Fala-se hoje em democracia como sendo o governo para o povo e com o povo, mas a prática mostra decisões autocráticas contra o povo sem consideração por este. Há cinco anos, foram prometidas reformas na Justiça, na Educação, na Saúde, na administração pública, o que criou esperanças num Portugal melhor porque eram desejadas reformas profundas desde havia vários anos.
Porém, as esperanças foram goradas porque, em cada um desses sectores, o que se decidiu nos gabinetes foi uma guerra aberta contra os servidores do Estado que deviam ser parte activa na concretização das reformas. Deviam ter sido ouvidos e convencidos a colaborar nas soluções melhores para os beneficiários de tais serviços públicos. E esses servidores saberiam o que mais interessava mudar.
Já em 1933, a Constituição da República dizia que «a soberania reside em a Nação». Mas tal foi esquecido e nem o 25 de Abril veio esclarecer os governantes de que governar é uma actividade para o povo, com o povo e nunca contra o povo que é soberano. «O povo é quem mais ordena» dizia-se na canção.
Mas os políticos são duros de ouvido e não compreendem as verdades sublimes nem que sejam ditas a cantar! Isso fica bem evidente no que se passa em Valença, onde o «povo manifestou-se contra anunciado fecho da Urgência». Com efeito, segundo a notícia, «mais de uma centena de pessoas exigiu, ontem, sexta-feira, em Valença, o funcionamento, durante 24 horas por dia, das Urgências do centro de saúde local. Comissão de utentes promete endurecer formas de luta caso a tutela "insista em não atender à pretensão de Valença".
Será que o governo vai mandar os doentes a TUI, na Galiza, tal como fez às parturientes alentejanas ir dar à luz em BADAJOZ? Para que é que os portugueses pagam impostos, se têm de recorrer ao País vizinho?
Faz bem o povo em se manifestar, porque os políticos têm interesses pessoais e partidários a defender e só alteram as suas decisões caprichosas se forem pressionados e tal tem sido visto, no âmbito da saúde, em vários pontos do País. O Povo soberano tem que acordar e manifestar o seu mal-estar e reclamar as medidas adequadas para termos um Portugal melhor. Os governantes precisam de aprender a Pensar antes de decidir.
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