segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Temos que salvar Portugal

Portugal está muito doente, a ser corroído por males difíceis de curar. Há que combater os vírus que o minam e extirpar os cancros que o devoram. Seria bom que o pudéssemos legar são de corpo e alma aos vindouros, coisa que não parece muito viável se continuarmos apáticos e indiferentes à moléstia de que sofremos colectivamente. Dê-se atenção ao texto que se transcreve:

A exiguidade do Estado em abdicação
Jornal de Notícias. 30 de Novembro de 2009. Por Mário Crespo

O professor Adriano Moreira detectou os riscos civilizacionais da exiguidade dos estados quando deixam de cumprir as funções que são a sua razão de ser. Em Portugal o Estado está a desaparecer. Outros actores estão a substitui-lo. Em todo o lado.

"Deloitte não detecta crimes públicos na REN": título na imprensa diária nacional, há uma semana.

"Como organização de referência em serviços profissionais de auditoria, e consultoria fiscal, a Deloitte consolida a sua liderança em Portugal integrando a sua oferta para melhor servir o cliente e as suas necessidades.". Página promocional em http://www.deloitte.com

"A Deloitte, chamada na sequência da vinda a público do caso "Face Oculta", não detectou crimes públicos na REN.". Notícia de jornal do dia 24 de Novembro de 2009.

"A Deloitte disponibiliza experiência, conhecimento técnico e capacidade de implementação. Pensamos e agimos com rigor e competência: o nosso propósito é o transformar os desafios em soluções". Página promocional da Deloitte Portugal em http://www.deloitte.com

"Aveiro, 25 Nov - José Penedos indiciado pela prática de um crime de corrupção passiva. O juiz de instrução do processo "Face Oculta" determinou hoje a suspensão de funções de José Penedos na presidência da REN - Redes Eléctricas Nacionais e sujeitou-o a uma caução de 40 mil euros.". Despacho da agência noticiosa Lusa.

"Na sequência de notícias hoje divulgadas, o Gabinete do Presidente do Supremo Tribunal de Justiça considera tornar público o esclarecimento em anexo.". Texto de uma comunicação numa página com o timbre oficial do Supremo Tribunal de Justiça de Portugal que a empresa privada de assessoria de media Luís Paixão Martins Comunicação (LPM) enviou a todos os órgãos de comunicação nacionais, a 14 de Novembro de 2009.

"Informações adicionais LPM Comunicação www.lpmcom.pt" Indicação final na Comunicação do Supremo Tribunal de Justiça de Portugal.

"O universo mediático português torna-se mais complexo e confuso. Só os especialistas conseguem descodificar esta proliferação caótica de media através de uma abordagem simples, directa, virada para os resultados.". Página promocional da LPM em http://www.lpmcom.pt.

"(…) A execução do despacho proferido pelo presidente do Supremo Tribunal de Justiça cabe tão-só à autoridade judiciária que dirige o inquérito, ou seja, à Procuradoria-geral da República;"

- Quinto ponto da comunicação de esclarecimento distribuída com o timbre do Supremo Tribunal de Justiça pela Luís Paixão Martins Comunicação com instruções para a Procuradoria--geral da República sobre divulgação de peças processuais do caso "Face Oculta".

"Há 217 títulos publicados, 225 rádios e 91 canais de TV.". Informação no portal promocional da LPM sob o título Estratégia de Assessoria Mediática.

Na semana passada , António Mota, dono da Mota Engil, desdobrou-se numa série de raras entrevistas que o seu grupo organizou em que falou a vários órgãos de Comunicação Social, como se fosse titular das pastas conjuntas da Economia, das Finanças e do Planeamento. Fez bem. Na situação de exiguidade a que o Estado português se remeteu, ele é provavelmente já isso tudo e muito mais.

NOTA: Temos que salvar Portugal. O Presidente da República como entidade mais responsável e representativa do País, tem sobre si o ónus de decisões difíceis que tem que tomar, depois de conferenciar com as pessoas mais válidas do País, não enfeudadas em grupos de duvidosa eficiência.

Motoristas do Estado

Motoristas arriscam pagar os danos

Dois carros do Estado colidem em cruzamento do centro de Lisboa.
Das notícias, fica a saber-se que os carros oficiais circulam muitas vezes em velocidade excessiva sem motivo justificativo, por erro de planeamento da hora de início da viagem. E outra infracção à lei geral: grande parte das viaturas não têm seguro.

Maus exemplos dos responsáveis pelos organismos do Estado.

Os motoristas são responsabilizados pelos danos materiais.

Em tempos recentes um juíz do topo da hierarquia do sector Judicial circulava a mais de 200 entre o Algarve e Lisboa e, segundo ele, a culpa foi toda do motorista porque ele, juiz, até vinha a dormir.

Quando o mar bate na rocha quem sofre é o mexilhão!!!

Governo e partidos desentendidos

Transcrição:

Governo da Assembleia
Correio da manhã. 28 Novembro 2009. Por Armando Esteves Pereira, Director-Adjunto

Ontem foi o primeiro dia do resto da legislatura. A Oposição em bloco impôs o adiamento da entrada em vigor do Código Contributivo, a extinção do pagamento especial por conta, a antecipação do reembolso do IVA e a obrigatoriedade de juros de mora pelo atraso de pagamentos do Estado. Sócrates diz que não pode haver um "Governo de Assembleia", e não aceita a ideia de que o Parlamento aumenta a despesa, cria um problema orçamental e o Governo a única coisa que tem de fazer é executar.

O eurodeputado socialista Vital Moreira comentava que "a principal arma das oposições unidas contra o Governo vai ser a arma orçamental, por via de propostas que aumentam a despesa pública e diminuem a receita, fazendo disparar o défice orçamental e o endividamento público". Vital lança um apelo ao Presidente da República para que não se conforme com a "estratégia suicidária de estoirar com as finanças públicas".

Ficou claro que a Oposição é que tem a maioria no Parlamento e que o PS não está habituado a lançar pontes para evitar situações de bloqueio. Neste cenário de governação por iniciativa parlamentar, o poder do Presidente da República sai reforçado, e o Governo com o poder diminuído vai ter de gerir um Estado com um défice gigantesco e suportar o ónus de uma economia anémica.

NOTA: É uma brincadeira de putos no jardim do condomínio a atirarem fisgadas aos vidros dos apartamentos a ver qual acerta mais, sem se importarem que os pais (neste caso os filhos e netos) tenham de pagar os danos causados.

Se, por um lado, o partido do governo deve evitar a arrogância e lançar pontes para o diálogo, a negociação, à procura de soluções mais ou menos consensuais, evitando bloqueios, para bem de Portugal, por outro lado, a oposição deve mostrar o seu sentido de Estado, a sua capacidade para vir a governar, mostrando saber conversar para encontrar as soluções mais adequadas à actual situação, para benefício do País. O campeonato infantil de fisgadas, e o esticar a corda até criar o suicídio colectivo, não traz lustre para nenhum dos partidos, cria desprestígio para os políticos e destrói a pouca confiança que ainda poderia existir.

É lamentável que os partidos só tivessem estado de acordo na aprovação da malfadada lei do financiamento dos partidos em boa hora vetada pelo PR, por ser um estímulo e um álibi para a corrupção e para a lavagem de dinheiro sujo.

Como podemos ter apreço por tal gente?

Tem aqui lugar contar que ouvi, no ano passado por esta altura, que em Espanha o 1º de Dezembro iria passar a ser feriado, em homenagem aos conspiradores portugueses que em 1640 fizeram a Restauração. Mas porquê homenagear tais portugueses que correram com os espanhóis? Porque fizeram o grande favor a Espanha de a libertar do encargo de governar, gentes preguiçosas viciadas, sem vergonha e com outros defeitos que a tornam ingovernável em condições de progredir. Claro, com políticos como os que temos!

O regime está doente

Transcrição:
A grave doença

Correio da Manhã. 28 Novembro 2009. Por Octávio Ribeiro

No discurso cada vez menos racional e mais emotivo de destacadas personalidades da vida política nacional ficam bem claros os sintomas da grave doença por que passa o regime.

Os argumentos favoráveis à opacidade em construção oscilam perigosamente entre o formalismo legalista e a ladainha lamecha.

Lei é lei, certo. Mas acima do emaranhado das normas ordinárias, feitas cada vez mais à medida de efémeras conjunturas, está a Constituição.

Que ainda estabelece a soberania do povo expressa pelo voto. E daí retira a exigência de transparência na vida pública vertida no direito à informação. Vida pública não é só propaganda, discursos ou inaugurações. É também, nos detentores do poder, qualquer acção ou omissão com reflexo relevante na comunidade nacional.

Se os cidadãos deixarem de ter acesso à informação relevante, de que serve o princípio da igualdade que dá a cada português um voto na contagem da vontade colectiva? Se não tivermos o direito a conhecer os contornos dos candidatos a governar-nos, votamos com base em quê? Nos marqueteiros que vendem programas políticos feitos para incumprir? Na melhor maquilhadora? No melhor leitor de teleponto?

Na sociedade portuguesa, a defesa do segredo em torno de corrupções e outras manipulações alastra na medida inversa da capacidade para criar riqueza, atrair investimento e suster a dívida externa. Como se um facto não levasse aos outros.

