sábado, 18 de setembro de 2010

Mário Soares claro e oportuno

Mostrando querer resistir à eutanásia compulsiva, ao gosto de Almeida Santos, o ex Presidente da República brinda os portugueses com afirmações sensatas, convergentes com os interesses nacionais e oportunas, ao dizer que é preciso haver cortes nas despesas ao nível da administração central, regional e local, das regiões autónomas e dos vários órgãos de soberania.

“É preciso haver cortes e aí acho que o doutor Passos Coelho tem razão”, afirmou.

Na opinião de Mário Soares, Portugal “precisa é de cumprir aquilo a que se comprometeu no primeiro e no segundo Programa de Estabilidade e Crescimento”. “Há uma certa dificuldade em conseguir crédito, é natural e é por isso que temos mesmo de reduzir os nossos défices e o nosso endividamento externo”, concluiu.

Devemos ter apreço pela sua frontalidade e clareza num ponto candente da vida nacional, não se limitando a insinuações, tabus ou meias palavras, quando o «Risco atribuído à dívida de Portugal aproxima-se dos máximos históricos» e quando alastram os receios da vinda do FMI.

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Mais um troféu para Portugal

Para contrabalançar o desgosto depressivo que os nossos políticos, economistas e financeiros nos causam persistentemente, criando crises, em vez de as evitarem e sendo incapazes de as sanar, é com prazer que tomamos conhecimento de mais um prémio internacional muito significativo que foi atribuído a um nosso compatriota.

A notícia Investigador recebe prémio internacional diz que:

«O astrónomo português Nuno Cardoso Santos recebeu ontem, sexta-feira, na Arménia, o prémio internacional Viktor Ambartsumian, o segundo mais importante na astrofísica, que distingue investigadores por excepcionais contributos para a ciência.

O investigador do Centro de Astrofísica da Universidade do Porto (CAUP), recebeu o prémio no valor de 385 mil euros que irá dividir com os colegas de projecto, Michel Mayor, da Universidade de Genebra, e Garik Israelin, do Instituto de Astrofísica das Canárias.»


Felicitamos o Dr. Nuno Cardoso Santos e desejamos muitos outros êxitos na sua carreira.

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O António, «de pequenino torceu o pepino»

Há dias um comentário no post «Jovem flautista com futuro prometedor»referia a dificuldade que um jovem filho de pobres não pode concretizar a sua vocação cultural e artística, desde que esta exija meios exteriores às escolas do Estado. E mesmo que os seus objectivos se enquadrem na estrutura concreta, o estímulo é praticamente inexistente, como refere Jorge Nogueira citado no post «Aluno português brilhou em competição no Japão», quando fala das dificuldades que teve de vencer.

Por acaso, ontem almocei com o amigo António, já aqui referido algumas vezes, e por saber das dificuldades com que se debateu, abordei com ele este tema. Embora tivesse nascido no início do ano, o pai no Outubro anterior a completar 7 anos, tentou matriculá-lo na primária, mas a professora recusou-se a abrir a excepção, mesmo tratando-se de poucos dias, e disse que apenas poderia entrar no ano seguinte. Foram 12 meses em que o pai, usando livros escolares emprestados por um vizinho, foi ensinando o António e quando este entrou na escola já sabia tanto como os da segunda classe.

Foi utilizado pela professora para ajudar os que sabiam menos, e assim continuou até ao fim da quarta classe, porque compreendia as coisas rapidamente e a professora servia-se dele como um auxiliar precioso, para ensinar as classes mais atrasadas, enquanto ela repisava com os da sua classe. Os pais, dadas as referências da professora às suas qualidades e gosto pelos livros, tencionavam matriculá-lo na Escola Comercial e Industrial da cidade, distante de seis quilómetros da sua casa, à semelhança de dois rapazes mais velhos, um e dois anos.

Mas a professora e o marido, também professor numa aldeia vizinha, pressionaram os pais a levá-lo para o liceu e que se estes não quisessem, seriam eles (professores) que lhe pagariam as despesas do primeiro ano e, depois, os pais que decidissem. O professor conhecia o António porque os alunos que estavam a preparar-se para os exames iam lá para casa fazer exercícios depois das aulas e ele observava como cada um se desempenhava das dificuldades.

Os pais, honrados e briosos, apesar das dificuldades de rendimentos, não aceitaram tal ajuda e decidiram seguir tais conselhos e suportar as despesas inerentes, com sacrifícios que podiam ter sido maiores do que se veio a concretizar. O António aceitou sem hesitar percorrer todos os dias a pé, os seis quilómetros de manhã e à tarde, evitando os custos de pensão na cidade. Nunca faltava e, pelo caminho, com chuva, neve, vento ou sol forte, ia recapitulando de cabeça as lições, e recebia todos os anos um diploma de assiduidade por nunca ter faltado ou sequer chegado atrasado. De manhã, procurava estar meia hora antes para cobrir qualquer pequeno atraso a que fosse obrigado.

Mas além da poupança em pensão, houve o incentivo escolar traduzido na isenção de propinas, devida às boas classificações, sempre no Quadro de Honra, em todos os anos e uma bolsa de Estudo no 6º ano, por no exame do 5º ter sido o melhor classificado de todos os examinandos. Uma parte da bolsa serviu para comprar uma bicicleta que facilitou as deslocações entre a casa e o liceu. Também teve apoio da Mocidade Portuguesa que lhe forneceu alguns livros de estudo, dos quais se orgulha de ainda ter e usar os dicionários de Português-Inglês e Inglês-Português.

Conta com orgulho que suportou bem a diferença de vida dele em relação aos colegas: enquanto perdia mais de uma hora em viagem à tarde para regressar a casa, os outros ou iam a explicações (ele nunca soube o que isso era) ou brincavam. Criou sentido da responsabilidade, qualidades de trabalho, capacidade para procurar vencer as dificuldades, sem subserviência a professores nem arrogância para os colegas, amigo de ajudar e ensinar os mais fracos, ao ponto de se ter arriscado como me contou e aqui referi em «Sorte a mais dá azar!».

E ao voltar a referir-se o caso da flautista e do comentário, ele disse que há dias um general que foi colega dele no liceu, lhe recordou que os dois eram os mais pobres do liceu, mas o pai do agora general tinha posses para o hospedar na cidade. Sem dúvida que as posses dos pais são um pilar importante, mas além disso é preciso vocação, dedicação ao estudo, com sentido das responsabilidades, boa organização e gestão do emprego do tempo e persistência no esforço.

Obrigado António por esta conversa muito interessante e espero que o teu sentido de humildade me desculpe ter aqui publicado este resumo, pouco, claro para não ser extenso.

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Pensar depois de decidir pouco abona

Há quase dois anos senti conveniência em publicar aqui uma metodologia de preparação das decisões aplicável a qualquer tipo de decisão, isto é, de escolha entre várias hipóteses de solução para os problemas a resolver. Resume-se em pensar antes de decidir.

Mas, infelizmente, há governantes que seguem o caminho inverso: DECIDEM e depois procuram «PENSAR» na medida em que o conseguem! Isto é o que nos levam a crer duas notícias das quais se transcreve a parte inicial:

Directores e autarcas vão ser ouvidos sobre agregações de escolas
Jornal de Notícias. 16-09-2010. Alexandra Inácio

As "comunidades locais" vão passar a ser ouvidas sobre o processo de fusão de agrupamentos. A garantia tem sido transmitida pela ministra da Educação aos directores escolares. Isabel Alçada assumiu que o processo não terá decorrido como o ministério "desejava". (…)

Ministério ainda não aprovou avaliação para directores
Jornal de Notícias. 16-09-2010. Alexandra Inácio

Os dirigentes escolares ainda não sabem como vão ser avaliados, uma vez que o Governo tarda a aprovar o diploma que define o processo. A avaliação docente é um dos temas abordados pela ministra nas reuniões com os directores, por ser uma das questões "que vai marcar o ano lectivo". (…)

O ensino pelo exemplo costuma ser considerado mais profícuo do que quando seja apenas teórico. Mas estes exemplos de recorrer ao diálogo para remediar erros é estranho, pois o diálogo e o esclarecimento mútuo em livre discussão, analisando todas as hipóteses para ser escolhida a melhor, dariam mais resultado e concederiam mais prestígio e eficiência aos decisores.

