Quando se fala em ética, em honra, em civismo, não se pode ignorar o binómio constituído por deveres e direitos. Defender que uns só têm direitos e que outros apenas têm deveres é imoral, contra a ética, a justiça social, o civismo. Mas, infelizmente, os nossos políticos consideram que apenas têm direitos e que não têm a mínima responsabilidade, qualquer dever, considerando-se imunes e impunes em qualquer circunstância. E além de aplicarem essa regra a si próprios, alargam-na aos amigos, dizendo que «ele é meu amigo» «garanto que ele…»
Porém, em países onde se mantém o culto por valores éticos, que devem ser considerados imortais, as coisas são vistas de outro modo, como se depreende das palavras de Václav Klaus, presidente da República Checa (Klaus critica défices excessivos e Cavaco sublinha sinais positivos) «ao afirmar que os governantes que “admitiram” o desequilíbrio das contas públicas têm de assumir todas as responsabilidades».
«Klaus, um eurocéptico, chefe de Estado de um país que prevê para este ano um défice de 5,3 por cento, evocou as suas experiências como ministro das Finanças e primeiro-ministro para dizer que lhe parece algo “inimaginável que alguns países europeus possam admitir determinados défices”.
«“Como ministro das Finanças ou primeiro-ministro nunca admitiria isso”, frisou, apontando depois a necessidade de responsabilização: “Aqueles que aceitaram isso, agora terão de suportar as consequências do seu acto”».
Como sinal de esperança de que o mundo não está em total descalabro como se deduz da vida nacional, ouvem-se estas palavras de bom senso, de sentido de Estado, de noção das responsabilidades, de seriedade na gestão de dinheiro e interesses públicos, interesses nacionais. A fim de não ficar demasia do para trás, Portugal tem muito a aprender com outros países, sendo conveniente que se aprenda o que há de melhor e não se corra atrás do que é mais espectacular mas menos eficaz e benéfico para a população.
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