Da justiça à política, da economia à finança – com a elite presente estaremos condenados a ficar cada vez mais pobres. No bolso e na alma.
Octávio Ribeiro

NOTA: O autor coloca a tónica na necessidade de o eleitor dispor de informação que lhe permita exercer o direito do voto nas urnas. A sua opção, para ter valor intrínseco, tem que apoiar-se numa opinião bem fundamentada sobre o valor relativo dos candidatos. A ausência desse conhecimento acabou por ficar bem evidenciado nas últimas eleições em que o partido que formou governo recebeu apenas um quinto, pouco mais de 20 por cento dos votos possíveis. A abstenção foi a grande vencedora, o voto em branco atraiu mais leitores do que o sexto partido, o voto nulo também atingiu grande quantidade.

Tal formação do eleitor para votar em consciência não se consegue com segredo, com falta de transparência e de esclarecimentos isentos e imparciais.

O autor refere que o corpo legislativo é um emaranhado de normas ordinárias, feitas cada vez mais à medida de efémeras conjunturas, e a um nível superior está a Constituição. Mas não podemos esquecer que a própria Constituição foi feita à medida de uma conjuntura efémera e, acima dela, estão os interesses nacionais que não podem ser esquecidos com prejuízo para todos os portugueses. As gerações futuras e mesmo as de hoje não podem viver oprimidas por uma lei cozinhada por interesses partidários de uma data que nada tem a ver com o presente e menos com o futuro. As normas devem servir os cidadãos e não o contrário. A sociedade, como corpo vivo, está em evolução permanente e o normativo que a condiciona deve ser coerente e adequada às necessidades dos cidadãos.
Mas as normas não podem ser criadas por capricho, é indispensável pensar antes de decidir, antes de aprovar textos confusos muitas vezes condenados ao esquecimento e desprezo.

Esclarecimento gera confiança

É favor besuntarem-se
DN. por Vasco Graça Moura 18 Novembro 2009

Supondo, por mera hipótese de raciocínio, serem verdadeiros os vários factos que, segundo o semanário Sol, envolvem José Sócrates, as consequências de tal situação estão à vista: o Governo, o Estado e as instituições ficariam a tal ponto descredibilizados que a solução seria, pura e simplesmente, a demissão do primeiro-ministro pela prática reiterada de batotas várias, de todo incompatíveis com a lei e com a ética, com a dignidade do seu cargo e com o interesse nacional.

É evidente que toda a gente, incluindo os titulares de altos cargos políticos, tem direito à sua privacidade. E também é evidente ter havido uma grave violação (apenas mais uma…) do segredo de justiça.

Os apaniguados de Sócrates desmultiplicaram-se, numa operação mediática sem precedentes, a invocar razões puramente jurídicas em tudo quanto é sítio, procurando desviar as atenções do problema político e da sua real dimensão.
Mas o problema tornou-se escandalosamente político. E tornou-se também uma questão de decência. As coisas são o que são e são assim mesmo.

O presidente do Supremo Tribunal de Justiça e o procurador-geral da República viram-se metidos num verdadeiro imbróglio. Trata-se de dois altos magistrados, cuja idoneidade, rigor, competência e experiência são absolutamente indiscutíveis.

Por muitas explicações que sejam dadas agora quanto ao calendário das remessas e da apreciação das certidões, foi nítido o embaraço decorrente da situação, aliás protelado ao longo de vários dias e artificialmente pontuado por reenvios de competências que deixaram toda a gente perplexa. Ora nada disto terá decorrido da evidente inocuidade dos conteúdos das certidões enviadas. Se fossem inócuos tais conteúdos, qualquer deles poderia ter vindo logo a público dizer isso mesmo, dissipar dúvidas com a sua palavra autorizada e acalmar a opinião pública. Ninguém discutiria então a aplicação da lei.

Mas agora, mandadas destruir as certidões (e quem sabe se algum jornal tem cópia delas...), pode sempre pairar a suspeita de que esses conteúdos não eram afinal tão inócuos quanto isso e apontavam para qualquer coisa de política e juridicamente tão desconfortável que só um procedimento meramente formal conseguiu travar outros desenvolvimentos. No plano político, isso é desastroso e vira-se contra José Sócrates.

E afinal quem é que mandou fazer as escutas e analisou o resultado desses procedimentos. Terão sido políticos da oposição? Jornalistas de tablóides? Paparazzi desempregados? Jovens e ineptos utilizadores do Magalhães?

A resposta é confrangedoramente simples: foram magistrados portugueses, o procurador-coordenador do DIAP de Aveiro e o juiz de instrução criminal, no exercício das respectivas funções, quem sustentou existirem indícios da prática de um crime de atentado ao Estado de direito. Tratar-se-ia de puros incompetentes? De estagiários sem saber nem experiência? De loucos furiosos de justicialismo ultra-esquerdista a dispararem contra revoadas de mosquitos na outra banda? Ou antes de gente que achou ser de tal gravidade a matéria de que lhe chegavam indícios que entendeu do seu dever não agir de outra maneira?

Fosse como fosse, independentemente de apreciações formais, os factos que, pelo processo ínvio e lamentável da violação do segredo de justiça, vieram a público, adquiriram a maior relevância política e não há argumentação jurídica, por muito fundamentada que seja, que possa dissipar o seu efeito negativo.

O que é que faz com que José Sócrates e o seu naipe de ventríloquos e demais criaturas de serviço finjam não perceber o que se passa? Não há "salto à vara" que lhes permita passar airosamente por cima da situação criada, sem um esclarecimento muito sério que, dadas as circunstâncias, devia ser um imperativo político para o primeiro-ministro.

O mais deprimente é a sensação generalizada com que se fica de que Portugal está a caminho de se transformar numa república em que as bananas crescem num lodaçal. É nesses lugares que os valores se evaporam, as leis são impunemente violadas, tudo se degrada, todos os responsáveis são cúmplices e nada nem ninguém consegue evitar isso.

Mas é muitíssimo bem feito. Elegeram essa gente? Pois têm o que merecem… Assoem-se lá a esse guardanapo. Besuntem- se com o resultado. Amanhã ainda vai ser pior...

NOTA: Há quem contrarie este ponto de vista do autor dizendo que se está a tentar praticar crimes de "assassinato político", de "assassínio de carácter", de "homicídio de carácter", de "homicídio por audiovisual", e de «tentativa de decapitação do Governo».

Mas o autor diz sabiamente que é preciso esclarecer, porque sem esclarecimento, todo o rol de suspeições se vira contra o PM. Por outro lado, devemos aplaudir o Presidente do Afeganistão porque
Karzai promete “fim da cultura de impunidade” no Afeganistão. Que belo exemplo de sensatez e sentido de Estado!

Pressões na Comunicação Social

Já tinha sido muito falado na Comunicação Social sobre a pressão de pessoas ligadas aos governantes sobre a Justiça no caso Freeport. Agora surgiu a entrevista de José António Saraiva, director do semanário ‘Sol’, revelando que o Governo o pressionou para não publicar notícias do Freeport e que depois passou aos investidores, criando ao Jornal uma situação crítica que o entrevistado resume na frase "Não falimos por um milagre”. (Fazendo clic neste link pode ler a entrevista publicada).

Perante isto, a «ERC averigua se o Estado interfere com os media».

Como todas as averiguações em casos que tocam com o Poder, ou o Estado como lhe chamam, acabam por ser inconclusivas ou apresentar conclusões evasivas, espera-se e deseja-se que a ERC averigúe de forma isenta e independente, não sucumbindo a falsos deveres de obediência ao Poder ou ao receio de qualquer represália com cortes de mordomias, como se tem visto noutros casos e noutros sectores. Quando se diz que o Estado não se resume ao Poder é com base na definição de que Estado é a Nação num território bem definido, politicamente organizada. Portanto o Poder polític0 é apenas um dos três pilares do Estado segundo esta definição.

É preciso não se atemorizarem com os autores dos modernos conceitos de "assassinato político", de "assassínio de carácter", de "homicídio de carácter", de "homicídio por audiovisual", e de «tentativa de decapitação do Governo».

Oxalá, as averiguações da ERC, deixem a Nação (os portugueses) mais tranquila e aliviada de tantas suspeições a que a falta generalizada de transparência a conduziram e que lhe perturbam a tranquilidade em que gostaria de viver.

E por cá? Evitam-se os subsídios indevidos?

Por vezes aparecem na Comunicação Social sinais de que há muitos subsídios, com diversas designações, pagos a pessoas que deles não precisam nem merecem. Parece não haver disso controlo eficaz.

Do Canadá chega a notícia de uma mulher jovem, do Quebec, empregada da IBM, que estava há ano e meio sem trabalhar e a receber uma pensão de uma seguradora, por lhe ter sido diagnosticada uma depressão.

Mas tudo mudou quando Nathalie Blanchard colocou fotografias suas no Facebook, onde aparecia sorridente e festiva, o que levou a seguradora a cortar-lhe a pensão, alegando que a mulher parecia estar curada dos sintomas depressivos. Nas fotografias aparece na praia e em festas com amigos, com aspecto que, no entendimento da seguradora, demonstra que a jovem estavatotalmente recuperada.

Embora a questão esteja a ser tratada pelo advogado, com as alegações consequentes, o certo é que o caso demonstra haver profissionalismo no controlo do dinheiro e a razoabilidade do seu destino. Portugal tem muito a aprender com este e outros exemplos que chegam do estrangeiro.

Violência tomou o freio nos dentes

Quando o cavalo toma o freio nos dentes, deixa-se levar pelo próprio entusiasmo porque o cavaleiro tem dificuldade em o controlar, lhe poder impor a sua vontade, e o travar, tendo de usar golpes violentos de rédea e de bridão (queixais).