Quando a simplicidade é virtude, é lamentável que se veja a teimosa procura do caminho mais complicado, que exige mais esclarecimentos posteriores para clarificar o que nasceu torto e confuso, devido a decisões mal preparadas.

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Cuba e o fim da aventura

Cuba, a maior e a mais falada ilha da América Central, é um exemplo para o mundo quanto aos cuidados a ter na governação, em que se deve pensar mais no povo do que em caprichos e sonhos de grandeza dos dirigentes. Como diz Cavaco, ao mudar é preciso ter garantias de que se faz para melhor pois, como diz uma antiga canção «para pior já basta assim».

Como diz a notícia mais recente «Cuba falida despede 500 mil funcionários», o que não surpreende depois de há poucos dias ter vindo outra com o título significativo «Fidel Castro diz que modelo económico de Cuba não funciona nem para os cubanos» e outra com ela concordante «Fidel diz que modelo económico da ilha já não serve». Ambas estas alertavam para a necessidade de reformas a levar a cabo pelo irmão Raul Castro e para a conveniência de não lhes serem colocados entraves, «Fidel admite falhas para abrir espaço às reformas do irmão».

Durante 52 anos, desde fins de 1958, com aliás vinha sendo feito antes, o povo era utilizado pelos políticos como a relva dos estádios o é pelos jogadores de futebol, pisado sem contemplação. Isto é vulgar em povos culturalmente menos desenvolvidos. O que impera são as ideias, por vezes inteiramente desajustadas, dos políticos que, arrogantemente, tentam impor o seu poder contra todos os alertar de bom senso. Embora se fale de democracia, em que a soberania reside no povo, este é esquecido com a excepção dos momentos que antecedem a recolha de votos.

Será conveniente que os gestores dos Estados interiorizem que o que é bom para o povo deve ter prioridade sobre caprichos e inovações ilusórias, sem viabilidade sustentada. Os grandes erros pagam-se por preços, por vezes, incomportáveis com as possibilidades. A gestão pública exige sentido de Estado e sentido das responsabilidades e uma justiça eficiente, independente, isenta e igual para todos os cidadãos, independentemente das suas funções.

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O ovo de Colombo ou o Rei vai nu

Transcrição de artigo seguido de nota:

O que arde cura!
Jornal de Notícias. 12-09-2010. Por António Freitas Cruz

As televisões mostraram de raspão (quem sabe se envergonhadamente…) uma ideia que Miguel Cadilhe terá deixado cair algures por aí e que se poderá traduzir, salvo erro, mais ou menos assim: vale mais uma boa crise política do que um mau Orçamento. Ou seja, digo eu, o penoso deslizar para um pântano sem saída.

Não tenho competência para debater a proposição do prestigiado antigo ministro, mas aquilo a que chamarei, sem originalidade, o meu "feeling" diz-me que lhe assiste a razão.

Nunca se saberá o que seria melhor. Está totalmente fora de hipótese a concordância do presidente. Trata-se de um institucionalista inveterado, que defende o integral cumprimento dos mandatos e que, ainda por cima, se encontra à beira da sua própria reeleição: donde, estabilidade a qualquer preço, ainda que nos atire contra uma parede.

Quando Cavaco Silva ajudou a correr com um primeiro-ministro, deu-se mal com o fim da história. Se é certo ter conseguido que Jorge Sampaio despachasse a "má moeda", a verdade é que a "boa moeda" que lhe coube em sorte (e a nós também!) não era, afinal, assim tão boa. Por acaso, até era bem pior.

De modo que, com a irresponsabilidade própria de quem não tem poder, assim a modos que um bloquista ou um "pêcê" (ambos já sem a ditadura do proletariado), e beneficiando do estatuto ímpar da impertinência, eu apostava na crise política.
Afinal, o que arde - cura!

NOTA: Quando os raciocínios se prendem com pequenas coisas e os argumentos giram à volta do mesmo ponto, é impossível sair do labirinto, orientar-se na floresta. Haja quem grite «o Rei vai nu» !

Pelos vistos Cadilhe indicou a pista para sair do circuito fechado. O autor do artigo diz que tinha um «feeling» e seria correcto se os políticos institucionais não se prendessem a olhar para os interesses intestinos da luta pelo poder ou pela sua manutenção, esquecendo-se dos interesses nacionais.

O Orçamento, sendo bem preparado, a pensar em Portugal, poderá ter efeitos benéficos sobre o futuro dos portugueses nos próximos anos, ou até décadas. Por outro lado uma crise política traz perturbação e despesa nos próximos meses mas o País pode beneficiar se os portugueses souberem e quiserem escolher bons representantes, com capacidade para fazer uma gestão pública eticamente correcta.

Por isso deve ser dada prioridade à qualidade do Orçamento a aprovar, mesmo que isso tenha custos, de momento.

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Para acreditar na Justiça

Uma crítica positiva, construtiva, não se deve resumir a apontar o que está menos bem, mas a sugerir soluções, novas pistas. É o caso presente. As condições apresentadas, no artigo que se transcreve, para credibilizar a justiça, são pontos a inserir num bom guia (ou código ético) de procedimentos, um decálogo simples, não só dos agentes da Justiça mas também para uso de jornalistas e da sociedade em geral. Uma questão de civismo.

A justiça dos homens
Jornal de Notícias. 12-09-2010. Por A. Marinho Pinto

Há dois mil anos, na Palestina, um Nazareno inocente foi condenado à morte por uma multidão de pessoas fanatizadas naquele que é até hoje o mais famoso julgamento da história da humanidade. O que mais me impressiona nesse julgamento não é o facto de o arguido estar inocente, pois sempre houve e haverá inocentes condenados; também não é a brutalidade da sentença, pois a pena máxima sempre foi a preferida das multidões; não é sequer a certeza irracional da turba sobre a culpabilidade do acusado, pois todas as multidões (as massas, como dizem alguns) são sempre irracionais e só têm certezas (por mim fujo sempre delas, seja nos estádios de futebol, seja nas procissões políticas ou sindicais, seja nas manifestações públicas de qualquer religião).

O que ainda hoje me impressiona naquele julgamento é o facto de, então, ninguém ter erguido a voz para defender o arguido ou sequer para manifestar dúvidas sobre a sua culpa. Ele, que pouco tempo antes arrebatava multidões, ele que fora a esperança para milhares de seguidores, de repente, estava ali sozinho, sem defesa, perante uma multidão que, embriagada com as suas próprias certezas, ululava pela execução da sentença que ela própria proferira.

O próprio julgador, que tinha os poderes para impedir a injustiça, cedeu às suas exigências e, apesar das dúvidas que chegou a manifestar, optou por lavar as mãos e entregar o acusado aos justiceiros. E mesmo aqueles que o sabiam inocente, não foram capazes de um gesto em sua defesa. Todos, por medo, vergonha ou cobardia, se calaram. E até os seus seguidores mais próximos negaram que o conheciam. E tudo isso aconteceu, não pela inexorabilidade de um desígnio profético, mas porque os senhores do Templo queriam a sua condenação a todo o custo e trabalharam para isso, manipulando e intoxicando a opinião pública de então. Dessa forma conseguiram o duplo objectivo de fanatizar uma parte da sociedade e calar os que tinham dúvidas ou acreditavam na sua inocência do acusado.

Casos semelhantes surgiram aos milhões ao longo da história da humanidade e repetem-se ainda hoje um pouco por todo o mundo, sempre com a intolerância e o fanatismo a aniquilar o direito de defesa dos acusados. Desde os inocentes que arderam nas fogueiras da Inquisição até aos condenados dos processos de Moscovo ou de Praga, para já não falar nos decapitados ou fuzilados de todas as revoluções e contra-revoluções, todos foram vítimas daquelas certezas absolutas que fanatizam as pessoas, por vezes até as mais generosas.

Por isso eu só acredito na justiça dos homens quando ela é feita no respeito por princípios que a relativizam e lhe impõem, como regra fundamental, o respeito absoluto por todas as pessoas envolvidas.

