terça-feira, 31 de julho de 2018

DECISÕES COERENTES COM ESTRATÉGIAS

Decisões coerentes com estratégias
(Publicado no Semanário O DIABO em 31 de Julho de 2018)

As decisões devem ser sempre integradas em estratégias gerais, abrangentes, globais, para não serem marginais e lesivas de prioridades correctas. A coerência deve ser sempre uma preocupação em qualquer decisão e, mesmo que pequena, deve ser bem preparada para não gerar desperdícios de tempo, de energia e de recursos. Há que evitar o desprestígio de anular uma decisão tomada e depois substituída por outra com diferente orientação.

Têm sido criticadas muitas promessas, ornadas de palavras como “garanto”, “asseguro”, mas que depois não são realizadas. Convém não abusar de tais erros. E antes de exteriorizar uma tendência deve-se fazer a listagem das possíveis modalidades de acção, com base na opinião de pessoas sérias, independentes e intimamente ligadas ao assunto.

Há alguns dias, o PM anunciou, num estaleiro do Norte, que nos próximos seis a oito anos irão ser construídos sete novos navios para a Marinha portuguesa, uma promessa que seria agradável para os marinheiros, se viesse a ser concretizada, se os problemas financeiros que o País atravessa não viessem a agravar-se. Será que isto se integra num estudo abrangente do desenvolvimento para Portugal? Será que o grupo que preparou a estratégia em que se insere esta decisão foi formado por pessoas competentes, apartidárias, com experiência que permita confiar na sua noção global dos interesses nacionais?

Ou foi uma promessa fantasiosa para iniciar a propaganda eleitoral das próximas eleições? Tal investimento e a possível estratégia nacional em que se integra, irá preocupar as pessoas dependentes do SNS, ao ponto de se recear a emotividade sentida pelos utentes, pelos médicos e pelos enfermeiros. Também não será muito positiva a reacção de pessoas ligadas ao ensino, para além de professores e de quem estuda as necessidades de reforma do ensino, para formar cidadãos válidos e produtivos na economia das próximas décadas. É que, para estes sectores, a austeridade, o défice e a dívida pública são o argumento usado para justificar as restrições e os apertos do cinto.

Mas os próprios marinheiros devem estar duvidosos de tal presente, até porque foi baptizado o Navio-Patrulha Oceânico Sines, o primeiro de dois em construção nos estaleiros de Viana e que apenas pode dispor de lanchas semi-rígidas temporárias para missões de busca e salvamento e não se prevê o tempo que irá demorar até que ele possa dispor do armamento adequado e do equipamento electrónico indispensável para cumprir as missões verdadeiramente militares para que foi concebido.

Mas além de muitas promessas, eventualmente justificadas por motivos políticos, tem havido muitas decisões tomadas levianamente e que foram engolidas em seco, como por exemplo a que impunha a limpeza de matas à beira das estradas e povoações até dia 1 de Março e que teve de ser alterada para uma data muito posterior. Também o problema da mudança do Infarmed parece ter sido estudado por um grupo de trabalho formado por iniciativa do Governo sem devida apreciação do método e isenção dos seus elementos. Mas estes erros vêm de longe. Quando Sócrates foi pressionado a mudar o aeroporto de Lisboa para a Ota, pediu pareceres confirmativos a amigos, gastando muitas centenas de milhar de euros e, quando o problema veio a público, foi tal a discussão, que em vez da Ota foi decidido mudar para Alcochete. Mas há poderes a que os políticos não conseguem resistir e esse aeroporto passará para Montijo, embora haja outra sugestão mais fácil, já com ligações internacionais e com melhores transportes para Lisboa, em Tires.

António João Soares
24 de Julho de 2018

segunda-feira, 30 de julho de 2018

SENSATEZ, LÓGICA E MÉTODO

Sensatez, lógica e método
(Publicado no Semanário O DIABO em 24 de Julho de 2018)

A vida real oferece lições que não devemos desperdiçar: casos como o dos rapazes bloqueados em gruta na Tailândia, o da crise do Sporting e a falhada tentativa de eliminar as touradas mostram que, ao decidir uma acção vistosa, é indispensável utilizar os ensinamentos da vida para a preparação da decisão. É conveniente não deixar de usar sensatez, uma finalidade bem ponderada, uma lógica assente na análise das vantagens e inconvenientes e uma estratégia correcta no percurso desde o ponto de partida até ao objectivo.

Ser lunático, utópico ou sonhador, é aceitável quando se é coerente consigo próprio, com a natureza e com um futuro melhor. Foi com base em sonhos lunáticos que se realizaram grandes passos em frente ao longo da história da ciência, da tecnologia, da arte, etc., mas a concretização prática foi obtida por técnicos pragmáticos bons conhecedores das realidades e das ferramentas de trabalho para darem à ideia um plano e um projecto realista.