Três notícias de hoje, mostram que a violência tem aumentado de forma descontrolada.

Traficante abalroou três carros da GNR. Quando lhe procuravam barrar a passagem depois de lhes ter fugido durante a operação três viaturas do Núcleo de Investigação Criminal (NIC) da GNR , nas proximidades de Ronfe, Guimarães, após seis quilómetros de perseguição, foram colhidos. Tendo sofrido alguns danos, embora sem ferimentos pessoais.

Tratava-se de uma viatura de marca Volvo conduzida a alta velocidade por um indivíduo de 32 anos que, por várias vezes tentou abalroar as viaturas da Guarda. Da operação que estava a ser efectuada já houve 15 detenções) e apreensão de heroína e cocaína. É notória e significativa a predisposição de usar violência contra as Forças de Segurança, arriscando tudo e nada respeitando.

"Terror" de idosos preso por 16 assaltos. Indivíduo de 43 anos entrava nas casas com os idosos a dormir. Se fosse visto, partia para a violência, chegando a quase sufocar uma vítima com uma almofada. Já cumpriu três penas de prisão e foi detido, de novo, por 16 assaltos em Gaia. Espalhou o terror nos últimos dois meses, invadindo moradias de pessoas de idade, nas zonas de Avintes, Mafamude, Santa Marinha e Vilar do Paraíso, no concelho de Gaia. Acabou detido pela Divisão de Investigação Criminal (DIC) da PSP, junto ao Bairro da Sé, no Porto.

Noite Branca Testemunha de homicídio torturada. J. Pires, 38 anos, comerciante de automóveis, de Gondomar, ligado ao tráfico de drogas e testemunha no julgamento de um dos homicídios do processo Noite Branca, foi atacado cerca das 04.30 horas, à saída de um hotel/bar situado junto ao aeroporto de Vigo, na Galiza, por quatro homens armados e encapuzados, transportados num carro de matrícula portuguesa que bloqueou a passagem ao seu BMW. Depois foi sequestrado em Vigo, torturado e abandonado ontem, quinta-feira, perto de Vidago, onde foi encontrado cerca de dez horas depois, pela PJ, gravemente ferido, numa ribanceira a cerca de 150 metros do seu carro em chamas. A vítima tinha os pés e as mãos atados, os olhos vendados com fitas plásticas e as calças descidas até aos joelhos.

Estas são apenas três notícias colhidas hoje do Jornal de Notícias. Só num dia! Dá que pensar e deve dar às forças policiais e a todos os responsáveis pela segurança interna e pela justiça motivo para reverem todos os seus esquemas com vista a evitar o agravamento desta situação para garantir aos cidadãos a segurança necessária para poderem viver as suas vidas profissionais, sociais e privadas com confiança e paz interior a fim de Portugal poder progredir no caminho do progresso.

Constâncio e o PM

Transcrição:

Missão de sacrifício
JN. 26 de Novembro de2009. Manuel António Pina

Na gíria do atletismo, chama-se "lebre" ao atleta contratado para puxar pelos outros (levá-los na "roda", como se diz no ciclismo), impondo um ritmo óptimo para obtenção de melhores resultados.

Por vocação, ou porque é o modo como entende as suas funções de governador do Banco de Portugal, Constâncio costuma ser a "lebre" do Governo, aparecendo a apalpar terreno sempre que há medidas restritivas, previsivelmente impopulares, no horizonte orçamental. Por esta altura do ano, quando se prepara o Orçamento, é habitual vê-lo justificar, em adequado socioleto económico, a "contenção", ou "prudência", salarial, eufemismos pios da redução do poder de compra. Desta vez, porém, foi a "necessidade" de aumento dos impostos, que permitiu ao Governo, desmentindo-a de imediato, marcar pontos politicamente. A coisa funciona como os clássicos "polícia mau" e "polícia bom": aos olhos dos eleitores, a bondade política do Governo resulta mais óbvia face à maldade técnica dos anúncios catastróficos do governador. Se o Governo não der uma medalha, ou o tal cargo no BCE, a Constâncio é que não há justiça neste mundo.


NOTA: Como de costuma, incisivo e sintético, o autor aponta o dedo para as manobras usadas pelos políticos manhosos, ilusionistas, enganadores, como qualquer vulgar vendedor da banha da cobra. Mas mais perigosos, porque enquanto o vendedor está só, eles actuam em equipa coesa, apoiados por centenas de assessores e por toda a máquina do Estado tão pesada e cara que nem conseguem controlar o défice. Nem conseguem perceber as contas de merceeiro que passam pela redução das despesas para evitar prejuízos.

Para iludir as mentes mais desprevenidas usam o truque de «distrair o Santo», como diz o amigo Pedroso Marques no seu blogue.
Quanto aos objectivos referidos pelo autor do artigo ,a na última frase transcreve-se um trecho de uma carta publicada nos jornais em 23 de Maio de 2006 que mostra ao ridículo que chega a ostentação de falso rigor e de falsa competência:

«Ocorre recordar que, há tempos, o Banco de Portugal fez previsões do défice traduzidas num número com várias casas decimais no que foi criticado como sendo uma obediência cega e inepta à máquina de calcular sem ter em conta que, não passando de estimativas ou aproximações os números dados a esta, o resultado não teria rigor de várias casas decimais, bastando ficar pelas décimas. Na mesma ordem de ideias, os números de partida para os cálculos não precisavam de ir até às unidades, podendo ser arredondados para as dezenas ou até centenas. E tanto assim era que, posteriormente, o BP alterou esse valor, mas continuou com a insensatez das várias casas decimais. Há que ter a noção daquilo que é rigoroso e do que não passa de estimativa.»

Em que mãos está a Justiça?

O motorista do autocarro do acidente da A23, em 2007, em que morreram 17 pessoas, pode ter feito um teste de alcoolemia que não consta do processo por "lapso" da GNR, referiram ontem, terça-feira, dois militares da ex-Brigada de Trânsito em julgamento.

O cabo Manuel Gomes disse ontem em tribunal que presumiu que o Hospital de Castelo Branco tivesse justificado com um atestado médico a falta de um teste de alcoolemia na noite do acidente, quando afinal esse atestado só justificava a ausência de testes a substâncias psicotrópicas.

É uma falha grave num degrau do circuito da Justiça, diferente daquele em que se situou a presença de processos judiciais no contentor do lixo. Mas ambos contribuem para o mau funcionamento da Justiça com as inerentes consequências para a vida dos cidadãos, para o prestígio de um sector de suma importância e para a confiança que nele deveria ser depositada.

A Criatividade do PS

O arquivamento das escutas entre José Sócrates e o seu amigo Armando Vara, um dos 15 arguidos no caso "Face Oculta", levou Francisco Assis a afirmar, no Porto, que se assistiu "a uma tentativa de decapitação do Governo e do PS". Isto, dito com arrogância igual à da temporada da maioria absoluta, é sinal de dificuldade de adaptação a um período que o bom senso aconselha a ser de diálogo. conversação, negociação, para obter consensos benéficos para Portugal. Os tempos actuais já não são consentâneos com ameaças de «malhar neles».

Mas merece ser realçada a criatividade de alguns moribundos, doentes sem esperança a armarem-se em valentões com rasgos de novas propagandas pretensamente vencedora. Atenção: a arrogância daquele que disse «se não foste tu foi o teu pai» tinha poder para destruir o adversário, não se limitando a decapitar.

O certo é que o autor desse novo tipo de criminalidade política não quer ser plagiador e vai inventando novas expressões para fugir do "homicídio por audiovisual", do "assassinato político", do "assassínio de carácter" e do "homicídio de carácter". Estejamos atentos para ver quando o astuto deputado volta ao início deste dicionário. Ou poderá passar a usar alternativas ao aviso «quem se mete com o PS leva»

E nesta arena em que os partidos se debatem gastando inutilmente em masturbações de oratoíria vã «pour épater le bourgeois» surge agora a reacção do PSD pela boca da sua líder, dizendo que há menos liberdade, menos justiça, menos riqueza, mais desemprego e mais corrupção. É com este diagnóstico de um país sem esperança, "a trajectória de desastre deste Governo é para prosseguir".

Se é verdade que não podemos interpretar à letra o que qualquer político diz em público, as palavras desta líder têm muita verosimilhança, dada a falta de concentração de esforços nos essenciais interesses nacionais, com humildade, sem arrogância e com vontade de obter sucesso para Portugal.

Testamento vital e eutanásia

Depois do post Nova Ordem Regulatória Mundial com o texto bem elaborado de Helena Alves Da democracia ao totalitarismo, surgem hoje nas notícias títulos que merecem ser lidos e meditados. Não vou analisar para não pressionar em qualquer sentido ou tendência.

Convém estar atento, relacionar as peças do puzzle muito complexo que afecta a humanidade. Para onde nos estão a querer levar? Quem irá beneficiar com isso? Porque pretendem impor esse caminho? Que noção têm os responsáveis políticos dos tão falados, quando oportuno, Direitos Humanos?

Há dias um médico foi chamado a um lar para ver uma idosa com 81 anos solteira sem família que sempre tinha tido boa saúde e vivendo sozinha, que tinha sofrido um AVC de que resultou hemiplagia do lado direito, ficando sem voz, mas reagindo por sinais às perguntas . No Hospital Amadora-Sintra onde recebeu os primeiros socorros, depois dos exames convenientes, deram-lha alta, porque, «como já tem mais de 80 anos não pode ficar cá a ocupar uma cama».

Estão a perceber?

