terça-feira, 30 de julho de 2013

DESLEIXO GENERALIZA-SE ???


Transcrição de artigo seguida de NOTA:

Conheça os últimos acidentes ferroviários na Europa
Ionline. Por Agência Lusa. publicado em 29 Jul 2013 - 21:5

A colisão de dois comboios esta segunda-feira (29 de Julho) na Suíça, que provocou 44 feridos, quatro deles graves, acontece cinco dias depois da tragédia ferroviária em Espanha que causou 79 mortos e mais de uma centena de feridos.

Lista dos acidentes de comboio mais recentes na Europa:

3 de março de 2012 – 16 pessoas perderam a vida e outras 58 ficaram feridas numa colisão frontal entre dois comboios numa das principais linhas da Polónia que une Varsóvia e Cracóvia. O acidente teve origem num erro humano.

13 de abril de 2012 – Três pessoas morreram e 13 ficaram feridas quando um comboio regional que fazia a rota Frankfurt-Hanau chocou com um trator estacionado na estrada perto de Muhlheim, na Alemanha. 21 de abril de 2012 – Uma pessoa morreu e outras 124 ficaram feridas na colisão de dois comboios entre a estação central de Amesterdão e a de Sloterdijk, na Holanda.

4 de maio de 2013 – Uma pessoa morreu, 93 ficaram feridas e 300 foram evacuadas devido à explosão de vários vagões de um comboio de mercadorias que transportava substâncias químicas inflamáveis entre as localidades belgas de Schelle e Wetteren, perto de Gent, na Bélgica. No acidente, provocado por excesso de velocidade, descarrilaram oito vagões e três incendiaram-se.

12 de julho de 2013 – Pelo menos sete mortos e 30 pessoas ficaram feridas quando um comboio que saía de Paris em direção a Limoges descarrilou em Bretigny-sur-Orge, na região da capital francesa. O Governo francês descartou o erro humano.

24 de julho de 2013 – Setenta e nove pessoas morreram e cerca de 130 ficaram feridas, 3o em estado grave, no descarrilamento de um comboio que fazia a rota Madrid-Ferrol nas imediações de Santiago de Compostela, na Galiza, a maior tragédia ferroviária em Espanha nos últimos 70 anos.

NOTA. Houve 3 acidentes ferroviários em 1912 e, em pouco mais de meio ano, em 1923, já houve 4. É um sinal muitas vezes referido de crescente desmazelo das pessoas no desempenho das suas tarefas. A Humanidade terá perdido o culto da perfeição naquilo que faz? Nos acidentes ferroviários, o desleixo humano constitui um factor importantes quer na operação da máquina quer, antes da viagem, na sua manutenção. Um erro pode ter consequências dramáticas para muitas pessoas e famílias.

Impõe-se que no ensino se preparem as crianças para virem a ser adultos cuidadosos, eficientes e responsáveis. E, depois, a Justiça deve punir severamente os responsáveis pelos acidentes, ao mesmo tempo que as empresas devem sancionar qualquer pequena deficiência e premiar os trabalhadores impecáveis. A tão falada avaliação de desempenho deve ser uma realidade, mas é indispensável que seja efectuada com a finalidade de conseguir os melhores resultados do trabalho para bem dos utentes, da população em geral e da empresa.


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segunda-feira, 29 de julho de 2013

PAPA FRANCISCO ENSINA


Preceitos do Papa Francisco, no Brasil, retirados de notícias da Comunicação Social

Diálogo

"Entre a indiferença egoísta e o protesto violento, há uma opção sempre possível: o diálogo. O diálogo entre as gerações, o diálogo com o povo, a capacidade de dar e receber, permanecendo abertos à verdade".

Sentido ético

Aos presentes (responsáveis políticos, culturais, económicos, sociais e líderes e de outras religiões), o Papa pediu que fossem “firmes sobre os valores éticos”. "O futuro hoje exige reabilitar a política. O sentido ético é um desafio sem precedentes".

"É impossível imaginar um futuro para a sociedade, sem uma vigorosa contribuição das energias morais numa democracia que evite o risco de ficar fechada na pura lógica da representação dos interesses constituídos".

Justiça social

“Queria lançar um apelo a todos que possuem mais recursos, às autoridades públicas e a todas as pessoas de boa vontade comprometidas com a justiça social: não se cansem de trabalhar para um mundo mais justo e solidário. Não é a cultura do egoísmo, do individualismo aquela que constrói e conduz a um mundo mais habitável, mas sim a cultura da solidariedade.”

“Nenhum esforço de pacificação será duradouro, não haverá harmonia e felicidade para uma sociedade que ignora, que deixa à margem, que abandona na periferia parte de si mesma.” Sublinha: “Porque somos irmãos, ninguém é descartável.”

"Eles vendem o justo por dinheiro, o indigente, por um par de sandálias; esmagam a cabeça dos fracos no pó da terra e tornam a vida dos oprimidos impossível". "Os gritos por justiça continuam ainda hoje", Jesus junta-se ao silêncio das vítimas da violência que não podem gritar, sobretudo aos inocentes e àqueles que estão desamparados”, referiu, acrescentando: “Jesus une-se às famílias que estão em dificuldades, que choram a morte dos seus filhos ou que sofrem, vendo-os presos em paraísos artificiais, como a droga”.

“Jesus une-se também a todas as pessoas que sofrem de fome num mundo que a cada dia joga no lixo toneladas de comida”, afirmou.

“Jesus une-se àqueles que são perseguidos pela sua religião, pelas suas ideias, ou simplesmente pela cor da sua pele”.

Corrupção

Jesus “se une aos numerosos jovens que não confiam nas instituições políticas, porque vêm egoísmo e corrupção”.

Recado para os jovens que “muitas vezes se desiludem com notícias que falam de corrupção”: “não percam a confiança” porque “a realidade pode mudar, o homem pode mudar”.

Papel dos jovens

“Transmitir aos nossos jovens os valores que farão deles construtores de um país e de um mundo mais justo, solidário e fraterno”.

A juventude é “um motor potente para a Igreja e para a sociedade”.

“Por favor, não deixem que outros sejam os protagonistas da mudança, vocês são os que têm o futuro, através de vocês entra o futuro no mundo".

"Peço-lhes que sejam construtores do futuro e se envolvam no trabalho por um mundo melhor". Essa mudança tem de começar por cada pessoa.

Animou por isso os jovens católicos para que continuem a “superar a apatia” e lutem pela mudança nos seus países.

Os jovens “querem ser um terreno bom, cristãos a sério, não querem ser cristãos pela metade, nem ‘engomadinhos’" nem "cristãos de fachada, mas sim autênticos”.

As novas gerações sejam "protagonistas da história" e "construam um mundo melhor, um mundo de irmãos". “Os jovens nas ruas querem ser actores de mudança. Por favor, não deixem que sejam os outros os actores da mudança. Não fiquem à margem da vida, não foi [à margem] que Jesus permaneceu. Ele comprometeu-se. Comprometam-se tal como fez Jesus!”

“O vosso jovem coração quer construir um mundo melhor. Sigo as notícias do mundo e vejo tantos jovens que saem à rua para exprimir o seu desejo de uma civilização mais justa e fraterna”.

Os jovens devem combater a “apatia e oferecer uma resposta cristã às inquietudes sociais e políticas que surgem nas diferentes partes do mundo”. “Peço-vos que sejam os construtores do futuro.”

Ídolos efémeros.

“É verdade que hoje as pessoas experimentam o fascínio de tantos ídolos que se colocam no lugar de Deus e parecem dar esperança: o dinheiro, o poder, o sucesso, o prazer”. “Frequentemente, uma sensação de solidão e vazio conduz à busca dessas compensações, esses ídolos passageiros”. “Mas tenhamos uma visão positiva sobre a realidade”.

“Sei que vocês não querem viver na ilusão de uma liberdade que se deixe arrastar pelas modas e as conveniências do momento. Sei que apostam em algo grande, em decisões definitivas que dêm pleno sentido”.

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PASSOS FALA DA SUA FÉ !!!


Passos não acredita que a nossa Constituição nos impeça de fazer o que qualquer sociedade desenvolvida faz”. Mas o povo é tolerante e não descrimina as religiões. Não lhe interessa a religião do PM, daquilo em que acredita ou não. Por outro lado um PM não tem que dizer que acredita ou não na Constituição, apenas tem que a saber, interpretar e explicar aos cidadãos, sem que a estes restem dúvidas.

Diz que é “verdadeiramente importante” definir o que o Estado pode fazer directamente e o que pode fazer em parceria com a sociedade civil. Mas porque não definiu ainda, depois de dois anos de governo?