Por isso eu só acredito na justiça quando os que a administram respeitam os direitos de defesa e não os tentam esvaziar com alegações espúrias de excessos de garantismo.

Por isso eu só acredito na justiça quando ela é feita no lugar próprio que são os tribunais, por magistrados e advogados independentes e não nos órgãos de comunicação social por justiceiros de ocasião ou em instâncias não soberanas.

Por isso eu só acredito na justiça quando ela aceita sem dramatismos que é preferível inocentar um culpado do que condenar um inocente.

Por isso eu só acredito na justiça quando, em todos os seus trâmites, ela respeita o princípio da presunção de inocência até ao momento em que um veredicto de culpabilidade se torne definitivo por já não poder ser objecto de recurso ordinário.

Por isso eu só acredito na justiça quando ela é feita não em nome das vítimas, mas sim em nome dos bens jurídicos ofendidos com o crime e para reafirmar solenemente a validade desses bens, sem cedências a qualquer fundamentalismo justiceiro.

Por isso eu só acredito na justiça quando, havendo lugar ao ressarcimento moral das vítimas, ele não se faça através da humilhação pública dos condenados, sejam eles quem forem.

Por isso eu só acredito na justiça quando ela procura a verdade dos factos através de provas produzidas no próprio processo com respeito pelo princípio do contraditório e não com a informação tendenciosa de órgãos de comunicação social.

Por mim sempre lutei por esses princípios e, seja como bastonário da OA, seja como advogado ou como simples cidadão, nunca deixarei de erguer a minha voz em protesto contra a sua violação.

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11 de Setembro

Dois momentos a recordar, neste dia: Em 1973 no Chile e em 2001 nos EUA.

Se a maior parte das pessoas se recorda da destruição das Torres Gémeas, são poucas as que têm memória do que aconteceu em 1973 no Chile em que foi assassinado o presidente eleito Salvador Allende, e bombardeando do Palácio de La Moneda como inicio do golpe militar que levou ao poder o ditador militar Pinochet, cujo regime resultou na morte de cerca de 30,000 pessoas e milhares de desaparecidos e torturados. pode ler aqui e
aqui.

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Explosão e incêndio em S. Francisco

É de lamentar os danos pessoais e materiais e a quantidade de pessoas lesadas por esta catástrofe.

Infelizmente, nos tempos mais recentes tem havido demasiados acidentes de graves consequências, o que coloca em evidência que a humanidade tem-se degradado nos aspectos humanos, de sensatez e lucidez, não acompanhando em precaução e sentido de segurança e de responsabilidade, os avanços tecnológicos que tem vindo a utilizar. Em vez de se ajustar aos riscos que a tecnologia acarreta e tomar as medidas de prevenção e segurança mais adequadas, acabou por se desmazelar a permitir que aconteçam acidentes de gravidade inusitada.

Esta degradação persistente foi abordada no post Segurança votada ao desprezo publicado há pouco mais de duas semanas. Hoje o homem parece estar mais desumano e desleixado do que no tempo do paleolítico, apesar de as tecnologias o colocarem num patamar materialmente mais elevado.

A vida não se resume ao dinheiro, ao consumismo, à ostentação, à arrogância, ao facilitismo, ao deixa andar. Há valores que têm que ser restaurados com urgência.

Podem ser visots textos e imagens aqui, aqui e aqui.

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Cuba precisa de reformas profundas

Um desabafo muito significativo que deve ser meditado. O título do artigo do Público, só por si diz muito.

Fidel Castro diz que modelo económico de Cuba não funciona nem para os cubanos
PÚBLICO 09-09-2010

Entrevista à revista norte-americana "The Atlantic"

O ex-Presidente cubano Fidel Castro, que seguiu à frente dos destinos da ilha durante quase 50 anos, admitiu que o modelo económico de Cuba “já não funciona”.

Já não funciona nem para nós”, afirmou numa entrevista com o jornalista norte-americano Jeffrey Goldberg, correspondente da revista “The Atlantic”, que conduziu ao longo do mês de Agosto em Havana uma série de conversas com o antigo líder da revolução cubana, tendo visitado a ilha a convite de Castro.

O antigo lider cubano quererá abrir espaço a reformas económicas e facilitar a vida ao irmão Raul, perante resistências de radicais.

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Insanidade nacional ???

Há uns anos vivemos num ambiente de neblina sem nos podermos orientar pela sombra do Sol nem pela estrela Polar e até falta a bússola, por já não haver com que a comprar, dado o aumento dos impostos e do preço dos produtos essenciais, ao mesmo tempo que foram reduzidos apoios sociais e outros benefícios que, embora pequenos, minoravam a carência geral.

Tem razão o PR para aconselhar palavras de verdade, pois desde as promessas eleitorais de muitos milhares de empregos de que nunca mais se falou, às palavras optimistas mesmo depois de estarmos visivelmente em crise económica e financeira, as falsidades tendentes a criar ilusões insustentáveis de futuro melhor não param e surge agora o «Ministro da Economia diz que retoma é superior às expectativas do Governo».

Mas essas palavras esperançosas não convergem totalmente com o facto de que o «Estado volta a pagar mais juros para se endividar», de que os «Caminhos do Governo são “estreitos” para impedir subida do risco da dívida pública», de que o «Risco da dívida portuguesa atinge máximo de sempre», de que o «Risco da dívida portuguesa é o que mais sobe hoje».

Mas o que é muito mais grave é o sinal dado pela notícia de que as «Lojas que compram ouro usado duplicaram nos últimos dois anos», o que evidencia as graves carências sentidas pela maioria dos portugueses que se vêm na necessidade de se desfazer de património familiar, algum na posse da família há várias gerações, com um valor sentimental elevado, além do valor material. A duplicação de tais lojas é um sintoma ou uma prova da pobreza galopante que ataca a população distante dos centros de poder e que estão na mira dos exploradores das grandes empresas, como Soares dos Santos, que ignoram que teriam mais clientes e oportunidades de mais negócios e maiores lucros se à população mais pobre fosse dado algum poder de compra. Dessa forma, as empresas seriam mais favorecidas do que com a redução de IRS e IRC e aumento do IVA como defende.

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Valores éticos e personalidade

Transcrição seguida de NOTA:

Crescimento espiritual
Jornal de Notícias. 08-09-2010. Por Luís Portela

A experiência terrena de alguns milénios centrou a atenção dos seres humanos no exterior. Provavelmente pela necessidade de sobrevivência, a que se terá seguido a necessidade de segurança, de relacionamento harmonioso com os reinos mineral, vegetal e animal e, sobretudo, com os outros homens.

A humanidade, focada no exterior, conseguiu um domínio esmagador de tudo à sua volta, procurando condições de vida material cada vez mais favoráveis. Ressalta, porém, algumainsatisfação da generalidade dos seres humanos.

Insatisfação provavelmente proveniente do egoísmo humano, que foi desprezando os valores universais e ferindo, em seu proveito, os diferentes reinos da Natureza, de forma evidentemente desarmoniosa. Mas, insatisfação também resultante do exagero da atenção que os seres humanos têm dedicado ao exterior, esquecendo-se de focarem a atenção no seu interior.

Parece que só uma profunda análise interior, na busca de uma maior compreensão de quem somos e de quais os nossos reais objectivos na experiência terrena, nos permitirá sentir a dor e a alegria dos outros, compreender o nosso papel no Todo Universal, desenvolver a sensibilidade, a tolerância, a compaixão e a sabedoria que nos possibilite um superior grau de realização. Impõe-se, então, um maior trabalho interior de auto-análise, de abertura de consciência, de compreensão mais profunda de quem somos.

O facto de biliões de seres humanos continuarem a sofrer de pobreza, fome, opressão, humilhação e brutalidade parece tornar imperiosa a substituição do objectivo central da experiência humana da sobrevivência para o crescimento espiritual. E o crescimento espiritual consiste em criar uma compreensão mais profunda do nosso eu, percebendo como pelo nosso pensamento podemos introduzir melhorias em nós próprios e como essas melhorias podem ter impacto no mundo.