Eis os títulos que numa primeira busca encontrei.

- Regular testamento vital é prioritário face à eutanásia
- PS adia diploma sobre testamento vital e consentimento informado
- Gritou 23 anos e ninguém ouviu
- História para nos ligar à terra
- Um terço da população mundial vive sem energia eléctrica

Nova Ordem Regulatória Mundial

Transcreve-se este artigo que é extenso mas tem muito interesse até ao fim,

Da democracia ao totalitarismo
Notícias lusófonas- 22-Nov-2009 - 20:06, Por Helena Alves

Hoje em dia uma das expressões mais utilizadas, para além da palavra Corrupção é Ética Social. Lado a lado! Nas vésperas da cimeira mundial sobre a segurança alimentar, nos passados dias 16 e 18 de Novembro, Jacques Diouf da FAO e Ban-Kimoon da ONU, levaram a cabo uma greve de fome de 24 horas como protesto contra a fome crónica mundial e ausência de medidas concretas para atacar esse grave problema. Resolveram assim fazer um apelo aos líderes mundiais e à população em geral para que aderissem ao "projecto"!

Projecto?! de quem da ONU? da FAO? dos LIDERES MUNDIAIS?! Cheira-me a esturro!

Estes projectos deixam muito a desejar... realmente deixam, mas estão a banalizar-se e de que maneira! Estão a aproveitar a capacidade mimética (imitação) inerente ao homem e a sua bondade já tão mitigada! Agora pelos vistos, querem que seja a população em geral, a tomar a responsabilidade do que se passa no mundo? que diabo se passa?! Mas como me disseram, nós temos de ajudar, nós somos as ONG, o Estado e a ONU.

O quê?! Mas afinal somos essas organizações, apenas no que toca a dar contributo?! E quanto ás decisões que tomam, sem que a população em geral o saiba e onde é apenas um peão mandado, como no caso dos capacetes azuis?! E quanto às decisões de distribuição do dinheiro público?! E quando decidiram esses banqueiros e especuladores financeiros despoletar a crise?! A população participou?

Dizem que temos de ajudar os outros, agora mais do que nunca. Mas exactamente por sermos o Estado e a ONU, por sermos indivíduos e não apenas obreiros desses Estados e dessa ONU, exactamente por isso, pois não somos máquinas nem autómatos, é que devemos dizer, o quanto neste momento querem fazer crer, que a precedência das organizações é que é importante... errado.

Ora uma organização preceder sobre o indivíduo, é subordinar os meios ao fim, (um ditador famoso do séc.xx usou a mesma estratégia). Nós não fomos concebidos como as formigas ou abelhas, que já nascem com um papel definido numa organização! Somos mais como os lobos ou elefantes, nascemos para viver em grupos, sem um papel pré-estabelecido e é genético! Pois a mim parece-me que estão a fazer exactamente isso hoje em dia, essas organizações, Estado e outras subordinadas aos Estados. Incutem-nos o papel organizativo e nós fazemos... e ficamos com essa responsabilidade, que é isso que pretendem.

Uma nova Ética Social tem como palavras chave: - Integração, Trabalho de Equipa, Vida em Grupo, Ajustamento, Adaptação, Dinâmica de Grupo, Lealdade ao Grupo, Pensamento de Grupo, Criatividade de Grupo. Isto é Engenharia Social, altamente especializada e uma verdadeira armadilha, digam o que disserem, o termo Egoísmo Social, foi por eles inventado e não apanhado como um vírus, como nos querem fazer crer. Há que bater o pé e dizer chega.

Somos animais gregários e agora tudo começa a correr mal. Quanto ás ONG e associações independentes, que desistiram de esperar pelo Estado, são organizações, que a meu ver, dão a supremacia ao indivíduo, são a prova do ALTRUÍSMO e BONDADE humana e cada vez mais a responsabilidade será delas e do individuo que paga os seus impostos, dependendo da sua capacidade de dar.

Por se dar valor á organização e não ao indivíduo, é que minguou a entreajuda e a fraternidade. O "Egoísmo Social", é realmente condicionador dos comportamentos humanos. Deve-se na minha opinião á Educação e envolvente social, a que todos estamos sujeitos desde tenra idade.

A modificação é praticamente impossível, pois a nossa sociedade de consumo está controlada pelos interesses do Egoísmo Individual daqueles que se transformaram em poderosos Egoístas.

A Globalização pretende estender os tentáculos desse Egoísmo Individual. O Estado das Nações até ganha com isso, nos impostos. É o nosso modo de vida. Estamos aprisionados. Só uma revolução Ética pode modificar o nosso destino.

A Educação dos comportamentos é fundamental. A nossa sociedade está a ser amplamente des-humanizada, a bem da tão falada e politicamente correcta Ética Social, que veio substituir a Educação, no sentido lato da palavra. É que a Educação visa o indivíduo e tenta trazer ao de cima o melhor que cada um tem para dar. Os Grandes Egoístas, visam a organização de grupo, em detrimento do indivíduo. Das duas uma, ou "acordamos" muito rapidamente, ou os nossos filhos irão viver um Autoritarismo baseado no assédio e numa sociedade classificada em castas, em tudo parecida com a feudal.

Por isso mesmo é que a Educação, no modelo clássico foi posta de lado e o individualismo daí resultante é fruto dessa manobra nova, chamada de Ética Social. Já entramos nessa Nova Ordem e vai ser muito difícil sair, porque com esse individualismo maléfico, as pessoas tendem a não pensar pela sua cabeça. Um humano quando nasce, já nasce com um sentido de Justiça... é preciso que seja desenvolvido através da Educação e é preciso trazer ao de cima, "explorar" o melhor de cada um, não nos tentando impingir como fazem os grandes, o que é melhor para nós, ou seja, para eles! Temos de ter participação activa em todas as instituições, especialmente se se auto intitulam DEMOCRÁTICAS.

Desde a II Guerra Mundial, que engenheiros sociais têm vindo exaustivamente a estudar o comportamento de massas e o sucesso de Hitler como um líder dogmático, lançaram-se pois na chamada "Investigação de Motivações". Hitler explorava e utilizava sistematicamente os temores, as esperanças, os desejos as frustrações de todo um povo. É pela manipulação de "forças ocultas" que os peritos em publicidade nos induzem a comprar desde uma pasta de dentes a um Fuehrer."Toda a propaganda é eficaz, deve confinar-se ao estritamente indispensável em meia dúzia de fórmulas estereotipadas, constantemente repetidas, porque só pela repetição constante se conseguirá imprimir finalmente uma ideia sobre a memória de uma multidão" - escreveu Hitler.

Hoje em dia a Educação foi substituída pela Ética Social, onde o Alto Poder e Finança visam sobrepor a organização ao indivíduo. Por outras palavras, a aprendizagem com Hitler está a dar mostras de sucesso. Com a tecnologia ao seu dispor, a ganância dos líderes mundiais, conduziu-nos a uma Nova Ordem.

Suspeito que a maioria dos homens, ainda manuseada pelas novas técnicas de modificar os comportamentos humanos, diga que tudo isto não passa da Teoria da Conspiração. A memória colectiva do que não é bom, esbate-se perante promessas de uma vida cheia de conforto e qualidade.

Só que o Planeta não aguenta e os líderes sabem muito bem disso. Há que acordar para uma nova realidade. O despoletar da crise teve como pano de fundo a ruína do povo e um travão no consumo. A História está a repetir-se num ciclo muito curto. E o silêncio das massas continua... Quando acordarmos será demasiado tarde, se o não é já!

É que foram muitos anos de experiência, para sabermos que apenas uma ÍNFIMA PARTE destes contributos, CHEGAM a quem de direito! Agora terão de ser os que pouco têm, a distribuir pelos que nada têm?! Bem vistas as coisas os Grandes querem é meter ao bolso e esperar que o mundo fique todo na pobreza.

Como eles costumam dizer, é a CRISE! Vacinas para uma gripe e para a febre amarela, a hepatite, a febre tifóide, o tétano e tantas outras, onde estão?!

Nós queremos é ver com os próprios olhos, os nossos irmãos africanos, sul americanos, europeus e asiáticos, sem FOME e com SAÚDE. Se distribuíssem o dinheiro dos capitalistas, que só pensam em guardar para eles, o Mundo não passava fome! O ALTO PODER ECONÓMICO e POLÍTICO é o EGOÍSMO SOCIAL, que começou a estender os seus tentáculos às camadas ECONOMICAMENTE PRIVILEGIADAS.

Temos que estar atentos senão convencem-nos pelo assédio (o comprimido vermelho do Matrix, para quem viu o filme) e não tarda nada, parecemos autómatos a fazer o que nos mandam e a odiar-nos uns aos outros. Há que ter muito cuidado, pois desde a II Guerra Mundial que estudam a fundo o comportamento de massas, para exactamente poderem controlar o ser humano globalmente e estão a conseguir!
===

NOTA: Em sintonia com este esforço internacional para desumanizar ao as pessoas e dominá-las como se autómatos fossem, José Sócrates quer que a Comunidade Ibero-Americana participe na construção de uma Nova Ordem Regulatória Mundial, (RTP 23 de Novembro de 2009). Sócrates falava esta manhã na Assembleia da República, na sessão de abertura do quinto Fórum Parlamentar Ibero-Americano que vai decorrer até amanhã.

Nota-se grande convergência com aquilo que se conhece dos objectivos do grupo Bilderberg.

Processos judiciais encontrados no lixo!!!

