, farmacêutica, vidro ou metalurgia, os colaboradores vão ter este ano um aumento no vencimento que varia entre 1% e 3%».

Como não há regra sem excepção, poderá haver casos em que seja dada razão aos argumentos do PM, mas quando se olha atentamente para os portugueses, que são o pilar fundamental do Estado, não se pode ser sadicamente teimoso, com os olhos fixados apenas em números e o pensamento em fantasias muitas vezes irrealizáveis, como o foi a maioria das intenções manifestadas em quase dois anos. Os portugueses continuam a esperar que lhes seja explicado em linguagem simples, compreensível e verdadeira que benefícios obtiveram em resultado dos sacrifícios que têm sido obrigados a fazer.

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quinta-feira, 7 de março de 2013

Reforma estrutural para quê???



A interrogação do título, se encarada a sério, com honestidade, parece de fácil resposta, pois a reforma estrutural deverá destinar-se a simplificar a máquina do Estado tornando-a mais eficaz, com menores custos, isto é, cortando as «obesidades», a burocracia excessiva e desnecessária, simplificando circuitos de interacção transversal e vertical, enfim combater excessos, desperdícios, excedentes e complicações sem utilidade, para que atinja os objectivos com menor tempo, menos custos e mais eficácia.

No debate quinzenal no Parlamento, Passos afirmou que «a melhor maneira de fazer face ao desemprego é concretizar as reformas estruturais». Não explicou como, mas as realidades da actividade governativa que vêm a público não parecem confirmar esta «intenção». Por exemplo, disse que «vai ser empossada uma comissão para analisar o cabaz de produtos incluídos nas diferentes taxas de IVA». Pergunta-se se será necessária uma «comissão», que se sabe ser muito cara (mas dá emprego a «boys» do regime!), quando os gabinetes estão pejados de assessores, a receberem salários de cerca de 10 SMN (salários mínimos nacionais), além de mordomias e remuneração por qualquer trabalho (comissão) que façam.

O recurso a comissões, observatórios, etc, etc, faz lembrar os milhares de contos gastos em estudos encomendados (aos gabinetes de amigos) para provar que a Ota era a melhor localização para o novo aeroporto de Lisboa, solução que acabou por ser rejeitada por não lembrar ao diabo e apenas servir os interesses de políticos que, recentemente, tinham comprado terrenos na zona que viria a ser expropriada para construção das pistas.

Outro aspecto que gera dúvidas sobre a intenção da tão falada, desde há 20 meses, reforma estrutural é o noticiado sobre a nomeação de 296 dirigentes a prazo no Instituto do Emprego, para substituir 150 que cessaram funções (dois para substituir um!|). Parece que o novo secretário de Estado entrou cheio de energia e não tardou a conseguir empregar cerca de três centenas de amigos, com o pretexto de reestruturar o Instituto de Emprego e Formação Profissional (IEFP). Tal reestruturação contraria o que foi dito no início deste texto. Gostava de receber comentários a esclarecer, onde está o conceito correcto das reformas que Passos deseja prosseguir com «firmeza e resiliência». Como se trata de nomeações a prazo, não seria mais lógico e eficiente recorrer a pessoas dentro do Instituto, que estão dentro dos assuntos?

Um velho adágio diz que «a esperança é a última coisa a morrer» e, como não nos mostram realidades positivas que a alimentem, ela acabará por morrer em breve e, segundo o ditado, depois de todos os portugueses se terem extinguido!!!

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quarta-feira, 6 de março de 2013

Segurança Social


Convém ler e reler para ficar a saber, pois isto é uma coisa que interessa a todos..... A insustentabilidade da Segurança Social.

A Segurança Social nasceu da fusão (nacionalização) de praticamente todas as caixas de previdência existentes, feita pelos governos depois do 25 de Abril de 1974.

As contribuições que entravam nessas caixas eram das empresas privadas (23,75%) e dos seus empregados (11%). Mas os governos não criaram rubricas específicas nos orçamentos de estado, para contemplar as necessidades da Segurança Social.

Optaram, isso sim, pelo permanente "assalto" àqueles fundos. Cabe aqui recordar que os governos de Salazar recorreram também a esses fundos várias vezes para equilibrar a balança de pagamentos anual.

