domingo, 24 de janeiro de 2010

Sinalização rodoviária desajustada

Uma visita mais ou menos demorada pelo blogue Foi por bem, permite ver cartas enviadas aos jornais desde 2001 e posts de blogues desde 2006 que alertam para os inconvenientes da má sinalização das estradas. O título do blogue traduz o espírito desses escritos sempre orientados para melhorar a vida nacional nos mais diversos aspectos.

Recentemente, referi em posts e em respostas a comentários a existência de sinais de 30 onde se pode circular a mais de 70 com segurança e, o que é mais estranho, há sinais de 30 em zonas urbanas, em avenidas com correntes ao logo dos passeios de um e outro lado, e sinais 200 metros à frente de outros iguais, como se os anteriores não fossem para cumprir.

Depois desses textos causa uma sensação agradável ver que eles são sensatos e são agora confirmados pela autora do artigo do PÚBLIO de ontem, que se transcreve. Oxalá tenha melhor efeito do que os referidos textos.

“Mais de metade dos troços rodoviários em Portugal estão com limites de velocidade abaixo do que deviam.

É muito recorrente o limite de 50 Km/hora em zonas onde não há casas nem outros conflitos laterais”, disse hoje à Lusa
Ana Bastos, com base em conclusões preliminares de vários estudos que a Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC) tem desenvolvido.

A especialista em transportes e segurança rodoviárias, docente na FCTUC, frisou que a desadequação do limite de velocidade às características da estrada “viola as naturais expectativas do condutor, que acaba por transgredir” e tem como efeito “o descrédito total” das regras de trânsito.

“O que se tem feito em Portugal, em estradas que atravessam localidades, é colocar um semáforo de limite de velocidade. O efeito é instantâneo, mas a reacção do condutor imediatamente a seguir será aumentar de novo a velocidade”, alerta Ana Bastos.

As situações “completamente desajustadas da realidade” resultam de em Portugal “não existirem critérios técnicos para estabelecer os limites de velocidade”, observou.

A investigadora falava à Lusa a propósito de um projecto, denominado "Safespeed - Estratégias de Gestão de Velocidade", que arrancou há um ano e visa criar um sistema que permita adaptar o limite de velocidade legal às características da via, obrigando o condutor a respeitar esse limite, através de ferramentas de “coacção física e psicológica”.

A definição dos critérios técnicos deverá estar concluída dentro de dois anos, com a finalização de um modelo informático “capaz de estimar, para cada situação, a velocidade expectável face às características da estrada e do seu ambiente envolvente”.

Para obrigar o condutor a respeitar a velocidade legal estabelecida, induzindo-o a adoptar comportamentos compatíveis com o ambiente rodoviário que atravessa, serão definidas “medidas de acalmia de tráfego”.

Rotundas, gincanas, alteração de pavimento ou reforço da iluminação pública são algumas das soluções, que actuam "quer fisicamente quer por coação psicológica sobre o condutor, impedindo-o de adoptar comportamentos desajustados à velocidade pretendida", refere a FCTUC numa nota de imprensa hoje divulgada.

O estudo, que tem o apoio da Autoridade Nacional da Segurança Rodoviária, abrange a zona Norte do país, nomeadamente Famalicão, Guimarães, Braga e Felgueiras, mas o objectivo é que as conclusões sejam aplicadas em todo o país.

Além da FCTUC, participam no projecto a Faculdade de Engenharia do Porto (FEUP) e a Universidade do Minho, num total de oito investigadores.

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