Parece incrível, pura ficção, coisa imprevisível mesmo num país dos mais atrasados do terceiro mundo.

«Escrituras com nomes e respectivos contactos (moradas e telefones), relações de heranças, notificações para audiências ou peritagens de seguradoras com a identificação das viaturas são alguns exemplos dos documentos confidenciais encontrados pela Agência Lusa dentro de contentores, colocados nas traseiras do Palácio da Justiça, em Lisboa.»

Como é possível??? Quem está responsável pela guarda de tais documentos? Como é controlado o trabalho de tais pessoas? Como foram admitidas, por concurso público ou por confiança política ou cunha de um amigo do partido? Como é feita a avaliação do desempenho nesses serviços? Que regras estão estabelecidas?

Surgem tantas dúvidas acerca de notícias como estas que não sabemos em que instituições e pessoas podemos acreditar. Será que nós, portugueses, nos transformámos em imbecis irresponsáveis, incapazes de executarmos com rigor as mais fáceis tarefas?

Para conhecer mais pormenores clique aqui Processos judiciais nos caixotes do lixo do Palácio da Justiça de Lisboa

Nós portugueses somos

Deparo muitas vezes com frases começando «os portugueses são… » e segue-se a referência a defeitos mais ou menos generalizados. Quando isso me aparece em e-mails ou em comentários respondo sempre «Não diga os portugueses são, diga nós portugueses somos». Assuma-se nesse momento como português que é e, se acha que há algo que, por não estar bem, necessita ser melhorado, faça o que puder, mesmo que lhe pareça muito pouco ou insignificante, porque é o somatório dos actos de cada um que faz a característica geral. Uma bonita tela é elaborada por milhares de pequenas pinceladas por toda ela sem descurar o mais escondido milímetro quadrado da sua superfície.

Vem isto a propósito da frase de Leon Tolstoi, "Se queres pintar o Universo, começa por pintar a tua Aldeia" que o meu amigo Joaquim Evónio utiliza na entrada da Varanda das Estrelícias, um blog de características invulgares a quem a comunidade lusófona muito deve.

Antes de procurarmos o cisco no olho do vizinho devemos retirar o argueiro do nosso. Devemos dar prioridade á qualidade para podermos conceder suporte de exemplo às nossas palavras e não nos limitarmos, como muitos políticos a falar de «tentativa de decapitação do Governo», «assassinato político». «homicídio de personalidade», etc, etc. apenas para obscurecer a capacidade de raciocínio e de discernimento das claques afectas ao seu partido inserido num campeonato em que nada mais conta do que a taça das próximas eleições.

É preciso, com determinação persistente e amor a Portugal, cada cidadão procure começar por limpar a sua testada, «pintar a sua rua», para em consequência resultar o Mundo todo limpo, todo pintado. Nós portugueses somos descuidados, desleixados, indiferentes, mas temos que individualmente e depois em grupo, ser interessados, esclarecidos, conviventes, participativos, colaborantes em tarefas positivas, construtivas, visando o bem comum, o engrandecimento de Portugal para melhoria da vida de todos nós

País abstencionista de alto a baixo

Tem aqui sido referido por diversas vezes que os responsáveis pela gestão do País devem dar prioridade aos interesses nacionais, ao bem do País e só secundariamente aos interesses dos partidos e dos próprios políticos. Está provado que, infelizmente, tem sido pura utopia, porque nos interesses do País são ignorados, mesmo nos discursos mais circunstanciais. O que interessa aos nossos políticos tem sido tudo menos isso. Só se uniram em perfeita sintonia na votação da lei do financiamento dos partidos, não para benefício dos portugueses mas para bem dos partidos e das manobras financeiras que a todos interessavam do tipo agora conhecido como «face oculta»

Isto não é maledicência, mas a constatação das realidades. Agora, a confirmar, surgiram duas notícias que mostram que os partidos apenas se preocupam em lutar entre si, não aproveitando oportunidades para tomarem as melhores decisões para Portugal, mas fazendo ressaltar que não são iguais e que não se apoiam uns aos outros. Para cúmulo, procuram imitar o que de pior se verificou nas últimas eleições – a elevada abstenção. Agora é o partido do governo que se abastem, na AR, em vez de dialogar e negociar com os partidos da oposição a fim de encontrarem uma solução de consenso, boa para o País.

Sobre a avaliação dos professores e o novo estatuto da carreira docente, o projecto de resolução do PSD foi aprovado no Parlamento, contando apenas com os votos favoráveis dos social-democratas e com a abstenção do PS e dos restantes partidos da oposição.

Também, quanto ao fim das taxas no internamento e cirurgia foram aprovados, na generalidade, com a abstenção do PS, projectos de lei do BE, PSD e CDS-PP .

Afinal, qual é a capacidade de diálogo de argumentação válida e convincente, de negociação, dos deputados do partido que apoia o Governo? Que prestígio obtém o Governo com estas abstenções? A arrogância residual do líder da bancada não conseguirá credibilidade para o Partido, quando se seguem abstenções. Os deputados não devem considerar que o povo lhes paga de boa vontade para se absterem. Paga por ser forçado a isso, mas no voto eleitoral a decisão é livre.

Pistas para salvar Portugal

Muita gene pensante afirma com laivos de pessimismo e de falta de esperança que Portugal só pode salvar-se do pântano actual se forem suspensas as actividades partidárias e formado um governo com as pessoas mais válidas do País e que não tenham sido contaminados pelos vícios e manhas de que enfermam os actuais políticos.

Mas acho que deve haver optimismo que não despreze hipóteses de soluções e estimule a procura da melhor. Já no post Oportunidade para purificar o regime se apontavam alguns indícios prometedores que deverão ser bem aproveitados para bem de Portugal. Felizmente, voltam a aparecer sinais de que os diversos partidos com assento na AR apontam sugestões e propostas para esclarecer os pontos mais controversos e tornar a vida pública mais transparente, geradora de prestígio dos políticos e responsáveis por cargos públicos e criador de um clima de confiança motivador de progresso.

Desde a notícia PSD quer que ministro esclareça compras nas Forças Armadas passando pela que defende que “País tem que ter certeza que não há sacos azuis nas empresas públicas” e a que se interessa pela clarificação de um negócio que afecta a vida dos cidadãos BE quer mais fiscalização a venda de medicamentos pela Internet, todas são coerentes com os valores referidos atrás da verdade, transparência e lealdade em relação aos interesses nacionais.

Perante o clima assim definido, só é preciso o Governo coordenar os esforços e as boas vontades e avançar no caminho da seriedade, honestidade e patriotismo.

sábado, 21 de novembro de 2009

Um lógico apoiante da eliminação do sigilo bancário


Depois de em post anterior ter sido referida a antinomia entre transparência e segredo, e na sequência da notícia "Nunca pedi dinheiro a ninguém e nunca recebi dinheiro de ninguém", garante Vara deduz-se logicamente que a pessoa referida tem todo o interesse em que haja transparência na sua situação e, para provar o que aqui diz, que defenda a abolição do sigilo bancário, pois sem ele ficará tudo claro e será confirmada a sua afirmação que dá título à notícia.

No entanto, outra notícia Vara assegura que não cometeu crime já é de mais difícil credibilidade, porque tudo depende do seu interesse em se confessar ou não em público e da sua noção daquilo que deve ser considerado crime. E ao ler-se o artigo Corrupção, habituação recorda-se um ditado com ressonância parecida « a ocasião faz o ladrão» embora o significado não se ajusta muito bem. Mas a habituação embota a perspicácia da avaliação dos sentimentos, e dos comportamentos.

E a propósito de habituação à corrupção, há quem afirme que a Face Oculta se refere a algo comezinho", "banal", "corriqueiro", "trivial", "usual", "vulgar". Parece que andamos todos ludibriados com «bocas foleiras» de nova criminalidade como "homicídio de carácter", "assassinato político", "assassínio de carácter", "homicídio por audiovisual", etc. São «argumentos» demasiado demagógicos e sem a mínima consistência, usados quando um político é apanhado com a boca na botija sem qualquer hipótese de segredo ou transparência que lhe possa valer. E com essas, lá desaparece um resto de possível confiança que ainda pudesse existir..

Segredo ou transparência?

Há poucos dias era aqui referida a contradição entre transparência e segredo. Espantosamente, aqueles que mais defendem o «segredo» são os mesmos que noutros cenários tecem loas, em tom firme a querer ser convincente, à «transparência».

Decidam claramente o que é que querem se o segredo, profissional, de justiça, bancário, de privacidade, etc. ou se a transparência. Mas tenham a certeza de que, sem a transparência, haverá sempre suspeita, dúvida, boatos, calúnias, que podem ofender eventuais políticos que estejam inocentes dos males de que hoje tanto se fala.

Depois destas considerações tem de se tirar o chapéu à notícia BE pergunta a Silva Pereira quanto é que o Estado gasta em publicidade nos media. Em período de dúvidas acesas acerca de corrupção, de tráfico de influências, de trocas de favores, sempre com prejuízo para o Estado, para todos nós, será significativa a resposta que for dada à pergunta do referido partido da República.

Para ler a notícia basta fazer clic no título da mesma.

Fim da cultura de impunidade


Peço desculpa se vos induzi em erro com este título seco e pouco claro. Com certeza que não é cá! Não queriam mais nada? Será no Afeganistão se a promessa feita na cerimónia de investidura for cumprida, em que Karzai promete “fim da cultura de impunidade”.