NOTA: O desprezo pelos valores éticos e pelo crescimento espiritual, tem levado a graves agressões ao ambiente, ao esgotamento dos recursos naturais à poluição, às catástrofes e à fome que aflige quase meio mundo naturais.

Este assunto tem sido aqui abordado por várias vezes. Os seguintes links apresentam temas convergentes com o deste artigo:


- Dinheiro não é o essencial
- O Steve Jobs da publicidade fartou-se do capitalismo?
- Dinheiro não dá felicidade
- Mark Boyle: Há um ano sem dinheiro
- Lição de vida dada por um Tuareg
- Dispensar excessos, consumismo e ostentação
- O Homem sensato e a Avestruz
- Simplicidade de vida e justiça social
- A Simplicidade é louvável
- Milionário desfaz-se da fortuna que o faz infeliz

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PSP dá lição aos políticos

Transcrição seguida de NOTA:

Convocada primeira greve na PSP
JN. 100908. 00h46m. ALEXANDRA FIGUEIRA

Está convocada para Novembro a primeira greve da PSP. Ontem, terça-feira, o terceiro maior sindicato anunciou o pré-aviso para os dias em que Portugal deverá acolher uma reunião da NATO, com a presença de Barack Obama. Mas a legalidade da greve não é unânime.

"Não estamos a inventar nada, estamos a cumprir a lei", assegurou ao JN o presidente do Sinapol - Sindicato Nacional da Polícia, que convocou a paralisação para 19, 20 e 21 de Novembro, dias aprazados para uma reunião da NATO, com a presença do presidente norte-americano, Barack Obama.

Armando Ferreira garante que sucessivas alterações à legislação, incluindo a que regula o contrato de funções públicas, acabaram por tornar legal a marcação de greves por sindicatos da PSP. E invoca pareceres de constitucionalistas como Gomes Canotilho e Jorge Miranda.

Armando Ferreira garante, por isso, a legalidade da decisão tomada ontem, numa assembleia geral do sindicato. "Estiveram presentes 60 pessoas; 58 votaram a favor e duas abstiveram-se", disse. (Toda a notícia aqui)

NOTA: Um bom aproveitamento da data. Serve para o sindicato ensinar aos senhores políticos que os polícias não devem ser considerados como simples e vulgares funcionários públicos.

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Coesão e união de esforços na governação do País ???

O presidente da República, Cavaco Silva, apelou hoje, aos portugueses que "ponham de lado as divisões", uma vez que o país precisa de "coesão e união de esforços" para enfrentar as dificuldades que sente.

Este apelo ou conselho vem ao encontro do lema muito antigo de que «a união faz a força», mas só pode ser inteiramente aplicável a uma pequena equipa organizada com um líder incontestado e, portanto, disciplinada e disposta a seguir o chefe para onde ele decidir ir.

Ora, na realidade política em democracia, tal chefia incontestada e portanto seguida sem hesitações, não existe. Mesmo dentro dos partidos a união e a coesão em torno do chefe, não passa de miragem. A nível nacional, além da opinião individual há a ausência de monolitismo nos partidos e as diferenças com que estes vêm os objectivos e as estratégias nacionais. Daqui se conclui que só é possível tal coesão e união de esforços se todos os partidos da oposição decidirem apagar-se, colocar de lado as suas ideologias e convicções e, mesmo discordando, se submeterem ao Governo mesmo nas coisas que entendem ser erros crassos contra os interesses dos portugueses. Seria uma democracia asfixiada, extinta, melhor merecendo o epíteto de ditadura.

Portanto aquelas palavras, que parecem sensatas, carecem de conteúdo prático e de uma boa explicação sobre a forma de se tornarem concretas para enfrentar as dificuldades que todos estamos a sentir, desde há demasiado tempo. Gostaria que me dissessem com quem devo ser coeso e a quem devo unir os meus esforços, em cada momento do dia.

Mas, provavelmente, o PR queria referir-se ao caso concreto da aprovação do orçamento. Porém, nesse caso, é preciso negociar as condições, os pormenores do documento, para que ele mereça a aprovação dos votos suficientes para ser aprovado. Não pode ser o PS a ceder em toda a linha nem os outros partidos a aceitarem aquilo de que discordam inteiramente. E será bom que nessa preparação da decisão haja sentido de Estado, seja sempre dada prioridade aos interesses nacionais. Só estes merecem concentrar a coesão e a união de todos os esforços.

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Desemprego combate-se falando verdade ???

O título da notícia «"É fundamental falar verdade aos portugueses" para combater desemprego, diz Cavaco Silva» pode parecer mal intencionado (!), mas a primeira frase do artigo esclarece: «O Presidente da República afirmou hoje que "é fundamental falar verdade aos portugueses" para que o país consiga atingir "o grande objectivo" de redução da taxa do desemprego.»

Até que enfim, foi descoberta a solução para combater o desemprego. Parecia um problema difícil, mas esta solução genial de um professor universitário de economia, mostra que é mais fácil do que o «ovo de Colombo».

Basta todos falarmos verdade e o desemprego desaparece. Qual formação profissional, qual vontade de trabalhar, qual redução do subsídio de desemprego, qual empreendedorismo, qual combate à corrupção, ao tráfico de droga e à «pequena» criminalidade, nada disso é necessário ou conveniente. Basta falar verdade !!!

Sempre achei que falar verdade é um dos fundamentos do civismo, é essencial em tudo na vida, mas desta não me tinha lembrado. Então, devemos dizer as verdades para que cesse o desemprego: diga-se que as estradas estão pessimamente sinalizadas e que isso arrasta o descrédito de cada sinal, a condução perigosa e a mortalidade rodoviária; a má educação na mais tenra idade despreza o sentido de segurança e produz acidentes de todo o género, em casa, no trabalho, na estrada; a falta de escolas técnicas resulta em ausência de jovens adultos habilitados para trabalhos técnicos, que terão de ser feitos por imigrantes; a descriminalização de muitos delitos e o mau sistema de Justiça permite às pessoas enriquecer mais depressa do que estando empregadas; os mais visíveis sinais de riqueza nem sempre resultam de um bom emprego e da verdade; os políticos, salvo eventuais excepções, têm bons empregos (tachos) de elevada remuneração e não usam a verdade nem fazem ideia do que tal vocábulo significa; a preparação das crianças para futuro emprego não se consegue por ter sido dificultado o acesso às escolas, eliminados os chumbos e as retenções; a falta de sensibilização dos jovens para o valor do dinheiro, recurso limitado, e para os cuidados a ter na sua gestão conduz ao consumismo e ao endividamento. etc, etc.

Aqui fica um contributo para combater o desemprego na óptica do professor Cavaco Silva. Exorto os leitores a dizerem todas as verdades que conheçam, a fim de que o desemprego desapareça completamente!!!

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domingo, 5 de setembro de 2010

A Justiça e os privilegiados

A sensatez aconselha a não correr atrás de lamentos ou gritos emotivos, sem parar para pensar e usar de racionalidade para conhecer melhor os fenómenos e tirar conclusões serenas. Quanto a conteúdo de jornais, hoje é fácil comparar o que é dito nuns e noutros e excluir aquilo que possa ser considerado exagero e menos realista.

A notícia «Magistrados do STA "consentem" evasão fiscal das fortunas» apresente motivo de preocupação, quando se deseja uma melhor justiça social com menor fosso entre os mais ricos e os mais pobres. Depois em «Justiça» vemos que o mal está na legislação que regula os procedimentos jurídicos, o que está na mão dos deputados, os tais que por se considerarem em quantidade exagerada faltam com muito à vontade.

Também o artigo «A farsa das gasolinas» merece ser lido com atenção, não apenas quanto aos preços caprichosos da gasolina, variáveis conforme a latitude do local da bomba, mas também quanto aos nomes expressos e subentendidos, mas decifráveis para quem andar atento ao ambiente envolvente.