Infelizmente, o mundo tem sofrido as consequências de aventuras fúteis e precipitadas por entusiasmos de pessoas, com poder, que se consideraram competentes e detentoras de toda a verdade e saber e cometeram erros graves cuja recuperação teve que ser demorada e com muitos danos para a Humanidade. O caso da gruta na Tailândia pode ter resultado de curiosidade, mais ou menos científica, ou colectiva ou apenas do treinador que induziu os seus discípulos a uma situação irreflectida e com riscos incompatíveis com as suas capacidades de solucionar. Felizmente para eles, tudo acabou bem, mas deixaram a lição de que aventuras deste género devem ser tomadas apenas por grupos de dois ou três, tendo atrás um apoio para socorro imediato no caso de dificuldade inesperada.

O caso do Sporting Club de Portugal foi grave e inconveniente, lesando a sua história relevante, não apenas na imagem, mas também nos próximos resultados. Estiveram em foco a falta de sensatez, de ponderação, de lógica, sem método nem finalidade racional e coerente, que alguns jornalistas apelidaram de loucura. Os conflitos geradores de hostilidades entre pessoas que devem usar convergência de esforços, são de evitar a todo o custo, para não estragar o espírito de equipa. O consenso deve ser a ferramenta a usar com lealdade e espírito construtivo para conseguir o maior êxito do trabalho conjunto. O respeito pelos outros e a vontade de obter vitórias devem ser desenvolvidos em permanência no espírito de todos os elementos de um clube.

Quanto à tentativa de acabar com o espectáculo das touradas, foi mais um exemplo da mentalidade de políticos que se consideram donos de todo o bom senso e querem impor ao povo as suas idiotices, custe a quem custar. A vida não pode ser gerida por caprichos. Tive animais domésticos e gosto de todos os animais, como se deduz do texto publicado recentemente, “Os ‘ditos irracionais’ e nós”, mas discordo que se faça a antropomorfização dos animais. Cada macaco em seu galho. Se se pretende chegar ao ponto de proibir as pessoas de se alimentarem de carne para não sacrificar a vida de animais, como se vai condenar o leão que come a zebra, ou outros animais carnívoros que seguem as forças da natureza para se alimentar? E qual é o bom senso de um político que quer proibir a tourada, divertimento do touro que nela mostra a sua valentia e combatividade, mas ignora o sacrifício de muitos desportistas que arriscam a vida para vencer uma prova? E que preocupação sente pelas pessoas que vivem com grandes dificuldades de subsistência? Devem ser escolhidos objectivos de VALOR, com SENSATEZ, e procurar concretizá-los com LÓGICA e MÉTODO. ■


domingo, 22 de julho de 2018

CURE O CANCRO, PRIVANDO-SE DE AÇÚCAR

Mate de fome o câncer eliminando apenas um só alimento

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O açúcar representa um grande risco para a saúde e contribui para a morte de milhões de pessoas no mundo todo a cada ano.

Tão alta é a toxicidade do açúcar que, para os pesquisadores da Universidade da Califórnia, em San Francisco, Estados Unidos, ele é uma substância potencialmente tóxica assim como o álcool e o cigarro.

Sua ligação com o aparecimento da diabetes é tão forte que deveria haver uma legislação rigorosa contra ele, como um imposto sobre todos os alimentos e bebidas que contêm esse "veneno".

Não por acaso, os pesquisadores da Universidade de Califórnia recomendam a proibição da venda de produtos com açúcar dentro ou perto de escolas, bem como a colocação de limites de idade sobre a venda de tais produtos.

Os efeitos nocivos do açúcar não param no diabetes.

O açúcar refinado está fortemente ligado ao câncer, não apenas como uma causa dele, mas também como algo que alimenta as células cancerosas quando uma pessoa tem a doença.

Pesquisadores do Huntsman Cancer Institute, em Utah, foram os primeiros a descobrir que o açúcar "alimenta" tumores.

Em um artigo publicado na revista Proceedings, da Academia Nacional de Ciências, Don Ayer, Ph.D., professor no Departamento de Ciências Oncológicas da Universidade de Utah, disse: "É conhecido desde 1923 que células cancerosas usam muito mais glicose do que células normais. Nossa pesquisa ajuda a mostrar como esse processo ocorre e como ele pode ser interrompido para controlar o crescimento do tumor ".

Dr. Thomas Graeber, professor de farmacologia molecular e médica, investigou a forma como o metabolismo da glicose afeta os sinais bioquímicos presentes nas células cancerosas.

Na pesquisa publicada na revista Molecular Systems Biology, Graeber e seus colegas demonstraram que a fome de glicose, isto é, o ato de privar as células cancerosas de glicose, ativa um significativo circuito de amplificação metabólica que leva à morte dessas células.