Mesmo que não consiga cumprir plenamente, já é uma declaração de que essa deficiência existe e há vontade para a eliminar. Enfim é uma lição, para vários Países em que o nosso está incluído, que se dizem mais civilizados do que o Afeganistão, mas em que há os intocáveis, os indispensáveis, os essenciais, a elite da classe política, dos quais não se conhecem condenados. Ou será que, por cá, todos os políticos são uns santos bem comportados, sem mácula de pecado de qualquer espécie, como o de corrupção, de enriquecimento ilícito, de tráfico de influências, abuso de poder, má gestão do dinheiro público, etc., etc.

Reduzir a população melhora o ambiente

O relatório Estado da População Mundial 2009 do Fundo das Nações Unidas para a População, hoje divulgado, defende que conter a população ajudaria no combate às alterações climáticas, podendo ser mais eficaz do que construir milhões de aerogeradores para a produção de electricidade a partir do vento.

Segundo o relatório, “reduzir o aumento da população ajudaria a aumentar a resiliência da sociedade às alterações climáticas e a reduzir as emissões de gases com efeito de estufa no futuro”. Já os antigos espartanos, da velha Grécia, procuravam conter a população eliminando as crianças menos robustas e com deficiências bem como os adultos e idosos que não pudessem produzir o necessário para a sua subsistência. Esse controlo não estaria distante dos projectos nazistas e as organizações actuais com ambição de criar uma república única mundial, preparam tudo discretamente para a criação de uma sociedade com uma pequena elite de cérebro desenvolvido e eficiente e a maioria da população com músculo e um mínimo de cérebro.

Escrevi num comentário em 22 de Outubro de 2008 um esboço de antevisão de tempos terríveis. Dada a preocupação monetarista de analisar os problemas, o governo português, e certamente os dos outros países, irão dentro em breve reduzir a quantidade de idosos. O humor negro, que já não é tão negro por se mostrar realista e ter agora mais peças do puzzle colocadas pela PONU permite imaginar que da primeira vez que um reformado vai ao médico ele receita, seja qual for a doença, uma aspirina (que nada cura) e quando o doente lá voltar ele aconselha um chá quentinho ao deitar, com um comprimido que ele dá e, ao outro dia, deixa de estar doente, de ter dores e... até deixa de respirar!!!

Mas isto não é pura imaginação, pois em órgãos estatais já se prepara legislação para retirar aos doentes crónicos todo o apoio para prolongar a vida, apenas dando medicamentos para tirar as dores. Isto já será uma espécie de eutanásia subtil, meio escondida. Não esqueçamos que, no último congresso do PS, a proposta do presidente do partido versava legislação sobre a eutanásia

Com tais medidas poupam as despesas de hospital, de medicamentos e as pensões de reforma!!!

O futuro é muito incerto, embora os políticos possam usufruir de regalias especiais, como as que já têm dos «tachos dourados» e das «reformas milionárias» acumuladas.
Será que o povo irá acordar antes e exigir justiça igual para todos.

Derrapagem da ponte Europa em Coimbra

Segundo notícia de hoje, a obra da ponte Europa sobre o Mondego, em Coimbra teve uma derrapagem de 288%, isto é, custou quase o quádruplo do preço previsto no orçamento (3,88 vezes). Perante a envolvência do caso Face Oculta, como é provável que não se trate de um caso isolado, surgem as perguntas:

- Como foi distribuído esse excesso de custo?
- O prejudicado foi Portugal, fomos todos nós, e quem foram os beneficiados?
- Em cada decisão imprevista quantas entidades foram bafejadas pelos presentes e atenções?
- E quem beneficiou para que o projecto inicial tivesse sido aprovado sem contar com os «pormenores» que foram aditados durante a construção?

Mas tudo isso está ao abrigo do «segredo» profissional, de justiça, bancário, de privacidade, etc. E, aberrantemente, os que nestes casos, mais defendem o «segredo» são os mesmos que noutros cenários tecem loas, em tom firme a querer ser convincente, à «transparência».

Decidam o que é que querem, porque transparência e segredo não podem casar-se, nem pelo «casamento» que querem por aí criar. Há que escolher: ou segredo ou transparência, com a certeza de que, sem esta, haverá sempre suspeita, dúvida, boatos, calúnias, que podem ofender eventuais políticos que estejam inocentes dos males de que hoje tanto se fala.

Destapar é preciso

A CP e a REFER usaram cartões de crédito das empresas para pagar um almoço de homenagem à ex-Secretária de Estado dos Transportes, Ana Paula Vitorino, em vésperas de final de mandato do governo anterior, conforme notícia de hoje. Segundo esta, cerca de 50 gestores de diversas empresas públicas de transportes ter-se-ão reunido, no passado dia 23 de Outubro, num almoço de homenagem à então governante.

"Não estando em causa a legitimidade de, um qualquer grupo de cidadãos, promover encontros de natureza privada deste tipo, e não tendo o referido encontro, segundo as mesmas notícias, envolvido a reflexão de quaisquer matérias de natureza profissional ou outras eventualmente relacionadas com o sector dos transportes, estranha-se que o custeio do referido almoço tenha ficado a cargo de três empresas públicas do sector, através do recurso aos respectivos cartões de crédito, das quais estarão confirmadas a CP e a Refer".

O Grupo Parlamentar do Bloco de Esquerda decidiu questionar o Governo, através do Ministério das Obras Públicas, Transportes e Comunicações, se considera "adequado o o uso de meios de pagamento de actividades empresariais, no caso vertente, públicas, para financiar despesas de natureza privada e pessoal, por iniciativa dos seus próprios gestores"

Isto será considerado corrupção? Será pagar favores? Parece que o BE está a desempenhar o papel referido no artigo transcrito no post Gente com honra é indispensável. É fundamental restaurar o senti da honra, das responsabilidades e do Estado. É preciso retirar a capa que encobre actos menos dignos. É preciso destapar.

Face oculta ou tudo às claras?

"Ética republicana"
Jornal de Notícias, 17 de Novembro de 2009, por Manuel António Pina

Mário Soares considera que tudo o que tem vindo a público relacionado com a investigação criminal do caso "Face Oculta" não passa, enquanto questão política, de um "problema comezinho".

Tenho por aí um dicionário de sinónimos e, por via das dúvidas (as palavras têm ultimamente o péssimo hábito mudar de sentido de um dia para o outro), fui ver se "comezinho" continuaria ainda a significar o mesmo. Pelos vistos, continua: significa "banal", "corriqueiro", "trivial", "usual", "vulgar".

É difícil, pois, não estar de acordo com Mário Soares. Um assunto que envolva, como o presente caso, corrupção, tráfico de influências, manipulação de concursos públicos envolvendo trocas de dinheiro e de favores entre gestores de nomeação política e empresários "amigos", e até alegações, sustentadas no despacho de um juiz, de crime de atentado ao Estado de Direito, tornou-se de facto hoje, em Portugal, coisa politicamente "comezinha", "trivial" e "vulgar".

Custa a crer é que alguém como Mário Soares, que tão repetidamente convoca a "ética republicana", reconheça isso sem o mínimo sobressalto ético ou republicano.

NOTA: Hossana!!! A vida pública em Portugal está a clarificar-se a tornar-se transparente., límpida como água corrente em rio não poluído. O decano dos políticos portugueses vem dizer publicamente que entre os políticos é comezinha a prática de tudo isto a que vimos assistindo. Em questões de política não devemos pôr em dúvida a sua douta opinião. Portanto eles todos são o que são!
Mas há um ditado que diz que «ninguém é bom juiz em causa própria». Será esse o caso? Mas não há motivo para receios porque, por cá, a Justiça para os políticos é complacente como certos hímenes, é tolerante, compassiva, permissiva, não funciona como na Coreia do Sul em que o ex-presidente Chun Doo Hwan foi condenado à morte e o ex-presidente Roh Tae-woo foi condenado a 22 anos e meio de prisão, nem como no Peru onde o ex-presidente Fugimori foi condenado, ou como no Japão, ou como em França onde o filho de Miterrand foi condenado por crime no Angolagate, o ex-presidente Jacques Chirac também está a contas com a Justiça, etc.
Pode o Sr ex-presidente português estar descansado, que os juízes não o molestarão nem aos seus colegas de carreira. Aliás são tantos que a Justiça não terá capacidade para fazer o julgamento antes de os crimes comezinhos prescreverem e, entretanto, a Natureza se encarregará de os dispensar de esperarem a leitura das sentenças.
Tudo gente «boa», habilidosa e esperta, constitui um belo exemplo para os portugueses se dedicarem a coisas tão comezinhas mas tão proveitosas. Assim, Portugal se tornará num País promissor e modelo internacional.

Gente com honra é indispensável

Esta luta contra a corrupção e o enriquecimento ilícito compete a cada português, não se compadecendo, por isso, com arrogâncias, com manobras escuras e com o saque a valores monetários ou outros. As pessoas honradas não podem nem devem cruzar os braços e esperar que outros resolvam o problema e lhes coloquem na mão os resultados obtidos. É uma luta de gente honrada que não pode adiar nem cruzar os braços. O adiamento tem produzido o avontade crescente que chegou ao escândalo actual. Deixar de colaborar no combate a esta situação é ser conivente com ela.

Uma questão de honra
Jornal de Notícias. 16 de Novembro de 12009. Por Mário Crespo

Mark Felt foi um daqueles príncipes que o sólido ensino superior norte-americano produz com saudável regularidade. Tinha uma licenciatura em Direito de Georgetown e chegou a ser uma alta patente da marinha dos Estados Unidos. Com este formidável equipamento académico desempenhou missões complexas no Pentágono e na CIA.

