As notícias que referem pretensos pecados de Portas e de Sócrates merecem reflexão, porque são um retrato, talvez desfocado, da realidade da actual política (politiquice) nacional. São ataques «por acaso» oportunos em relação aos resultados das legislativas em que os dois ficaram em destaque quanto às negociações para a constituição de Governo.
Elas fazem pensar no género de muito baixa política praticada no País. Parece que vêm dar credibilidade à versão de que os partidos organizam dossiês individuais com todos os pecados de cada adversário para utilizarem nos momentos oportunos, com eficiência capaz de obter êxito num «assassinato» político. Nisso, parece conseguirem obter a colaboração da comunicação social e até, segundo parece, da Justiça.
Quem pode estar interessado, neste momento em fazer saltar para a ribalta o caso dos submarinos, para «arrumar» Sócrates e a utilização do CDS como apoio do governo? Há muitos eventuais suspeitos: por um lado, estão os socialistas colocados mais à esquerda que não gostam de tais negociações coma direita; mas há também os partidos que pretendem esse lugar ao lado do PS, como sejam o PSD, ou os partidos menos votados, BE e PCP juntos.
Mas à tal politiquice, movida por instintos demolidores e vingativos, não faltarão motivos e oportunidades para serem evocados casos de falsas declarações de habilitações literárias, títulos académicos incorrectos, suspeitas de corrupção no Freeport, na urbanização do Vale da Rosa, no aterro sanitário da Cova da Beira ou das instalações turísticas Portucale em Benavente, bem como as grandes obras públicas e o sistema de adjudicação que permite obras adicionais não previstas no projecto inicial as quais conduzem a derrapagens em prazos e em custos finais, com grave prejuízo para o erário público, mas benefício para os corruptos. Também os sinais exteriores de riqueza indicadores de enriquecimento ilícito, as suspeitas de pedofilia aludidas como da Casa Pia mas não inseridas no processo em curso, e outras, podem vir a lume a qualquer momento, bastando tirar o dossiê do cofre forte.
Enfim, se não desistirem dessas manobras pouco dignas, ou referidas a casos indignamente abafados, e com objectivos não confessados, ninguém da oligarquia ficará a coberto das mais insidiosas acusações ou insinuações que poderão surgir a cada passo em que for alcançado mais êxito.
E depois? Depois nada resultará de que Portugal se possa orgulhar E entretanto, as energias os recursos despendidos, em tempo e dinheiro, nestes maquiavelismos, fazem falta ao desenvolvimento social. E os políticos aumentam a sua couraça para resistir aos apelos da ética, da honra, da vergonha, acabando por perder o pouco de bom que posam ainda ter. Será a aniquilação total dos valores que outrora tornaram Portugal um Estado exemplar, com tradições dignas de serem recordadas.
Haja bom senso, ponderação e um pouco de patriotismo, de amor a Portugal.
sexta-feira, 2 de outubro de 2009
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