A eliminação do açúcar, portanto, e de tudo que vire glicose no organismo (como pão, macarrão, arroz) poderia ser algo a ser adotado na tentativa de melhorar os resultados de tratamentos de câncer.

O aumento dos níveis de insulina é pró-inflamação e pró-câncer e pode promover a proliferação de células tumorais.

Os doutores Rainer Klement e Ulrike Kammerer realizaram uma revisão abrangente da literatura envolvendo carboidratos da dieta e seus efeitos diretos e indiretos sobre as células cancerosas, que foi publicado em outubro de 2011 na revista Nutrition and Metabolism.

Eles concluíram que as células cancerosas são tão sensíveis ao abastecimento de açúcar, que o corte da oferta dessa substância irá matar o câncer.

Por outro lado, "o aumento do fluxo de glicose promove diversas atividades no câncer, como proliferação excessiva, sinalização antiapoptótica, progressão do ciclo celular e angiogênese", concluíram os cientistas.

A doutora Christine Horner tem muito a dizer para as mulheres sobre a insulina e câncer de mama:

"Quando se trata de câncer de mama, a insulina não é amiga. Uma das principais razões é devido ao fato de tanto as células da mama normais como as cancerosas terem receptores de insulina sobre elas. Quando a insulina se liga ao seu receptor, tem o mesmo efeito de quando o estrogênio se liga ao seu receptor: faz com que as células comecem a se dividir. Quanto maior os níveis de insulina são, mais rápido suas células da mama vão se dividir; quanto mais rápido elas se dividirem, maior será o risco de câncer de mama é mais rápido será o desenvolvimento das células cancerosas".

A dra. Horner lembra um estudo realizado pela Harvard Medical School (2004) que constatou que as mulheres que, quando adolescentes, comeram mais alimentos com alto índice glicêmico, aumentaram seus níveis de glicose no sangue e, anos depois, apresentavam uma maior incidência de câncer de mama.

"Então, incentivar sua filha adolescente a cortar o açúcar vai ajudá-la a reduzir o risco de câncer de mama para o resto de sua vida", disse a doutora.

Em outro estudo da Universidade da Califórnia, que foi publicado na revista Cancer Research, os pesquisadores concluíram que qualquer pessoa que pretenda reduzir o risco de câncer deve começar por diminuir a quantidade de açúcar que ingere.

O dr. Anthony Heaney, principal autor do estudo, declarou: "A dieta moderna contém uma grande quantidade de açúcar refinado, incluindo frutose, que é um perigo oculto envolvido em muitas doenças modernas, tais como obesidade, diabetes e fígado gordo".

Especificamente sobre a frutose, outra ameaça, o pesquisador afirmou: "Os resultados mostraram que as células cancerosas podem facilmente metabolizar frutose, o que aumenta a proliferação delas".

O resumo de tudo é que o açúcar transforma o corpo em um terreno fértil para vírus, bactérias, fungos e câncer, devastando o sistema imunológico.

Sabendo que o câncer precisa de açúcar, faz sentido continuar comendo açúcar?

Faz sentido ter uma dieta rica em carboidratos?

O pior é que, para a maioria das pessoas com câncer em todo o mundo, não é oferecido qualquer terapia nutricional cientificamente orientada para a eliminação do açúcar, além de dizer a elas para "comer bons alimentos".

Este é um blog de notícias, não substitui o trabalho de um especialista. Consulte sempre seu médico.



UMA VERGONHA

Recebi por e-mail e transcrevo, na íntegra.

«Peço que leiam e percebam o ridículo a que este Estado chegou... É melhor criar já vistos gold para narco mexicanos...

«Se me dizem que é normal que haja uma barraquinha/um stand/um corner com funcionários do Ministério da Saúde a certificar a pureza da droga que se consome num festival de música eu não o aceito. Para mim isso não é normal. Não admito que a coca e o cavalo e o MDMA e outras merdas sejam consumidas com selo de qualidade do Estado.

«Com uma espécie de garantia de origem. Ainda por cima a tal “parceria” com o Boom Festival é anunciada como “um suporte a experiências intensas”.

«Se os legisladores e governantes quiserem legalizar a produção, uso e comercialização das drogas (coisa com que eu até concordo em princípio) então que o assumam coerentemente e com seriedade. Agora colocar objetivamente o Estado a promover o consumo de droga, com o nosso dinheiro, precisamente na altura de maior míngua de recursos do SNS, contarão então com a minha feroz oposição cidadã. Há coisas muito sérias. E a toxicodependência é-o.

«Mas andar a meter o Estado em esquemas com organizações de festivais comerciais de música “e experiências intensas” que promovam uma espécie de free pass para mocas seguras e de qualidade não é ser sério. Não é governar. Não é sequer cuidar da saúde pública. É alinhar numa palhaçada.