O povo mais desprotegido, as denominadas classes média e baixa, tem vindo a ser obrigado a apertar o cinto, já em torno das vértebras, desde há dois anos, sem ainda vislumbrar quando pode «acreditar» que irá aliviar um furo.

Tem razão quando diz não compreender o que se tem passado, nestes últimos dois anos de austeridade sucessivamente agravada, «a indulgência perante a irresponsabilidade e o que eu acho indesculpável é uma sociedade política que não tem inteligência e exigência para cobrar a quem governa os resultados que são importantes para o país”.

Aquilo em que agora diz acreditar é um quadro de maravilha que nos prometeu, há mais de dois anos, na pré-campanha eleitoral das legislativas. Como então venceu a s eleições, agora está a usar os mesmos truques na esperança de ganhar as autárquicas, mas o clima de confiança e de credibilidade é diferente o que torna necessário mudar o discurso e deixar de falar naquilo em que acredita ou não acredita e começar a mostrar resultados visíveis do «trabalho» feito. Com uma boa «informação», até pode ser que o povo se esqueça dos sacrifícios feitos e acredite que os resultados foram compensação suficiente. Mas o acreditar é um fenómeno tão subjectivo que a sua modificação pode não estar ao alcance das mentes «iluminadas» dos políticos que nos têm enganado, como a promessa de que em 2013 acabaria a recessão.

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domingo, 28 de julho de 2013

PAPA FRANCISCO E A SOCIEDADE FUTURA


Transcrição de artigo com interesse para estudos geoestratégicos:

«OPapa Francisco pode ser o líder de uma revolução mundial» EL PAÍS, 
EL PAIS, Madrid 30-3-2013 Por Juan Arias Publicado em julho 3, 2013 por R Paiva

Juan Arias escreveu em El País, periódico espanhol de tendência socialista (Madri 30.03.13) que “a Igreja encontrou um líder? E o mundo político? A Igreja foi mais rápida que o mundo político”. O articulista traça um retrato da Igreja na Europa, cuja população envelhece e as crianças rareiam, vendendo templos, muitos convertidos em boates, e o mundo político, “que se encontra perdido numa profunda crise, não só económica, mas também de valores, órfão de liderança, em plena revolta civilizacional”. Então, “as duas instituições – a religiosa e a leiga – se arrastam sem horizontes para as jovens gerações, sem saber por onde ir”.

Arias admira-se  de que, “nesse panorama, a Igreja, com seus dois mil anos de história, seus santos e demônios, suas inquisições e mártires da caridade, conseguiu encontrar um líder mundial (…) Um pequeno grupo de cardeais – a maioria anciãos e conservadores – (…) deram-se conta de que o eixo do mundo mudou: já não é a Europa, mas os países emergentes”. Por isso foram procurar o novo Papa longe.

O Papa Francisco, que “se continua intitulando sacerdote e bispo, se converteu, em menos de um mês no cargo, “no personagem mais em foco do planeta, como um dia foram Gandhi e Martin Luther King (…) Com alguns gestos simbólicos ele desencadeou uma autêntica revolução religiosa e política, que começa a refletir-se além da Igreja”.

Arias relembra como Stalin perguntou quantas tropas tinha o Papa: “Falava de armas, contudo, a Igreja tem outras armas, que começavam a enferrujar”. Ela é uma instituição, acrescenta, “apesar dos erros que arrasta, das melhor organizadas do mundo, que conta com ‘meros’:

• 1.200 milhões de fiéis;
• Um exército de 1 milhão de sacerdotes e religiosos;
• Com 114.736 instituições assistências pelo mundo;
• 5.246 hospitais;
• 74 mil dispensários e leprosários;
• 15.208 residências para anciãos necessitados;
• 1.046 universidades;
• 205 mil colégios;
• 70 mil acolhimentos para 7 milhões de crianças;
• 687.282 centros sociais;
• 131 centros de apoio a pessoas que sofrem de AIDS em 41 países”.

Arias cita um líder comunista italiano, que comentava que se o Partido contasse com estes elementos, faria “uma verdadeira revolução social”, e comenta: “E essa verdadeira revolução social é a que o Papa Francisco começou a levar a cabo na Igreja, e que o mundo político parece incapaz de empreender, mergulhado em suas receitas de sacrifícios e cortes de gastos com os mais fracos, enquanto, como erva daninha, se multiplica a corrupção dos políticos e banqueiros”.

O articulista prossegue : “A Igreja parece ter encontrado este líder. E não é um líder místico, trancado em suas orações, com uma visão arcaica e autoritária da fé, mas alguém que pediu aos militantes deste exército que deixem de ser ‘coleccionadores de antiguidades’ e cultivadores de ‘teologias narcisistas” para irem “sujar os pés com o barro nas periferias do mundo’, onde se encontram os mais explorados pelo poder”.

Segundo Arias, este Papa é um jesuíta dotado de “racionalidade e fé”, que, além de teologia, estudou psicologia e literatura. Um jesuíta, que adoptou como símbolo o nome de Francisco, “pode chegar a ser mais que um líder espiritual de uma Igreja. Seus antecedentes como arcebispo e cardeal de Buenos Aires e seus primeiros gestos de desapego às aparências e símbolos de poder do vaticano, a fim de enfatizar que a Igreja deve ser ‘pobre para os pobres’ o estão convertendo numa referência política e social para o mundo”.

Por isso, os poderosos estão percebendo, até com certo medo, que “o Papa Francisco não é apenas um religioso que se contentará em lavar os pés dos pobres e visitar favelas”. Eles começam a intuir que “apostar nos deserdados da terra, na escória do mundo, nos desalojados, não só para os consolá, mas para os elevar social e culturalmente (…), equivale a uma nova revolução mundial”.

Arias refere que se diz que o Papa Francisco, quando encontra agnósticos e ateus, só lhes fala de Deus se eles tomam iniciativas, mas sempre lhes pergunta se estão disponíveis para se empenhar na luta contra as injustiças. Ele gosta da política “como força responsável pelo bem-estar das pessoas”.

Comenta que as autoridades brasileiras estão preparando um serviço de segurança com 750 policiais e militares para proteger o Papa em sua vinda ao Rio para a Jornada Mundial da juventude, e diz: “Não será fácil, contudo, blindar totalmente um Papa, que pediu aos sacerdotes do mundo inteiro que ‘não tenham medo de perder a própria vida’, se o empenho social e religiosos o exigisse”.

O longo artigo – que merece ser lido na íntegra – conclui citando Gandhi: “Os covardes, afinal, são já vivos mortos”.

Publicado em Coisas do Povo de Deus por R Paiva. Marque Link Permanente.

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FALAR PARA FALAR !!!


O primeiro-ministro disse há dias que o país precisa de um “clima de união nacional que permita convergência", o que foi muito criticado por ter utilizado uma expressão «excomungada» há quase 40 anos. Mas em vez de escolher uma ideia inovadora reafirma apelo à "união nacional", mostrando a sua teimosia obsessiva e arrogamte.

Independentemente do termo usado, Esta reiteração do desejo de «união nacional» não está explicada, pois ela não poderá traduzir-se em todo o país começar a aplaudir o PM, mesmo quando a sua inflexibilidade se manifesta por arrogância e teimosia raiando o patológico. União não pode significar que cada cidadão se submeta aos caprichos mal definidos do PM, abdicando do seu próprio conceito de patriotismo e interesses nacionais.

Passos Coelho sempre afirmou guiar-se pelas suas próprias ideias, sem as explicar, «custe o que custar» e afirmou ignorar os sinais de «indignação» dos portugueses expressos através de grandes manifestações ou da greve geral ou de afirmações públicas de parceiros sociais, partidos, etc.

Ora, para haver união tem que haver vontade de aproximação, de sensibilidade para ouvir e sentir o pensamento da população, tal como fez o Papa Francisco ao ir ao encontro da Juventude Mundial e do povo brasileiro. Os governantes, se não encontrarem exemplo melhor, sigam o de Sua Santidade, lendo, ouvindo e meditando as suas palavras difundidas por diversos órgãos de Comunicação Social. E em vez de «união nacional», falem de convergência de todos, amor a Portugal, bem nacional, etc tudo menos despertar fantasmas indesejados.

Seria bom que seguisse os conselhos de colegas de partido, que só falasse quando tivesse algo de importante a dizer, que não fosse apenas palpite ou vago sonho e que, antes de falar, se preparasse bem a fim de evitar banalidades inconsistentes e efémeras que depois não são concretizadas.