Durante a guerra do Vietname serviu no Conselho Nacional de Segurança de Henry Kissinger. Acabou como Director Adjunto do equivalente americano à nossa Polícia Judiciária. Durante vários anos foi Director Geral interino do FBI. Foi nesse período que Mark Felt se tornou no Garganta Funda.

Muito se tem escrito sobre as motivações de um alto funcionário do aparelho judiciário americano na quebra do segredo de justiça no Watergate. Todo o curriculum de Felt impunha-lhe, instintivamente, a orientação clássica de manter reserva total sobre assuntos do Estado. Hoje é consensual que Mark Felt só pode ter denunciado a traição presidencial de Nixon por uma razão.

Para ele, militar e jurista, acabar com o saque da democracia americana era uma questão de honra. Pôr fim a uma presidência corrupta e totalitária era um imperativo constitucional. Felt começou a orientar em segredo os repórteres do Washington Post quando constatou que todo o aparelho de estado americano tinha sido capturado na teia tecida pela Casa Branca de Nixon e que, com as provas a serem destruídas, os assaltos ao multipartidarismo ficariam impunes. A única saída era delegar poder na opinião pública para forçar os vários ramos executivos a cumprir as suas obrigações constitucionais.

Estamos a viver em Portugal momentos equiparáveis. Em tudo. Se os mecanismos judiciais ficarem entregues a si próprios, entre pulsões absurdamente garantisticas, infinitas possibilidades dilatórias que se acomodam nos seus meandros e as patéticas lutas de galos, os elementos de prova desaparecem ou são esquecidos. Os delitos ficam impunes e uma classe de prevaricadores calculistas perpetua-se no poder.

Face a isto, há quem no sistema judicial esteja consciente destas falhas do Estado e, por uma questão de honra e dever, esteja a fazer chegar à opinião pública elementos concretos e sólidos sobre aquilo que, até aqui, só se sussurrava em surdinas cúmplices. E assim sabe-se o que dizem as escutas e o que dizem as gravações feitas com câmaras ocultas que registam pedidos de subornos colossais. Ficámos a conhecer as estratégias para amordaçar liberdades de informação com dinheiro do Estado. E sabemos tudo isto porque, felizmente, há gente de honra que o dá a conhecer.

Por isso, eu confio no Procurador que mandou investigar as conversas de Vara com quem quer que fosse. Fê-lo porque achou que nelas haveria matéria de importância nacional. E há. Confio no Juiz que autorizou as escutas quando detectou indícios de que entre os contactos de Vara havia faces até aqui ocultas com comportamentos intoleráveis.

E, infelizmente o digo, confio, sobretudo, em quem com toda a dignidade democrática e grande risco pessoal, tem tomado a difícil decisão de trazer ao conhecimento público indícios de infâmias que, de outro modo, ficariam impunes. A luta que empreenderam, pela rectificação de um sistema que a corrupção e o medo incapacitaram, é muito perigosa.

Desejo-lhes boa sorte. Nesta fase, travam a batalha fundamental para a sobrevivência da democracia em Portugal. Têm que continuar a lutar. Até que a oposição cumpra o seu dever e faça cair este governo.

Oportunidade para purificar o regime

É saudável alimentar um pouco de optimismo mesmo que seja preocupado ou comedido, porque um pouco de esperança em melhorias ajuda a suportar as vicissitudes da vida.

Actualmente, a vida pública tem uma oportunidade que deve ser aproveitada para as convenientes reformas. Há sinais de que os partidos da oposição deixaram de se preocupar com apenas dificultar a vida do Governo, e passaram a assumir um compromisso para com o País, contribuindo para resolver os mais graves problemas que nos vêem dificultando a existência.

Sendo o ensino um sector a merecer o máximo cuidado, por ser o alicerce de qualquer evolução e tendo os professores sido tratados com tanta hostilidade e beligerância, é agradável encontrar nos jornais este título «Bloco Central pode resolver avaliação dos professores». Certamente que os outros partidos ajudarão a limar algumas arestas por forma a serem conseguidos os melhores resultados, para bem de Portugal.

Sendo o sector agrícola de grande importância, quer por tradição, quer por ser factor de emprego, quer pela necessidade de substituir importações, quer pela contribuição para as exportações, é positivo ver a notícia «Paulo Portas apresenta “plano de defesa do sector agrícola”» sugerindo medidas para obter bons resultados numa actividade que tem sido tão desprezada. Oxalá haja um entendimento geral neste campo.

No momento actual é chocante ver que a corrupção e o enriquecimento ilícito atingiram uma escala escandalosa, por pessoas de baixa formação moral terem abusado da imunidade e impunidade que tem sido cobertura para estes crimes, com a conivência do PS que se recusou a aproveitar as iniciativas de João Cravinho para encarar o combate a esta praga. Para encarar este problema de forma eficaz e decisiva, também devemos considerar muito positiva a convergência de vontades já manifestada pelos partidos mais pequenos, como se conclui das notícias «BE vai propor quatro projectos de lei contra a corrupção», «BE propõe à AR figura do "crime de enriquecimento ilícito"» e «Jerónimo: MP precisa de investigar "sem ingerências"».

Estes são sinais de que os partidos parecem dispostos a colocar os interesses nacionais numa prioridade mais alta do que vinha acontecendo. Têm sido acusados de usarem de egoísmo e de ambições pessoais, desprezando o País, mas agora dão mostras de que estão a querer alterar comportamentos. Oxalá que sim que tenham resultados e não desistam.

Os portugueses precisam que os eleitos encarem com dedicação os seus problemas de saúde, segurança, justiça, emprego, redução das despesas públicas (reduzindo o pessoal para o mínimo indispensável), eliminando a burocracia abusiva e bloqueadora que acaba por ocasionar a corrupção e outras formas de defraudar o Estado, etc.

Um Partido muito partido

Em 29 de Julho de 2008 escrevi no post «Partidos, para que servem?»:

«O PSD, até agora o maior partido da oposição, teima em não se aglutinar em torno de uma directriz respeitada pelos principais militantes. Quando se pensa que eles vão ganhar juízo, logo surge a desilusão. Ao derrubarem Santana, elegeram Marques Mendes, mas, em vez de o apoiarem convictamente, depressa começaram a campanha para o derrubar. Elegeram Menezes, com o apoio da maioria, mas logo os «barões», incapazes de acção, mas que se consideram donos do «partido», começaram a cortar-lhe as pernas e, o mais grave, quando as eleições legislativas estavam a curta distância. Manobraram à vontade e das eleições internas saiu vencedora Ferreira Leite, uma escolha que por ser democrática devia ser respeitada. Mas os donos dos cordelinhos, não podem estar quietos sem brincar com eles e estão já a começar a puxá-los novamente. Para quê? O que pretendem para o Partido e para o País? Que resultado desejam obter nas próximas eleições legislativas? Ao menos lutem para não ficarem abaixo do terceiro lugar!!!»

Apesar de não lhe darem apoio nem tréguas, deixaram a líder manter-se até às eleições, mas logo iniciaram as manobras para sua substituição. Não aprenderam que a união faz a força e cada vez se fragmentam mais, sem sentido de equipa para benefício do partido e muito menos para bem de Portugal.

Embora não goste de me referir a casos pontuais publiquei aqui o post «PSD - Políticos Sensatos Desapareceram?» e agora, por se enquadrarem na mesma tela, refiro o artigo de jornal «Ribau Esteves ataca Aguiar-Branco por causa de agência na AR» ao qual se seguiu outro «Santana faz críticas a Aguiar Branco», ambos dirigidos ao líder parlamentar do respectivo partido.

Costuma dizer-se que os políticos gastam as suas energias nas pequenas lutas inter-partidárias, mas estes casos evidenciam uma patologia mais curiosa e lamentável e uma irracionalidade na pulverização da própria equipa como se todos fossem aliados dos partidos rivais contra os seus supostos companheiros de luta por um hipotético objectivo comum pré-definido.

E assim vai Portugal, esquecido por aqueles que deviam sentir a responsabilidade de o guiar pelos melhores caminhos para o progresso e o desenvolvimento social e económico. Portugal está tão debilitado que é desejável que todos os esforços sejam orientados para os problemas essenciais, fundamentais, inadiáveis, urgentes, deixando de lado as pequenas coisas, de importância reduzida, que muitas vezes não passam de pequenas ambições pessoais ou de meros caprichos de vaidade.

Dança dos poleiros

Depois de lermos Guerra Junqueiro e de olharmos em redor para o actual regime, verificamos que pouco mudou imperando o lema ‘cada vez mais na mesma’, os governantes consideram-se donos deste pequeno quintal e como tal, com legitimidade para gerirem o jardim e as hortas a seu belo prazer e interesse. Os interesses nacionais são esquecidos porque acima deles colocam os interesses individuais, do partido e dos familiares e amigos. As notícias dos últimos tempos são prova concludente disto.

E, dentro deste estilo de vida pública, a dança de poleiros é uma constante entre aqueles que, em jovens, se inscreveram nas «jotas» como início de uma carreira frutuosa e, depois, são considerados os portugueses mais válidos para todos os lugares bem remunerados. Mesmo que o desempenho tenha sido deficiente, ou até por isso, são guindados a outros poleiros, por norma de melhor remuneração, o que corresponde ao ‘castigo’ do «pontapé pela escada acima».