«E muito pior: neste caso concreto é apoiar interesses inconfessáveis no âmbito de atividades que estão na fronteira da atividade criminal. Isto é, portanto objetivamente um caso de polícia: e como tal irei fazer competente participação ao Ministério Público. Sou contribuinte e utente do SNS: enquanto os velhos da aldeia dos meus pais estiverem a escassas dezenas de quilómetros desse festival a aguardar em listas de espera para consultas e cirurgias não admito que se gastem recursos para uns gajos se poderem drogar num festival à sua vontade.

«Ele há merdas que eu não admito. Droguem-se à vontade com o seu dinheiro. Com o meu é que não.»


terça-feira, 17 de julho de 2018

O DESENVOLVIMENTO ECONÓMICO TERÁ CRESCIDO?

O desenvolvimento económico terá crescido?

(Publicado no Semanário O DIABO em 17 de Julho de 2018)

Tem havido palavras, em tom intencionalmente solene, a afirmar que o crescimento do desenvolvimento económico tem aumentado. Mas elas são, pouco depois, contrariadas por notícias de factos reais.

Na saúde, as dificuldades são conhecidas de muitos cidadãos que sentem no corpo a demora de consultas marcadas para datas muito distantes, por vezes tornadas desnecessárias por falecimento do doente. O mesmo se passa quanto a intervenções cirúrgicas e exames médicos. Esta deficiente capacidade de resposta está ligada a notícias de que “nos hospitais faltam coisas simples como compressas e fios de sutura”. Por carência de camas e do respectivo pessoal de enfermagem tem havido situações caóticas em serviços de urgência, por os médicos não terem onde internar os doentes.

Muito significativo o caso de os chefes de equipa de medicina interna e cirurgia geral do Centro Hospitalar de Lisboa Central terem apresentado a demissão por considerarem inaceitáveis os níveis de segurança das condições da urgência do hospital de São José. E, segundo o bastonário da Ordem dos Médicos, esta situação pode acontecer noutros hospitais por as pessoas estarem a trabalhar no limite. É estranho que os mais altos responsáveis não queiram ver as realidades que afectam os portugueses.

É certo que o dinheiro é pouco e não dá para tudo. Nesse caso, é preciso ter o bom senso e sensibilidade para definir prioridades e colocar acima de tudo os interesses essenciais das pessoas. Mas, apesar de carências financeiras, “Portugal disponibiliza financiamento de 202 milhões de euros para Moçambique”, “Portugal vai cumprir exigências de Trump nos gastos com Defesa”. Mas quando as necessidades das pessoas estão em situação crítica, não deve haver prazer em saber os “EUA satisfeitos com o compromisso de Portugal na área da Defesa”.

É preciso prevenir o risco de recessão prolongada e do aumento do endividamento, pelo que são urgentes medidas racionais, sensatas e bem aplicadas.

E para fazer face aos riscos de recessão, já a troika, quando geria a nossa economia, propôs medidas que o Governo de então recusou mas que não devem ser esquecidas: redução das mordomias dos ex-Presidentes da República; redução do número de deputados da AR para 80, profissionalizando-os como noutros países; reforma das mordomias na AR, como almoços opíparos à custa do erário; acabar com centenas de Institutos Públicos e Fundações Públicas sem reconhecida utilidade; acabar com as empresas municipais que apenas servem para dilatar a folha de pagamentos; verificar as empresas de estacionamento e os seus aparelhos; redução drástica das Câmaras Municipais, Assembleias Municipais e Juntas de Freguesia; acabar com o financiamento aos partidos, que devem viver das quotas dos associados; acabar com a distribuição de carros a presidentes, assessores, etc, das Câmaras, Juntas, etc.; acabar com os motoristas particulares 20 h/dia; acabar com a renovação sistemática de frotas de carros do Estado; colocar chapas de identificação em todos os carros do Estado; acabar com o vaivém semanal dos deputados dos Açores e Madeira; controlar a assiduidade do pessoal da função pública; acabar com as administrações numerosíssimas de hospitais públicos; acabar com os milhares de pareceres jurídicos; acabar com as várias reformas por pessoa; combater corrupção e desvios de dinheiro; acabar com os salários milionários da RTP; acabar com os lugares de amigos e de partidos na RTP; acabar com as PPP; criminalizar, imediatamente, o enriquecimento ilícito; controlar rigorosamente a actividade bancária; pôr os bancos a pagar impostos, etc.