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sábado, 27 de julho de 2013

UNIÃO NACIONAL - O OBJECTIVO???


Depois do post anterior, um amigo enviou-me o código que permite colocar o seguinte vídeo:

IGNORÂNCIA? PROVOCAÇÃO? AMEAÇA???!!!


Passos apela a acordo com PS para «clima de união nacional»

O primeiro-ministro apelou a um acordo e convergência de objectivos com o PS, para além da actual legislatura, que termina em 2015, de modo a conseguir um clima de união nacional. «Desde que tenhamos os pés assentes na terra e sejamos realistas - quer dizer, não comecemos a estabelecer objectivos que estão manifestamente para além daquilo que as condições nos permitem -, então é possível vencer e ultrapassar obstáculos e conseguir um clima de união nacional, não é de unidade nacional, é de união nacional, que permita essa convergência».

UNIÃO NACIONAL era o partido único da época do Estado Novo, o regime de Salazar. Como se compreende a utilização deste conceito, com estas palavras, e com a insistência do PM? Será ignorância da história recente? Será uma provocação ao PS? ou será uma ameaça aos portugueses do regresso ao partido único da «ditadura»?

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sexta-feira, 26 de julho de 2013

DEMOCRACIA É UM SONHO IMPERFEITO


A Democracia constitui uma forma de governar os destinos dos países muito difícil de concretizar, podendo ser considerada um sonho imperfeito, pois parece praticamente irrealizável no seu mais alto ideal. O povo vota sem ter conhecimento satisfatório dos efeitos da sua opção, sem conhecer os factores da decisão nem poder prever razoavelmente os efeitos desta nem das alternativas por onde escolher, isto é, as qualidades e capacidades dos candidatos.

Este assunto é grave porque da parte dos candidatos há pouco amor ao seu País e são arrastados por pressões inconfessadas de grupos sombra que acabam por dominar o poder sem serem eleitos. Na generalidade são adoradores de «ídolos efémeros» como o dinheiro, o poder, a ostentação, o egocentrismo, etc.

E o pior é que não se aparenta fácil encontrar uma solução para a cura dos males que afectam a democracia e que infestam a vida da generalidade dos seres humanos, em todos os continentes.

Vejamos os efeitos da «primavera» que parecia libertar o Norte de África do domínio ditatorial. O Egipto, tentou enveredar pela democracia e hoje ainda não estabilizou uma vivência pacífica e duradoura. Nestes dias mais recentes, na sequência de perturbações e do golpe militar  foi noticiada nova onda de violência no Cairo entre simpatizantes e opositores de Morsi, o presidente deposto, o que acabou por levar a ONU a tomar uma atitude, aparentemente ineficaz, com o seu Secretário-geral a pedir a libertação de Morsi.

Na Tunísia, político da oposição foi assassinado, o que deu ocasião de o PM qualificar o assassínio de "crime odioso", talvez sem verdadeira convicção, mas com a prudente tentativa de evitar que a oposição se vire para ondas de violência que criem uma instabilidade que coloque em risco a vida económica do país, nomeadamente o turismo, uma importante origem de divisas e ponto alto dos interesses nacionais.

E apesar de a democracia ser um sonho imperfeito, cabe a todos os políticos no Governo ou na oposição a fazer um esforço persistente, continuado e patriótico com a finalidade de garantir uma vida socialmente justa, pacífica, com pernas para andar cada vez melhor no futuro dos Estados e da Humanidade. E um tal objectivo não pode ser atingido se forem desprezados os bairros dos arredores das cidades, as gentes do interior, oe reformados e, de uma forma geral, os mais indefesos, isto é, se não se cuidar da «justiça social». Todos somos pessoas, todos fazemos parte da Nação, da Humanidade, que desejamos mais justa, solidária e fraterna.

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quinta-feira, 25 de julho de 2013

A «PODRIDÃO», DE RUI MACHETE


Rui Manuel Parente Chancerelle de Machete, nomeado ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, conta na sua extensa carreira política com os seguintes cargos: Comissão Política do PSD, ex-vice-primeiro-ministro do Governo do Bloco Central [PSD/CDS], secretário de Estado da Emigração em 1975, ministro dos Assuntos Sociais (1977-1979), ministro da Justiça (1983-1985) e vice-primeiro-ministro e ministro da Defesa (1985) do executivo de coligação entre o PS de Mário Soares e o PSD de Mota Pinto.

Foi presidente do Conselho Superior da SLN Valor, que detinha o BPN e, antes, no início dos anos 80, tinha sido administrador da principal entidade fiscalizadora da atividade bancária, o Banco de Portugal, Foi presidente do Conselho Fiscal do Taguspark, sociedade que se viu envolvida num processo-crime a propósito de um contrato publicitário com o ex-futebolista Luís Figo e de ligações consideradas suspeitas à campanha para a reeleição do então ex-primeiro-ministro socialista José Sócrates, em 2009.

Interrogado, após a tomada de posse, sobre a polémica em torno da sua passagem pela Sociedade Lusa de Negócios (SLN), a holding do Banco Português de Negócios (BPN), o banco nacionalizado pelo Estado em 2008 e que envolveu um custo de mais de quatro mil milhões de euros para os contribuintes, (esse facto não consta do seu currículo oficial, apesar de ter sido presidente durante vários anos do Conselho Superior da SLN), Rui Machete respondeu: "Isso denota uma certa podridão dos hábitos políticos, porque deviam saber em que condições eu passei, em vez de darem notícias bombásticas".

Quanto à referida «podridão», fala quem bem conhece os meandros da actividade política, pelo que não podemos duvidar.

Machete também foi, entre muitos outros cargos, presidente do Conselho Fiscal do Taguspark, sociedade que se viu envolvida num processo-crime a propósito de um contrato publicitário com o ex-futebolista Luís Figo e de ligações consideradas suspeitas à campanha para a reeleição do então ex-primeiro ministro socialista José Sócrates, em 2009.

Apesar da sua convicção, assente em longa experiência, de tal podridão e de não ter pensado voltar ao Governo, não hesitou em aceitar o convite para MNE, «pela situação do país". Mas o que é mais estranho é que não se trata de uma pasta qualquer mas de uma que o coloca em contacto directo com os EUA, com os quais teve «pequenos» atritos durante as duas décadas em que geriu a Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento (FLAD) que lhe mereceram críticas duras feitas pela diplomacia dos EUA à forma como geriu a Instituição. Rui Machete tornou-se administrador da FLAD em 1985, logo quando a fundação foi criada com dinheiro dos EUA no âmbito do acordo das Lajes, tornando-se seu presidente em 1988 e sendo substituído no cargo por Maria de Lurdes Rodrigues em 2010.

«Num relatório enviado a 15 de dezembro de 2008 para o Departamento de Estado em Washington pelo então embaixador dos EUA em Portugal, Thomas Stephenson, Rui Machete era arrasado pela forma como geriu ao longo de duas décadas a Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento (FLAD), visto como "suspeito de atribuir bolsas para pagar favores políticos e manter a sua sinecura".

O embaixador norte-americano, nesse telegrama, argumentava que "chegou a hora de decapitar Machete" com base, entre outras coisas, no facto de a fundação "continuar a gastar 46% do seu orçamento de funcionamento nos seus gabinetes luxuosos decorados com peças de arte, pessoal supérfluo, uma frota de BMW com motorista e 'custos administrativos e de pessoal' que incluem por vezes despesas de representação em roupas, empréstimos a baixos juros para os trabalhadores e honorários para o pessoal que participa nos próprios programas da FLAD".


Com este cenário, parece que O MNE terá de delegar num secretário de Estado bem preparado, as relações entre Portugal e os EUA a fim de poupar o ministro a enxovalhos que lesem os interesses do País.

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terça-feira, 23 de julho de 2013

REFORMA DO ESTADO EM BANHO-MARIA


Transcrição de notícia seguida de duas NOTAS, de AJS e de JMS:

Estudo da reforma hospitalar já ultrapassa prazos da troika
 Ionline. Por Marta F. Reis. publicado em 23 Jul 2013 - 05:00

Memorando prevê reorganização de unidades até ao final de 2013. Novo grupo de trabalho em funções até 2014

É um ponto inalterado no Memorando: até Novembro de 2012 o Ministério da Saúde deveria ter apresentado um plano detalhado para a reorganização e a racionalização da rede hospitalar, ajustando a actividade de áreas curativas para outras, como reabilitação ou cuidados paliativos, reduzindo redundâncias e obtendo escala. Data de implementação desse plano, que nunca foi público: fim de 2013.

