domingo, 6 de março de 2011

Portagens e fuga à responsabilidade

Durante toda a vida, familiarizei-me com o princípio de que «o chefe é responsável por tudo o que a sua equipa faz ou deixa de fazer». A autoridade pode ser delegada mas a responsabilidade não. Ora o Governo foi constituído com base em eleições democráticas e, ao tomar posse, jurou desempenhar com lealdade as funções que lhe são confiadas, isto é, governar. O chefe de Governo é, por isso, totalmente responsável pelo desempenho da equipe governativa, sejam quais forem as suas intenções ao decidir ou as pressões, mesmo as mais ocultas, a que se submeteu, ao decidir. Quer elas sejam de bancos e outras instituições financeiras, de construtores civis, de fornecedores de computadores, de «boys» amigos, ou de outros políticos.

É por isso estranho que o PM na Guarda, perante uma manifestação contra as portagens nas SCUTs, tenha procurado  sacudir a água do capote e dito “os portugueses sabem bem que o Governo se esforçou para não ter portagens no interior do país e que resultou de um diálogo e um compromisso com o PSD o facto de termos portagens”. Mas então quem tem responsabilidade de governar? Quem está investido de poder para decidir?

A isso o PSD responde que a culpa é do “desvario” do Governo, a “razão pela qual os portugueses têm que pagar portagens nas SCUT é a mesma pela qual os funcionários públicos ficaram sem parte do vencimento, a mesma pela qual muitos portugueses perderam prestações sociais e apoios, pela qual o Governo socialista quer despedir sete mil professores de Educação Visual e Tecnológica e é a mesma razão porque se aumentaram os impostos”, e que  “não é possível continuar a promover autoestradas sem custos para o utilizador porque a situação das finanças públicas portuguesas é desesperada”. «É lamentável. O primeiro-ministro, que governa Portugal há seis anos, é responsável pela situação a que o país hoje chegou»; José Sócrates «tenta sempre encontrar desculpas para os seus erros e má governação».

E de quem será a culpa de «Cortes salariais, desemprego, impostos... e agora juros altos»?

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