António João Soares
10 de Julho de 2018


sábado, 14 de julho de 2018

HOSPÍCIO DE RUNA E A SUA CRIADORA

Runa e Princesa D. Maria Francisca Benedita


… A vida solitária, a que depois se dedicou, sugeriu-lhe o caridoso pensamento de estabelecer um hospício em que os inválidos militares encontrassem agasalho, conforto e toda a caritativa protecção. Para realizar o seu benéfico intento D. Maria I lhe ofereceu a quinta real da Luz, onde está hoje o Colégio Militar, mas a princesa, julgou o sítio acanhado, e sabendo que junto de Runa os frades bernardos do convento de Alcobaça possuíam uma propriedade denominada quinta de Alcobaça, que era muito vasta, obteve que eles lha vendessem, em 11 de Agosto de 1790, comprando também pouco depois, várias propriedades próximas, e a quinta de S. Miguel, na freguesia de Enxára do Bispo, comarca e concelho de Mafra, o que tudo custou aproximadamente 40.000$000 réis. O lugar de Runa fica no concelho de Torres Vedras; é um sitio pitoresco e de encantadoras paisagens.


Em 18 de Junho de 1792 deu-se começo às obras do grandioso edifício, sob a direcção do arquitecto José Maria da Costa e Silva, procedendo-se nesse dia à cerimónia da colocação da pedra fundamental. Corriam os tempos maus, no entretanto a construção iniciou-se com mais de 300 operários, entre pedreiros e serventes.

Quando a família Real emigrou para o Brasil, em Novembro de 1807, já as obras estavam muito adiantadas. Seguiu-se a guerra com os franceses, que terminou em 1814, e ainda mais 7 anos se conservou a família real no Rio de Janeiro, pois só em 1821, depois de ter ali chegado a notícia da revolução do Porto de 21 de Agosto de 1820, é que D. João VI se resolveu a voltar para a Europa. Durante este largo prazo os rendimentos da princesa, assim como os de toda a família real, haviam diminuído consideravelmente por causa dos franceses. D. Maria I havia consignado a sua irmã uma pensão anual de 100.000 cruzados, que não fora paga desde a partida para o Brasil. As cortes, porém, de 1822 lha restituíram. Além disso os desperdícios e as despesas excessivas nas obras do asilo de Runa, obrigaram a princesa a suspender as obras e satisfazer todas as dividas que, segundo as contas que lhe apresentavam, pesavam sobre ela.

Os trabalhos prosseguiram afinal com toda a actividade, e o asilo inaugurou-se a 25 de Julho de 1827, dia em que a bondosa princesa completava 81 anos. Foram 16 os militares inválidos que se albergaram: 1 primeiro-tenente de artilharia, 3 sargentos e 12 cabos, anspeçadas e soldados. A fundadora presidiu a todas as cerimónias da inauguração, a que assistiram muitas pessoas da corte e das vizinhanças. Ela própria, com a maior benevolência, serviu os primeiros pratos aos asilados, sendo o resto servido pelo seu mordomo-mor, o marquês de Lavradio, e pelos criados da Casa Real. O edifício, e a majestosa capela, com os seus ornamentos e alfaias, importaram em 600.000$000 réis. A princesa reservou uma parte do edifício para sua habitação.

D. Maria Francisca Benedita sobreviveu apenas dois anos à inauguração do asilo, não chegando a ver completo o zimbório da igreja. (V. Runa). Enquanto duraram as obras a princesa ia frequentes vezes a Runa, dirigindo e activando os trabalhos, recebendo ali a visita de D. João VI, numa ocasião em que o monarca regressava das Caldas da Rainha. Convivia com as pessoas que moravam nas vizinhanças do asilo, dando largas esmolas aos pobres que a ela recorriam.

A princesa conservou-se sempre estranha a às intrigas e conspirações que agitavam o paço e a corte, durante a regência e reinado de D. João VI. Em 1829 preparava-se a viver alguns meses em Runa, quando adoeceu gravemente, falecendo pouco tempo depois. Fez testamento deixando ao hospital dos inválidos de Runa quase todos os bens de raiz e acções que possua, bem como tudo quanto estava dentro do edifício e capela, incluindo a bela e riquíssima custódia, um primor artístico, que ela mandara fazer por um desenho seu. O resto da herança foi distribuído em legados pios e por todas as pessoas da família real, sendo a mais contemplada a infanta D. Isabel Maria, como regente que era na época em que fora feito o testamento.