A nomeação de um novo grupo de peritos, ontem, em Diário da República, sugere que pelo menos o estudo da reforma promete continuar: uma equipa coordenada por Rui Santana, da Escola Nacional de Saúde Pública, tem agora 180 dias para apresentar um relatório sobre a integração de cuidados primários, hospitalares e continuados no âmbito do SNS. O prazo de seis meses faz com que este trabalho já só deva ficar concluído após os prazos da troika para a reforma, no início de 2014.

A nomeação da equipa de Santana surge depois de, ainda na sexta-feira, um despacho do Ministério da Saúde ter nomeado um grupo técnico para avaliar as propostas de reforma da rede hospitalar feitas nos últimos meses pelas unidades e pelas administrações regionais.

Questionado sobre o porquê deste segundo grupo de trabalho no âmbito da reforma hospitalar - quando para mais existe ainda um outro grupo a debruçar-se desde Junho sobre cuidados continuados -, o gabinete do ministro da Saúde justifica--se com âmbitos diferentes. Fonte oficial nega também que estas sucessivas nomeações signifiquem um adiamento da reforma. "Não haverá reforma de fundo no sentido de tudo acontecer de um dia para outro. A reforma está a fazer-se gradualmente e sem sobressaltos", disse ao i o ministério.

Fica contudo por esclarecer como se articulam todos estes trabalhos e em que medida as reformas que já estão a ocorrer no SNS, como a reorganização do Centro Hospitalar de Lisboa Central, que pretende por exemplo encerrar a MAC, ou em Coimbra, com fusão de urgências e maternidades, se integram nesta metodologia de trabalho em torno da reforma do SNS.

Desde Novembro de 2011, quando foi conhecida a proposta de reforma hospitalar do primeiro grupo nomeado por Paulo Macedo, têm-se seguido novas equipas para aprofundar esse documento. Este ano foram pelo menos cinco. Até ao final de Junho tinham ficado de ser entregues estudos sobre blocos operatórios, centros de excelência e cuidados intensivos, além da distribuição de equipamento pesado. Ontem o ministério não esclareceu se estes trabalhos já foram entregues. Não é também público de que forma pesam nas decisões tomadas a nível local.

Confrontado com a ideia de ser preciso pôr fim a "uma cultura onde se solicitam estudos sem que se retire deles a mais pequena mais-valia", frase de Paulo Macedo na apresentação do estudo da reforma hospitalar em Novembro de 2011, o secretário de Estado Adjunto negou ontem ao i que haja desaproveitamento ou redundância nos estudos solicitados. "Estamos a criar um edifício de evidência que tem sido progressivamente usado. Temos feito progressos consistentes, sem ruído e com muita determinação", disse Leal da Costa. "O conhecimento vai-se construindo gradualmente e a melhor prova de que estamos a caminhar bem é que não há notícia de qualquer implosão do SNS, apesar de muitos terem vaticinado o seu fim com a chegada deste governo."

NOTA de AJS:

Uma notícia que vem comprovar que a intenção da REFORMA ESTRUTURAL DO ESTADO, prometida há dois anos, se encontra na gaveta, conservada em naftalina, se é que a naftalina conserva intenções !!!
E isto refere-se apenas à rede hospitalar, mas há um largo conjunto de sectores de que nem se fala. Temos vivido de promessas e parece que a continuidade continuará a ser a nossa sina. Não esquecer que continuidade significa estabilidade, imobilismo, estagnação, pântano, putrefacção, mau cheiro, pestilência… e DEPOI???

NOTA de JMS, recebida por e-mail acerca de assunto simillar:

Pois, claro!
Esta é a verdadeira austeridade por onde deveríamos ter começado!
Se juntarmos a isto o encerramento da maior parte das Fundações pertencentes ao Estado, bem como observatórios e outros organismos dos Ministérios que duplicam o que fazem outros departamentos desses mesmos Ministérios, se reduzissem ou cortassem mesmo as comparticipações do Estado em tantas Fundações inúteis, se reduzissem drasticamente o número de consultores e assessores GT ( veja-se, por exemplo o “belo” ramalhete de 140 historiadores e 145 especialistas de marketing da Câmara de Lisboa!), se forçassem as Câmaras a encerrar as Empresas Municipais inúteis e que apenas foram constituídas para possibilitarem o aparecimento de conselhos de administração para empregar a clientela partidária, bem que o deficit estatal diminuiria e poderia ser reduzida a carga fiscal e os cortes cegos nos vencimentos e pensões!!

Mas para isso, seria preciso um Primeiro Ministro e um Governo de pessoas corajosas e determinadas a lutar contra os grupos de pressão instalados no poder.
Mas tal será impossível através de eleições, pois serão sempre os mesmos, os dos grupos que estão a soldo dos grandes “lobbies”, os que são escolhidos para líderes dos partidos e membros do Governo e da Assembleia da República!

Quanto a mim, a primeira pessoa a ser destituída seria o próprio Presidente da República, um verdadeiro estropício que está a deixar o País ir à completa ruína e ao descalabro total!

Agora, que essa criatura tinha mostrado que tudo fizera para salvar o pouco que resta, foi desencantar esta coxa solução em vez de nomear um Governo de sua iniciativa para iniciar uma verdadeira recuperação e uma tão necessária limpeza do Estado e redução drástica do poder e influência desses grupos que tomaram conta dos destinos do nosso Portugal!!

Apenas nos resta esperar que a situação chegue a tal ponto, que algum desses organismos internacionais sinistros venha tomar conta do que resta!

José Morais da Silva

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segunda-feira, 22 de julho de 2013

AS CRISES DEVEM SERVIR DE LIÇÃO E DE VACINA


A crise política. embora esteja ainda à espera de remodelação do Governo, parece que já pode considerar-se terminada, depois de três semanas de «paragem» da actividade governativa.

O que se esperava e o que esteve na causa do falhanço do Compromisso de Salvação Nacional?

A conclusão do processo mostrou que o objectivo esperado não era realista. O interesse de Portugal é coisa que parece estar muito distante dos ideais dos partidos políticos que estão habituados a colocar os seus próprios interesses à frente de tudo, com o olho nas próximas eleições. E se, em conversa, podem referir os interesses nacionais, eles são sempre vistos como eventual resultado da aplicação das suas normas ideológicas e não estão dispostos a contrariar estas, declaradamente. Basta serem esquecidas quando os interesses particulares de políticos, ou interesses de oportunidade do próprio partido os levem a manobras heterodoxas.

E, apesar do muito que se tem ouvido, pois ser político tem muito de papagaio, difícil de fazer calar, não têm faltado afirmações que virão a ser relembradas em momentos futuros adequados mas que, se bem interpretadas, pouco ou nada esclarece.

Mas peneirando toda essa poeira ou fumaça, poderá concluir-se que, por um lado, o Governo não podia aderir com sinceridade ao diálogo proposto pelo PR. Não podemos esquecer que, repetidamente, dizia que as suas soluções dos problemas estavam correctas e iriam para a frente «custe o que custar, não aceitando propostas e sugestões da oposição, nem a indignação de manifestantes ou de grevistas nem reclamações e sugestões de parceiros sociais, etc. Estas atitudes de arrogância e de «quero, posso e mando» não podiam augurar bons resultados de qualquer simulação de diálogo.

Pelo outro lado, o partido da oposição, depois de tantas sugestões e propostas apresentadas na AR terem sido recusadas, deverá ter alimentado a vã esperança de ver agora o Governo fazer um ajustamento do rumo por forma a se aproximar da redução da austeridade e do alívio dos sacrifícios dos portugueses mais indefesos e, por isso, depois do desprezo de dois anos, persistiu nas suas normas ideológicas e nos seus ideias de democracia. Assim se deu um duelo entre guerreiros demasiado couraçados contra as armas do adversário e nenhum se sentiu forçado a fazer cedências, como seria lógico em qualquer negociação normal e interessada em atingir um objectivo comum: o de unir esforços para a Salvação Nacional, coisa que parece desconhecerem totalmente.

Esta simples tentativa de destrinçar a meada não responde a grande parte das dúvidas, principalmente as de mais pormenor. Deixo aos intelectuais meticulosos que completem a análise mas sem aumentar a complexidade dos nós e contra-nós do emaranhado que confunde as pessoas de boa-fé.

E façamos uma prece para que os portugueses com responsabilidades na governação aprendam a lição da crise e esta sirva de vacina, para melhores decisões no futuro.