Os detentores de fortunas, os poderosos magnatas, exercem sobre os políticos uma convincente «acção psicológica» que dá frutos. Ficou bem patente no post «Justiça Social???» a dica discreta de Alexandre Soares dos Santos a recordar aos políticos de que não devem esquecer-se de que quem manda, quem tem o poder real, é a alta finança e as grandes empresas. E estas estão na mão de pessoas que zelam pelos seus interesses, e não querem que as decisões políticas vão lesar as manobras para o aumento dos lucros. Depois lhes serão dadas as recompensas a combinar, como é o caso da notícia de que «Pinho vai dar aulas em Nova Iorque. EDP paga». Vê-se bem como funcionam as contrapartidas entre ministros servis e empresários, ou resumindo, a corrupção discreta, difícil de comprovar!!!

Os do topo da escala de riqueza estão bem protegidos, mas o povo, que já nem consegue listar as suas carências, sofre indefeso os abusos e a exploração dos poderosos. Até quando?

Os responsáveis pela Ordem Pública, devem analisar as causas dos recentes distúrbios em Maputo e alertar o Governo para as medidas apropriadas a fim de evitar que as razões do descontentamento atinjam o ponto de rotura, de não regresso. Será tarefa difícil, mas quem se candidatou ao Poder deve sacar de toda a sua inteligência, dedicação e coragem para dirigir a sua estratégia aos pontos fulcrais e não se limitar a sucessivos aumentos de impostos e de dificuldades a quem já só tem carências.

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Dinheiro público. Investimento ou esbanjamento?

Na gestão do dinheiro público, dado tratar-se de um recurso finito e que, directa ou indirectamente, sai do bolso dos contribuintes, devem ser tidos cuidados especiais, como aqui tem sido referido repetidas vezes, sendo exemplo os blogues «Despesas devem ser inferiores às receitas» e «Estónia bom exemplo de gestão financeira».

No entanto, parece existir na mente de vários políticos a ideia discutível de que os investimentos, só por si, fazem milagres, como se refere nos posts «Investimento e exportação a chave da recuperação???»e «Sócrates «encrençado» no grande investimento público». Agora a notícia «Casa nova da SIC custa dois milhões à Câmara de Matosinhos» pode traduzir mais um erro de esbanjamento com aparência de investimento.

Por acordo entre a Autarquia e o grupo de Pinto Balsemão, proprietário da SIC, Expresso, Visão, etc., celebrado em Julho do ano passado, a Câmara comprometeu-se a reabilitar e adaptar o edifício do antigo matadouro municipal, na Rua de Afonso Cordeiro, e a arrendá-lo por oito mil euros mensais, durante um período de 15 anos, renovável. Estava previsto que as obras tivessem um custo total de 1,2 milhões de euros, mas já houve um aditamento de mais 750 mil, correspondente a mais 62,5%, e não está garantido que não surja outro aumento até ao fim das obras.

Isto significa que, no final do contrato, o Município, mesmo sem outro aumento dos custos, ainda não abateu o investimento feito. Ao fim de 15 anos, quando as partes poderão ou não renovar o acordo, as rendas pagas pelo grupo Impresa vão totalizar 1,44 milhões de euros. Menos 510 mil euros do que o valor investido na recuperação do edifício.

Mesmo que se argumente com a recuperação e a manutenção do património surge a dúvida se esse património tem valor histórico ou artístico que justifique tal despesa sem retorno. Com qualidade de gestão de bom empresário não seria mais racional alienar tal património? Qual o interesse em esbanjar o dinheiro público saído do bolso de populações com dificuldades, em obras sem vantagens?

Parece ser um caso típico em que se deve usar a metodologia de «Pensar antes de decidir», coisa que não parece estar nos hábitos dos nossos governantes, autarcas e gestores públicos, o que estará na base de crises orçamentais de défice e de dívida pública.

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Fogos, erosão, deslizamentos

Há quase três semanas, no post Fogos florestais agravam perigo de deslizamento alertava-se para o aumento do risco de deslizamentos de terras com as graves consequências para pessoas e haveres como se verificou recentemente no FUNCHAL.

É conhecido o facto de pouca gente do país ler cuidadosamente os blogues, e essa pouca não presta a melhor atenção aos assuntos de maior interesse.

Mas hoje, aparece no Jornal de Notícias ao artigo Chuvas torrenciais podem "matar" solos florestais que aborda o mesmo tema, em que se lê que a «erosão causada pelos incêndios» deve dar origem a cuidados especiais de que salenta os seguintes:

«Limpeza e desobstrução de linhas de água, sementeira de plantas herbáceas de emergência (sem esperar pela sua regeneração natural) e aplicação de resíduos orgânicos (troncos e ramos de árvores), formando barreiras contra o arrastamento de solo pelas chuvas, são algumas medidas recomendadas.»

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Decisores e assessores

Transcrição seguida de NOTA:

A Prova dos Nove dos nossos políticos
Destak. 02-09.2010. Por Isabel Stilwell. Editorial

Se os chefes dessem a importância devida ao papel da secretária, ou os políticos ao dosassessores, uns e outros teriam muito mais cuidado nas suas escolhas.

Deles depende em absoluto, a sua própria imagem, e quanto mais emproado, maldisposto e bipolar for o chefe/político, mais devia investir em que quem dá a cara por ele tivesse as qualidades opostas. Alguém que pudesse, a todo o instante, esconder esses defeitos, e vendê-lo como uma pessoa difícil, mas de coração de ouro; competente, mas com problemas pessoais em vias de resolução; inteligente, mas temporariamente embrutecido pela crise económica.

Ou seja, criaturas heróicas, capazes de engolir sapos e manter a lealdade, e capazes de levar quem as rodeia a acreditar que «aquele cretino não deve ser assim tão mau, porque pelo menos sabe escolher a equipa».

Infelizmente os chefes mais broncos, sejam patrões de uma multinacional, de uma empresa pública, políticos em lugares de destaque, ou donos de um estabelecimento comercial tendem a seleccionar os seus assessores à sua imagem e semelhança, o que se não é de estranhar, resulta numa desgraça a dobrar.

É como se um dissesse mata e outro esfola, aumentando exponencialmente, a cada minuto que passa, o ódio de quem tem de trabalhar para eles. Felizmente, nestes casos, quando finalmente o de cima é despedido, a secretária segue-lhe os passos, o que abre uma clareira de esperança em qualquer empresa.

Sinceramente, se fosse de uma dessas agências de ratting que anda por aí a avaliar o futuro da nossa economia, mensageiro do FMI ou investidor estrangeiro, o primeiro levantamento que faria era o da qualidade das secretárias do País. Proponho mesmo que, nas próximas eleições, os debates televisivos sejam entre as secretárias e os assessores dos nossos políticos e gestores porque, afinal, são eles a prova dos nove da sua qualidade (ou falta dela).

NOTA: Este texto suscita reflexões com alguns pontos comuns ao texto do capítulo Decisores e Assessores do livro Tempos Difíceis aqui citado em 01.08.2010.

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Reduzir a despesa pública

Transcrição seguida de NOTA:

Cortar na despesa
Destak. 01- 09- 2010. João César das Neves.

A mais infame das expressões políticas em Portugal é: «a despesa do Estado é incompressível». Quando o Sector Público prevê gastar este ano mais de 81 mil milhões de euros, quase metade do PIB, como pode ser impossível cortar?

A situação nacional é grave, mas tem a grande vantagem de ser simples de explicar. As últimas décadas criaram uma enxurrada de direitos, serviços, obras, exigências, garantias, benefícios. Gerações de políticos congratularam-se por acumular mais uma benesse para este ou aquele.

Nunca explicavam como se pagava. Cada uma era pequena e justificável; a totalidade é a ruína do Orçamento, que aumentou 60% em termos reais em 15 anos. Só se foi pagando porque a dívida cresceu, enquanto as sucessivas subidas de impostos, que nada resolviam, estrangulavam a economia. Agora, assustados pela crise, os credores internacionais perderam a paciência.

Não vale a pena fingir ou criar encenações. A solução não exige rever a Constituição, espiolhar o Orçamento, substituir o Governo. É só necessário um pouco de coragem e sentido de Estado. Depois há que conceber um programa sério, geral e responsável de redução equilibrada de benefícios (salários, pensões subsídios, apoios, obras e serviços), procurando manter a justiça mas cortando a sério a estrutura e tendência da despesa.