Em virtude dos legados recebidos da princesa ficou o asilo de Runa com um rendimento de perto de 9.000$000 réis, provenientes dos seguintes valores: comenda de S. Tiago de Beduído; apólice de 26.000$000 réis com juro de 5% ao ano; título da dívida pública de 14.999$960 réis; duas acções da Companhia das Vinhas do Alto Douro no valor de 800$000 réis; as quintas de Runa, Enxara do Bispo e da Amora com seus anexos. A legislação liberal que suprimiu os rendimentos das comendas, e o não pagamento dos juros da chamada divida mansa, afectaram consideravelmente a receita do asilo. O infante D. Miguel havia confirmado o testamento, fazendo passar a administração das rendas para um conselho administrativo, ficando todo o estabelecimento sob a intendência do ministério da guerra, em cumprimento da vontade da doadora.


terça-feira, 10 de julho de 2018

EM ESPANHA AGORA A TOURADA É OUTRA



Os «DITOS IRRACIONAIS» E NÓS

Os «ditos irracionais» e nós
(Publicado no semanário O DIABO em 10-07-2018)

Numa conversa em que me referi ao egocentrismo de seres humanos da antiguidade que classificaram de racionais os seus semelhantes e de irracionais os outros seres vivos, alguém se referiu à conveniência de eliminar os quadrúpedes com cornos, por haver casos de graves agressões deles a humanos.

Quanto ao uso do raciocínio e da razão, há provas abundantes de que os «ditos irracionais» são mais racionais do que muitos humanos, no seu relacionamento familiar, de bando e com outros de espécie diferente.

Dos muitos vídeos que tenho visto, vou salientar dois que mostram o relacionamento de touros com homens. Um deles mostra uma arena com dezenas de pessoas alinhadas como se fosse formatura militar com intervalos entre si de dois ou três metros. Estavam imóveis quando do curro foi libertado um toiro que correu em direcção ao centro da arena, abrandou a marcha e avançou pelo meio das pessoas sem um gesto de agressão. Andou serenamente em várias direcções até que vim um indivíduo na borda da arena a agitar algo parecido com uma bandarilha e desatou a correr nessa direcção. O indivíduo parou a bandarilha e escondeu-a atrás das costas, o que fez parar o touro. Depois um outro jovem, noutro local, movimentou-se ostensivamente provocando igual reacção. O touro mostrou que teve a noção de que as pessoas paradas não constituíam ameaça mas que era preciso defender-se de quem aparentava querer agredi-lo.

Outro vídeo mostrava a brutal violência dos touros numa largada em Espanha perante rapazes que os queriam enfrentar e tinham de fugir para não serem maltratados. Perante um touro em pleno desespero contra a rapaziada, um homem de média idade apareceu na rua, calmamente, parou e viu o touro passar ao lado sem lhe fazer qualquer mal, depois falou serenamente ao animal e este aproximou-se e permitiu que o homem lhe fizesse uma festa no cachaço.

Cenas como estas aparecem no mato africano entre pessoas e animais. Mas há outras imagens de amizade entre animais da mesma espécie e até entre animais de espécies diferentes, como cães e gatos. A forma como as mães cuidam das crias e estas as seguem em cada passo que dão, faz pensar no desleixo de muitas mulheres que abandonam e os filhos ou os maltratam até à morte. Depois de os verem crescidos afastam-nos para buscarem alimento e procurarem os seus pares. É admirável o procedimento de grupos organizados, disciplinados em deslocamentos ordenados com vigilância para ninguém se transviar, fazendo lembrar militares do SMO nos exercícios da recruta. Merece atenção a forma como procuram solução para problemas, principalmente quando o ambiente foi alterado e eles não sentem dificuldade em contornar os obstáculos e encontrar a estratégia para atingir o seu objectivo. É admirável como se servem da sua audição e do olfacto para se dirigirem onde lhes interessa, etc.

É remunerado o tempo que se utiliza para observar o formigueiro ou as abelhas na busca do pólen, ou o bando de patos em deslocação, de forma ordenada e com disciplina, ou o alinhamento de aves migratórias em voos bem alinhados no regresso à sua nova região, ou o regresso aos locais onde viveram no ano anterior.

Portanto, não me considero errado ao dizer que temos muito a aprender com aqueles que os nossos antepassados denominaram de «irracionais» e que são mais racionais do que muitos humanos, principalmente nos tempos actuais em que as normas éticas estão esquecidas e as pessoas não respeitam as outras e se concentram exageradamente nos smartfones.

António João Soares
3 de Julho de 2018


sábado, 7 de julho de 2018

REDUZIR OU ELIMINAR DESPESAS IMPRODUTIVAS

O que a Troika queria aprovar e não conseguiu!
(Recebido por e-mail em 6-7-2018)

1. Reduzir as mordomias (gabinetes, secretárias, adjuntos, assessores, suportes burocráticos respectivos, carros atestados, motoristas, etc.) dos ex-Presidentes da República.

2. Redução do número de deputados da Assembleia da República para 80, profissionalizando-os como nos países a sério. Reforma das mordomias na Assembleia da República, como almoços opíparos, com digestivos e outras libações, tudo à custa do pagode.