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quarta-feira, 17 de julho de 2013

COMPROMISSO PARA A SALVAÇÃO


Um compromisso pode ser assumido entre duas ou mais partes e coloca em jogo benefícios e sacrifícios face a um objectivo previamente definido. Quando se negoceia entre duas partes, a mais forte sai beneficiada. Quando se trata entre várias partes, o objectivo é de interesse comum e, em relação a ele, cada parte está predisposta a fazer sacrifícios e concessões, a fim de se chegar a um consenso que seja traduzido por um esforço comum e convergente,, o que poderia significar que os sacrifícios serão distribuídos equitativamente por todos, nenhum ficando em inferioridade perante os parceiros.

No caso das negociações do Compromisso para a Salvação Nacional, englobando os três maiores partidos políticos, a jornalista Constança Cunha e Sá antevê que entre Passos ou Seguro, "um deles sai decapitado". Realmente, dos dois, o que já está gravemente lesado é Passos, cuja incapacidade para evitar as falhas que lhe têm sido apontadas pelos analistas, Gaspar, Portas e muitos notáveis do seu partido, todos apoiados em números oficiais que evidenciam a espiral recessiva iniciada nestes últimos dois anos e que não foi ainda travada, ficou bem em cheque com a comunicação de Cavaco. Também a comunicação em que o PR anuncia o Compromisso e se refere à hipóteses de eleições antecipadas, constitui uma trama de que Passos dificilmente se evade.

Quanto a Seguro, já está beneficiado por ser chamado a tomar parte activa nas medidas a decidir pelo Governo do País nos próximos meses e a sua valorização pode resultar muito positiva por pequenos retoques que introduza nas disposições que vierem a ser aprovadas, sem necessitar de trair o que disse quando prometeu não ceder à maioria. Do que se trata é de colaborar para que as decisões a tomar sejam as melhores para os interesses nacionais, dos portugueses.

Quem tem muito a ceder é Passos, porque tem de deixar a sua teimosia obsessiva do «custe o que custar», a sua fixação na solução de sucessivos agravamentos da austeridade, a que se referiu Gaspar na sua carta de demissão. Para haver salvação nacional não pode haver insistência nos erros dos passados dois anos e é imperioso fazer alteração do rumo para soluções construtivas que tragam emprego, justiça social, corte na obesidade do Estado, redução da burocracia, condenação da corrupção, do tráfico de influências, do enriquecimento ilícito, etc. Isto significa que das partes empenhadas no Compromisso a que tem que fazer mais cedências é a que constitui a coligação.

Nesta ordem de ideias, tem plena justificação Eanes quando considera iniciativa de Cavaco "ousada e correta". É correcta quanto ao objectivo que propõe ao sugerir a convergência de esforços para um mesmo objectivo de alto interesse nacional. Mas é ousada, isto é, arriscada, por contar com boas vontades onde sempre existiu conflito interpartidário de luta pelo poder pelas benesses dos ocupantes dos gabinetes, seus familiares e amigos, cúmplices e coniventes. Oxalá este aspecto menos positivo seja atenuado e não prejudique a obtenção do objectivo nacional pretendido por Cavaco Silva e por todos os portugueses de boa vontade.

E, quando se trata de interesses nacionais, é racional, lógico, pensar-se na presença, pelo menos em espírito, de todos os cidadãos e, por isso, não se estranha que Parceiros sociais querem ter voz na salvação nacional. É indispensável, no entanto que os três grandes criem método de funcionamento para evitar a indecisão e confusão quando há muitas vozes mal sintonizadas a lançar poeira. Mas não lhes faltará forma de dar oportunidade de voz aos parceiros para apresentar reparos e sugestões, de maneira a serem tomados em consideração sem perdas do andamento dos estudos. É preciso eliminar atritos por nem todas opiniões serem adoptadas na decisão final, pois esta consiste na escolha da melhor hipóteses de solução, excluindo as restantes como foi referido em pensar antes de decidir.

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domingo, 14 de julho de 2013

DÚVIDAS ACERCA DA CRISE


Perante uma situação grave, são aceitáveis as dúvidas, as interrogações e as sugestões, até que a decisão seja tomada, ou a daqueles a quem não caiba a decisão mas que gostam de compreender e de analisar os problemas. Com a devida vénia,vou aqui aproveitar muitos elementos de análise do texto publicado no blogue no Blog O TRIUNFO DOS PORCOS.

Não é fácil entender, à luz da democracia e da Constituição, a salgalhada política em que nos debatemos. É arrepiante a aparente insanidade de uma grande parte dos nossos responsáveis políticos, a começar pelo Presidente. Ou estão demasiado baralhados ou, de tão embrenhadas na contemplação das folhas, as pessoas ficam incapazes de ver a floresta. Prendem-se com pequenos aspectos marginais e deixam escapar a magnitude do problema que afecta PORTUGAL, os seus cerca de 10 milhões de habitantes actuais e as próximas gerações vindouras.

Em primeiro lugar, porque carga de água um governo maioritário necessita de "apoio" da oposição? Têm maioria, têm o poder, devem governar, pois foi para isso que se candidataram e o povo os elegeu. Governem Tomem as medidas que acham correctas e colham as suas consequências, sejam elas boas ou más, mas de preferência boas. Foi para isso que foram eleitos.

Em segundo lugar, porque razão o Presidente, que tem um Executivo apoiado por uma maioria sólida, toma a ousadia de inventar "soluções" que não dependem dele, e que consistem, basicamente, em momento de folclore regional, de dar as mãos, todos juntos, ser amigos e seguir o pastor?

Há que entender que não é assim que funciona a democracia. Por outro lado, tentar amarrar o PS, que tem estado no seu papel de oposição a preparar a alternativa ao governo é entregar de mão beijada a oposição à extrema-esquerda. Na estrutura de partidos, esta manobra espúria traduzir-se-ia, inevitavelmente, na menorização do PS em favor do BE e do PCP. E o que poderia ocorrer em próximas eleições seria algo parecido com a tragédia grega com a esquerda ufana e eufórica a servir de única alternativa ao rancho folclórico agora formado. Não parece nada boa para Portugal esta radicalização.

A estrutura democrática e constitucional, parece ser simples e funcional. O Governo governa, a oposição opõe-se, a Assembleia fiscaliza os actos do Governo e o Presidente intervém apenas quando estes papéis não estiverem a ser desempenhados O jogo democrático necessita de alternativas. A opção possível e sensata, neste momento, em Portugal, é entre PSD, CDS e PS. Os extremistas de esquerda, pelo seu pequeno peso eleitoral, não são alternativa, são partidos de protesto que apenas aceitam o jogo democrático como meio de transporte, devendo com as suas críticas ajudar a limar arestas e a polir o funcionamento da administração pública, valorizando-se, dessa forma, perante os seus eleitores, pela sua capacidade de defender os interesses nacionais, no aspecto de bem estar e qualidade devida dos cidadãos. Se as suas propostas forem perigosas, irrealistas e ingénuas, não dão boas perspectivas acerca do dia em que forem eles a alternativa.

Por isso é compreensível o cuidado de António José Seguro quando se recusava a consensos e a não participar no Governo a não ser em cumprimento da vontade expressa pelo povo. Na verdade, o consenso do PS não é necessário no actual quadro parlamentar, considerando a vitalidade do jogo democrático.

Há que olhar de frente para o quadro, o cenário, em que a maioria deve tratar de governar resolvendo os problemas de curto prazo e legislar estrategicamente para as medidas de longo prazo em que é fundamental a Reforma Estrutural do Estado sobre a qual já inúmeras sugestões na Comunicação Social e na blogosfera, nada havendo a inventar, apenas é preciso analisar e escolher a melhor solução para o PORTUGAL de amanhã. E deixem-se de palavras exóticas que só servem para confundir os cidadãos e adiar o trabalho que se impõe com urgência. Para quem não está habituado em estudar os problemas e encontrar solução pode ser difícil e duro, mas foi para isso que pediram o voto aos portugueses e eles lho deram.
E não percam tempo que ele é o recurso mais precioso pois, aquele que se perde, não se recupera.

O Partido Socialista deve fazer o seu papel e opondo-se, contestando, berrando, mas de forma positiva, construtiva, mostrando o seu valor ao seu eleitorado para constituir-se como alternativa, para que os portugueses não tenham de escolher entre grupos menos credíveis.

O Presidente Cavaco, em vez de travar de bloquear e ameaçar deve inserir-se nas regras da Democracia e, quando necessário, estimular o Governo para soluções simples e eficientes com vista à boa qualidade de vida das pessoas e ao eficaz desempenho da Administração Pública. Se vir que o Governo não funciona, então tem a competência de dissolver a AR e convocar eleições antecipadas. Mas não ameace com esta arma.