Agora, as notícias mais recentes mostram dois casos. Um diz que tendo o director do Instituto de Gestão do Património Arquitectónico e Arqueológico (Igespar), Elísio Summavielle, ido para Secretário de Estado da Cultura, foi substituído por Gonçalo Couceiro, que era director da direcção regional do Ministério da Cultura no Algarve. Tudo em família, assente em confiança política. Mas será ele o português mais qualificado para o desempenho do cargo, com especial dedicação aos interesses nacionais? Terá novas ideias para modernizar o serviço a cargo do Instituto?

Parece que o seu maior trunfo é a lista de poleiros por que passou por ser simpático para os mais altos dirigentes do partido, pois de ideias novas para o Instituto afirmou que a futura direcção do Igespar vai assentar "num trabalho de continuidade apoiado nas regras da nova lei do Património". Portanto nada de inovação, nada de ideias definidas para modernizar. Nada de novo na frente ocidental!

Outro caso é o da nomeação aprovada pelo Conselho de Ministros do ex-secretário de Estado adjunto do primeiro-ministro, Filipe Boa Baptista, para o cargo de vogal do conselho de administração da Anacom. É mais uma mudança de poleiro na sequência da «carreira política» iniciada com a inscrição na «jota».

E o curioso é, como tem vindo a público, muitas dessas inscrições foram uma forma de ultrapassar as dificuldades nos estudos de que resultou mais tarde, após ocuparem um poleiro que proporcionou um favor a uma das novas universidades, terem recebido desta um diploma de licenciatura. Até parece já ter ocorrido terem recebido diploma de pós graduação com data anterior ao da licenciatura. E consta que há vários casos. Mas nem quero acreditar!

Sendo um dos primeiros degraus desses génios o cargo de assessores, admira como eles não tenham evitado tantos erros dos governantes que deram origem a diversos recuos, dos quais resultou desprestígio e custos em tempo e dinheiro e incómodo para os cidadãos. Mas a progressão na «carreira» aconselhava a dizer «yes sir» e nunca contrariar os chefes, sendo perigoso alertar para os erros que estavam a ser preparados. Mas eles teriam consciência desses erros potenciais?

Quando será que estes cargos passarão a ser desempenhados pelas pessoas mais válidas do país, sem os vícios e manhas dos políticos, capazes de colocarem os interesses nacionais acima das politiquices, das lutas e intrigas interpartidárias a pensar nos votos?

Bancos com lucros de milhões

Apesar da crise FINANCEIRA global, em Portugal os Bancos lucraram 1403 milhões até Setembro. Isto foi conseguido com redução de custos e oneração de clientes.
À cabeça, o Santander Totta foi o banco que obteve lucros mais elevados, ascendendo estes a 399,3 milhões de euros (mais 0,3% que no período homólogo).

Mas, apesar disso, ainda querem mais lucros, pretendendo criar uma taxa para a utilização do cartão multibanco.

Já há mais de dois anos nos posts Cartão multibanco explora o cidadão e Banca cria lucros explorando os clientes se alertava para as manobras tendentes ao aumento de lucros à custa dos clientes.

O cartão Multibanco é um exemplo típico da face mais exploradora das técnicas de Marketing: primeiro «impingiram» o cartão aos clientes, quase os obrigando a aceitar, porque isso iria reduzir o pessoal de atendimento ao público (diminuição de pessoal igual a redução de custos); depois de as pessoas se habituarem às vantagens do cartão apareceu a anuidade e, entretanto, para dificultar a fuga para a alternativa do cheque, aumentaram o preço deste; agora que as pessoas já aceitam a anuidade como normal, querem a taxa de utilização. E fazem tudo isto baseados na memória curta das pessoas que esquecem que o cartão apareceu para benefício do banco ao reduzir o pessoal em serviço nas agências.

E enquanto os bancos se banqueteiam com lucros de muitos milhões, continua no País muita gente com fome, muitos que eram remediados vão à sopa dos pobres, envergonhadamente, para não morrerem por desnutrição.

Já que os políticos não encaram as dificuldades crescentes que desta forma são impostas ao povo (porque delas beneficiam como têm mostrado notícias da CGD, CCP, BPN, BPP, etc.), deve cada cidadão pensar serenamente como deixar de ser explorado de forma tão sistemática e sem escrúpulos, de forma tão imune e impune, no bom estilo dos parasitas mais sugadores.

Corrupção organizada ???

Transcrição:

A cabeça do polvo
Jornal de Notícias. 091109. Por Mário Crespo

O sistema judicial português enfrenta o imenso desafio de não deixar que o Face Oculta se torne numa segunda Casa Pia. Até aqui o processo tem tido um avanço modelar. Não houve interferências políticas. Lopes da Mota não veio de Bruxelas discutir com os seus pares metodologias de arquivamento e, no que foi uma excelente janela de oportunidade de afirmação de independência, não havia sequer Ministro da Justiça na altura em que o País soube da enormidade do que se estava a passar no mundo da sucata. Mas, há ainda um perturbante sinal de identidade com a Casa Pia. É que o único detido, até aqui, é o equivalente ao Bibi e Manuel Godinho, o sucateiro, no mundo da alta finança política não pode ser muito mais do que Carlos Silvino foi no mundo da pedofilia. Ambos serviram amos exigentes, impiedosos e conhecedores que tentaram, e tentam, manter a face oculta. É preciso ter em mente que as empresas públicas são organizações complexas. Foram concebidas para ser complicadas. Com os tempos foram-se tornando cada vez mais sinuosas. Nas EPs, as tecnoestruturas, que Kenneth Galbraith identificou e descreveu como o cancro das grandes organizações, ocupam tudo e têm-se multiplicado, imunes a qualquer conceito de racionalidade democrática, num universo onde não conta o bom senso ou a lógica de produtividade. Parecem ter um único fim: servirem-se a si próprias. Realmente já não são fiscalizáveis. Nas zonas onde era possível algum controlo foram-se inventando compartimentos labirínticos para o neutralizar, com centros de custos onde se lançam verbas no pretexto teórico de elaborar contabilidades analíticas, mas cujo efeito prático é tornar impenetráveis os circuitos por onde se esvai o dinheiro público. Há sempre mais um campo a preencher em formulários reinventados constantemente onde as rubricas de gente que de facto é inimputável são necessárias para manter os monstros a funcionar. Sem controlo eficaz, nas empresas públicas é possível roubar tudo. Uma resma de papel A4, uma caneta BIC, um milhão de Euros, uma auto-estrada ou uma ponte. Tudo isto já foi feito. Por isso mais de metade do produto do trabalho dos portugueses está a fugir por esse mundo soturno que muito poucos dominam. Por causa disso, grande parte do património nacional é já propriedade dos conglomerados político-financeiros que hoje controlam o País. Por tudo isto é inconcebível que Manuel Godinho tenha sido o cérebro do polvo que durante anos esteve infiltrado nas maiores empresas do Estado. Ele nunca teria conhecimentos técnicos para o conseguir ser. Houve quem o mandasse fazer o que fez. Godinho saberá subornar com sacos de cimento um Guarda-republicano corrupto ou disfarçar com lixo fedorento resíduos ferrosos roubados (pags 8241 e 8244 do despacho judicial). Saberá roubar fio de cobre e carris de caminho de ferro. Mas Godinho não é mais do que um executor empenhado e bem pago de uma quadrilha de altos executivos, conhecedores do sistema e das suas vulnerabilidades, que mandou nele. É preciso ir aos responsáveis pelas empresas públicas e aos ministérios que as tutelam. Nas finanças públicas, Manuel Godinho não é mais do que um Carlos Silvino da sucata. Se se deixar instalar a ideia de que ele é o centro de toda a culpa e que morto este bicho está morta esta peçonha, as faces continuarão ocultas. E a verdade também.

NOTA: Há justificados receios de que os culpados melhor colocados na estrutura sócio-política continuem imunes e impunes e apenas sejam atirados uns fogachos para os mexilhões. A Justiça está a preparar a salvaguarda de uma pretensa imagem de isenção estendendo uma capa sobre um deputado do maior parido da oposição, adiando sine die o seu julgamento a fim de não se dizer que tem simpatias para com os do partido do Governo. ‘há critérios iguais para todos, sem favores especiais para ninguém’ . O certo é que nisso os partidos entendem-se muito bem, como se viu na aprovação por unanimidade da lei de financiamento dos partidos depois vetada pelo PR
Por coincidência, ou talvez não, circula novamente o seguinte cartoon que já circulou há largos meses

Acabem com as suspeitas

Este pedido, apelo, conselho, é muito sério e, se não for considerado como tal, pode ser seguido a curto prazo por outro do género «acabem com os suspeitos», o que seria mais doloroso e indesejável porque, provavelmente, vitimaria inocentes e lesaria as respectivas famílias.

Para acabar com as suspeitas a solução passa por uma Justiça funcionar correctamente, assente numa legislação funcional, merecendo a confiança dos portugueses, e pela transparência que permita todos os esclarecimentos do povo, detentor da soberania em democracia.

Portugal tem pouco de parecido com a Coreia do Norte (República Democrática Popular da Coreia) e não há cá oficialmente nenhum «Líder Supremo» do tipo Kim Jong-il, herdeiro «democrático» do seu pai Kim Il Sung. Por isso as prioridades governativas não devem de vista os interesses do povo, ouvindo os seus legítimos anseios e reivindicações e tendo em devida conta os seus direitos.

Estas reflexões foram suscitadas pelo artigo «volta o milho para os pombos» de Ferreira Fernandes, que termina com esta curta mas expressiva frase Portugal não aguenta tanta corrupção.