3. Acabar com centenas de Institutos Públicos e Fundações Públicas que não servem para nada e, têm funcionários e administradores com 2º e 3º emprego.

4. Acabar com as empresas Municipais, com Administradores a auferir milhares de euro/mês e que não servem para nada, antes, acumulam funções nos municípios, para aumentarem o bolo salarial respectivo.

5. Por exemplo as empresas de estacionamento não são verificadas porquê? E os aparelhos não são verificados porquê? É como um táxi, se uns têm de cumprir porque não cumprem os outros? e se não são verificados como podem ser auditados*?

6. Redução drástica das Câmaras Municipais e Assembleias Municipais, numa reconversão mais feroz que a da Reforma do Mouzinho da Silveira, em 1821.

7. Redução drástica das Juntas de Freguesia. Acabar com o pagamento de 200 euros por presença de cada pessoa nas reuniões das Câmaras e 75 euros nas Juntas de Freguesia.

8. Acabar com o Financiamento aos partidos, que devem viver da quotização dos seus associados e da imaginação que aos outros exigem, para conseguirem verbas para as suas actividades.

9. Acabar com a distribuição de carros a Presidentes, Assessores, etc, das Câmaras, Juntas, etc., que se deslocam em digressões particulares pelo País;

10. Acabar com os motoristas particulares 20 h/dia, com o agravamento das horas extraordinárias... para servir suas excelências, filhos e famílias e até, os filhos das amantes...

11. Acabar com a renovação sistemática de frotas de carros do Estado e entes públicos menores, mas maiores nos dispêndios públicos.

12. Colocar chapas de identificação em todos os carros do Estado. Não permitir de modo algum que carros oficiais façam serviço particular tal como levar e trazer familiares e filhos, às escolas, ir ao mercado a compras, etc.

13. Acabar com o vaivém semanal dos deputados dos Açores e Madeira e respectivas estadias em Lisboa em hotéis de cinco estrelas pagos pelos contribuintes que vivem em tugúrios inabitáveis.

14. Controlar o pessoal da Função Pública (todos os funcionários pagos por nós) que nunca está no local de trabalho. Então em Lisboa é o regabofe total. HÁ QUADROS (directores gerais e outros) QUE, EM VEZ DE ESTAREM NO SERVIÇO PÚBLICO, PASSAM O TEMPO NOS SEUS ESCRITÓRIOS DE ADVOGADOS A CUIDAR DOS SEUS INTERESSES, QUE NÃO NOS DÁ COISA PÚBLICA.

15. Acabar com as administrações numerosíssimas de hospitais públicos que servem para garantir tachos aos apaniguados do poder - há hospitais de província com mais administradores que pessoal administrativo. Só o de PENAFIEL TEM SETE ADMINISTRADORES PRINCIPESCAMENTE PAGOS... pertencentes ás oligarquias locais do partido no poder.

16. Acabar com os milhares de pareceres jurídicos, caríssimos, pagos sempre aos mesmos escritórios que têm canais de comunicação fáceis com o Governo, no âmbito de um tráfico de influências que há que criminalizar, autuar, julgar e condenar.

17. Acabar com as várias reformas por pessoa, de entre o pessoal do Estado e entidades privadas, que passaram fugazmente pelo Estado.

18. Pedir o pagamento dos milhões dos empréstimos dos contribuintes ao BPN e BPP.

19. Perseguir os milhões desviados por Rendeiros, Loureiros e Quejandos, onde quer que estejam e por aí fora.

20. Acabar com os salários milionários da RTP e os milhões que a mesma recebe todos os anos.

21. Acabar com os lugares de amigos e de partidos na RTP que custam milhões ao erário público.

22. Acabar com os ordenados de milionários da TAP, com milhares de funcionários e empresas fantasmas que cobram milhares e que pertencem a quadros do Partido Único (PS + PSD ).

23. Acabar com o regabofe da pantomina das PPP (Parcerias Público Privado), que mais não são do que formas habilidosas de uns poucos patifes se locupletarem com fortunas à custa dos papalvos dos contribuintes, fugindo ao controle seja de que organismo independente for e fazendo a "obra" pelo preço que "entendem".

24. Criminalizar, imediatamente, o enriquecimento ilícito, perseguindo, confiscando e punindo os biltres que fizeram fortunas e adquiriram patrimónios de forma indevida e à custa do País, manipulando e aumentando preços de empreitadas públicas, desviando dinheiros segundo esquemas pretensamente "legais", sem controlo, e vivendo à tripa forra à custa do dinheiros que deveriam servir para o progresso do país e para a assistência aos que efectivamente dela precisam;

25. Controlar rigorosamente toda a actividade bancária por forma a que, daqui a mais uns anitos, não tenhamos que estar, novamente, a pagar "outra crise".