BE e PCP, devem continuar a sua actividade de crítica e de propostas mesmo que radicais e irreais. Talvez um dia algumas delas sejam aplicadas depois de os ânimos serenarem e as condições se tornarem mais propícias às utopias de agora.

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POLÍTICOS IMPREPARADOS


Segundo notícia do Jornal Económico, «Em quase duas semanas de crise política o valor de mercado das 20 cotadas que integram o principal índice da bolsa portuguesa encolheu 1,77 mil milhões de euros». A evolução da bolsa reflecte a saúde da economia nacional.e dos factores que a influenciam, entre os quais as hesitações e os erros políticos representam um papel preponderante. Indirectamente, permite deduzir os males que afligem os portugueses que são vítimas do estado a que isto chegou.

Isto mostra a impreparação e infantilidade dos governantes que, sem saber gerir um simples quiosque, se candidatam a governar um País e o fazem como se se tratasse de brincadeira sem consequências para cerca de 10 milhões de pessoas, em que muitas perderam o emprego nestes dois anos, outras têm visto as suas pensões saqueadas, outras deparam com dificuldades para a alimentação e os cuidados de saúde, etc.

Gaspar saiu, confessou falhanços e aponta o dedo a falta de coesão e de liderança no Governo. Apesar disso o PM afirma que tem muito orgulho no trabalho que está a fazer e ameaça já que quer dar a cara em 2015.

E quanto à resolução da crise, a falta de ideias e de sentido de Estado e sentido de responsabilidade, está sempre presente, Os governantes são peritos em palavras sem conteúdo, com fantasias e ilusões, talvez com intenção de apenas criarem falsas esperanças, depressa goradas. E quanto à saída da crise, não aparecem sinais credíveis de eficácia e, depois de duas semanas, surge um «esclarecimento»: os Partidos, calma e serenamente, como se tudo estivesse normal, limitam-se a negociar de forma informal acordo de salvação.

Perante isro temos que concluir que não é por acaso que José Miguel Júdice diz que “O poder político não é capaz de enfrentar as grandes corporações” e que "precisávamos de acabar com estes partidos", manifestando-se a favor de "um golpe de Estado" ou de "uma revolução" no País.

Parece urgente, inadiável e «irrevogável» que, perante a falta de preparação dos jovens políticos, seja revisto e reformulado o actual sistema de carreira política.

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sábado, 13 de julho de 2013

PREFEREM A NEGOCIAÇÃO INFORMAL !!!


Há notícias chocantes como a que diz que Partidos negoceiam de forma informal acordo de salvação, em que consta que «até ao momento ainda não há conhecimento de nenhuma reunião formal do Governo com o PS» e que «Cavaco Silva afirmou ontem que pretende a conclusão de um acordo entre os três partidos num curto espaço de tempo, podendo o limite estar marcado para o final da próxima semana.»

Isto é estranho. Embora o País já esteja em crise política há duas semanas, os maiores partidos com assento na AR continuam a brincar deixando escoar o TEMPO, com encontros «informais», como se houvesse pachorra para distinguir o que é negociação formal do que é negociação informal.

Seria bom que alguém já tivesse esboçado o que se pretende em cada sector da governação, quais os objectivos para sairmos da crise, as suas prioridades, as possíveis soluções? Sem se arriscarem nesses esboços, sem receio de eles serem relegados por virem a surgir outros melhores, não se avançará um passo. Ninguém deve estar à espera da solução óptima rejeitando as boas, e depois teimar «custe o que custar» na defesa da sua hipótese. Há que aceitar todas as sugestões, analisar friamente, sem olhar à origem, com vista ao interesse nacional e depois aperfeiçoar a definitiva, mesmo assim sujeita a ser melhorada até o último momento.

Não é difícil, mesmo para um simples cidadão, ver que é preciso fazer a reforma do Estado, cortando as obesidades da administração pública até ao mais alto nível, reduzindo ao mínimo as burocracias fontes de corrupção e de tráfico de influências, reduzir o desemprego, cuidar dos idosos, dos doentes e dos carenciados e, para efeitos a mais longo prazo, melhorar a educação para se prepararem futuros cidadãos mais esclarecidos e mais produtivos, tornar a Justiça mais eficaz e rápida, a saúde mais fácil e oportuna para os mais necessitados, etc.

Outro amadorismo é o «curto espaço de tempo» referido pelo PR, pois deve fixar prazos de forma mais clara, mesmo que as circunstâncias depois possam levar a pequenos adiamentos. Nada é definitivo mas devemos evitar o abuso do indefinido, do deixa-andar e depois se verá. O TEMPO é o recurso mais valioso porque não é recuperável, não voltamos a poder dispor daquele que perdemos.

Não se deve vaguear preguiçosamente pelo calendário com a desculpa de ser um governo de gestão por um ano. Não deve esquecer-se que a vida dos 10 milhões de portugueses não pára durante um ano e os juros da dívida não deixam de contar, pois não ignoram cada dia do calendário. Seria bom que nunca fosse perdido de vista que o futuro dos portugueses, de Portugal, deve ser considerado o farol que ilumina cada passo dos governantes.

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CAVACO DESISTE DE MEDIADOR


A notícia de que Cavaco põe de lado figura do mediador é evidencia de que quando este foi referido na comunicação ainda não correspondia a algo já decidido e que a posterior referência a Ramalho Eanes foi abusiva.

Parece que a incompetência continua. Não é sensato tornar públicos projectos e promessas antes de acertar os pormenores que os tornem viáveis. Nada pior para a credibilidade do que tornar públicas ideias que depois não podem ser concretizáveis.

Passos já está a defender-se e a colocar em cheque o PR quando diz que “É preciso trocar declaração de Cavaco Silva por miúdos” E ninguém melhor do que o autor da declaração a pode explicar nos pormenores, para depois não ter de desaprovar qualquer interpretação vinda dos três partidos. Mas mesmo isso não seria correcto porque, no nosso regime democrático, cabe ao poder legislativo, que reside na Assembleia da República, a fiscalização dos actos do executivo.

Também o cronista do Jornal de Negócios, António Costa apresenta dúvidas sobre As saídas de Belém, em que tece considerações merecedoras de reflexão.

Está assim gerado um imbróglio para o qual José Miguel Júdice sugere a solução de “Um golpe de estado ou uma revolução” que instale o “presidencialismo”, mas sublinha que, para isso é preciso que o PR seja «“uma grande figura humanista” que, podendo ser do PSD ou do PS, seja “respeitada pelas elites”. Só um Presidente com esse perfil daria “algum sossego aos conservadores e algum sonho àqueles mais favoráveis à mudança”».

Em conclusão, nos últimos anos, tem ficada bem demonstrado que não bastam sonhos e fantasias prometidas aos portugueses para que a vida nacional passe a ser mais saudável em todos os aspectos. É preciso definir o objectivo pretendido, estudar seriamente os problemas, escolher as melhores soluções, planear, programar as acções concretas e controlar os resultados a fim de ir limando as pequenas arestas que forem detectadas, a fim de os objectivos pretendidos que serviram de alvo ao processo sejam obtidos. Tal metodologia consta aqui desde 4/12/2008, mas já consta de manuais muito mais antigos.

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sexta-feira, 12 de julho de 2013

CAVACO SILVA AGIU COM DISCERNIMENTO

O facto de Cavaco Silva ter apresentado de surpresa a sua proposta de Compromisso de Salvação Nacional deixou os responsáveis políticos e a Comunicação Social embrulhada em completa incredulidade. Isso ficou patente na avalanche de notícias destrutivas de que constam títulos como LoboXavier acusa Cavaco Silva de "instaurar o caos" e Pedro Silva Pereira "Cavaco deixou uma bomba atómica ao retardador".

A primeira análise optimista que me apareceu foi a de Henrique Monteiro em Cavaco: O surpreendente bom senso, mas não explicava os motivos de a comunicação ter aparecido de forma chocante e inesperada pelos próprios líderes partidários.

Procurando compreender o que se passou e sem se deixar arrastar pela generalidade das palavras nada abonatórias dirigidas ao PT. Uma pessoa mais realista poderia descortinar uma hipóteses de solução que fosse menos absorvedora de energias e de tempo para convencimentos dos partidos intervenientes. Assim, com a proposta do «Compromisso» esboçado, o problema passou a ser de imediato dos três partidos. Ou aceitavam colaborar para bem de Portugal ou, perante a população, ficariam considerados culpados dos males que adviriam do impasse criado, com os advenientes inconvenientes para a vida dos cidadãos e para a actividade económica e o emprego.

