Transcrição de artigo com interesse para estudos geoestratégicos:
«OPapa Francisco pode ser o líder de uma revolução mundial» EL PAÍS,
EL PAIS, Madrid 30-3-2013 Por Juan Arias Publicado em julho 3, 2013 por R Paiva
Juan Arias escreveu em El País, periódico espanhol de tendência socialista (Madri 30.03.13) que “a Igreja encontrou um líder? E o mundo político? A Igreja foi mais rápida que o mundo político”. O articulista traça um retrato da Igreja na Europa, cuja população envelhece e as crianças rareiam, vendendo templos, muitos convertidos em boates, e o mundo político, “que se encontra perdido numa profunda crise, não só económica, mas também de valores, órfão de liderança, em plena revolta civilizacional”. Então, “as duas instituições – a religiosa e a leiga – se arrastam sem horizontes para as jovens gerações, sem saber por onde ir”.
Arias admira-se de que, “nesse panorama, a Igreja, com seus dois mil anos de história, seus santos e demônios, suas inquisições e mártires da caridade, conseguiu encontrar um líder mundial (…) Um pequeno grupo de cardeais – a maioria anciãos e conservadores – (…) deram-se conta de que o eixo do mundo mudou: já não é a Europa, mas os países emergentes”. Por isso foram procurar o novo Papa longe.
O Papa Francisco, que “se continua intitulando sacerdote e bispo, se converteu, em menos de um mês no cargo, “no personagem mais em foco do planeta, como um dia foram Gandhi e Martin Luther King (…) Com alguns gestos simbólicos ele desencadeou uma autêntica revolução religiosa e política, que começa a refletir-se além da Igreja”.
Arias relembra como Stalin perguntou quantas tropas tinha o Papa: “Falava de armas, contudo, a Igreja tem outras armas, que começavam a enferrujar”. Ela é uma instituição, acrescenta, “apesar dos erros que arrasta, das melhor organizadas do mundo, que conta com ‘meros’:
• 1.200 milhões de fiéis;
• Um exército de 1 milhão de sacerdotes e religiosos;
• Com 114.736 instituições assistências pelo mundo;
• 5.246 hospitais;
• 74 mil dispensários e leprosários;
• 15.208 residências para anciãos necessitados;
• 1.046 universidades;
• 205 mil colégios;
• 70 mil acolhimentos para 7 milhões de crianças;
• 687.282 centros sociais;
• 131 centros de apoio a pessoas que sofrem de AIDS em 41 países”.
Arias cita um líder comunista italiano, que comentava que se o Partido contasse com estes elementos, faria “uma verdadeira revolução social”, e comenta: “E essa verdadeira revolução social é a que o Papa Francisco começou a levar a cabo na Igreja, e que o mundo político parece incapaz de empreender, mergulhado em suas receitas de sacrifícios e cortes de gastos com os mais fracos, enquanto, como erva daninha, se multiplica a corrupção dos políticos e banqueiros”.
O articulista prossegue : “A Igreja parece ter encontrado este líder. E não é um líder místico, trancado em suas orações, com uma visão arcaica e autoritária da fé, mas alguém que pediu aos militantes deste exército que deixem de ser ‘coleccionadores de antiguidades’ e cultivadores de ‘teologias narcisistas” para irem “sujar os pés com o barro nas periferias do mundo’, onde se encontram os mais explorados pelo poder”.
Segundo Arias, este Papa é um jesuíta dotado de “racionalidade e fé”, que, além de teologia, estudou psicologia e literatura. Um jesuíta, que adoptou como símbolo o nome de Francisco, “pode chegar a ser mais que um líder espiritual de uma Igreja. Seus antecedentes como arcebispo e cardeal de Buenos Aires e seus primeiros gestos de desapego às aparências e símbolos de poder do vaticano, a fim de enfatizar que a Igreja deve ser ‘pobre para os pobres’ o estão convertendo numa referência política e social para o mundo”.
Por isso, os poderosos estão percebendo, até com certo medo, que “o Papa Francisco não é apenas um religioso que se contentará em lavar os pés dos pobres e visitar favelas”. Eles começam a intuir que “apostar nos deserdados da terra, na escória do mundo, nos desalojados, não só para os consolá, mas para os elevar social e culturalmente (…), equivale a uma nova revolução mundial”.
Arias refere que se diz que o Papa Francisco, quando encontra agnósticos e ateus, só lhes fala de Deus se eles tomam iniciativas, mas sempre lhes pergunta se estão disponíveis para se empenhar na luta contra as injustiças. Ele gosta da política “como força responsável pelo bem-estar das pessoas”.
Comenta que as autoridades brasileiras estão preparando um serviço de segurança com 750 policiais e militares para proteger o Papa em sua vinda ao Rio para a Jornada Mundial da juventude, e diz: “Não será fácil, contudo, blindar totalmente um Papa, que pediu aos sacerdotes do mundo inteiro que ‘não tenham medo de perder a própria vida’, se o empenho social e religiosos o exigisse”.
O longo artigo – que merece ser lido na íntegra – conclui citando Gandhi: “Os covardes, afinal, são já vivos mortos”.
Publicado em Coisas do Povo de Deus por R Paiva. Marque Link Permanente.