O FMI faz isso de borla. Não vale a pena dramatizar nem exagerar o sacrifício. A despesa só é incompressível se o poder político for mole.

NOTA: Se o défice ocorre quando as despesas são superiores às receitas; se estas, os impostos, já estão nos limites máximos, a solução só pode estar na redução das despesas e é notório que a actual máquina do Estado está demasiado despesista em múltiplos aspectos. Dá a impressão de que a infantilidade dos políticos os leva a «brincar» com o dinheiro público sem a mínima consciência de que se trata de um recurso finito, um bem perecível.

O artigo merece ser cuidadosamente interpretado porque, nos pormenores, contém todos os pontos sensíveis da doença que ataca o mecanismo estatal.

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A fome não se mata com balas

Depois das notícias vindas de Maputo, conclui-se que os políticos raramente usam uma óptica bem focada nos interesses do povo que juraram defender. Perante manifestações contra o aumento do custo de vida, em vez de pão ao autoridade atirou-lhes balas.

Infelizmente, neste aspecto e noutros, verifica-se em muitos países mesmo nalguns que se consideram civilizados, uma criminosa falta de sentido de Estado dos políticos em funções de responsabilidade. Esquecem que foram eleitos para gerir o bem-estar do povo, como seus mandatários e que devem ter sempre presente o seu dever para com os eleitores.

A sua falta de sentido de responsabilidade e de competência na gestão dos interesses nacionais leva a actos criminosos, condenáveis, como esta onda de violência atroz contra o povo faminto e indefeso. Mas, para mal da humanidade, a Justiça que devia ser geral e isenta, acaba por ignorar os crimes dos ocupantes das cadeiras do poder.

Por se julgar interessante, transcreve-se o artigo seguinte:

Em nome do "povo"
Jornal de Notícias 02-092010. Por Manuel António Pina

Dez mortos, entre os quais crianças, e várias dezenas de feridos é o balanço provisório dos tumultos motivados pela subida dos preços dos bens essenciais em Moçambique, onde pão, arroz, electricidade e transportes sofreram aumentos que chegam aos 20%. Isto num dos países mais pobres do Mundo, com um salário mínimo que anda pouco acima de 50 euros por mês. Os protestos vinham sendo há dias convocados por SMS e, ontem, Maputo acordou ocupado por polícias, apoiados por blindados, que não estiveram com meias medidas e abriram fogo sobre os manifestantes.

Os antigos guerrilheiros hoje no Poder em Maputo esqueceram rapidamente o sentido de uma palavra terrível como "fome", gritada para as câmaras da RTP por uma mulher desesperada: "Na Presidência estão comendo bem, por que é que nós havemos de morrer de fome?".

Para o provavelmente bem alimentado ministro do Interior da Frelimo, que ordenou à Polícia que atirasse a matar sobre os seus concidadãos (o tal "povo"), milhares de pessoas acossadas pela fome saqueando mercados por comida são (disse-o na TV) "aventureiros, malfeitores e bandidos" a abater.


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Justiça Social ???

Vejamos onde se encontra a real origem do Poder que nos domina.

Para acabar com a crise e desenvolver o bem-estar dos portugueses, surgem as mais diversas sugestões. Agora, no Público aparece esta que merece séria meditação.

O presidente da Jerónimo Martins, Alexandre Soares dos Santos, que detém a cadeia de supermercados Pingo Doce e os hipermercados Feira Nova, defende redução do IRS e IRC e aumento do IVA, considerando que «o próximo Orçamento do Estado (OE) é “a última oportunidade para reduzir o papel do Estado-sorvedouro dos impostos”

Ou sou mais ignorante do que pensava ou esta proposta de um capitalista não surpreende absolutamente nada. Defende os seus interesses e os dos seus pares do topo da lista dos mais ricos e não tem escrúpulos de agravar tragicamente a vida dos mais pobres. Efectivamente, quer aliviar o IRS e o IRC que afectam mais os que têm rendimentos mais altos e libertam os que pouco têm.

Pelo contrário, quer agravar o IVA que afecta, por igual, todos os consumidores desde o mais pobre que apenas compra um pão para enganar a fome.

Se tal ideia fosse aceite, aumentaria de forma trágica o fosso, já demasiado acentuado, entre os mais ricos e os mais pobres!!!

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Gestão empresarial activa

Há dias no post Desenvolver a economia era referida a necessidade de capacidade de gestão empresarial e a conveniente independência em relação a injecções de subsídios vindos do dinheiro público. Os balões de oxigénio a tentar suprir as incompetências de gestores, raramente servem de tónico, mas apenas de analgésicos viciantes que atrasam a falência, com avultadas dívidas aio Estado e outros credores.

Hoje o Jornal de Notícias traz a notícia de que Empresas portuguesas aproveitam crise para investir em Espanha, o que vem provar que existem gestores competentes, dinâmicos, atentos à evolução da conjuntura e do ambiente circundante e sabem aproveitar oportunidades de negócio que irão beneficiar a empresa, como geradora de serviços, de lucros, de benefícios para trabalhadores e famílias e para a sociedade em geral, por osmose e por eventuais acções de mecenato.

Portanto, o desenvolvimento da economia nacional depende do dinamismo das empresas privadas e da sua boa qualidade de gestão. Para isso, o melhor que o Estado pode fazer é criar condições e estímulos para boa formação profissional.

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António José Seguro privilegia prevenção dos fogos

Depois de ter sido aqui publicado o post Fogos florestais. Mais vale prevenir!!!, verificamos que o conceito estava correcto e está a ser aproveitado por alguém que se interessa pelo País.

Segundo notícia do Ionline, António José Seguro deslocou-se, na época mais dura dos incêndios, ao Gerês, à frente de uma delegação de deputados do PS de Braga, na sequência de visitas às zonas ardidas de Braga, três dias depois da visita de Sócrates e Cavaco ao centro de operações e antecipou-se ao líder da oposição, Passos Coelho, que só se deslocou às áreas ardidas a 19 de Agosto.

E escreveu no dia 16 de Agosto na sua página do Facebook: "Acabei de visitar as zonas ardidas do Gerês (...) Tenho um sentimento de enorme tristeza. O combate aos incêndios evoluiu. É necessário fazer igual aposta na estratégia de prevenção e de reflorestação, em diálogo com as populações e os autarcas". "Temos é que iniciar o mais rápido possível a estratégia de prevenção. Até porque é mais barata que a do combate aos incêndios", defendeu também.

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Em defesa das pessoas

Estamos numa era em que o materialismo e o egoísmo com laivos de arrogância, ostentação, competição, etc. conduz ao desprezo pelas pessoas , pelo mais íntimo e válido do ser humano. A época de verão com os «festivais» da «rentrée» trazem evidências daquilo que faz correr os políticos.

Mas nem tudo é mau, secundário e desprezível, pois notam-se posições destacáveis, independentes de partidos situados em campos distantes no leque parlamentar. Por exemplo, Jerónimo de Sousa sublinhou o interesses que devem suscitar os mais carenciados, «é preciso mais solidariedade com aqueles que sofrem e que lutam». Referiu «a luta de quem se sente injustiçado, de quem é ofendido e agredido nos seus direitos, nos seus salários», considera necessário «defender os direitos dos trabalhadores, o direito a um salário mais justo», dispor de «serviços públicos de saúde».

Em concordância com tal preocupação com o focalização nas pessoas e na saúde, Paulo Portasdá prioridade à necessidade de «lei de bases para os cuidados paliativos», partindo de que «Portugal está infelizmente entre os piores países da Europa para se morrer com dignidade». Também se referiu ao emprego e disse “A primeira preocupação dos portugueses é o emprego” e “quem gera 90 por cento dos empregos são pequenas e médias empresas”. Refere também a educação e a segurança como temas de grande importância na vida social do Portugal de amanhã.

Mas, com uma óptica mais focada no umbigo, outros partidos dão menos importância aros temas nacionais e centram-se nas pequenas querelas de competição pelo poder., nas tricas de politiquice e nas palavras vazias de conteúdo válido, apenas destinadas à propaganda dirigida a maiorias pouco esclarecidas e que se movem como ovelhas atrás do odor do pastor.