26. Não deixar um único malfeitor de colarinho branco impune, fazendo com que paguem efectivamente pelos seus crimes, adaptando o nosso sistema de justiça a padrões civilizados, onde as escutas VALEM e os crimes não prescrevem com leis à pressa, feitas à medida.

27. Impedir os que foram ministros de virem a ser gestores de empresas que tenham beneficiado de fundos públicos ou de adjudicações decididas pelos ditos.

28. Fazer um levantamento geral e minucioso de todos os que ocuparam cargos políticos, central e local, de forma a saber qual o seu património antes e depois.

29. Pôr os Bancos a pagar impostos.

Assim e desta forma, Sr. Ministro das Finanças, recuperaremos depressa a nossa posição e sobretudo, a credibilidade tão abalada pela corrupção que grassa e pelo desvario dos dinheiros o Estado.

NOTA:

Alguns destes conselhos, já perderam oportunidade, mas a maior parte é perfeitamente aceitável e defensável. É imperiosa a dedicação aos interesses nacionais e o sentido de responsabilidade perante os cidadãos contribuintes. A gestão da causa nacional não se compadece com imaturidade.








terça-feira, 3 de julho de 2018

REFUGIADOS. APOIAR ANTES DA FUGA OU DEPOIS DELA

Refugiados. Apoiar sem fuga ou depois dela?

(Publicado no semanário O DIABO em 03-07-2018)



O problema de refugiados, migrantes ou imigrantes está a dar origem a opiniões diversas e a discussão dentro da União Europeia e não só. Além do problema humanitário, há receios ligados à segurança e há a preocupação sensata de investigar as situações por forma a encontrar soluções na origem que evitem a incomodidade das deslocações de famílias para ambientes estranhos muito diferentes dos da sua naturalidade.



Quanto a problemas de segurança, nesta época de terrorismo e violência, há quem recorde que o Império Romano caiu sob a insubordinação dos Godos cuja entrada no Império se deveu à boa vontade de um Imperador que, para suprir a pouca quantidade de jovens para o exército, facilitou a entrada dos refugiados Godos que tinham sido vencidos em luta com os Hunos, tendo-lhes fornecido barcaças para atravessarem o rio durante vários dias.



Actualmente, devido ao facto de os refugiados, em vez de procurarem adaptar-se à cultura e aos costumes do país que escolheram, quererem impor ao país acolhedor os seus hábitos de origem, gerando conflitos sociais, alguns de brutal violência como tem acontecido na Grã-Bretanha e em França, têm resultado situações de prevenção, como na China, na Austrália, na Áustria, na Itália, nos Estados Unidos, etc.



Perante este complexo problema social, as atitudes de caridade começam a ser ponderadas no sentido de ser mais favorável, para todos, adoptar soluções de melhoria da qualidade de vida nos países de origem, evitando aos migrantes o sacrifício da mudança e a sua exploração pelos traficantes que lhes vendem viagens por alto preço e grave risco de vida, como se tem verificado no Mediterrâneo.



Para a hipótese da solução nos países de origem será conveniente a actuação da ONU, na sua missão de manter a paz mundial e contribuir para a melhor qualidade de vida das populações. Segundo opiniões de pensadores responsáveis, esta solução seria mais justa, humana, prática e cómoda para as pessoas, que não teriam de sofrer as dificuldades da viagem nem da inserção numa sociedade com cultura, idioma e usos diferentes. Por outro lado, os países de destino, em vez da despesa dos apoios diversos a darem aos imigrantes, utilizariam as verbas directamente nos países de origem com a superintendência de adequado organismo da ONU. Tal solução seria útil para os necessitados de mudança, para o ambiente geral do seu país e para a humanidade em geral. Só seriam prejudicados os traficantes que incitam os mais indefesos a migrar, lhes cobram somas avultadas que compensam largamente os barcos velhos e inseguros que se perdem nos naufrágios, sem o mínimo respeito pelas vítimas de tais acidentes que lhes provocam.



Essa ajuda financeira, aplicada adequadamente para a redução da pobreza, para diminuir a desigualdade social que mina o potencial de crescimento e gera conflitos internos, altamente nocivos. e para o aumento de emprego através do desenvolvimento económico assente em quatro vectores: apoio à agricultura, que é o caminho mais rápido para a industrialização, apoio no desenvolvimento de clusters industriais e zonas económicas especiais, apoio no desenvolvimento de políticas industriais e apoio no financiamento das infraestruturas, como estradas, portos e logística. Isto seria baseado numa bem elaborada doutrinação conducente à eliminação da violência através de aperfeiçoar o bom entendimento, e na informação e análise do que tem funcionado bem e o que não funcionou, a fim de não repetir erros, com vista a investir correctamente na melhoria da qualidade de vida.



António João Soares

26 de Junho de 2018