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«OPapa Francisco pode ser o líder de uma revolução mundial» EL PAÍS,
EL PAIS, Madrid 30-3-2013 Por Juan Arias Publicado em julho 3, 2013 por R Paiva
Juan Arias escreveu em El País, periódico espanhol de tendência socialista (Madri 30.03.13) que “a Igreja encontrou um líder? E o mundo político? A Igreja foi mais rápida que o mundo político”. O articulista traça um retrato da Igreja na Europa, cuja população envelhece e as crianças rareiam, vendendo templos, muitos convertidos em boates, e o mundo político, “que se encontra perdido numa profunda crise, não só económica, mas também de valores, órfão de liderança, em plena revolta civilizacional”. Então, “as duas instituições – a religiosa e a leiga – se arrastam sem horizontes para as jovens gerações, sem saber por onde ir”.
Arias admira-se de que, “nesse panorama, a Igreja, com seus dois mil anos de história, seus santos e demônios, suas inquisições e mártires da caridade, conseguiu encontrar um líder mundial (…) Um pequeno grupo de cardeais – a maioria anciãos e conservadores – (…) deram-se conta de que o eixo do mundo mudou: já não é a Europa, mas os países emergentes”. Por isso foram procurar o novo Papa longe.
O Papa Francisco, que “se continua intitulando sacerdote e bispo, se converteu, em menos de um mês no cargo, “no personagem mais em foco do planeta, como um dia foram Gandhi e Martin Luther King (…) Com alguns gestos simbólicos ele desencadeou uma autêntica revolução religiosa e política, que começa a refletir-se além da Igreja”.
Arias relembra como Stalin perguntou quantas tropas tinha o Papa: “Falava de armas, contudo, a Igreja tem outras armas, que começavam a enferrujar”. Ela é uma instituição, acrescenta, “apesar dos erros que arrasta, das melhor organizadas do mundo, que conta com ‘meros’:
• 1.200 milhões de fiéis;
• Um exército de 1 milhão de sacerdotes e religiosos;
• Com 114.736 instituições assistências pelo mundo;
• 5.246 hospitais;
• 74 mil dispensários e leprosários;
• 15.208 residências para anciãos necessitados;
• 1.046 universidades;
• 205 mil colégios;
• 70 mil acolhimentos para 7 milhões de crianças;
• 687.282 centros sociais;
• 131 centros de apoio a pessoas que sofrem de AIDS em 41 países”.
Arias cita um líder comunista italiano, que comentava que se o Partido contasse com estes elementos, faria “uma verdadeira revolução social”, e comenta: “E essa verdadeira revolução social é a que o Papa Francisco começou a levar a cabo na Igreja, e que o mundo político parece incapaz de empreender, mergulhado em suas receitas de sacrifícios e cortes de gastos com os mais fracos, enquanto, como erva daninha, se multiplica a corrupção dos políticos e banqueiros”.
O articulista prossegue : “A Igreja parece ter encontrado este líder. E não é um líder místico, trancado em suas orações, com uma visão arcaica e autoritária da fé, mas alguém que pediu aos militantes deste exército que deixem de ser ‘coleccionadores de antiguidades’ e cultivadores de ‘teologias narcisistas” para irem “sujar os pés com o barro nas periferias do mundo’, onde se encontram os mais explorados pelo poder”.
Segundo Arias, este Papa é um jesuíta dotado de “racionalidade e fé”, que, além de teologia, estudou psicologia e literatura. Um jesuíta, que adoptou como símbolo o nome de Francisco, “pode chegar a ser mais que um líder espiritual de uma Igreja. Seus antecedentes como arcebispo e cardeal de Buenos Aires e seus primeiros gestos de desapego às aparências e símbolos de poder do vaticano, a fim de enfatizar que a Igreja deve ser ‘pobre para os pobres’ o estão convertendo numa referência política e social para o mundo”.
Por isso, os poderosos estão percebendo, até com certo medo, que “o Papa Francisco não é apenas um religioso que se contentará em lavar os pés dos pobres e visitar favelas”. Eles começam a intuir que “apostar nos deserdados da terra, na escória do mundo, nos desalojados, não só para os consolá, mas para os elevar social e culturalmente (…), equivale a uma nova revolução mundial”.
Arias refere que se diz que o Papa Francisco, quando encontra agnósticos e ateus, só lhes fala de Deus se eles tomam iniciativas, mas sempre lhes pergunta se estão disponíveis para se empenhar na luta contra as injustiças. Ele gosta da política “como força responsável pelo bem-estar das pessoas”.
Comenta que as autoridades brasileiras estão preparando um serviço de segurança com 750 policiais e militares para proteger o Papa em sua vinda ao Rio para a Jornada Mundial da juventude, e diz: “Não será fácil, contudo, blindar totalmente um Papa, que pediu aos sacerdotes do mundo inteiro que ‘não tenham medo de perder a própria vida’, se o empenho social e religiosos o exigisse”.
O longo artigo – que merece ser lido na íntegra – conclui citando Gandhi: “Os covardes, afinal, são já vivos mortos”.
Publicado em Coisas do Povo de Deus por R Paiva. Marque Link Permanente.
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