Também o PR nos dá pretexto para meditação quando diz que «não espera instabilidade»
política. Mas pior do que uma instabilidade de desenvolvimento, como acontece na Natureza, será a estabilidade, a continuidade de uma situação patológica, pantanosa, de pasmaceira. Com efeito, a estabilidade saudável exige uma organização bem estruturada com objectivos racionalmente definidos, estratégias bem estabelecidas e uma coerência de regras, um códigode conduta, e uma boa metodologia de preparação de decisões. Se a continuidade não seguir tais cuidados, Poderá acontecer que a história venha ligar o nome do PR ao naufrágio de Portugal, dizendo que a maior crise económica nacional ocorreu com um professor de economia na cadeira de Belém.

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Desenvolver a economia

Conversas que podiam ser interessantes terminam em frustração pelo simples facto de a generalidade das pessoas não conseguir extrapolar da sua experiência pessoal e do recanto do seu quintal e dar o salto para um patamar mais elevado com vista para os interesses nacionais.

O interlocutor dizia que a revisão constitucional só devia ser tratada depois de resolvidos problemas mais práticos e urgentes como, por exemplo, o apoio ao desenvolvimento da economia.

Mas que tipo de apoio?

Veio a resposta: Aprovar projectos válidos e com pernas para andar que contribuam para o enriquecimento do País e avalizar perante os bancos o financiamento necessário às empresas. Tudo na óptica do empresário que não consegue gerar recursos e espera que o Estado supra a sua incompetência, à custa do dinheiro dos contribuintes.

Mas isso equivale a o Estado servir-se do dinheiro dos contribuintes para enriquecer empresários que podem ser incapazes de realizar uma boa gestão e se limitarem a pouco mais do que receber bons salários, prémios de desempenho, lucros, comprar bons carros, reconstruir as moradias de luxo com piscina, comprar casacos de peles para a esposa e… É comum ouvir-se que a maior parte das empresa que fecharam nos anos mais recentes sofriam de má gestão. E se uma empresa não consegue sustentar-se, servindo os trabalhadores e os fornecedores e agradando aos clientes, não merece que o Governo ali enterre o dinheiro dos contribuintes, deve simplesmente cessar a actividade por não ser produtiva.

Muitas grandes empresas, nacionais e estrangeiras, que beneficiaram de grandes apoios financeiros encerraram, passado pouco tempo de actividade, e foram para outras longitudes à procura de mão-de-obra mais barata, de que se pode citar Grundig de Bragança, e de entre as mais recentes, a Delphi da Guarda.

Oxalá tenha melhor sorte a empresa Arsopi Thermal que há dias foi aproveitada para mais um acto de propaganda do PM. Também será bom que o caso com a empresa Nelson Olim não dê mau resultado.

Já estão em curso medidas de apoio ao aparecimento de novas empresas, como o «licenciamento zero» que certamente dará bons resultados se for seguido de boa fiscalização e controlo da actividade, assim como será conveniente a intensificação e eficácia da formação profissional, e, por outro lado, a divulgação de estatísticas e outros dados, a difusão de sugestões para evitar acidentes de trabalho, a simplificação administrativa e fiscal, será útil para enfrentar a concorrência, para aumentar a produtividade e a remuneração dos recursos humanos.

Em conclusão, o apoio do Estado às empresas privadas, não pode nem deve traduzir-se no abuso do dinheiro público para alimentar parasitas que não conseguem a sua auto-sustentação e, muito menos, o contributo para o bem-estar dos portugueses.

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Ministro cresce em prudência

Depois de aqui serem referidas as palavras do MAI durante a sua visita aos fogos na Serra da Gralheira, surge hoje una notícia a mostrar uma personalidade mais sensata, mais madura maias prudente. Agora o MAI escusa-se a falar de responsabilidade nos acidentes na A25 o que demonstra que aprendeu que, antes de decidir falar, deve comparar a importância daquilo que vai dizer com a importância do silêncio, de ficar calado.

Está no caminho do sucesso! Se continuar assim evitará ser acusado de dizer um discurso cro-magnon, de sofrer de verborreia, de só falar sem mostrar ideias, etc, e acabará por ser um político da nova vaga que quando abre a boca fala de objectivos, de desenvolvimento, de estratégia de inovação, de um futuro de esperança fundamentada em planos e programas com tarefas bem definidas, controladas e avaliadas.

Merece a felicitação dos portugueses e os votos de que não nos desiluda.

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Coerência estratégica gera confiança e credibilidade

O abuso de alterações debilita a confiança e a credibilidade cria instabilidae no sistema e enfraquece o poder.

Segundo o artigo Défice na Justiça, o PR promulgou o pacote anti-corrupção, tendo sido efectuadas várias alterações no Código Penal, bem como noutros diplomas legais. Também estão a aguardar promulgação as alterações ao Código de Processo Penal (CPP) para corrigir alguns dos erros cometidos na reforma de 2007.

A versão original do Código Penal data de 23 de Setembro de 1982, isto é, há 28 anos. Com a recente alteração atingiu-se a 25ª alteração a este diploma legal, conseguindo a média de 13 meses de intervalo entre alterações!

Quanto ao CPP, o panorama é semelhante, pois a sua versão inicial data de 17 de Fevereiro de 1987, há 23 anos e a a alteração aguardada é a 19ª alteração, conseguindo-se a média de 14 meses de intervalo entre alterações!

Com tal instabilidade, diz o autor «existe um claro défice de segurança jurídica, facto que também contribui decisivamente para a pouca qualidade da nossa justiça.»

Isto recorda o já referido livro Tempos Difíceis - Decisões Urgentes de que se transcreve uma passagem de pág. 53-54:

«Os 30 anos de democracia em que temos vivido caracterizam-se por uma relativa instabilidade de políticas governativas, decorrentes das mudanças de governo e da correlação de forças políticas incapazes de formar plataformas de acordo. As reformas dos programas de ensino excedem os dedos de uma mão. O sistema fiscal tem tido alterações quase anuais, com uma constante na complicação cada vez maior do cumprimento das obrigações fiscais por parte do cidadão. Aqui as estratégias não tiveram tempo de se afirmar. Mas não estamos perante o fenómeno de inovação estratégica que se poderia opor à estratégia imobilista. Estamos, infelizmente, perante uma alteração de planos antes do tempo mínimo necessário à recolha dos benefícios da sua experiência. Por vezes, o erro provoca a emenda. Mas creio que têm sido feitas mudanças antes de se identificarem completamente os erros e, assim, projectar devidamente as suas correcções. Esta situação ocorre em momentos de insegurança sobre as políticas em prática. (…)

A falta de confiança ou de credibilidade na estratégia é geradora de instabilidade. Por sua vez, a instabilidade e o poder variam em sentido inverso, no ‘jogo das relações de poder’ nos sistemas, como se sabe: quanto mais instabilidade, menor o poder.»


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Portugueses na linha da frente

Depois do post Aluno português brilhou em competição no Japão e dos muitos factos semelhantes referidos na lista de links nele inseridos, surge agora a notícia que cita dois investigadores portugueses, Alexandre Correia, da Universidade de Aveiro, e Nuno Cardoso Santos, do Centro de Astronomia e Astrofísica da Universidade de Lisboa como pertencerem à «equipa europeia que descobriu um novo sistema planetário» constituído por três planetas semelhantes a Neptuno. Este sistema, agora conhecido por terrestres, e baptizado como "Tridente de Neptuno", tem, tal como o nosso sistema solar, uma cintura de asteróides e um dos planetas encontra-se em zona potencialmente habitável por seres parecidos com os humanos.

A descoberta constitui um passo na evolução da ciência do conhecimento do espaço, mas para nós representa mais uma prova de que temos cérebros que nada devem ao melhor que há no mundo, que não temem comparações. É a confirmação de que não há razões para pessimismos. Apenas precisamos de melhorar a capacidade cívica, a ética geral, e saber fazer melhores escolhas de gente válida para gerir com eficácia os valores nacionais, sem esbanjamentos, nem fanfarronices, nem arrogâncias, nem desejos desmiolados de enriquecimento rápido sem olhar a meios.