E essa ideia foi apanhada e esclarecida por Marcelo Rebelo de Sousa em Cavaco Silva “deu um estalo à classe política”.

Dele se transcreve:

"Foi, à sua maneira, um estalo grande na classe política toda, Governo e oposição. Um estalo no PC e no BE ao dizer que não há eleições, no Governo ao não dizer claramente que esta é a solução que dura até 2015 e no PS ao não dar eleições, mas que talvez dê em 2014, sabendo que isso divide o PS".

"O Presidente achou que tinha força para dar esses estalos construtivos, esperando que os partidos pegassem. Acho que os partidos devem devolver a bola. Vamos negociar, mas vamos esclarecer dois ou três pontos que estão por esclarecer".

"Não é de risco no sentido de que o Presidente tentava encontrar uma fórmula que fosse a linha intermédia entre tudo o que ouviu. Foi a procura do menor risco possível no imediato. Pode ser um risco a prazo".

Também António Capucho manifestou regozijo pela iniciativa presidencial em Temos Presidente.

Entretanto não demoraram as reacções dos partidos que parece terem feio a escolha mais racional segundo a visão de Helena Garrido traduzida na frase aproveitar a «oportunidade para renascerem e dar ao País a possibilidade de se manter no euro. A escolha que enfrentam PS, PSD e CDS é entre a morte a prazo ou a regeneração. É entre regressarem às raízes da sua existência, o combate com o povo e pelo povo, ou continuarem a atirar o País com eles para o precipício.»

E assim surgiram sinais de que Passos, Portas e Seguro estão abertos a negociar, Passos “totalmente empenhado” em conseguir acordo pedido por Cavaco, PS reitera disponibilidade para processo de diálogo e, por seu lado, o CDS diz que Abertura ao diálogo é uma "posição de princípio".

E na sequência da clarificação do processo, veio a saber-se que Cavaco Silva convidou António dos Santos Ramalho Eanes como seu trunfo para mediar o compromisso. Em conformidade com a Crónica de Fernando Dacosta é uma óptima solução por se tratar de um «Ser Decente», um homem sério, isento, patriota que ama Portugal, que se guia pelos mais altos valores morais e sociais, que respeita as pessoas sujeitas aos efeitos dos actos do Governo e da máquina do Estado. Ele saberá, com o seu saber, a sua sensibilidade e o seu portuguesismo, contribuir para a resolução de qualquer hesitação ou controvérsia acerca da missão que está entregue aos três principais partidos, para ser ultrapassada a crise que nos tem preocupado.

Oxalá nos regozijemos daquilo que começar a ser feito para bem de Portugal. É momento para fazer reviver a frase: Todos não seremos demais para fazer ressurgir a força de Portugal.

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quinta-feira, 11 de julho de 2013

A SAÚDE MENTAL DOS PORTUGUESES


Transcrição do artigo «
A Saúde Mental dos Portugueses» do médico psiquiatra Pedro Afonso, publicado no Público em 21 de junho de 2010

Alguns dedicam-se obsessivamente aos números e às estatísticas esquecendo que a sociedade é feita de pessoas.

Recentemente, ficámos a saber, através do primeiro estudo epidemiológico nacional de Saúde Mental, que Portugal é o país da Europa com a maior prevalência de doenças mentais na população. No último ano, um em cada cinco portugueses sofreu de uma doença psiquiátrica (23%) e quase metade (43%) já teve uma destas perturbações durante a vida.

Interessa-me a saúde mental dos portugueses porque assisto com impotência a uma sociedade perturbada e doente em que violência, urdida nos jogos e na televisão, faz parte da ração diária das crianças e adolescentes. Neste redil de insanidade, vejo jovens infantilizados incapazes de construírem um projecto de vida, escravos dos seus insaciáveis desejos e adulados por pais que satisfazem todos os seus caprichos, expiando uma culpa muitas vezes imaginária.

Na escola, estes jovens adquiriram um estatuto de semideus, pois todos terão de fazer um esforço sobrenatural para lhes imprimirem a vontade de adquirir conhecimentos, ainda que estes não o desejem. É natural que assim seja, dado que a actual sociedade os inebria de direitos, criando-lhes a ilusão absurda de que podem ser mestres de si próprios.

Interessa-me a saúde mental dos portugueses porque, nos últimos quinze anos, o divórcio quintuplicou, alcançando 60 divórcios por cada 100 casamentos (dados de 2008). As crises conjugais são também um reflexo as crises sociais. Se não houver vínculos estáveis entre seres humanos não existe uma sociedade forte, capaz de criar empresas sólidas e fomentar a prosperidade.

Enquanto o legislador se entretém maquinalmente a produzir leis que entronizam o divórcio sem culpa, deparo-me com mulheres compungidas, reféns do estado de alma dos ex-cônjuges para lhes garantirem o pagamento da miserável pensão de alimentos.

Interessa-me a saúde mental dos portugueses porque se torna cada vez mais difícil, para quem tem filhos, conciliar o trabalho e a família. Nas empresas, os directores insanos consideram que a presença prolongada no trabalho é sinónimo de maior compromisso e produtividade.

Portanto é fácil perceber que, para quem perde cerca de três horas nas deslocações diárias entre o trabalho, a escola e a casa, seja difícil ter tempo para os filhos. Recordo o rosto de uma mãe marejada de lágrimas e com o coração dilacerado por andar tão cansada que quase se tornou impossível brincar com o seu filho de três anos.

Interessa-me a saúde mental dos portugueses porque a taxa de desemprego em Portugal afecta mais de meio milhão de cidadãos. Tenho presenciado muitos casos de homens e mulheres que, humilhados pela falta de trabalho, se sentem rendidos e impotentes perante a maldição da pobreza. Observo as suas mãos, calejadas pelo trabalho manual, tornadas inúteis, segurando um papel encardido da Segurança Social.

Interessa-me a saúde mental dos portugueses porque é difícil aceitar que alguém sobreviva dignamente com pouco mais de 600 euros por mês, enquanto outros, sem mérito e trabalho, se dedicam impunemente à actividade da pilhagem do erário público. Fito com assombro e complacência os olhos de revolta daqueles que estão cansados de escutar repetidamente que é necessário fazer mais sacrifícios quando já há muito foram dizimados pela praga da miséria.

Finalmente, interessa-me a saúde mental de alguns portugueses com responsabilidades governativas porque se dedicam obsessivamente aos números e às estatísticas esquecendo que a sociedade é feita de pessoas. Entretanto, com a sua displicência e inépcia, construíram um mecanismo oleado que vai inexoravelmente triturando as mentes sãs de um povo, criando condições sociais que favorecem uma decadência neuronal colectiva, multiplicando, deste modo, as doenças mentais.

E hesito em prescrever antidepressivos e ansiolíticos a quem tem o estômago vazio e a cabeça cheia de promessas de uma justiça que se há-de concretizar; e luto contra o demónio do desespero, mas sinto uma inquietação culposa diante destes rostos que me visitam diariamente.

Pedro Afonso
Médico psiquiatra

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terça-feira, 9 de julho de 2013

UM MOVIMENTO NECESSITA «IRREVOGAVELMENTE» SER INICIADO


A política Manuela Ferreira Leite tem dado provas da sua clarividência e isenção, nos alertas, avisos e críticas, sempre de forma construtiva, que tem feito ao Governo a propósito dos vários erros que os fanáticos fixados nas pessoas que detêm o poder aplaudiam cegamente e que, agora, o próprio Vítor Gaspar confessou na carta de demissão endereçada ao PM.

Se os conselhos da ex-ministra e ex-presidente do PSD tivessem sido ouvidos e tomados em consideração, provavelmente, o País já teria dominado a espiral recessiva e não teríamos de suportar os graves sacrifícios da austeridade obsessiva repetidamente agravada.

Mas, agora, perece que a sua posição foi reorientada, com inspiração conventual, no sentido de aspergir água benta sobre os efeitos dos erros destes dois anos que parece alguém querer que sejam consolidados pela reforçada estabilidade e continuidade no mesmo rumo, apesar de já assumido como sendo errado.

Ferreira Leite diz que Reforma do Estado não se 'decreta de um dia para o outro', o que não deixa de ser verdade, mas que nada esclarece. A Srª ex-ministra deve saber que, nas competições de atletismo, na corrida dos 100 metros demora-se menos tempo a chegar à meta do que na maratona. Nesta a velocidade da corrida é muito menor. Mas em todas, o atleta não pode ficar com os pés agarrados aos tacos depois do sinal de partida. E, infelizmente, o Governo «prometeu», «garantiu», «assegurou» que ia proceder à Reforma Estrutural do Estado mas, passados dois anos, ainda não foram vistos sinais de que tivesse sido dado o sinal do início dos estudos. Ainda não se conhecem os objectivos pretendidos ou a listagem de soluções possíveis (para cada sector) de onde escolher a mais adequada, etc. etc.

