Temos que olhar para as notícias com muito cuidado, para não sermos induzidos em erro de apreciação. E estas precauções são essenciais e indispensáveis, principalmente, em vésperas de eleições em que devemos votar conscientemente, com base em raciocínios próprios, o mais possível independentes de pressões intencionais.
Cito uma frase de G. K. Chesterton «uma coisa morta pode ir com a corrente, mas só uma coisa viva pode ir contra ela». Na prática, quem não pensa, quem aceita tudo inocentemente e é arrastado pela corrente da propaganda, não passa de uma coisa morta. Só pode reagir de forma racional e digna quem pensa. Pode errar, mas corre esse risco pela sua própria cabeça.
De manhã cedo, dei com a notícia Mendes acusa Sócrates de mentir sobre ausência de Teixeira dos Santos no 25 de Abril. Achei inacreditável, pois uma entidade no exercício de funções de tão alto significado, não mente, podendo distraidamente «dizer algumas inverdades». E estava nestas cogitações quando me saltaram á memória as palavras do cronista José Luís Seixas que talvez tenha razão quando afirma «Acho que Sócrates já não mente. Pior. Sócrates acredita ser verdade a mentira que profere…!», numa crónica transcrita em «Sócrates já não mente» !!!.
No entanto a notícia explica a «mentira»: José Sócrates justificou a ausência de Teixeira do Santos nas comemorações no Palácio Belém por este estar a trabalhar em Lisboa com a troika da ajuda externa. “É mentira”, assegurou o ex-líder do PSD no seu comentário habitual na TVI24. E justifica: “Foi visto por várias pessoas no Norte, no Alto Minho, na sua casa de Vila Nova de Cerveira.”
E aqui fica este alerta para não bebermos às cegas as notícias, mas fazermos o seu «recorte», análise, comparação, para depois tirarmos a nossa conclusão. Convém não sermos uma coisa morta, nos termos de G.K.Chestertomn.
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