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Investimento e exportação a chave da recuperação???

Segundo noticia o Público, Sócrates disse que as duas palavras-chave para a recuperação da economia nacional são “investimento e exportação”. O entusiasmo com que estes discursos são pronunciados é, por vezes, perigoso por criar expectativas irrealistas. Tem havido no País entusiasmos semelhantes que bateram com a testa no muro, empresas que ou não chegaram a iniciar a produção ou encerraram pouco depois. Algumas mudaram-se para outras áreas geográficas, deixando centenas de pessoas no desemprego com o que isso representa de problemático para as famílias.

Sem dúvida que a exportação constitui um indicador, uma mola de recuperação, pelo dinheiro que entra no País e pelos efeitos que estão a montante, negócio dos fornecedores, trabalho e respectivos salários ao pessoal, remuneração ao capital e lucro, etc. Quanto a isso não há dúvidas. Mas quanto ao investimento, é preciso ter em conta as lições de experiências anteriores, as decisões que conduzam a medidas concretas devem ser muito ponderadas e utilizadas com critérios bem adequados, para não se repetirem erros, em que, com a falácia do investimento, foi esbanjado muito dinheiro com empresas estrangeiras que não se mostraram merecedoras do apoio.

A Alemanha, segundo notícia recente, terá este ano o desemprego mais baixo desde 1992pois está a obter grande sucesso no combate ao desemprego através das «pequenas e médias empresas e, em especial, do sector de serviços».

Portanto nada se resolve com palavras milagrosas, com uma varinha mágica, mas com análises criteriosas, desapaixonadas quanto a hipóteses mais favoráveis a amigos ou compadres e preparando as decisões tendo sempre em mente o interesse de Portugal e as condições existentes nas realidades dos portugueses, de quem se espera o melhor esforço para a recuperação que os deverá beneficiar. É preciso que todos estejam conscientes de que tudo será organizado para que os benefícios não fiquem concentrados nos que já estão favorecidos, mas sejam distribuídos com justiça social para reduzir o fosso entre os que tudo têm e os de que de tudo carecem.

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Educação sem objectivo bem assumido

Os professores universitários queixam-se de que os Alunos são "cada vez mais fracos". Há dias, na Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa, a professora de Técnicas de Laboratório e Segurança, Elvira Gaspar, reprovou quase 70% dos seus alunos, o que foi um escândalo por que se mostrou desinserida do objectivo fundamental imposto superiormente, pelo menos de forma implícita, informal, de mostrar boas estatísticas que evidenciem um bom sucesso escolar.

As notícias parecem conduzir à conclusão de que os professores universitários estão desinseridos da filosofia da ministra da Educação que defende que não deve haver chumbos nem retenções. Aluno que entra na escola deve chegar ao 12ª sem ser incomodado!!! Porque é que no ensino superior não se sintonizam com esta modernidade e não dão os diplomas a alunos que nada saibam???!!!

Os concursos televisivos em que os concorrentes ao prémio têm de responder a perguntas de escolha múltipla, mostram o nível de conhecimentos de muitos diplomados que por ali passam. Uma triste imagem dos resultados dos critérios do «sucesso escolar». E o espectáculo ainda vai no início!

Além de sugerir a leitura dos artigos atrás linkados, transcreve-se a crónica seguinte


Uma perigosa reaccionária
JN. 100825. 00h12m. Por Manuel António Pina

Uma professora da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa ficou sem a regência de duas cadeiras por ter chumbado mais de 50% dos alunos. O motivo invocado pelo Departamento de Química da Nova para a punição não deixa dúvidas: "Aumento súbito do insucesso escolar".

O resultado das recentes políticas de ensino

Desde que, no sistema educativo português, foi consagrado entre os direitos, liberdades e garantias fundamentais o direito ao sucesso escolar, quem se meta entre um aluno e o diploma a que tem direito (atrevendo-se, como no caso, a dar notas negativas em exames finais) é culpado do pior dos crimes, o de terrorismo anti-estatístico.

Se o futuro licenciado sabe ou não sabe alguma coisa (ler, escrever e contar, por exemplo), é irrelevante; o país, as estatísticas e as caixas dos supermercados precisam de licenciados. Foi isso que a professora da Nova não percebeu. Arreigada a valores reaccionários, achava (onde é que já se viu tal coisa?) que "um aluno só merece 10 valores se adquiriu as competências mínimas nas vertentes teóricas e práticas da disciplina". Campo de reeducação em Ciências da Educação com ela.


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Segurança votada ao desprezo

Um dos aspectos diariamente observados da degradação do civismo, dos valores éticos, com desrespeito pela vida própria de dos outros, é notório no desprezo a que é votada a segurança, a prevenção. O perigo, o risco, deve ser assumido em função do seu grau e da necessidade que a ele obriga, mas esta regra é desconhecida nos comportamentos quotidianos.

Nota-se falta de segurança nos cuidados de manutenção das máquinas e na sua operação, o que justifica a maior parte dos acidentes aéreos, rodoviários, no trabalho, no laser, em casa, na rua, na estrada, etc.

Existe uma mentalidade doentia de desleixo em relação à segurança, uma convicção quase mística de que os acidentes só acontecem aos outros. «Seja o que Deus quiser». Aceitam-se riscos desnecessários que muitas vezes resultam em acidentes graves como o de há dias na A25.

Como se justifica o desleixo de, em Matosinhos, estarem as Bocas-de-incêndio em Brito Capelo secas há cinco anos? Porque é que a autarquia deixou permanecer essa situação durante tanto tempo? Qual foi o papel dos funcionários municipais, dos bombeiros, da população? Que pressão fizeram para o problema ser resolvido? Quais os meios que não utilizaram e podiam ter utilizado para obrigar à defesa pública contra incêndios urbanos?
O título da notícia Homens sofrem mais acidentes laborais, talvez seja devido a mentalidades erradamente viris, que levam a correr mais perigo e a arriscarem-se estupidamente para mostrar valentia.

Há que criar nas pessoas, desde tenra idade, o respeito pela vida, própria e dos outros e a preocupação de não corrrer riscos que não sejam controlados. Mesmo com tais cuidados acontecem azares, mas deixemos os acidentes apenas a eles, e evitemo-los tanto quanto possível. É uma questão de civismo. As famílias e as escolas têm nisso um papel importante.

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Absolutamente !!! - para descontrair

Um amigo de longa data, a propósito de um post que divulguei põe e-mail, respondeu também por e-mail, que não comenta no blog porque não está absolutamente documentado sobre os factos. Fiquei baralhado porque não entendo o significado prárico, real, do advérbio de modo «absolutamente». Na minha imensa ignorância, não sei o significado prático de absoluto. Da mesmo forma, quando ouço falar de «ou zero ou infinito» sinto-me desorientado por não saber na realidade o que é uma coisa e outra. Tenho passado a vida entre estes dois limtes sem saber o que significam os extremos, principalmente o infinito.

Estava nestas cogitações quando me veio à memória uma conversa sobre o uso das palavras mais adequadas à circunstância. Ao procurar relatá-la procuro disfarçar uma palavra menos curial no vocabulário a que habituei os leitores, mas a brejeirice dá o condimento necessário à graça.

Um motoqueiro quando se dirigia à concentração anual em Faro, capital distrital do Algarve, parou numa estação de serviço para reabastecer a mota, tomar café e desentorpecer as pernas, quando se lhe dirigiu uma professora de português que na altura dava umas lições de bem dizer na televisão.

-Então qual é o destino da sua viagem?
-Venho de Lisboa e vou para Faro.
- Não deve dizer assim. Em bom português deve dizer vou a Faro. Diria a para Faro se fosse residir para lá, mas apenas vai lá passar o fim de semana. Por isso vai a Faro.
O rapaz ficou de boca aberta e olhar parado e ela, perante aquela imagem, perguntou:
-Compreendeu o que eu quis dizer?
-Compreendi muito bem. Eu apenas estou a pensar se a devo mandar à mrdea ou para a mrdea.

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