Só que de outra forma: pedia emprestado à Segurança Social e sempre pagou à Segurança Social. É a diferença entre o ditador e os democratas!

Em 1996/97, o 1º Governo Guterres nomeou uma comissão, com vários especialistas, entre os quais os profs. Correia de Campos e Boaventura de Sousa Santos, que em 1998, publicam o "Livro Branco da Segurança Social".

Uma das conclusões, que para este efeito importa salientar, diz respeito ao montante que o Estado em 1996 já devia à Segurança Social, ex-caixas de previdência, pelos "saques" que foi fazendo desde 1975. Pois, esse montante apurado até 31 de Dezembro de 1996 ( após 21 anos de saque) era já de 7.300 milhões de contos - na moeda de hoje, cerca de 36.500 milhões de euros!

De 1996 (mais 16 anos) até hoje, os governos continuaram a "sacar" dinheiro da Segurança Social sem a reembolsar, já lhe devendo, no total, cerca de 75 biliões de euros.

Faltará criar agora outra comissão para elaborar o "Livro Negro da Segurança Social", para, de entre outras rubricas, se apurar também o real montante actualizado daquela dívida, depois dos "saques" que continuaram até hoje.

Mais - desde 2005, o próprio Estado admite funcionários que descontam 11% para a segurança social e não para a CGA e ADSE.

Mas o Estado não desconta, como qualquer empresa privada 23,75% para a Segurança Social. Outra questão se pode colocar ainda:

Se desde 2005, os funcionários que o Estado admite, descontam para a segurança social, como e até quando irá sobreviver a CGA e a ADSE?

Há poucos meses, um conhecido economista estimou que tal valor, incluindo juros nunca pagos pelo Estado, rondaria os 75.000 milhões?!

Ou seja, pouco menos do que o empréstimo da troika!...

Ainda há dias um advogado, em portugal, dizia que isto vai parar ao tribunal europeu dos direitos do homem. (esperemos para ver)

Há já um grupo de juristas a movimentar-se nesse sentido.
Esta síntese é para que os mais jovens, que estão já a ser os mais penalizados com o desemprego, fiquem a saber o que se fez e faz também dos seus descontos e o quanto irão ser também prejudicados, quando chegar a altura de se reformarem!...

Falta falar da CGA dos funcionários públicos, assaltada por políticos sem escrúpulos que dela mamam reformas chorudas sem terem descontado para tal, e sem que o Estado tenha reposto os fundos do saque dos últimos 36 anos.

(Quem pretender fazer um estudo mais técnico e completo, poderá recorrer ao Google e ao Instituto Nacional de Estatística.)

Sabem que, na bancarrota do final do século xix que se seguiu ao ultimato inglês de 1890, foram tomadas algumas medidas de redução das despesas que ainda não vi, nesta conjuntura, e que passo a citar:

A casa real reduziu as suas despesas em 20%; não vi a presidência da república fazer algo de semelhante.

Os deputados ficaram sem vencimentos e tinham apenas direito a utilizar gratuitamente os transportes públicos do Estado (na época comboios e navios); também não vi ainda nada de semelhante na actual conjuntura nem nas anteriores do século xx.

Sem mais comentários...

Mas há mais:

Aqui vai a razão pela qual os países do norte da europa estão a ficar cansados de subsidiar os países do sul.

Governo Português:

3 governos (continente e ilhas)
333 deputados (continente e ilhas)
308 câmaras
4259 freguesias
1770 vereadores
30.000 carros
40.000(?) fundações e associações
500 assessores em Belém
1284 serviços e institutos públicos

Para a Assembleia da República Portuguesa ter um número de deputados "per capita" equivalente à Alemanha, teria de reduzir o seu número em mais de 50%!!!

O povo português não tem capacidade para criar riqueza suficiente para alimentar esta corja...

É por estas e por outras que Portugal é o país da europa em que simultaneamente se verificam os salários mais altos a nível de gestores/administradores e o salário mínimo mais baixo para os habituais escravizados, a esmagadora maioria.

Acordai! estas, sim, é que são as gorduras que têm de ser eliminadas e não as de que o (des)governo fala!!

O relatório do FMI não contempla esta situação porquê? Será por desconhecimento?

Recebido por e-mail, sem indicação do autor

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