sábado, 19 de março de 2011

PEC e PECadores


Transcrevem-se duas notícias de campos opostos para se meditar sobre os argumentos usados, as verdades e «inverdades» as realidades e as fantasias, a segurança e a insegurança, a importância dada aos interesses nacionais e aos interesses partidários, o respeito ou desrespeito pelos portugueses, das duas posições. Cada leitor, cada eleitor deve analisar livremente os factos e formar livremente a sua posição, procurando não se prender com afectos e preconceitos.

PÚBLICO. 19.03.2011 - 03:00 Por Lusa

O ministro da Presidência alertou a oposição de que uma crise política neste momento é “irresponsável” e tem consequências “perigosas” para a economia do país, garantindo a abertura do Governo para dialogar com os outros partidos, nomeadamente o PSD.

Pedro Silva Pereira falou aos jornalistas em Faro, à entrada para uma sessão de apresentação da moção estratégica que José Sócrates vai submeter ao Congresso do PS marcado para Abril, e garantiu que o Plano de Estabilidade e Crescimento (PEC) 4 é a forma de o partido “defender Portugal na governação”. 

“Estamos a preparar-nos para um Congresso. O PS tem Congresso marcado para Abril, vai ter eleições para secretário-geral no final deste mês, mas está muito mobilizado e bem consciente das suas responsabilidades neste momento”, afirmou Pedro Silva Pereira, dizendo que o Executivo quer “poupar ao país uma crise política totalmente irresponsável”.

Silva Pereira disse que os “os portugueses já perceberam quem está a tentar tudo para evitar uma crise política irresponsável e quem tem uma posição irredutível e se recusa a negociar” e deixou uma mensagem ao PSD.

“Se quiser fazer alguma coisa para evitar esta crise política tem bom remédio: é sentar-se à mesa com o Governo, que está disponível para discutir todas as medidas do PEC”, desafiou. 

O governante acrescentou que “se o não fizer os portugueses tirarão a conclusão mais fácil, a de que o PSD não quer outra coisa senão precipitar o país numa crise política, na pior das alturas, com riscos gravíssimos para a economia”.

“Mas mais uma vez estamos num momento decisivo para o futuro próximo do país, na medida em que neste momento se discute em Portugal uma crise política. E aquilo que os responsáveis políticos devem pensar é saber se convém neste momento a Portugal interromper uma legislatura a meio, interromper o esforço que os portugueses estão a fazer e deitar por terra o esforço das empresas para enfrentar esta situação difícil e precipitar o país numa crise política”, afirmou ainda Silva Pereira.

O ministro da Presidência disse que o Governo considera essa alternativa “irresponsável e perigosa” para o financiamento do Estado.

“É perigoso para o financiamento do Estado. Não é só para aquela colocação da dívida que as pessoas ouvem falar nas notícias. Quando um país não consegue colocar a sua dívida, isso arrasta consequências generalizadas para o financiamento da economia, para a solidez do seu sistema financeiro, para a capacidade de recurso ao crédito por parte das empresas, e quando as empresas não podem recorrer ao crédito é toda a sua actividade económica e o emprego dos trabalhadores que está em causa”, frisou.

Pedro Silva Pereira sublinhou ainda que o Governo e o PS estão “a alertar todos os responsáveis políticos, também em particular o maior partido da oposição, para as consequências desta sua posição de intransigência e irredutibilidade”.

“É por isso que dizemos que da nossa parte a disponibilidade para o diálogo é total e isso é uma outra forma também de defender Portugal num momento difícil”, concluiu.




PÚBLICO. 19.03.2011 - 03:03 Por Lusa

O líder parlamentar do PSD, Miguel Macedo, defendeu esta noite que “se o primeiro-ministro queria um quadro de normalidade democrática e diálogo, com qualquer um dos partidos, devia ter conduzido o processo de uma forma diferente”.

Falando à margem de um debate sobre a “Situação Política Nacional”, promovido pelo PSD de Vila Franca de Xira, o social-democrata afirmou que “foi o primeiro-ministro que quis esta crise política e não pode agora vir propor um diálogo que nunca quis”.

O líder da bancada referiu ainda que “o PSD sente-se enganado porque o PEC 4 [Plano de Estabilidade e Crescimento] tem medidas que o partido recusou quando negociou na Assembleia da República a viabilização do Orçamento de Estado para 2011".

Miguel Macedo adiantou não fazer comentários sobre um possível cenário de eleições antecipadas, mas reafirmou que o partido não viabiliza as novas medidas de austeridade anunciadas pelo Governo.

“O que temos pela frente é a apreciação deste PEC, vamos votá-lo primeiro e vemos depois o que se passa a seguir”, disse.

O líder da bancada admitiu, no entanto, ao longo do debate, que “se tivermos que fazer uma campanha eleitoral, não vamos fazer uma campanha de promessa e de fantasia, temos que dizer aos portugueses qual é a situação real do país”.

O líder parlamentar sublinhou ainda que “o Governo insiste em não falar verdade aos portugueses, não quer assumir aquilo que aconteceu em relação a estas medidas e não quer explicar o que esteve a fazer em Bruxelas”.

Miguel Macedo aludiu ironicamente às declarações do presidente da Câmara Municipal de Lisboa, António Costa, sobre a intervenção do ministro das Finanças, segunda-feira, na apresentação do novo pacote de medidas de austeridade, quando a classificou de “desastrada e desastrosa”.

“Percebo que tenha havido equívocos porque em bom rigor não foi o Governo que as fez, alguém veio de fora e, durante algumas semanas, preparou estas medidas e o Governo não teve tempo de as estudar”, concluiu.

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