Transcrição do artigo publicado ontem por Luís Alves de Fraga em «Fio de Prumo». Oxalá, os governantes tenham capacidade para inverter o rumo temido nesta análise e consigam seguir o rumo certo:
UMA NOVA ETAPA?
Os noticiários televisivos de hoje à noite não se cansaram, especialmente os da SIC, de mostrar a desorientação que reinou entre os governantes nacionais com particular relevo para Passos Coelho, Vítor Gaspar e Miguel Relvas – este último a funcionar como tapa-furos das asneiras cometidas pelo primeiro-ministro. Olhando com atenção as notícias mais em evidência na semana transacta e tentando deslindar o fio condutor que as une, percebemos que, sem grande margem para dúvida, a situação financeira nacional está muito pior do que o comum dos portugueses imagina. Passos Coelho foi isso mesmo que disse, indirectamente, na entrevista que deu ao “Die Welt” e deixou-o bem evidente com a publicação da interdição de reformas antecipadas. Tudo o mais se está a conjugar para pôr de pé um cenário catastrófico que os Portugueses não querem ver ou não têm percepção para o captar.
Os balões de oxigénio que poderiam atenuar a rapidez da queda que se está a verificar na economia nacional passavam por apostar na continuidade do tecido produtivo português. Havia que travar a recessão através de injecção de capital nos sectores fundamentais do consumo interno e naqueles que têm capacidade para manter ou, até e se possível, aumentar as exportações. Uma tal solução passava pela articulação íntima entre o ministério da Economia, a banca nacional, as confederações patronais e os sindicatos. Só um diálogo honesto entre banca, patrões e empregados pode garantir um ritmo de produção conveniente nos sectores sustentáveis. O ministério da Economia tem de ser o catalisador deste esforço conjunto, tentando harmonizar as partes em confronto.
Pessoalmente duvido da capacidade do Governo para praticar uma política anti-recessiva, acima de tudo, por falta de uma liderança com o golpe de vista e a autoridade necessária ao momento que se atravessa. O Governo teria, também, de saber impor à União Europeia a necessidade de mudança de postura desta, obrigando-a a um aumento de solidariedade através de medidas macroeconómicas e financeiras.
A dispersão de esforços e de atenções dos governantes não é compatível com o quadro de necessidades que o país atravessa. Não sendo possível uma gestão direccionada para uma estratégia de escalonamento de importâncias, espreita-nos o descalabro dentro de menos de um ano. Descalabro que se traduzirá numa escalada do desemprego e do corte das despesas do orçamento do Estado, o mesmo é dizer, do fim das prestações sociais, da redução dos salários e das pensões. Entraremos, então, no quadro mais negro da nossa História dos séculos XIX e XX, porque vivemos já numa soberania altamente limitada e muito comprometida. O que pode suceder é absolutamente imprevisível, porque, tanto a nível europeu como nacional, todos os cenários são admissíveis.
UMA NOVA ETAPA?
Os noticiários televisivos de hoje à noite não se cansaram, especialmente os da SIC, de mostrar a desorientação que reinou entre os governantes nacionais com particular relevo para Passos Coelho, Vítor Gaspar e Miguel Relvas – este último a funcionar como tapa-furos das asneiras cometidas pelo primeiro-ministro. Olhando com atenção as notícias mais em evidência na semana transacta e tentando deslindar o fio condutor que as une, percebemos que, sem grande margem para dúvida, a situação financeira nacional está muito pior do que o comum dos portugueses imagina. Passos Coelho foi isso mesmo que disse, indirectamente, na entrevista que deu ao “Die Welt” e deixou-o bem evidente com a publicação da interdição de reformas antecipadas. Tudo o mais se está a conjugar para pôr de pé um cenário catastrófico que os Portugueses não querem ver ou não têm percepção para o captar.
Os balões de oxigénio que poderiam atenuar a rapidez da queda que se está a verificar na economia nacional passavam por apostar na continuidade do tecido produtivo português. Havia que travar a recessão através de injecção de capital nos sectores fundamentais do consumo interno e naqueles que têm capacidade para manter ou, até e se possível, aumentar as exportações. Uma tal solução passava pela articulação íntima entre o ministério da Economia, a banca nacional, as confederações patronais e os sindicatos. Só um diálogo honesto entre banca, patrões e empregados pode garantir um ritmo de produção conveniente nos sectores sustentáveis. O ministério da Economia tem de ser o catalisador deste esforço conjunto, tentando harmonizar as partes em confronto.
Pessoalmente duvido da capacidade do Governo para praticar uma política anti-recessiva, acima de tudo, por falta de uma liderança com o golpe de vista e a autoridade necessária ao momento que se atravessa. O Governo teria, também, de saber impor à União Europeia a necessidade de mudança de postura desta, obrigando-a a um aumento de solidariedade através de medidas macroeconómicas e financeiras.
A dispersão de esforços e de atenções dos governantes não é compatível com o quadro de necessidades que o país atravessa. Não sendo possível uma gestão direccionada para uma estratégia de escalonamento de importâncias, espreita-nos o descalabro dentro de menos de um ano. Descalabro que se traduzirá numa escalada do desemprego e do corte das despesas do orçamento do Estado, o mesmo é dizer, do fim das prestações sociais, da redução dos salários e das pensões. Entraremos, então, no quadro mais negro da nossa História dos séculos XIX e XX, porque vivemos já numa soberania altamente limitada e muito comprometida. O que pode suceder é absolutamente imprevisível, porque, tanto a nível europeu como nacional, todos os cenários são admissíveis.
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