Na verdade, a Reforma não se decreta de um dia para o outro, mas nunca será decretada seriamente se não forem iniciados atempadamente os trabalhos de preparação. Parece que, apesar das promessas, tem faltado vontade e coragem para enfrentar as variadas pressões dos tachistas anichados em lugares sem utilidade pública que são inúteis sumidouros de dinheiro público. E, sem vontade, não se inicia o movimento para chegar à desejada meta, à semelhança da corrida no atletismo.

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segunda-feira, 8 de julho de 2013

GORDURAS DO ESTADO A CORTAR

Pouco se fala da necessidade de uma séria Reforma Estrutural do Estado e do corte corajoso nas despesas do funcionamento da Administração Pública, reduzindo tudo ao essencial e indispensável e evitando desperdícios e supérfluos, mesmo na burocracia, fonte de corrupção.

Sendo desejável que o caso nela referido não venha a ser abafado, transcreve-se a seguinte notícia:

Auditorias revelam descalabro no Estado
Correio da Manhã. 08-07-2013. 01h00. Por: Pedro H. Gonçalves/Raquel Oliveira

Contas: Uso de carro de serviço sem controlo e seis mil euros em cafés

Inspeções concluem que falta rigor e controlo no uso do dinheiro dos contribuintes

Gastar mais de seis mil euros em café para que os funcionários possam usufruir dele sem pagar, viaturas de serviço sem controlo do uso ou ir para um hotel de quatro estrelas no estrangeiro sem autorização do ministro. Estas são apenas algumas das situações que as auditorias feitas no Estado detetaram em 2012.

Foram feitas 502 inspeções ou auditorias no ano passado, segundo os números que constam na Conta Geral do Estado, a maioria pela Inspeção-Geral das Finanças.

No caso do Instituto de Gestão de Fundos de Capitalização da Segurança Social, há "viaturas afetas aos membros do conselho diretivo para uso pessoal não sendo efetuado qualquer controlo", gastaram em aquisição de cafés e descafeinados 6345 euros em 2011 e 4152 em 2012, para permitir o consumo gratuito aos funcionários e alugou-se uma sala por quase 800 euros num hotel para a pausa do café.

Há ainda quase seis mil euros gastos em quatro lugares de estacionamento "sem que esteja clarificada a utilização dada a dois desses lugares".

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JUSTIÇA PARA TODOS


A Justiça costuma ser representada por um juiz de olhos vendados para não descriminar a condição social que possa levar a «isentar» o réu, e apenas se preocupar com o crime e as circunstâncias em que foi cometido.

Têm aqui sido referidas condenações de vários ex-governantes de países onde a Justiça não olha a privilégios derivados de política, de poder financeiro ou de condição social. Agora transcreve-se a notícia:

Ex-ministro chinês condenado à morte por corrupção
TSF. Publicado em 08/07/2013, às 05:59

O ex-ministro chinês dos Caminhos de Ferro Liu Zhijun foi hoje condenado à morte com pena suspensa por dois anos por corrupção e abuso do poder, anunciou a agência noticiosa oficial chinesa Xinhua.

A sentença, que costuma ser comutada em prisão perpétua, foi decretada pelo Tribunal de 1ª Instância nº 2 de Pequim.

Liu Zhijun, que foi também membro do Comité Central do Partido Comunista Chinês, está preso desde fevereiro de 2011.

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domingo, 7 de julho de 2013

ESTABILIDADE, CONTINUIDADE OU ESTAGNAÇÃO ???


Governantes e seus apoiantes «asseguram» que a estabilidade fica assegurada com o actual acordo da coligação e que o entendimento reforça a estabilidade. Isto pode ter um significado trágico para os portugueses principalmente os mais desprotegidos.

Estabilidade faz pensar em pântano ou águas paradas, isto é, continuidade da política que, durante dois anos, nos tem entrado pelos bolsos, pela boca, e pela pele (saúde) com austeridade em ondas sucessivas cada vez mais arrasadoras. Traz à memória os termos «pântano» usado pelo PM António Guterres, o de «Tanga» escolhido pelo PM Durão Barroso que se esquivou na primeira oportunidade e por outras situações ulteriores de que a urbanidade não me permite referir em público a adjectivação mais usada comummente.

Por outro lado as despesas da manutenção da máquina opressora do Estado, criadora de parasitas, de burocracias exageradas propiciadoras de corrupção em todos os níveis e desbaratando o dinheiro dos impostos ao mesmo tempo que enriquece uma «elite» cúmplice e conivente com o Poder, aumentando a injustiça social. E nunca mais se ouviu falar na REFORMA ESTRUTURAL DO ESTADO, já mencionada há cerca de dois anos.

E, o que se apresenta com grande gravidade, as pequenas mudanças que surgem não são motivadas pelos interesses nacionais, colectivos, dos cidadãos, mas sim por meras questiúnculas que procuram benefícios bem orientados para oportunistas sem escrúpulos. Por isso, se a estabilidade pode não ser um maná colectivo, as pequenas mudanças também não o serão. E continuaremos a aguardar uma alteração profunda da Constituição Portuguesa e uma adequada e modernizadora Reforma do Estado.

Assim, o novo acordo da coligação não parece augurar grande «opulência» aos portugueses, antes os faz augurar muitos atritos na cooperação entre dois teimosos e sem palavra credível, pelo que deve haver muito cuidado com as seis incógnitas do acordo.

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sexta-feira, 5 de julho de 2013

CORRUPÇÃO




Paira no ar a corrupção,
Paira em toda esta Nação,
Paira em quem tem o Poder,
Paira no egoísmo do ter!

Destrói tudo e faz sofrer,
Destrói todo cada ser,
Destrói País e Nação,
Destrói, até, o seu próprio irmão.

É crime na sociedade
Destruir a humanidade!
Corrupção é a mais vil ação
Dos corruptos sem perdão!

A corrupção do Poder
Que os cidadãos faz sofrer,
Sacrifica quem é pobre
Entre todos quem mais sofre!

Mas, a força da união,
Uns aos outros dando a mão,
Vai derrubar o Poder
 Dos que nos fazem sofrer!
«»
Zélia Chamusca
Da obra - A MENSAGEM - Podemos Mudar o Mundo
Chiado Editora
Fonte de imagem - Google

segunda-feira, 1 de julho de 2013

CASCAIS EM AUTÁRQUICAS. REFLEXÃO


No período pré-eleitoral em que já estamos, é oportuno desejar aos candidatos à Câmara bons resultados, como compensação dos esforços que vão despender, e as melhores reflexões sobre os problemas reais do concelho e esboçar projectos para a resolução dos mais graves e urgentes.

Alguns desses problemas foram referidos nos «posts» de blog que a seguir se indicam. Todos, ou a sua maioria, foram comunicados à Câmara por e-mail. Mas apenas um ou dois tiveram solução.

Seria bom que, antes da ida às urnas, fossem divulgadas as soluções que cada candidatura espera dar a estes casos e a outros de importância semelhante.

Há outros casos como:

A continuação da Av Infante D. Henrique, a partir dos Bombeiros para ligar à margem esquerda da Ribeira das Vinhas na área vizinha ao Jumbo, onde se ligaria à Rua de Sintra e à Avenida Marginal.

Também será importante «ajustar» o trânsito na Av. 25 de Abril de forma a dispensar o passeio pelo tribunal, nas viagens para Ocidente (a colocação de duas rotundas junto aos vértices do Hotel poderá ser adoptada se não houver demasiada alergia a tal engenharia rodoviária).

Junto à estação encontra-se, há vários anos, um prédio em construção «parada». Pela localização é um cartaz da inoperância local. Faz lembrar um outro que esteve parado muitos anos a norte do mercado e que só foi terminado, segundo consta, depois de o presidente da Câmara da época ter «adquirido» um andar.

Será desejável que a nova vereação dê nova vida a Cascais, nova segundo os altos valores éticos e cívicos.

Eis os links para os posts referidos (por ordem alfabética):

- Cablagem aérea anacrónica em Cascais 
- Câmara em greve?
- Cascais não respeita peões
- Cascais, bela com senão
- Cascais. Insegurança para peões
- Cascais. Uma das nódoas locais
- Peões devem ser respeitados
- Promessa não cumprida
- Sarjetas, chuva e técnicos de hidráulica
- Trânsito em Cascais

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